Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Na opinião de Alfonso,
"lindo" não era o suficiente para descrever o que acontecera entre os
dois.

Permaneceu deitado, sem querer romper
a conexão entre eles, sem querer pensar em nada além da pura felicidade do
momento.

E era aí que morava o perigo.

Ele fora incapaz de negar o desejo que
tinham um pelo outro, mas não queria se envolver com ela novamente. Não se
permitiria começar a pensar que precisava tê-la a seu lado para se sentir vivo
e completo, embora, naquele instante, se sentisse exatamente assim.

Já passara por aquilo antes. Quando
ela lhe pedira o divórcio, fora como ser submetido a uma cirurgia no coração
sem o benefício de anestesia.

As lágrimas dela lhe tocaram o rosto.
Ele lutou contra a necessidade de confortá-la.

Atrapalhando-se um pouco com o gesso,
ele girou lentamente o corpo. Alfonso se deitou de barriga para cima e
suspirou, à medida que o cansaço se instalava em todos os seus músculos.

Apesar de não abrir os olhos, percebeu
quando Anahí levantou da cama. Não queria vê-la indo embora. Ela representava
uma fraqueza que desejava expulsar de sua vida. Tinha um trabalho do qual
gostava, em uma cidade repleta de amigos. Não precisava de mais nada.

Uma toalha úmida e quente tocou-o em
um ponto sensível, fazendo com que tivesse um sobressalto. Escutou-a murmurando
palavras tranqüilizadoras. Gentilmente, Anahí o banhou e, depois, voltou para o
banheiro.

Ele continuou deitado, sentindo-se
mais vulnerável do que no instante do clímax. Sentia-se exposto, com o coração
aberto e tremendo diante da primitiva... luxúria.

Luxúria. Não passava disso. Luxúria.

Quando Anahí voltou para a cama, ela
se aconchegou a ele. Encaixou uma das coxas entre as deles, como costumava
fazer, e estendeu o braço sobre o peito de Alfonso.

- Assim machuca a sua perna?

- Não.

Virando-se ligeiramente, ele esticou o
braço sob a cabeça dela e, com o polegar, começou a lhe acariciar a lateral do
seio.

Subitamente, deu-se conta de que não
haviam usado proteção. Será que devia falar alguma coisa? Devia isso a ela. Alfonso
pigarreou.

- Eu não usei camisinha - disse.

Ela ergueu a cabeça, com uma
interrogação no olhar.

- Caso esteja preocupada - ele
explicou -, não tem nada a temer de minha parte. Nunca fiz... Nunca estive com
outra mulher, que não você, sem tomar as devidas precauções.

Não estava disposto a lhe contar que,
em sete anos, havia estado apenas com duas mulheres, e as duas não passaram de
amantes passageiras. Com Maris, sequer chegara tão longe. Percebera logo que
estavam destinados a ser apenas amigos.

- Também não tem o que temer de minha
parte.

Por um segundo, a idéia de Anahí com
outro homem atingiu-lhe o coração como uma facada. Pensou ter notado tristeza
na voz dela.

- Houve alguém? - perguntou.

Ela estremeceu por um instante, depois
suspirou.

- Houve um homem que quis se casar
comigo. De certo modo, eu também pensei que o amava. Mas não conseguia... Cada
vez que ele me tocava, eu... ficava paralisada.

Foi então que procurara a psicóloga,
que lhe dissera que já estava na hora de superar a perda e dar prosseguimento à
vida. Anahí não pôde deixar de imaginar o que a mulher diria agora, se soubesse
que ela havia ido para a cama com Alfonso.

Será que estava seguindo com sua vida,
ou voltando atrás?

- Hoje não pareceu haver problema -
disse Alfonso, enquanto continuava a lhe acariciar o seio.

Anahí não pôde deixar de notar a pitada
de satisfação na voz dele. Franzindo a testa e demonstrando irritação, ela o
fitou.

- Suponho que nunca tenha tido
problemas com as mulheres com quem dormiu?

O ligeiro sorriso desapareceu de seus
lábios.

- Não. Mas não foram muitas - disse,
com sinceridade.

Apesar de saber que não tinha esse
direito, Anahí sentiu-se fervilhar de ciúmes.

- Foram apenas duas. Foi tudo muito
breve e pouco satisfatório.

Suspirando de alívio, ela o fitou com
franqueza.

- Vi Maris tocando em você no dia em
que cheguei. Senti tanto ciúme que tive vontade de agredi-la.

- Maris não passa de uma boa amiga.

- Eu sei. Lily Mae me contou que ela é
casada. Falando em Lily Mae, ela nos deu um pouco de sopa. Está com fome?

- Estou -
murmurou, passando as mãos ao redor da cintura dela. - Mas meu apetite é por
você. - Alfonso a sentou sobre os quadris. - Desta vez, você vai ter que fazer
todo o trabalho.

Ela se curvou e plantou um beijo voraz
em seus lábios.

- Com prazer - sussurrou, sentindo o
fogo acender-se novamente.

Só muito mais tarde é que foi cuidar
do jantar para os dois.

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