Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Anahí seguiu a trilha até o local do
crime. Atrás dela vinha silenciosamente Christopher Uckerman - de acordo com a
secretária de Alfonso, o melhor detetive dele.

Alfonso e Christopher formavam uma boa
dupla, pensou com irritação. Nenhum dos dois falava a não ser que fosse
absolutamente necessário. Christopher a estava ajudando a vasculhar o local do
crime atrás de pistas.

Ela trazia consigo um pincel e uma pá
de jardinagem, um martelinho para rochas e um cinzel, as ferramentas do ramo
arqueológico. Estava à procura de um tesouro... Neste caso, um tesouro composto
de ossos.

Não havia mais ninguém no local. Os
líderes tribais concederam permissão a ela para fazer o que tivesse de ser
feito. Anahí espalhou suas ferramentas de forma ordenada, jogou no chão uma
almofada e sentou-se.

Inclinando-se, examinou o terreno onde
os outros ossos foram encontrados. Marcou um quadrado com estacas de madeira e
arame e começou a remover a camada superficial de terra. De acordo com sua
pesquisa, este fora o único local que apresentara alguma pista.

Uma tarde de escavações resultou no
resto dos ossos de um dedo. Com pinças ela os colocou em um envelope de
evidências, escreveu a localização em uma etiqueta e fechou no envelope.
Depois, anotou a informação no seu livro de registros.

- Você é boa - disse Uckerman, quando
ela, enfim, guardou seus objetos e se mostrou pronta para ir embora.

- Obrigada.

Anahí o fitou com curiosidade quando
retornaram ao veículo de polícia no qual tinham vindo. Ele não ajudara em nada
com a escavação. Em vez disso, apenas zanzara de um lado para o outro,
focalizando a atenção, primeiro em uma coisa, depois em outra, como se não
estivesse pensando em nada em particular.

Ela se deteve em um cume e olhou para
o pasto que se estendia abaixo.

- O que é aquilo? - indagou, apontando
para uns animais estranhos próximos ao riacho.

- Búfalos - disse Uckerman.

- Ah, eu achei que pareciam muito
esquisitos para serem vacas. - Ela sorriu. - Uma combinação do velho com o
novo. Pergunto-me se irá dar certo.

Ele deu de ombros. Era um homem grande
- mãos grandes, pés grandes... coração grande? Difícil de dizer. Parecia ter
uma postura militar. E Anahí tinha certeza de que seu nariz já havia sido
quebrado pelo menos uma vez.

Usava aliança. Ela escutara uma
conversa entre ele e Alfonso sobre o último grande caso para o qual Christopher
fora designado - algo a ver com um bebê abandonado. Aparentemente ele e a
esposa haviam adotado a criança no outono passado.

Anahí não conseguia imaginar aquelas
mãos gigantescas sendo gentis o suficiente para segurar um bebê. Por outro
lado, Alfonso fora maravilhoso com Thadd, mesmo quando era recém-nascido e
pesava menos de 2,70 kg.

Sentindo um aperto no coração, ela
decidiu pensar em outra coisa, e concentrou-se no que descobrira durante a
última semana. Com a permissão da tribo, enviara um pequeno pedaço de osso para
o laboratório forense na

Califórnia. Assim que recebesse os
resultados, saberia há quanto
tempo os ossos estavam naquele solo.

No caminho de volta para a cidade,
decidiu confrontar Alfonso.
Por três dias - desde a quarta até aquela sexta-feira - ele enviara qualquer policial
de que pudesse dispor para ficar
com ela no local da escavação. Ela não precisava de babá, e estava determinada a lhe
dizer isso.

- Você gosta de escavar à procura de
ossos? - perguntou Uckerman.

- Gosto.

Sem fixar sua atenção no que ele
respondeu, mentalmente Anahí ensaiava o que diria para Alfonso.

- Como foi que acabou se interessando
por isso?

Ela franziu a testa e olhou para ele.

- O quê?

- Deixe para lá. Posso ver que está
pensando em outras coisas - disse ele, sorrindo displicentemente, o que lhe
lembrou Alfonso.

Os dois tinham muito em comum. A
começar pelo silêncio obstinado quando ela insistia que não queria ninguém
acompanhando-a. Anahí não pôde deixar de sentir pena da mulher de Uckerman, se
ele fosse capaz de vigiá-la como Alfonso estava fazendo com ela.

Ao chegarem à cidade, o detetive a
deixou na delegacia e foi embora. Anahí seguiu para sua sala de trabalho
provisória. Alfonso estava em seu escritório, falando ao telefone, quando ela
passou.

Anahí se deu conta de que Alfonso a
colocara exatamente onde queria. Ele ou a secretária poderiam controlar, sem
qualquer problema, suas idas e vindas. Ela lhe lançou um olhar fulminante e
seguiu para a sala de reuniões, fechando a porta atrás de si.

Abrindo a bolsa, descarregou os novos
achados e comparou os ossos com os originais que George encontrara e com os
ossos coletados pela polícia tribal. Todos se encaixavam uns nos outros.

Pelo tamanho da mão, Anahí pôde
presumir que a pessoa fora um homem entre 20 e 40 anos. Era apenas uma
estimativa. O ilíaco sempre era melhor para informar o sexo e a idade de uma
pessoa.

Pegando a lupa, ela examinou os ossos,
procurando desgastes ou engrossamento de certos pontos, que poderiam indicar o
tipo de ocupação da pessoa. A densidade dos ossos e o tamanho do pulso
indicariam se a pessoa era canhota ou destra.

Desde que encontrasse a outra mão para
fazer a comparação, é claro.

A porta se abriu.

- Como está indo? - perguntou Alfonso.

- Bem. Encontrei mais alguns pedaços.
- Ela olhou séria para ele. - Enquanto o seu cão de guarda me rondava, morrendo
de tédio.

Alfonso ergueu as sobrancelhas
escuras.

- Você está me parecendo cansada.

- Estou parecendo irritada - corrigiu
ela. - Não atrapalhe a minha investigação, Alfonso. Estou ordenando que me dê
espaço.