Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Uma investigação de homicídio não era
o ideal para uma mulher delicada como Anahí. Na verdade, podia até não ser um
caso de homicídio. E ela estava ali justamente para elucidar essa questão. O
departamento precisaria saber muita coisa sobre os ossos encontrados na reserva
indígena, antes de definir se existia realmente um caso a investigar.

- Estou pronta - Alfonso escutou atrás
de si.

Ele virou e ficou sem reação. Ela
vestira uma calça que combinava com o casaco amarelo do conjunto com que
chegara e a blusa estampada. Prendera o cabelo para trás e calçara mocassins.

Anahí parecia a moça de 19 anos que
ele vira pela primeira vez naquela trilha pouco usada. E, exatamente como
acontecera naquela ocasião, na mesma hora em que a viu ficou completamente
excitado.

- Deus me ajude
- ele murmurou, forçando-se a sair porta afora, antes que fizesse o mesmo que
fizera duas semanas após terem se conhecido: beijá-la até que ela se derretesse
em seus braços.

Anahí mordeu sem muito entusiasmo o
sanduíche de frango que Alfonso comprara no caminho. Estavam sentados em lados
opostos da escrivaninha dele, enquanto o xerife a punha a par do caso.

- Em março passado, George Sweetwater
encontrou os ossos...

- George - Anahí interrompeu. - Eu me
lembro dele. O que ele estava fazendo naquela região da floresta? Lá é um
terreno sagrado.

- Ele diz que estava exercitando os
cães, pois precisava mantê-los em forma para a temporada de caça no outono.

Anahí sorriu.

- Estava caçando coelhos.

Sorrindo também, Alfonso a fitou nos
olhos.

- Fora da temporada e sem licença.

- Ele não precisa de licença naquele
território.

Anahí conhecia as leis indígenas
melhor do que muitos cheyennes. Passara muitos verões na reserva,
ajudando o pai, professor universitário de história, a colher relatos de
histórias e mitos da tribo.

- Então, ainda está a par das leis
locais - Alfonso comentou.

- Revi o caso com o meu pai.

- Como está ele?

- O joelho anda incomodando, mas ele
ainda caminha colina acima todos os dias. Adora desafiar os calouros a chegar
antes dele no topo da colina que dá vista para o campus.

O sorriso de Alfonso desapareceu.

- Sinto muito por sua mãe - disse.

A mãe de Anahí morrera em um acidente,
dois anos antes.

- Obrigada. E os seus pais?

- Estão bem. Minha sobrinha se formou
no ensino médio.

- Ah, é. Ela está com 18 anos. Eu
havia me esquecido.

Anahí interrompeu-se para ajeitar o
cabelo. Ao abaixar os braços, flagrou Alfonso fitando-a com uma expressão dura
no rosto. Apesar de ela ter quase imediatamente desaparecido, Anahí não pôde
deixar de pensar em como ele devia odiá-la.

- De qualquer forma, George achou os
ossos perto de uma encosta. Aparentemente, alguém da reserva ligou para o FBI
antes que meu departamento fosse notificado.

- Chegou a examinar os ossos?

Ele riu.

- Está de brincadeira? Mal consegui
vê-los. A polícia da reserva não deixa ninguém chegar perto deles. Sara
Lewis... Você se lembra dela?

Anahí assentiu. Recordava-se vagamente
da mulher mais jovem.

- É curadora do Native American
Museum, aqui em Whitehom - prosseguiu ele. - Ela e alguns membros da tribo
acham que os ossos pertencem a algum antepassado deles.

- Podem até pertencer.

Ele sorriu para ela com incredulidade.

- Está pronta para examinar os
boletins de ocorrência?

Anahí assentiu.

Sempre soubera que seu retorno a
Whitehorn despertaria antigos sentimentos nela. Só não sabia que seriam tão
fortes.