Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Anahí cruzou a rua com determinação.
Precisava estar no controle, e não parecer aquela adolescente tola que achava
ser possível construir uma vida baseada apenas em atração física.

A escadaria da delegacia era dividida
por um corrimão de ferro. Anahí começou a subir os degraus à direita do
corrimão. Alfonso estava parado do outro lado. Ele veio ao encontro dela. Os
dois se encontraram no meio da escadaria.

Ele desceu mais um degrau, para que um
pudesse ficar na altura dos olhos do outro.

- Olá, Anahí - ele cumprimentou. -
Como tem passado?

Ela fitou-lhe as mãos apoiadas no
corrimão. O bronzeado delas contrastava com a palidez de suas próprias mãos. Os
dedos do homem eram compridos, bem-feitos e... sensuais.

Estremeceu, como se pudesse senti-los
acariciando-lhe o corpo. Alisando-lhe os seios, a barriga, as coxas...

- Bem - ela respondeu por fim,
desviando o olhar das mãos de Alfonso. - E você?

Ele deu de ombros, que eram largos. Alfonso
ficava bem no uniforme de xerife do condado, e a autoridade que vinha com ele
também lhe caía muito bem.

Uma lembrança súbita veio à mente de Anahí.
Durante os invernos frios de Montana, Alfonso sempre dormira colado em Anahí,
com as pernas jogadas sobre as coxas dela e o braço musculoso sobre a sua
barriga. Certa vez, ele murmurara que era uma pena não morarem no Pólo Norte,
para que ele pudesse abraçá-la daquela maneira todas as noites do ano.

Com aquelas lembranças ela sentiu o
calor tomando conta de seu corpo, e uma umidade formando-se em sua intimidade,
como se estivesse se preparando para recebê-lo. Anahí apertou o corrimão.

- Você está bem? - Alfonso perguntou.

Indefesa, ela o fitou, assombrada pelo
amor que não queria sentir, e com o qual não sabia lidar, uma paixão que jamais
a abandonara por completo.

- Estou. É claro que estou. Achei
melhor avisá-lo de que estava na cidade.

- O que planeja fazer?

- Bem, tenho de pegar a chave da casa
que aluguei...

- Está comigo. O corretor foi pescar.
Disse que talvez não voltasse a tempo e deixou a chave comigo.

- Ah. Que bom. - O que mais poderia
dizer? -Assim que for possível, quero visitar o local onde os ossos foram
encontrados.

- Certo. - O tom de voz dele era claro
e formal. - Você tem uma reunião amanhã de manhã com o líder tribal e o
advogado dele. Querem discutir a situação.

- Está bem.

Ela podia perceber que Alfonso não
gostava da idéia de ter que consultar outras pessoas. Se um crime havia sido
cometido no seu condado, ele queria logo começar a investigá-lo.

Sempre fora um homem que levava a
sério suas responsabilidades. Quando suspeitaram que ela estava grávida, vários
anos atrás, ele insistira para que se casassem imediatamente.

Ela sabia que a juventude de Alfonso
não fora das mais felizes. Embora casados e com boa situação financeira, os
pais dele discutiam sem parar. Quando Alfonso veio tirar férias em Montana,
após passar três anos advogando ao lado do pai, apaixonou-se pelos espaços
abertos e pela paz que encontrou ali. Foi naquele verão que os dois se
conheceram.

Contra a vontade dos pais, ele
decidira ficar, e, quando se casaram, começou a trabalhar como iniciante no
departamento do xerife. Aquele foi um ano muito feliz. Pelo menos, para ela.

- Podemos visitar o local após a
reunião. É melhor ir de jeans e sapatos confortáveis. O terreno é bem
acidentado. - Ele fitou o relógio. - Você já almoçou?

- Não. Esqueci completamente. Ele
assentiu, desviando o olhar.

- Eu sei.

Anahí sabia que ele estava relembrando
o passado. Alfonso costumava dizer que ela sempre se deixava absorver pelo que
quer que estivesse fazendo, fosse pesquisando técnicas forenses ou cuidando do
jardim, e esquecia completamente de se alimentar.

Alfonso fora um marido paciente e
compreensivo. Oito anos mais velho, fora tolerante com a empolgação de Anahí
pela vida. Jamais exigira nada dela, exceto que aceitasse suas carícias...

Ela deu as costas ao ex-marido e às
lembranças que ele lhe trazia e seguiu para o carro.

- Podemos passar por sua... casa
primeiro. Depois, compramos algo para comer e seguimos para o meu escritório.
Estou com os relatórios que solicitou e com os mapas topográficos - disse ele,
alcançando-a com facilidade.

Ela estranhou a hesitação dele ao mencionar
a casa alugada. Será que ele também se lembrava da casa que haviam construído
juntos? Era pequena, porém perfeita, próxima à Rota 17.

Após o divórcio, a propriedade fora
vendida e o dinheiro dividido entre os dois. Incapaz de gastá-lo, Anahí simplesmente
investira a quantia. Parecia ser dinheiro sujo, espólio obtido com a morte do
casamento deles... e com a morte do filho dos dois.

continuo ou não?

muito misterio e muito romance ainda estão em jogos.

comentem e eu posto mais.