Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)
O barulho da entrega do jornal de
domingo na varanda acordou Anahí. Ela olhou para o relógio. Mal passava das 7h.
Suspirando, jogou longe as cobertas e seguiu para o banheiro. Uma chuveirada a
ajudaria a despertar.
Depois de tomar o café-da-manhã, leu o
jornal do início ao fim. Dobrando-o, deixou-o sobre a mesa.
Anahí suspirou. O silêncio imperava na
casa vazia. Ela nunca pensou que um dia sentiria falta do pingar incessante da
torneira.
Ficando de pé, ela saiu para a
varanda. Já eram quase 10h. No final da rua, avistou uma família deixar sua
casa e entrar no carro. Ela observou os pais com as duas filhas, até eles
desaparecerem rua abaixo. Pareciam tão felizes. Anahí ficou assustada ao se dar
conta de que invejava aquela felicidade.
Descendo da varanda, deu uma volta
pelo jardim, admirando as rosas e as margaridas. Por fim, não conseguiu mais
agüentar o silêncio. Deteve-se e olhou para o sul.
Havia um lugar que vinha evitando.
Sabia que teria de visitá-lo antes de deixar a cidade. A psicóloga a avisara de
que ela precisava encarar o passado antes de seguir com a vida.
Que assim seja, decidiu, reunindo toda
a coragem.
Após trocar de roupa, caminhou para o
sul até alcançar Willow Brook Road. Cruzou a rua e seguiu para o oeste,
chegando a uma pequena capela. O cemitério de Whitehorn cercava a construção.
Parando, Anahí agarrou a cerca de
ferro que rodeava a propriedade. Suas mãos tremiam, mas ela abriu o portão,
entrou, e seguiu pela trilha coberta de cascalho que cortava o terreno.
Por fim, na seção mais nova do
cemitério, ela chegou a uma área demarcada por quatro lustrosas colunas de
granito, uma em cada canto. No interior dessa área, repousava um pequeno
retângulo.
Sentou-se em uma das colunas mais
altas e fitou as montanhas que se estendiam a oeste dali. Às vezes, apreciar
montanhas e vistas longínquas oferecia consolo à alma, mas não hoje.
Ela engoliu em seco e olhou para a
lápide baixa de granito fincada na parte superior do retângulo, e leu a
inscrição.
Thaddeus Portilla Herrera. Filho
amado.
Por um instante, ela pensou ter
escutado o riso do menino na brisa que passava por entre as árvores.
Esforçou-se para escutar com mais atenção. Mas tudo que notou foi o som do
cascalho da trilha sendo pisado. Ela se virou abruptamente.
Alfonso estava de pé na trilha. Trazia
na mão um vaso de margaridas. Ele aproximou-se lentamente.
- Às vezes eu planto algumas flores -
disse.
Ela assentiu e observou-o agachando-se
para plantar um punhado das flores alegres em cada lado da lápide.
Quando terminou, sentou-se com as
pernas cruzadas, perto dos pés dela, e começou a arrancar algumas pequenas
ervas daninhas do túmulo.
- Estava me perguntando se você viria
- disse, virando-se para ela.
Anahí percebeu escuridão no fundo dos
olhos dele e soube que ela vinha da alma.
- Eu tinha de
vir.
Ela inspirou fundo, lutando contra a
necessidade quase dolorosa de chorar. Alfonso assentiu.
- Ainda sinto a falta dele - Anahí se
escutou confessar, sem ter tido a intenção de fazê-lo. - Do riso dele. Da
curiosidade e das perguntas intermináveis. Do amor que tinha por todas as
criaturas vivas. Sinto sua falta. Sinto-me... fria e sozinha por dentro.
As veias do pescoço de Alfonso se
tornaram visíveis. Anahí sabia que ele não gostava de tocar no assunto, mas ela
parecia ser incapaz de se conter. As palavras, assim como as lágrimas, não
seriam detidas.
- Sinto saudades dele e... estou
zangada com ele. - Ela apertou as mãos uma na outra. - Estou zangada com ele
por ter se embrenhado na mata sozinho. Ele sabia que não tinha a nossa
permissão. Quero que ele venha para casa com aquela expressão inocente no
rosto, da qual fazia uso sempre que se metia em encrencas. Quero mandá-lo para
a cama sem jantar. Quero deixá-lo de castigo por um mês...
Com o rosto sério, Alfonso levantou-se
abruptamente. Ela também ficou de pé.
Ele a fitou durante tanto tempo que Anahí
chegou a pensar que virariam pedra e ficariam ali para sempre, juntos, porém
separados, eternamente separados.
- Annie - Alfonso disse, com a voz
rouca.
Começou a estender a mão na direção
dela, mas depois a abaixou.
Quando ela precisou dele, ele lhe
virou as costas e foi embora. Se Alfonso fosse embora agora, ela jamais o
perdoaria...
Não. Não tinha o direito de pensar
assim. Tudo entre eles estava acabado. Embora tivessem tido um filho juntos,
eram dois desconhecidos nesse momento.
Ela fitou as montanhas distantes e
engoliu em seco.
- Sinto saudades dele - sussurrou. -
Nosso menininho. Eu sinto a falta dele.
E tentou inutilmente lutar contra a
escuridão que ameaçava tomar conta dela.
Alfonso sempre pensara que o vazio era
seguro, mas agora que sentia o vácuo no seu íntimo aumentar, sabia que isso não
passava de ilusão. A dor estivera sempre presente, esperando por uma chance
para escapar e consumi-lo novamente.
Queria ir embora, afastar-se e jamais
ter que pensar no passado. Mas não podia agir assim. Não desta vez. Teria de
enfrentar a dor de Anahí, e, talvez, ao fazê-lo, enfrentasse a própria dor.
Certa vez, ela lhe perguntara como
poderia parar de sofrer, e ele não soubera a resposta. Ainda não sabia.
Não sabendo como confortá-la, deixou
que ela enfrentasse a terrível perda sozinha. Talvez esse fosse o motivo do fim
do casamento deles, e não mais tarde, quando ela passou a evitar o seu toque,
como ele sempre pensara. Desta vez, sabia que não podia fugir.
Anahí levou as mãos ao rosto dele. Alfonso
percebeu que ela estava chorando. Ele ergueu a mão, e depois a abaixou.
Sentia-se impotente diante da angústia dela.
- Annie - disse, buscando as palavras
que fora incapaz de encontrar no passado. - Não faça isso. Chorar... não
resolve nada. Não muda nada.
Mas ela não escutou nada. Permaneceu
paralisada, com as mãos cobrindo o rosto, como se para esconder sua dor...
dele. Alfonso percebeu que Anahí não queria que ele a visse chorar.
Mas sabia que, desta vez, não poderia
ir embora. Teria de lidar com a situação ou condená-la ao mesmo vazio que ele
sentia por dentro. Anahí merecia coisa melhor da vida.
Engolindo em seco, ele aproximou-se
dela e acariciou o cabelo sedoso. Ela não recuou.
Alfonso pôde sentir os tremores que
percorreram o corpo esbelto de Anahí, como pequenas ondas de choque. Jamais a
vira chorar daquela maneira, como se o coração estivesse morrendo no seu
íntimo.
Foi momentaneamente tomado de pânico
ao sentir o próprio controle esmorecer. Levou os dedos à aos olhos,
esforçando-se para resistir à fraqueza das lágrimas. Lágrimas... De que
adiantariam?
E, no entanto, sabia que elas eram
necessárias... Que Anahí precisava delas... Tinha que ajudá-la. Tinha que
salvá-la do inferno sombrio em que residia a sua própria alma...
Ele a tomou nos braços, tentando
absorver com o próprio corpo toda a dor que ela estava sentindo, tentando
consolá-la com a própria vontade. Quando ela o envolveu com os braços e apertou
o rosto no pescoço dele, molhando-o com suas lágrimas, Alfonso se perdeu.
- Annie, ah, meu Deus, Annie -
sussurrou, enquanto era devorado pela escuridão.
Os braços de Anahí se apertaram ao
redor de Alfonso. Ele sentiu o calor e os tremores que percorriam o corpo dela.
Não podia mais conter a pressão no seu interior. Abraçou-a com força.
Autor(a): annytha
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Quando o momento de dor passou, ela se apoiou nele, como se estivesse exausta de tanto chorar em silêncio. Por algum tempo, tomada de uma estranha sensação de paz, descansou nos braços de Alfonso. - Sinto a falta dele - repetiu baixinho. Parecia uma despedida. - Eu sei. Ela se recostou nos braços dele e o fitou com os olhos &ua ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 87
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kikaherrera Postado em 15/04/2010 - 00:44:25
Amei a reação do Poncho.
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa -
rss Postado em 08/04/2010 - 21:21:56
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rss Postado em 08/04/2010 - 21:21:56
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rss Postado em 08/04/2010 - 21:21:56
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rss Postado em 08/04/2010 - 21:21:55
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kikaherrera Postado em 08/04/2010 - 20:51:35
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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kikaherrera Postado em 08/04/2010 - 20:51:27
AYA se casaram novamente que lindo.Estou curiosa para saber a reação do Poncho.
POstaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa -
kikaherrera Postado em 05/04/2010 - 22:31:15
Que pedido lindo o que o Poncho fez para a Annie.
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa -
rss Postado em 05/04/2010 - 12:25:37
posta maissssssssssssss
pena q/ já tá no final -
rss Postado em 05/04/2010 - 12:25:37
posta maissssssssssssss
pena q/ já tá no final