Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Anahí pousou o osso pélvico na mesa.

Ele inspirou profundamente a essência
daquela mulher que o enlouquecia. Era como preencher seus pulmões de vida. Alfonso
se deu conta de que ela o estava fitando, e seus olhos se estreitaram quando
percebeu que estava muito mais absorto nela do que na conversa.

Tentou se lembrar do que ela havia
acabado de dizer. As palavras finalmente foram registradas por seu cérebro.

- Muito engraçado - disse ele,
buscando dar um tom casual à voz.

Enfiando as mãos no bolso, ele se
afastou.

- Ele provavelmente estava mais perto
dos 25 do que dos 20 - disse ela, em um tom de voz mais suave.

- Entendo.

- Vou solicitar mais uma semana aqui.
Acho que podemos fazer a identificação. Um jovem vaqueiro, forte, com cerca de
1,80m e vinte e poucos anos de idade.

- Ótimo. Isso descreve metade do condado,
sem falar no estado.

Ela deu de ombros.

- Derrick já está verificando os
registros de pessoas desaparecidas da reserva. Sugiro que coloque alguém
fazendo o mesmo com os registros do condado. Rafe Rawlings se ofereceu para
verificar as queixas municipais.

- Rawlings também estava na cena do
crime? Virou festa?

- Só Derrick estava na escavação.
Encontrei Rafe paginando a estrada. Ele se interessa por técnicas forenses.

- Aposto que se
interessa - Alfonso murmurou, baixinho.

Ele adoraria se as pessoas não
metessem o nariz no que deveria ser a sua investigação.

- Se está atrasado para algum
compromisso importante, pode ir - Anahí disse, com frieza. - Eu tranco tudo
quando terminar.

Com cara de poucos amigos, ela guardou
os ossos no gabinete de arquivos cedido para o seu uso.

- Winona ligou - informou o xerife,
ignorando a forma como fora dispensado.

- Ah, é? E o que ela disse?

- Que você devia ter encontrado mais
ossos. Disse que teve outro pressentimento. Acha que você está correndo perigo.

Anahí mordeu o lábio enquanto pensava.
Alfonso a observou, com o desejo aumentando a cada segundo que passava. Viu o
olhar dela se desviar de seu rosto, descendo pelo seu corpo... Anahí arregalou
os olhos, e, depois, voltou a lhe fitar o rosto. Ele sorriu de modo sardônico,
admitindo a ereção que era incapaz de esconder.

- Também venho sentido alguma coisa -
disse baixinho. - E acho que sei exatamente onde mora o perigo. - Ele lhe
retribuiu o olhar intenso e se forçou a alertá-la. - Comigo.

- Conosco - ela o corrigiu, com a
mesma sinceridade que ele sempre admirara nela. - O perigo está entre nós dois.

Anahí se esforçou para sorrir.

Alfonso passou a mão pelo cabelo,
frustrado com a paixão que se recusava a morrer. Envolver-se novamente com ela
era tolice. Mais uma semana, e ela teria ido embora. E ele teria mais uma vez
que encarar o vazio.

- É verdade - disse, por fim. - Mas
somos dois adultos. A atração pode estar presente, mas isso não significa que
temos de nos envolver. Você tinha razão. O que temos não é bom. - Ele se
interrompeu, tentando pensar em algo para acrescentar ao que dissera. -
Simplesmente, não é bom - repetiu.

Mas houve uma época em que era
sensacional.

- Ligue para Winona. Ela vai querer
saber que está bem - disse, ao seguir para a porta.

- Eu ligo.

Ele deixou a delegacia e ficou sentado
na caminhonete até que ela deixasse o prédio. Depois, seguiu-a, mantendo uma
distância discreta, até que Anahí estivesse sã e salva em casa.

A escadaria que levava à delegacia de
polícia estava lotada de jornalistas, equipes de televisão, fotógrafos e
curiosos, quando Anahí chegou, as 7h do dia seguinte. Perguntas eram feitas a Alfonso
mais rápido do que ele era capaz de respondê-las. Ele sorriu ao avistar Anahí.

- Aqui está a pessoa com quem devem
falar - anunciou ele, abrindo passagem nos degraus para Anahí. - Como os ossos
foram encontrados em uma reserva federal, o FBI está encarregado do caso.

- Vigarista - ela murmurou baixinho,
quando ele a Pegou pelo cotovelo, e a conduziu até o pórtico.