Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Dez minutos depois, os grupos de busca
partiram, cada um levando um walkie-talkie. Alfonso postou-se ao lado do rádio,
para coordenar a operação.

A medida que a noite e a tempestade se
aproximavam, o desespero da equipe de busca e resgate começou a aumentar. Uma
patrulha a cavalo e com cães vasculhava o sopé das montanhas, enquanto outro
grupo movia-se sistematicamente através da mata.

Quando a noite chegou, as buscas foram
suspensas. Seria fácil demais não visualizar uma criança inconsciente em meio à
escuridão. Alfonso ordenou que as buscas fossem retomadas com o raiar do sol.
Ele estendeu dois sacos de dormir na caçamba da caminhonete. Ele e Anahí
dormiram agarradinhos para se protegerem do frio.

Na manhã seguinte, Lily Mae trouxe
ovos com bacon e biscoitos. Ela entregou uma caneca de café fumegante para Alfonso
e outra para Anahí, e foi tentar convencer a mãe de Jimmy a comer um pouco. Os
Kincaid logo chegaram trazendo mais café e rosquinhas.

A busca continuou.

Anahí foi ficando cada vez mais
preocupada com Alfonso. Seu rosto estava pálido, os olhos assombrados por
lembranças que nenhum dos dois conseguia esquecer. Há oito anos, haviam passado
pela mesma situação.

Às vezes, ela sentia vontade de ralhar
com um Deus indiferente que permitia que crianças sofressem. Outras vezes,
rezava fervorosamente.

- Como foi que teve forças para
agüentar? - perguntou a mãe de Jimmy, quando Anahí se sentou ao lado dela. -
Com seu filho... Como pôde suportar?

- É difícil, mas no final das contas,
você consegue. Não perca a esperança. Ainda é cedo.

Anahí olhou para o céu cinzento e
rezou para que a chuva esperasse mais um dia para cair.

Eles ficaram sentados no local do
acampamento, escutando pelo rádio os relatórios das buscas dos setores. Ao
meio-dia de sábado, receberam a notícia.

- Ele está aqui! Está vivo - gritava
um dos líderes das equipes setoriais ao rádio.

A mãe de Jimmy levou a mão ao rosto.

- Certo - disse Alfonso, após escutar
o relatório. - Estamos indo aí para planejar a operação. - Ele desligou, e
dirigiu-se para o grupo que aguardava. - Jimmy caiu em um poço de ventilação de
uma mina antiga, quando se afastou da tropa para explorar a região. Um dos
cachorros conseguiu localizá-lo. O menino respondeu aos chamados dos homens da
equipe de busca. Agora temos de ir até lá tirá-lo do poço. Vamos.

Eles levantaram acampamento e seguiram
para o novo local. A antiga mina ficava em um dos desfiladeiros. Anahí sentiu
um aperto no coração ao pensar em desmoronamentos e vários outros perigos.

Um especialista em mineração foi
trazido de helicóptero.

- Perigoso demais - foi a resposta
dele ante a sugestão de abrir o túnel desmoronado da mina abandonada. - O solo
é instável. O melhor seria descer alguém de ponta-cabeça pelo poço e amarrar
uma corda ao redor da cintura do menino, para que ele possa ser içado. - O
engenheiro mediu a largura do poço. - Teria de ser alguém pequeno, alguém capaz
de manter a frieza diante do perigo.

- Eu vou - disse Alfonso.

Anahí arregalou os olhos ao fitá-lo.

- Não pode.

- Eu vou - ofereceu-se o líder dos
escoteiros, um homem mais velho, grisalho e barrigudo.

O engenheiro sacudiu a cabeça,
obviamente considerando o homem inadequado para a tarefa.

- Prepare as cordas - Alfonso disse
para Christopher.

- Não seja ridículo - disse Anahí,
segurando-o pelo braço. - Você está com a perna quebrada.

- Eu pratiquei alpinismo quando era
mais jovem - disse Christopher, oferecendo-se.

- Os dois são grandes demais. Seus
ombros não passarão pelo buraco - afirmou o perito, dispensando-os.

- Eu vou - disse
Anahí. - Sou antropóloga forense. Já estive em alguns lugares bem apertados
escavando em busca de artefatos.

O engenheiro a olhou de cima a baixo.

- Você serve.

- Não - disse Alfonso, colocando-se
entre Anahí e o homem. - Ela não.