Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Rafe parou e inspecionou o ponto onde Alfonso
despencou. Anahí limpou o rosto com o lenço e tomou um gole de água do cantil.

- Quem mais esteve aqui? - perguntou
Rafe.

- Christopher me ajudou a encontrá-lo.

- Hmm, então esta pegada deve ser
dele.

- Não pode ser. Já choveu desde então.

- Neste caso, mais alguém esteve
xeretando por aqui. Ele se deteve neste ponto para olhar lá para baixo.

Agachando-se ao lado do policial, ela
examinou a área. Rafe apontou para as pegadas.

- Quem quer que tenha sido, estava
agachado aqui, como nós, examinando as evidências.

Um arrepio percorreu a espinha de Anahí.
Ela olhou para trás. Era desconcertante saber que um assassino pudesse estar
solto por ali, observando seus movimentos. Ele já tentara tirar Alfonso do seu
caminho.

Ela olhou para o chão ao redor. Havia
mais evidências a serem encontradas. Podia sentir isso nos ossos. Ela sorriu
diante do jogo de palavras que fizera.

- Quero examinar no sopé da encosta.
Algo me diz que estamos deixando alguma evidência escapar.

- Certo.

Seguindo pelo terreno inclinado e
escorregadio, eles olharam sob a borda arqueada da escarpa. Ela formava uma
aconchegante caverna. Alta o bastante para alguém se sentar. Uma pessoa
pequena, como uma criança.

- Isso daria uma caverna legal para
uma criança brincar. Ao se tornar adulta, ela provavelmente não se esqueceria
do local.

Rafe assentiu.

- Entendo o que quer dizer. Algum
morador da região que houvesse encontrado a caverna quando criança poderia voltar
até ela, quando precisasse de um lugar para esconder alguma coisa.

- Isso mesmo. Vamos cavar um pouco -
disse, pegando a picareta e começando a testar o solo.

- Deixa comigo -
Rafe se ofereceu, quando notou que ela estava começando a ficar cansada.

Ele começou a quebrar o solo duro sob
a saliência e a remover a terra, que Anahí se pôs a examinar. Ela nada
encontrou.

- Vá com cuidado - disse. - Se houver
ossos, não quero que se quebrem.

- Certo.

Duas horas mais tarde, fizeram uma
pausa.

- É verdade que você e o xerife
voltaram a se entender? - Rafe perguntou, ao se refrescarem com o refrigerante
gelado que ele havia trazido na caminhonete.

Ela sorriu. A cidade inteira devia
estar se fazendo a mesma pergunta.

- Por ora - admitiu.

- E amanhã? - perguntou ele. Anahí
forçou um sorriso.

- Quem sabe o que o amanhã trará?

- É verdade.

Com um olhar triste, Rafe fitou o
lindo vale, perdido em pensamentos.

Antes que Anahí pudesse sequer pensar
no que estava se passando em sua cabeça, ela avistou um movimento pelo canto do
olho. Na mesma hora, ficou alerta.

Sem nada falar, tocou no braço de
Rafe, depois abaixou a mão na direção da picareta.

Ele a fitou intrigado. Notando seu
olhar alarmado, ele também ficou alerta a um possível perigo.

- Onde? - perguntou, baixinho.

Ela dirigiu os olhos para o ponto da
mata onde avistara o vulto sombrio.

Um rosto apareceu em meio aos
arbustos. O homem tinha a pele bronzeada e curtida, com os olhos mais azuis que
Anahí já vira e o cabelo grisalho desgrenhado. Parecia um louco.

Rafe procurou lhe seguir o olhar.

- Ah - disse, sorrindo. - Homer, venha
até aqui - chamou.

Com uma postura desconfiada, o homem
magro saiu de dentro da mata.

Suas roupas eram velhas e folgadas.

- Oi Homer. Sou eu, Rafe Rawlings.
Lembra de mim? Nós nos conhecemos no rancho de minha família, há alguns anos.

O velho se empertigou todo.

- É claro que me lembro. Não estou
caduco, nem nada.

- Ele sorriu.

Seus dentes eram inesperadamente
brancos.

- Embora muitas pessoas prefiram
pensar assim.

- Esta é Anahí...

Rafe fez uma pausa e olhou para ela.

- Portilla - disse ela. - Anahí Portilla.

Recordava-se vagamente do homem. Ela e
o pai haviam esbarrado com ele algumas vezes, quando estavam procurando
artefatos.

Homer assentiu.

- Conheci o seu pai. Ele ainda está
lecionando?

- Está. E o que você está procurando?
Ouro?

Na mesma hora a expressão dele
tornou-se reservada.

- Talvez sim, talvez não - foi sua
resposta.

- Ou safiras - sugeriu Rafe. - Havia
uma mina na região, mas as pedras não eram de boa qualidade. Homer, foram as pegadas
das suas botas que eu encontrei na borda do despenhadeiro onde Alfonso caiu?

- Eu só estava olhando - disse o
homem, na mesma hora. - Não fui eu.

- Eu sei. Só queria saber se estava
aqui em cima quando tudo aconteceu.

Homer olhou ao redor, mas não respondeu.

- Você viu alguém? - Anahí perguntou.

O velho montanhês sacudiu a cabeça.

- Não foi uma pessoa - sussurrou. -
Foi alguma outra coisa.

- O quê? - perguntou Rafe.

- Um dos espíritos. Eles não gostam de
pessoas invadindo o seu território.

- Isto faz parte do território deles?

Homer correu os olhos pela região.

- Sabe muito bem que faz. É solo
sagrado. Vocês não deveriam estar aqui. Às vezes consigo acalmá-los, mas nem
sempre.

- Não conseguiu acalmar este? -
indagou Rafe.

- Não. Era um espírito diferente. Eu
jamais o tinha visto. É melhor vocês dois tomarem cuidado - aconselhou, antes
de virar-se e voltar para a mata, desaparecendo entre as árvores.

- Maluco, mas inofensivo - comentou
Rafe. Anahí pegou a picareta.

-
Bem, de volta ao trabalho. - Não tinha mais esperanças de encontrar alguma
coisa. - Este é meu último dia no caso - disse.