Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

Parecia que ele ia recusar, mas acabou
assentindo. Alfonso tirou o paletó e a gravata e os deixou no carro. Assim que
entraram, seguiram para a cozinha, onde Anahí começou a preparar um bule de
café.

- Quer uma fatia de bolo? - ofereceu
ela.

- Não, obrigado. Comi sobremesa na
casa do prefeito. Ele já está começando a juntar aliados para a campanha de
reeleição.

- Existe algum candidato de oposição?

- Não que eu saiba.

- Que tal você?

- O que tem eu?

- Você daria um bom prefeito. É
conhecido pela sua integridade, tem bom relacionamento com a Câmara Municipal.

Alfonso riu.

- Não gosto da politicagem necessária
para ganhar a eleição. Até mesmo como xerife, nem sempre posso falar exatamente
o que penso.

- Você sempre foi um homem de poucas
palavras - disse ela com amargura.

Alfonso sempre fora reservado,
especialmente no que diz respeito aos sentimentos. Talvez ela devesse ter
insistido para que ele se abrisse com ela, para que ele lhe desse ouvidos
quando quis explicar os próprios sentimentos. Talvez... Mas agora era tarde.

Servindo o café, os dois se sentaram
ao redor da mesa. Alfonso desabotoou o colarinho e arregaçou as mangas da
camisa. Ela tentou pensar em algo inofensivo para conversarem, mas nada lhe
veio à cabeça. Deu-se conta de que o desejava.

- Por que você voltou? - indagou ele,
subitamente. Parecia zangado. - Por que agora, após todo esse tempo?

- Frank Many Horses me requisitou. Ele
queria alguém que entendesse as leis tribais e respeitasse os ancestrais e seus
costumes.

Ele a fitou, incerto se ela estava
falando a verdade. Como trabalhava apenas como consultora, Anahí poderia ter
recusado o caso.

- Vi o seu pai no verão passado - Alfonso
mencionou. - Ele disse que você está trabalhando em excesso. Estava preocupado
com você.

Isso era novidade para ela.

- Por quê?

- Ele achava que você não tinha uma
vida fora dos seus estudos. Disse que você não saía muito.

- Bem, tenho estado ocupada. Contudo,
vejo alguns amigos de vez em quando.

- Amigos?

- Eu saio - ela afirmou. - Às vezes.

Alfonso sabia que não devia estar ali.
Era perigoso ficar sozinho com Anahí. Ela sempre fora a única mulher capaz de
fazê-lo esquecer de suas boas intenções, capaz de fazê-lo esquecer de seu
instinto de autopreservação.

- Às vezes - repetiu ele, furioso só
de imaginar os homens que a poderiam ter tocado.

Procurou se lembrar de que aquela
mulher não mais lhe pertencia.

Ele se levantou abruptamente.

Ela também.