Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Anahí lançou um olhar de aviso para
cada um dos homens. Ela não era um osso para ser disputado por dois cães, ou,
neste caso, dois policiais. Não conseguia entender esta territorialidade dos
homens.

Rafe fez milhares de perguntas a
respeito de técnicas forenses e dos ossos que ela estava examinando. Ela
prometeu deixá-lo dar uma olhada neles. Como policial, estava curioso a
respeito de um assassinato acontecido praticamente no seu quintal.

Alfonso, é claro, achava que o caso
deveria ser seu. O fato de a reserva pertencer ao condado, mas estar fora de
sua jurisdição, o incomodava. Mas da mesma forma que o conselho tribal, ele não
teria outra escolha a não ser aceitar a autoridade dela.

- Acho que vou ver os coelhos agora.
Eles já devem ter sido julgados.

Os dois homens a acompanharam. Os três
juntos admiraram os coelhos, os pombos, as galinhas, os perus e os patos.

Anahí não pôde deixar de notar que Alfonso
prestava atenção na segurança da feira. Vários delegados estavam presentes,
garantindo que o festival continuasse sendo um acontecimento pacífico.

Os dois homens ainda estavam em sua
companhia quando Anahí avistou Winona.

- Olá, não esperava vê-la antes de
hoje à noite - disse, sentando-se na arquibancada ao lado da mulher idosa.

Rafe sentou-se ao lado de Anahí, antes
que Alfonso tivesse a chance de fazê-lo. O xerife teve de se contentar em
sentar no banco à frente deles e se virar para poder conversar com os três.

- Inscrevi uma torta de abóbora com
mel e nozes no concurso - Winona explicou.

- Minha favorita - murmurou Alfonso. -
E você nem para me oferecer um pedaço quando estive na sua casa, hoje.

- Só fiz a torta mais tarde. Além do
mais, se houvesse lhe oferecido uma fatia dela, não poderia tê-la inscrito no
concurso.

- Será que vai sobrar algum pedaço
depois da prova dos juizes? - Alfonso resmungou.

- As sobras vão para os lares de
idosos - informou Rafe.

- Preparei uma para dar para Anahí -
Winona disse, com um sorriso inocente. - Quem sabe, se for bonzinho, ela não
lhe dá um pedaço.

Alfonso olhou para Anahí. Ela o viu
hesitar.

- Eu pago a pizza que prometeu a
Winona se servir a torta de sobremesa - ele propôs.

- Fechado.

- Ótimo - disse Rafe, incluindo-se. -
Eu compro o sorvete para acompanhar a torta.

Anahí reprimiu a vontade de rir diante
do olhar que Alfonso lançou para o jovem policial. Winona foi menos contida.
Ela deixou escapar uma gargalhada.

Após um instante, Alfonso sorriu e se
esquivou do soco de mentirinha que Rafe desferiu em sua direção. O jovem também
estava rindo.

Christopher e Dulce Uckerman se
juntaram a eles, perguntando qual era a graça.

- Dois cães e um osso - disse Winona.

Dulce olhou para os dois homens, e
depois para Anahí. Ela sorriu e se sentou ao lado de Alfonso.

- A meu ver, temos um número igual de
cães e ossos - disse, claramente colocando os homens no papel de cães.

O dia terminou com todos jantando na
pizzaria e depois retornando para o chalé de Anahí para uma fatia de torta com
sorvete.

Após Jennifer ter adormecido no sofá,
os adultos tomaram café na varanda. Rafe passou a maior parte do tempo ao lado
de Anahí, o que deixou Alfonso fazendo par com Winona.

Anahí sentiu-se tomada de orgulho ao
vê-lo escoltando a mulher mais velha, que já devia estar com quase 80 anos,
como um cavaleiro medieval guardando uma princesa.

Depois que todos foram embora, Anahí
colocou os pratos na máquina de lavar louças e trocou de roupa, vestindo um
pijama de cetim verde.

Uma batida à porta a surpreendeu.
Vestindo o robe, ela foi atender.

- Alfonso - murmurou, ao ver o rosto
sério do ex-marido através dos painéis de vidro que ocupavam a metade superior
da porta. Ela o deixou entrar. - Esqueceu alguma coisa?

- Não. Quero falar com você.

- O quê?

- Por que diabos não me disse que
Winona havia pressentido que você corria perigo?

Ela o fitou surpresa.

- Não foi nada definitivo - explicou,
por fim. - Quero dizer, provavelmente foram apenas algumas vibrações que ela
captou dos ossos.

Alfonso sacudiu a cabeça.

- Conversei com ela hoje. Ela me disse
que você está em perigo.

- Ela viu alguma coisa?

Apesar de acreditar nas visões da sábia
mulher, Anahí não tinha tanta certeza assim quanto a sentimentos. Outrora,
pensara amar Alfonso mais do que tudo, mas, desde então, aprendera a não
confiar em emoções turbulentas.

- Não - ele admitiu. - Nesse caso...

Ela permaneceu parada, no meio da
cozinha, sem saber o que dizer, brincando nervosamente com a faixa do robe.

Devorando-a com os olhos, ele deu um
passo na direção dela. Anahí sentiu o olhar de Alfonso percorrendo-lhe o corpo,
incendiando cada centímetro por onde passava. Ela podia não confiar em
sentimentos, mas não era capaz de ignorá-los. Ainda o desejava com a mesma
intensidade, mesmo depois de todos aqueles anos.

Ele deve ter notado em seus olhos o
que ela estava Pensando.

- Annie - murmurou.

Ele parecia tão incerto quanto ela. Alfonso
deu outro passo na sua direção. Ela testemunhou a luta dele contra a mesma
força que os aproximou desde a primeira vez em que se viram.