Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Um homem emergiu de dentro da mata.
Ela imediatamente reconheceu o advogado tribal.

- Olá, Derrick - cumprimentou, para
que ele soubesse onde ela estava.

Ele a avistou e veio em sua direção.

- Achou alguma coisa? - perguntou ao
notar a terra revirada.

- Achei. Um fêmur.

Ela pegou o osso do chão para que ele
pudesse examiná-lo.

- Ele ajuda a deduzir alguma coisa?

- Hum, ajuda. Acho que pertencia a um
homem ou a uma mulher robusta e muito alta. Jovem. Não há sinais de
deterioração nas juntas. Ele provavelmente era um vaqueiro, ou alguém
acostumado a sentar escarranchado.

- Puxa! - exclamou Derrick. - Mais
alguma coisa? Ela retirou uma sacola da bolsa e a enrolou ao redor do osso,
depois virou-se novamente para a escavação.

- Ainda não, mas estou otimista.
Parece que o corpo estava escondido sob esta saliência... - ela pensou por um
instante, e depois acrescentou: - Ou ele pode ter sido arrastado até aqui.

- Talvez tenha caído do cavalo -
sugeriu Derrick.

- E estivesse chovendo...

- Os lobos estavam atrás dele...

- Pode ser. Sua perna estava
quebrada...

- Dá para saber isso só com o osso da
coxa? Ele me pareceu estar inteiro.

Ela riu.

- E está. Eu só estava tentando
imaginar a cena. Sentando no chão, ela voltou ao trabalho. Derrick se agachou a
seu lado.

- Tio Frank me pediu para agradecer
pelos relatórios que você enviou para o escritório. Ele ficou desapontado por
que os ossos não pertenciam a um antepassado, e me pediu para lhe dizer que tem
permissão para fazer os testes necessários para identificá-los, inclusive o
exame de DNA. Ele me pediu para perguntar isso do modo mais delicado possível,
de modo que, aí vai: será que não se enganou quanto à idade dos ossos? - ele
perguntou bruscamente, e depois sorriu.

- Você sempre levou jeito com as
palavras - ela comentou, secamente. - Não me enganei. Os ossos não estão
fossilizados, nem mesmo na superfície. Não são velhos. E você sabia disso.

- Sabia, mas, como representante da
tribo, precisava perguntar. Agora que já tratamos disso, quer jantar lá em casa
na sexta?

- Eu adoraria, desde que me prometa
pão frito com mel.

- Traga um pouco do mel de Winona e
temos um trato. Eu mesmo fritarei o pão.

Anahí estava curiosa para conhecer a
mulher de Derrick.

- Maite, sua mulher, não é cheyenne?

- Ela é índia da cidade - ele
explicou. - Não sabe a diferença entre pão frito e fritada de batata.

Ele sacudiu a cabeça, como se
estivesse se perguntando o que o levara a se casar com uma mulher tão ignorante.
Anahí notou a ternura nos olhos dele ao falar da esposa e reprimiu uma pontada
de inveja.

- Não vejo a hora de conhecê-la.
Agora, chega de papo. Tenho de voltar ao trabalho.

- Eu posso ajudar. Basta me dizer o
que fazer.

- Muito bem. Delimite um quadrado e
retire uma camada inteira do terreno de cada vez.

Eles trabalharam lado a lado por cerca
de uma hora. Anahí lembrou-se dos dias de sua infância na reserva, quando Derrick
fora o seu melhor amigo.

A vida realmente dava muitas voltas. Derrick
se casara e fora embora, aparentemente, para nunca mais voltar, enquanto ela se
casara e se fixara na região. Depois, ele se divorciara e voltara,
aparentemente, para ficar. Ela se divorciara e fora embora, decidida a jamais
voltar.

Ela segurou a pá com força e se concentrou
na escavação.

- Ei - disse Derrick. - Olhe.

Ela olhou para ver o que ele
descobrira.

- O ílio! Não mexa - ordenou, quando
ele fez menção de pegá-lo.

Ele se afastou, no momento em que ela
chegou mais perto. Cuidadosamente, Anahí limpou a terra ao redor do osso e o
tirou do buraco.

- Está inteiro - ela murmurou
satisfeita. Girou-o, examinando-o de todos os ângulos. - Ótimo... ótimo -
repetia, ao admirar o osso pélvico.

- E então? - perguntou Derrick.

- Homem. Menos de 25 anos.

- Índio?

Ela deu de ombros.

- Não sei. Arranque o seu fêmur e eu
farei a comparação.

- Há-há - disse ele.

- Vamos ver se achamos o crânio. Deve
estar em algum lugar por aqui. De posse dele, poderemos descobrir quem era esse
vaqueiro.

- Vou começar a verificar todas as
queixas de pessoas desaparecidas na reserva - disse Derrick.

- Ótimo. Agora vamos ver se achamos
mais alguma coisa.

Já estava quase escurecendo quando
desistiram.

- Droga -
praguejou Derrick.

- Faço minhas as suas palavras.
Franzindo a testa, Anahí fitava o buraco. Alcançaram a rocha sólida. Não havia
mais nada. Ela olhou ao redor. Ele consultou o relógio.

- Erosão - murmurou ela. - Esta região
sob a saliência sofreu erosão no ponto em que a água jorrou através daquela
rachadura - explicou, apontando para os sinais.

Ela e Derrick caminharam até a borda
da vertente, e olharam para o riacho lá embaixo, que serpenteava ao longo da
base do despenhadeiro.

- Então, acabou?

- De jeito nenhum. Agora vou vasculhar
o riacho.

- É melhor irmos embora. Já está
ficando tarde.

- Certo.

Ela embalou adequadamente os ossos
encontrados e seguiu para o carro.

Como uma criança com o tesouro que
deseja exibir, não via a hora de chegar à cidade. Despediu-se de Derrick e
arrancou com o carro. Tinha de ver Alfonso o mais rápido possível.