Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

O sol refletia em seu cabelo negro
penteado para trás. A pele dele era bem bronzeada. Na primeira vez que o viu, Anahí
chegou a pensar que ele fosse um índio.

Tanto tempo atrás... O verão mágico em
que tinha 19 anos e pensava que o mundo inteiro estivesse apaixonado. Fora há
17 anos...

Alfonso estava ajoelhado na margem do
rio, quando ela fizera a curva na trilha e o avistara. Anahí se detivera,
surpresa e fascinada, quando ele pegou a água do rio com as mãos em concha e a
bebeu.

Estava nu.

Anahí pensou que ele era um selvagem
ou algum personagem de uma fábula antiga transportado para aquele momento. Na
mesma hora, soube que jamais o esqueceria.

Pressentindo sua presença, ele virou a
cabeça. E, numa fração de segundo, os olhos dele fitaram as profundezas de sua
alma. Com um movimento ágil e elegante, Alfonso se pôs de pé.

Eles se olharam pelo que pareceu ser
uma eternidade.

- Não tenha medo - ele murmurou.

Repetira a mesma frase, duas semanas
mais tarde, quando fizeram amor pela primeira vez...

O som de risadas lhe interrompeu as
lembranças.

Contrastando com a pele bronzeada, os
dentes brancos de Alfonso brilharam, quando ele riu de algo dito por sua
acompanhante. A mulher - Maris Wyler, Anahí recordou-se do nome - acariciou-lhe
a face antes de descer os degraus e entrar em uma caminhonete estacionada
diante da delegacia.

Anahí observou Alfonso acompanhar a
caminhonete com o olhar. O sorriso nos lábios do xerife desapareceu, sendo
substituído por uma expressão séria. Subitamente, Alfonso virou a cabeça na
direção dela.

Alfonso pensava estar preparado para
reencontrar Anahí. Já fazia anos desde a última vez em que haviam se visto. A
dor há muito tinha sido recolhida a um lugar no seu peito onde não poderia mais
machucá-lo.

Mas não contava com isso. O impacto de
vê-la foi como ser atingido pela bala de um rifle de alta potência. Fechando
discretamente as mãos, numa tentativa de conter a fúria por ter tido uma reação
tão forte, ele a observou afastando-se do carro e aproximando-se da calçada.

Anahí estava usando uma saia amarela
com uma blusa estampada de amarelo, vermelho e azul. Seus sapatos, cinto e bolsa
eram do mesmo tom de azul do estampado da blusa. Os brincos eram em forma de
flores azuis com o centro dourado. Ela parecia a personificação da primavera.

Seu cabelo castanho-claro ainda tinha
a mesma tonalidade. Ele lembrava como aqueles cabelos, bem como o corpo de Anahí,
eram macios.

Alfonso sentiu uma violenta onda de
calor percorrer o seu corpo. Sabia exatamente como Anahí era sem as roupas
sofisticadas e sem a maquiagem que lhe acentuava os olhos verdes.

A saia balançava ao vento, realçando
as pernas elegantes e graciosas... As mesmas pernas que outrora o envolveram
com sensualidade, exigindo que ele se entregasse totalmente a ela. E ele se
entregara. Meu Deus, como se entregara.

Ela se apoderara do seu coração e de
sua alma. Tornara-se tão parte dele que nenhum momento passou a ser completo
sem a presença dela. Depois, ela o rejeitara, como se o casamento deles
houvesse se tornado uma abominação, e o toque dele insuportável.

Ele aguardara, não exigindo nada,
ignorando a própria dor, sabendo que ambos precisavam superar a morte do filho,
mas as coisas jamais voltaram a ser as mesmas. A dor da perda fora arrasadora.

Quando se divorciaram, ele chegou a se
sentir aliviado de poderem seguir adiante com suas vidas. Ela partira,
retornando apenas uma vez desde o divórcio. Ele esforçou-se para colocar de
lado os sentimentos indesejados. A vida ficou mais fácil quando se acostumou a
se sentir vazio.