Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Anahí deu uma volta pela cidade antes
de ir para casa. Algumas lojas e edifícios residenciais que guardava em suas
lembranças continuavam como se recordava, outros pareciam diferentes ou
poderiam até ser obras posteriores à sua partida.

Passou por uma esquina onde havia sido
construído um supermercado, buscou inutilmente na memória o que existia ali
antes, mas não conseguiu se lembrar. Caminhou até em casa, pegou o carro
alugado e voltou para fazer compras.

O sol estava começando a se pôr quando
retornou ao chalé. Após guardar as compras, decidindo que não estava com fome,
trocou a roupa por um jeans surrado, camiseta azul e um agasalho de algodão, e
resolveu dar uma olhada no quintal da casa, de onde era possível avistar a
auto-estrada.

Encostando-se em uma árvore, soltou um
suspiro. A escuridão parecia preencher sua alma. Há cerca de dois anos
conversara com uma psicóloga, que lhe dissera que precisava encarar o passado e
aceitar sua dor antes de prosseguir com a vida. Anahí pensara que a mulher
estava fora de si.

Agora, não tinha muita certeza quanto
a isso. Voltar estava sendo mais difícil do que esperava. Emoções que afogara
com o trabalho estavam começando a despertar, e ela não parecia capaz de fazer
nada para impedi-las.

Avistou um veículo na auto-estrada,
parecido com o de Alfonso. Será que ele estava com a namorada agora? Será que a
levaria para a sua casa após o jantar, ou iria para a dela? Será que ele havia
dado continuidade apropria vida, da maneira como os médicos a aconselharam a
fazer?

Incapaz de suportar a idéia de Alfonso
fazendo amor com outra mulher, Anahí fechou os olhos bem apertados.

Sentia-se confusa e perdida. Tudo isso
no primeiro dia em que retornara à cidade. Tremia só de pensar nos dias que
estavam por vir, tendo de ficar tão perto de Alfonso.

Talvez pudesse elucidar o caso
rapidamente e voltar para onde se sentia segura. Na Califórnia só havia
fenômenos naturais com se preocupar: terremotos, deslizamentos de terra e
incêndios florestais.

Como que em transe, Anahí começou a
caminhar a esmo. Virou à esquerda em Silver Creek Road
e, depois, à direita em
Stony Ridge. Poucos minutos depois, estava de pé diante da
cerca rústica que envolvia a casa que ela e Alfonso haviam construído. Para ser
sincera, tinha de admitir que ele fizera a maior parte do trabalho, mas ela
adorara ajudar.

Trabalharam muito naquele outono
terminando a parte externa, para que pudessem se dedicar à parte interna
durante o inverno. Alfonso terminara o quarto do bebê três semanas antes de
Thadd nascer.

As luzes estavam apagadas e parecia
não haver ninguém em casa.
Ela se perguntou se a mesma família que a comprara anos atrás
ainda moraria ali.

Caminhando ao longo da cerca, ela se
deteve diante do portão. Havia uma bola de futebol vermelha e branca na
calçada. Ela a pegou e a analisou, como se nunca houvesse visto uma parecida
antes.

Por fim, sentindo um aperto no
coração, empurrou a bola delicadamente na direção da casa, até que se deteve
diante dos degraus que levavam à entrada. Enfiando a mão nos bolsos, Anahí se
pôs a caminhar rua abaixo.

Em vez de voltar para casa, seguiu
para o centro da cidade. Subitamente, sentia-se faminta.

Cruzando a rua, dirigiu-se para o Hip
Hop Café. A lanchonete não existia há oito anos. Não lhe traria lembranças
dolorosas.

O lugar era um amontoado de cadeiras e
mesas de colorido bastante alegre. Possuía certo charme que devia tomá-lo muito
popular - associado à boa comida, é claro, a julgar pelos aromas deliciosos. A
primeira pessoa que ela avistou foi Lily Mae Wheeler, viúva, divorciada e a
fofoqueira da cidade. Anahí hesitou, mas já era tarde demais para dar
meia-volta e retornar ao chalé.

- Ora, vejam quem está aqui! -
exclamou Lily Mae. - Anahí Herrera.

Quando Lily Mae puxou a cadeira a seu
lado para ela se sentar, Anahí não teve outra opção senão se juntar a ela.

- Quando chegou à cidade, querida?

- Hoje, por volta do meio-dia -
respondeu Anahí.

- Soube que estava vindo para cá...
Ah, chegou o meu jantar. - Ela pegou a bolsa para abrir espaço na mesa. -
Melissa, você estava na cidade quando Anahí morou aqui? Há cerca de cinco ou
seis anos, não é Anahí?

Como Lily Mae não costumava dar chance
aos outros de falarem, as duas mulheres responderam simultaneamente:

- Fui embora há sete anos...

- Não estava aqui na época...

Ambas se interromperam e sorriram uma
para a outra. Lily Mae as apresentou.

- Melissa Avery,
Anahí Herrera.

- Portilla - Anahí corrigiu. - Anahí Portilla.
Após o divórcio, voltei a usar o nome de solteira.

Melissa franziu a testa
pensativamente.

- Eu me lembro. Você foi casada com o
xerife. O filho de vocês...

Ela se interrompeu, constrangida por
ter tocado no assunto.

- Não tem problema - disse Anahí
rapidamente. - É um prazer conhecê-la.

- Anahí é uma famosa agente do FBI -
Lily Mae acrescentou.

- Na verdade, sou consultora em casos
especiais - Anahí explicou. - E, embora as investigações forenses ocupem a
maior parte do meu tempo, também trabalho em escavações arqueológicas para a
Universidade da Califórnia.

- É fascinante. Infelizmente, tenho de
voltar ao trabalho - disse Melissa. -Alguns funcionários faltaram hoje à noite,
de modo que estou ajudando a atender às mesas. Já volto com o cardápio.

- Vocês duas deveriam se tornar amigas
- anunciou Lily Mae, depois que Melissa foi embora. - Ambas são mulheres
independentes e trabalhadoras. Agora, me conte o que tem feito.

Após pedir uma salada, Anahí colocou a
conversa em dia com Lilly Mae. A mulher alegre devia estar na casa dos 50.
Nunca teve filhos e seus casamentos jamais duraram muito. Apesar disso, ela
jamais ocultou sua atração, não correspondida, pelo dr. Portilla, o pai de Anahí.

- Já soube a respeito de Maris Wyler?
- Lily Mae perguntou durante a sobremesa.

O coração de Anahí veio à boca.

- Maris? - indagou cuidadosamente.

Não queria saber de nenhum noivado.
Não era de sua conta o que Alfonso fazia na sua vida particular, mas... Não
queria saber de nada.

galera comentem mais vai.

tem muito pouco comentários.

garanto que não vão se arrepender.