Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

O telefone na mesa de Anahí tocou. Ainda atordoada com o beijo, ela atendeu.
Alfonso voltou mancando para o próprio escritório e sentou-se. Apoiando o pé na mesa, pegou um relatório. Mas Anahí ainda dominava seus pensamentos.
Ela estava falando com o escritório do FBI, pondo-os a par do andamento do caso.
- Esta semana - escutou-a dizer.
Prestando a maior atenção, escutou-a dizer ao chefe que tinha certeza de que logo achariam mais provas. O homem parecia não estar disposto a desperdiçar mais tempo com isso.
- Está bem, até o final da semana - disse Anahí. - Avisarei ao xerife que só estarei no caso até lá.
Alfonso se deu conta de que não queria saber. O desespero pairava ao redor dele, ameaçando vir à tona a qualquer momento. O que iria dizer quando ela lhe dissesse que partiria em breve?
Provavelmente desataria a chorar e lhe imploraria para ficar. Anahí tinha de saber como ele se sentia.
O xerife passou a mão pelo rosto e procurou o vazio no seu íntimo. Ele havia desaparecido. Ela fora capaz de preencher cada fenda solitária de sua existência. Quando partisse...
Anahí desligou o telefone. Sem fitá-lo nos olhos, entrou no escritório trazendo nas mãos a bolsa e a sacola plástica. Estava quieta, como ficara antes de, finalmente, admitir o término do casamento.
Para surpresa de Alfonso, ajoelhou-se ao seu lado e passou os braços ao redor do seu pescoço. Beijou-o. Parecia uma despedida.
A cabeça da secretária apareceu no vão da porta.
- Oi, chefe. Christopher queria que... Ah, me desculpe.
Enrubescida, Anahí o soltou e ficou de pé. A secretária sorriu.
- O que Christopher quer? - perguntou Alfonso, esforçando-se para controlar o tom de voz.
- Ele queria que soubesse que a batida na casa do prefeito correu sem problemas. Prenderam uma velhinha que insistia que era a mãe do prefeito... Como se fôssemos cair nessa.
Anahí ficou boquiaberta.
Alfonso tratou gentilmente de impedir que falasse qualquer coisa.
- É apenas o que Christopher chama de piada - explicou, sorrindo. - Diga para Christopher usar a mangueira de borracha na velhinha. Queremos uma confissão completa.

Anahí ainda estava sorrindo ao deixar a delegacia e prometeu a Alfonso que voltaria ao meio-dia. Pouco depois parou o carro no estacionamento do Native American Museum.
Anahí ficou impressionada com os ossos que Sara Lewis lhe mostrou. A coleção estava guardada em gavetas especiais, como as que o Smithsonian usava para armazenar seus arquivos.
Uma hora de comparação dos ossos a deixou certa de que tinha razão. Os ossos pertenciam a um vaqueiro branco que confiara o bastante em alguém para lhe virar as costas, disse, pensando no comprido fio de cabelo louro com as raízes escuras.
A mulher de duas caras?
Mas as mulheres raramente agiam com a fúria necessária para afundar o crânio de alguém com uma pedra. Talvez um marido ciumento houvesse atacado o vaqueiro após flagrá-lo com a mulher. Era um cenário mais plausível.
Mesmo assim, não passava de especulação. Um cientista deveria trabalhar com as provas, e não inventar histórias mirabolantes.
- Nossa coleção foi de alguma ajuda? - perguntou Sara, quando Anahí deixou a sala.
- Muita. Obrigada por me deixar usá-la.
Após se despedir da curadora do museu, voltou para a delegacia. Precisava ligar para Derrick e lhe contar a novidade, para que a tribo pudesse parar de se preocupar com os ossos. Avisaria que o caso não tinha relação com os índios.
Na verdade, agora recaía sob a jurisdição de Alfonso. Ele ia gostar disso. Contaria para ele durante o almoço. Talvez pudessem ter um almoço tranqüilo no escritório dele, conversando sobre o caso. Sozinhos. Ela sorriu.
Ao entrar no escritório de Alfonso, meia hora mais tarde, deteve-se abruptamente. Havia uma mulher a seu lado, segurando-lhe a mão.
- Pobrezinho - estava dizendo a mulher de Kincaid. - Quando recebi a notícia, mal pude acreditar que alguém tentou machucá-lo. Pensei que esse tipo de coisa não acontecesse em cidades pequenas.
- Acho que tem todo tipo de gente em tudo quanto é lugar - comentou Alfonso.
- Olá, sra. Kincaid - cumprimentou Anahí, seguindo para a própria sala. Ela notou os pratos de porcelana, os talheres e os guardanapos sobre a mesa de Alfonso, tudo indicando uma refeição recente. Anahí ficou furiosa. - Vejo que trouxe o almoço. Muito gentil de sua parte.
- O cozinheiro do rancho sabe o quanto eu gosto de empadão de milho - Alfonso apressou-se em dizer. - Mary Jo me trouxe dois, e insisti para que ela me acompanhasse. Estávamos conversando sobre o caso.
- É tão interessante. Eu não fazia idéia de que um detetive forense pudesse saber tanto só de olhar para os ossos. - Mary Jo sorriu. - O noticiário disse que era um vaqueiro. Como pode saber?
Anahí ficou passada. A mulher era muito simpática.
- Pelo formato do osso púbico - disse.
- Ah, entendo - disse Mary Jo, subitamente enrubescendo.
Anahí ficou surpresa. Não esperava encontrar uma pessoa tão inibida nos dias de hoje.
- Bem, acho melhor eu ir embora - disse Mary Jo. - Ainda tenho muito o que fazer hoje.
- Você já almoçou? - perguntou Alfonso, depois que a mulher foi embora.
Anahí sacudiu a cabeça.
- Pensei que fosse comer antes de voltar. Foi por isso que convidei Mary Jo para almoçar comigo.
- E vi que ela estava muito interessada no caso, especialmente no seu machucado.
- Com ciúmes, Annie?
Ela inspirou fundo.
- Estou - admitiu.
- Então agora sabe como me sinto com relação ao seu velho amigo Derrick Hawk e ao seu novo amigo Rafe Rawlings.
- É, sei. - Ela se virou para ele. - Alfonso, o que vai acontecer conosco?
Era um assunto que ela não queria discutir, mas sabia que tinha de fazê-lo.

post só com mais comentários.

obrigados a todas minhas leitoras.