Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

- Mais devagar - disse.

Christopher seguiu soltando a corda
num ritmo lento e constante. Alfonso reprimiu a vontade de gritar para Anahí,
perguntando se estava tudo bem.

- Já estou quase lá - ela gritou. -
Devagar. Mais devagar - orientou. Suas voz parecia vir de quilômetros de
distância, e não de 15 metros abaixo. - Já posso vê-lo - ela gritou, empolgada.
- Pare.

Christopher obedeceu.

- Mais um pouco - mandou Anahí. - Pode
me descer mais uns 30 centímetros. Bem devagar.

Eles soltaram a corda, centímetro por
centímetro.

- Pare!

Alfonso notou um tom diferente na voz
da ex-mulher. Havia algo errado. Ele se inclinou para dentro do buraco.

Seu coração parou de bater. Podia
escutar o barulho de pedras rolando lá embaixo.

- O poço está começando a desmoronar -
avisou para Christopher. - Prepare-se para tirá-la de lá. - Ele gritou para
dentro do buraco. - Prepare-se, Annie. Nós vamos puxá-la.

- Não, espere - protestou Anahí. - Alfonso,
ainda não. Estou quase...

Eles escutaram um estrondo, e, depois,
o chão começou a trepidar.

- Jimmy! - gritou a mãe do menino. -
Ah, meu Deus, Jimmy.

- Puxe - Alfonso gritou para Christopher.

Ele mancou até o guincho e posicionou
as mãos ao lado das do detetive. Juntos, giraram furiosamente a manivela
puxando a corda de dentro do buraco, enquanto a terra caía no interior do poço
que, há muito tempo, fornecera ar fresco para a mina.

A terra ao redor do buraco começou a
despencar para dentro do buraco, como minúsculas avalanches, que pareciam
ensurdecedoras no coração daqueles que assistiam à cena.

Ninguém conseguia falar nada.

Outro tremor sacudiu a área. A mãe de
Jimmy gritou mais uma vez, e, chorando, escondeu o rosto no peito do líder dos
escoteiros.

- Pare - ordenou o engenheiro,
ajoelhando-se o mais perto que podia do buraco. Ele olhou lá para dentro.

- As paredes estão cedendo - disse. -
Não há nada que possamos fazer.

Anahí estava balançando de cabeça para
baixo, dependurada, com o sangue correndo para a cabeça. O mundo estava
desmoronando ao seu redor.

Alfonso, foi
seu único pensamento.

Naquele instante, soube que jamais o
deixaria por sua vontade, independentemente do que ele pudesse dizer. Ele
precisava dela, tanto quanto Anahí precisava dele. Percebia isso agora. Juntos,
eram completos. Separados... não eram nada. A verdade era simplesmente essa.

Pedras e poeira passavam por ela,
acertando-lhe o corpo ao cair em direção à escuridão interminável que a luz da
lanterna não conseguia penetrar. Por algum motivo, não estava com medo.

Talvez por Alfonso estar lá em cima,
cuidando dela.

Quando sua subida foi, de fato,
interrompida, ela não entrou em pânico, sabendo que estava em boas mãos... As
mãos de Alfonso. Aquelas mãos enormes, meigas e maravilhosas.

Quando ela permaneceu imóvel por mais
de um minuto, começou a ficar preocupada. Não sabia por quanto tempo poderia
agüentar. Seus ombros começaram a arder em contado com o arreio, à medida que
lutava para manter a consciência.

As pedras pararam de rolar. O silêncio
ao seu redor parecia ser absoluto. Anahí inspirou fundo.

- Agüente firme - tentou gritar. -
Apenas agüente firme. Alfonso vai nos tirar...

A terra tremeu novamente, um rugido
baixinho de fúria. As paredes do poço começaram a se fechar ao redor dela.

O que diabos estava acontecendo? Por
que não a estavam puxando para fora dali?

Com o máximo de força possível,
naquela posição, começou a puxar a corda.

Puxem-me. Agora.

Pensou em Alfonso, quando a terra
começou a encher sua boca, nariz e olhos.

Alfonso, me ajude.

Era o fim, pensou, lamentando tudo que
jamais dissera para Alfonso... Como o quanto o amava. Ah, amor, meu amor, meu
querido amor - repetia, à medida que a terra sufocante lhe invadia os pulmões.

ja sabem, posto só se tiver muitos comentários.