Fanfics Brasil - Prólogo Ferida

Fanfic: Ferida | Tema: Ponny


Capítulo: Prólogo

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FEVEREIRO DE 2014


Era de madrugada. Como estava fria e nublada, a lua se escondia no céu. Assim,
a escuridão era cortada apenas pelas lâmpadas espalhadas pela fazenda. No
casarão teve um jantar de boas vindas para o novo casal da família Herrera, que
chegou de lua-de-mel. Agora tudo por lá era silencioso.


A fazenda gigantesca era bem protegida, mas em função do tamanho descomunal,
ficava difícil manter atenção e vigilância sobre cada canto. E como há quase dois
meses não ocorriam roubos de gado, todos estavam um pouco mais relaxados.
Foi isso com que os ladrões contaram daquela vez.


Era claro que eles não podiam saber os pontos mais vulneráveis da fazenda para
atacar sem ajuda interna. Por isso esperaram tanto para um novo ataque. O
momento propício, que surgiu após um dos empregados avisar que um dos mini
retiros a noroeste estava praticamente desguarnecido. Por ser longe demais dos
outros, a vigilância passava ocasionalmente por lá, mas não se fixava. Rodava
pelas terras e cercados, quase a noite toda.


Felipe Vasconcelos estava naquela madrugada fria, junto com Abel e mais cinco
homens. Ele trabalhava na fazenda com Abel e, sem que ninguém soubesse, eram
os informantes daquela rede especializada em roubo de gado. Seu papel era mais
de inteligência do que de ação. Ele observava os pontos fracos e, junto com o líder do grupo, Lauro Alves, organizava todo o esquema. Mas naquela noite, para tudo correr mais rápido, estava ajudando. O esquema era até simples. Havia percebido que, depois que a vigilância passava por aquele ponto, demorava uns trinta minutos para percorrer outros locais e retornar. Aquele era o tempo limite que teriam e tudo foi muito bem pensado,  aproveitando que havia aquela falha ali. Um dos mini retiros sem segurança constante. Para chegar até ele, uma cerca derrubada em um canto mais afastado e uma estrada secundária e quase não utilizada, para escoar o gado em caminhonetes que entrariam e sairiam com faróis apagados, o mais rapidamente possíve. Só de manhã dariam falta das centenas de gado.


O jovem Felipe Vasconcelos era um homem muito ambicioso. Cansado de uma
vida medíocre, sabia que era inteligente e achava que merecia muito mais do que
a vida lhe dava. Por esse motivo havia decidido fazer seu próprio caminho,
arriscar. Há meses sendo capataz da fazenda, concluiu que não poderia melhorar
muito mais do que isso ali. Quando Gabriela Herrera passou a sair com ele, uma
nova chance se descortinou diante de seus olhos. Afinal, ela era uma das herdeiras
da fazenda. Em paralelo surgiu também a oportunidade de se envolver no roubo
de gado.


Felipe perdeu Gabriela, pois o puto do Joaquim se meteu no meio e atrapalhou
tudo. Agora os dois estavam casados. Pelo menos era assim que se diziam.
Daquela maneira, só lhe restou juntar uma grana com aquelas incursões. Desde
que passou a organizar tudo com Lauro, as coisas fluíram mais fáceis. Antes dele,
que ajudava o ladrão com informações era Abel Alves, que trabalhava como peão
da fazenda há vários anos. Mas Abel era um bêbado. Uma hora ou outra poderia
falar demais e pôr tudo a perder. Como acabara dando com a língua nos dentes
para Felipe e o colocando no esquema. Ele estava se tornando uma figura não
grata. Mas O rapaz não. Era inteligente, astuto e ambicioso. De muito mais valia
que o velho alcóolatra.


Mesmo assim, lá estavam eles todos. Os três comparsas de Lauro dirigindo as
caminhonetes vindas pelo lado noroeste. Abel já tinha derrubado uma parte da
cerca e a entrada até foi fácil, com os faróis desligados. Agora, no mini retiro onde
ainda há pouco passara a vigilância e partira para outro, todos trabalhavam às
pressas. Abel, Felipe e Lauro acabaram conduzindo o gado para um dos transportes,
enfiando lá a maior quantidade possível. O trancaram e observaram enquanto
seguia seu caminho por uma estrada secundária para Pedrosa, para descarregá-
los na Fazenda Ruminante, onde já havia tudo preparado para transformar o gado
em carne e vender como dela.



- Vamos encher logo a outra caminhonete. – Felipe falou rapidamente a Lauro,
que acenou com a cabeça. O automóvel veio de ré e ocupou o lugar da anterior.


- Está nervoso? – Lauro perguntou, observando-o.


Lauro Alves era um homem alto, magro, frio. Tinha o olhar sem vida, como
pedaços de vidro escuro, o que incomodava um pouco a Felipe. Sempre achou que
era capaz de tudo e não queria tê-lo como inimigo.



- Claro! A qualquer momento podemos nos ferrar. – O rapaz respondeu. – O tempo tem que ser cronometrado.


- Vou mandar o gado entrar logo. – Disse Abel, também com pressa. Estava com
um cheiro forte de cachaça e olhos vermelhos, o que de início tinha deixado Lauro
irritado.


Felipe podia ver que era questão de tempo até Lauro tentar se livrar do homem
mais velho e alcóolatra. Mas nem teve tempo de terminar de formar o
pensamento. Escutou um barulho diferente e gelou. Na mesma hora disse
nervoso:


- É a vigilância! Está vindo para cá!


Viu Lauro reagir junto a Abel. Tinham acabado de reabrir a porteira do mini retiro
e Abel baixava a rampa da caminhonete para o gado entrar. Mas com o alerta de
Felipe, ergueram a tampa rapidamente e por um rádio Lauro mandou a terceira
caminhonete, mais à frente, fugir.



Não esperaram para ver no que aquilo ia dar. Felipe deixou a porteira aberta e se
jogou dentro da caminhonete mais perto deles, falando rápido para fugirem
enquanto ainda tinham tempo, o pânico dominando-o.


- Entre aí, porra! – Berrou Lauro, empurrando Abel para a caçamba onde Felipe
estava e pulando logo atrás. Na mesma hora o motorista acelerou e arrancou pelo
chão de terra batida, seus faróis apagados, tentando escapar antes que fosse
avistado pela vigilância. Lá dentro da caçamba fedida, Lauro exigiu: - Quantos
são nessa vigilância?


- Geralmente uma pick-up. – O rapaz explicou tenso, agarrado nas ripas de
madeiras laterais do automóvel que sacudia, sabendo que se fossem pegos
estavam ferrados. – Se encontram algo, eles ligam uma sirene e alertam os outros.
- Que merda! Acelera essa porra, Roberto! – Gritou para o motorista.


- Ai, cadê minha cachaça ... – Se lamentou Abel, acovardado, indo espiar sobre a
muretinha de trás.


Dava para ver os faróis do outro automóvel já chegando. E, de repente, como se
fosse puro azar, os faróis altos incidiram exatamente sobre a caminhonete
quando esta quase passava pela cerca derrubada. Apesar da grande distância
entre os dois automóveis, não houve dúvidas de que foram avistados quando a
pick-up fez explodir no silêncio da noite uma sirene estrondosa de aviso e
acelerou ainda mais na direção deles.


Lauro começou a gritar um monte de palavrão e na hora puxou duas armas
carregadas da cintura. Felipe arregalou os olhos, acuado no fundo da caçamba.


- O que vai fazer? – Perguntou trêmulo. Odiava participar da parte prática da
coisa, preferia ficar apenas no esquema das informações e planejamentos. E justo
na primeira que ia, acontecia tudo aquilo. Parecia sem saída, com medo de ser
pego pelos Herrera e também do que Lauro poderia fazer.


- O que for preciso. – Disse friamente, indo até a ponta da caçamba, mirando com
a arma da mão direita na pick-up que vinha atrás fazendo escândalo com a sirene.


– Logo seremos cercados!


E começou a atirar contra o outro automóvel no escuro da noite, baseando-se nos faróis deles. Felipe levou as mãos aos ouvidos e se encolheu, mas não pôde deixar de olhar enquanto ouvia mais barulhos estrondosos e por fim entendia o que era aquilo quando Abel gritou para Lauro:


- Tão atirando contra a gente! Me dá uma arma aí para te ajudar!


Lauro pareceu não ouvi-lo, enquanto o homem alcoolizado se espremia a um
canto. Também não procurou abrigo ou se acovardou. Continuou a mandar bala,
até acertar os pneus, que estouraram em um barulho seco e fizeram a pick-up
capotar e ficar para trás, a caminhonete seguindo em alta velocidade para a
estradinha de terra batida em meio a escuridão, sacolejando sem parar. O outro
ficou emborcado, mas ainda com a sirene ligada.


Somente quando sumiram em uma curva, já fora das terras da fazenda Herrera
Vermelho, Felipe pôde soltar o ar dos pulmões. A caminhonete teve que ligar os
faróis, mas continuava a correr violentamente, fora das vistas.
Abel soltou uma gargalhada e disse a Lauro:


- Cara, tu é foda! Agora eles não pegam mais a gente!


- Vão saber que alguém da fazenda nos ajudou. – Lauro continuou no mesmo
lugar. Uma das armas estava sem balas, pois ele descarregara contra quem os
perseguia, e caía a seus pés. A outra continuava em sua mão, enquanto se escorava
na lateral da caminhonete que sacolejava. Olhava fixamente para Abel. – Podem
sentir a falta de vocês. E vão somar dois mais dois.


- Que nada, cara! – Animado, o homem mais velho e com cara de cachaceiro se
aproximou se segurando na mureta. – Aliás ...


Felipe tomou um susto quando viu Lauro, em um gesto rápido e sem vacilação,
erguer a arma e atirar em cheio na testa de Abel. O homem caiu como um boneco
arremessado e foi ali que Felipe quase evacuou na calça de tanto medo. Teve
certeza que seria o próximo.


Lauro abaixou-se, ergueu-o pelas calças e camisa com facilidade, por ser franzino.
E, como se não pesasse nada, jogou-o para fora da caminhonete. Seu corpo rolou
até parar no meio da estrada, cercado de poeira na terra batida. Então o ladrão se
virou para Felipe, que viu a morte diante de si. Mas Lauro guardou a arma e se
escorou para não cair, dizendo sem tirar os olhos gelados do rapaz:


- Ele ia acabar dando com a língua nos dentes. É velho e bêbado. Vão achar o
corpo e saber que foi ele. Você fica livre de suspeita. Agora é meu único
informante. Só te aviso uma coisa, se vacilar, esse é seu fim, cara.


Felipe apenas acenou com a cabeça. Não se moveu e não parou de olhar para o
bandido, com medo que ele mudasse de ideia e o matasse. Mal reparou que
sumiram entre várias curvas e depois pegaram uma estrada calçada, passando
por diversos caminhos para despistar e não deixar marcas.


Lauro viu o medo no rosto do rapaz e sorriu satisfeito. Era assim que gostava,
quando o temiam. O medo era a melhor forma de respeito.


- Quer dizer que deu tudo errado? – Perguntou Luiza Amaro, nervosa, ao telefone.
Lauro se encaminhava para a casa dela, a verdadeira, não o barraco que a filha
ocupava no Sovaco de Cobra.


- Tudo não. Um caminhão foi carregado, não saímos totalmente no prejuízo. –
Lauro tinha mandado um comparsa deixar Felipe perto da fazenda e depois o rapaz ia se virar para entrar sem levantar suspeitas. Comentou: - Soube que o negócio está movimentado por lá, com polícia e o escambau.


- Merda! – Ela reclamou. – O prejuízo daqueles desgraçados foi muito pouco! E
agora vão ficar mais alertas ainda!


Luiza tinha razão. Lauro também estava revoltado, pois o lucro seria três vezes
menor. Mas não havia nada que pudessem fazer. Disse outra coisa:


- Eles estão ocupados nos procurando e devem ter encontrado o corpo do
cachaceiro. Tive que me livrar dele.


- Mas por quê?


- Não servia mais para nada. E ia acabar batendo com a língua nos dentes. Agora
é um a menos. E o rapaz está dando conta do recado.


Luiza ficou quieta um tempo. Depois disse baixo, como se não quisesse que
alguém a ouvisse:


- Como o matou?


- Um tiro.


- Entendo. Preciso que conte outra história para minha filha quando chegar aqui.


Lauro indagou desconfiado:


- Como assim?


- Sei que odeia os Herrera  tanto quanto eu. Tem certeza de que foram eles que
sumiram com seu irmão.


- Sim.


- Minha filha ainda está com certo receio de colocar aquele nosso plano em
prática, para pegar Alfonso Herrera. Diga que foi ele que matou Abel na fuga. Que o
homem acabou ficando para trás, pediu clemência e o filho da mãe atirou nele.
Vai ser o estopim para ela aceitar qualquer coisa para nos ajudar.


- Tem certeza?


- Absoluta.


- Deixa comigo.


Lauro chegou à casa velha já madrugada adentro. Era amante de Luiza e seu
principal comparsa naquele momento, por isso tinha acesso livre ali. Viu mãe e
filha sentadas em volta da mesa velha, tomando café.



Eram lindas. Loiras naturais, perfeitas. Teve tesão e vontade de foder Luiza, uma
puta de primeira. Mas a garota vinha lhe tentando com aquele corpinho gostoso
e os claros, ora verdes, ora azuis. Tinha que dar um jeito de fode-la também sem se encrencar com a mais velha.


Ainda precisava dela. Disfarçou seus desejos e foi logo se servir de café.


- Como foi essa história de que eles mataram Abel na fuga?


A jovem por volta dos vinte anos perguntou, pálida, possessa, aqueles olhos
enormes ardendo. Gostou de vê-la assim. E jurou a si mesmo que logo a teria toda
selvagem em uma cama. Parecendo frio, explicou:


- Ele caiu do caminhão, a caçamba estava aberta. Vi quando a pick-up que nos
perseguia parou e aquele Herrera saiu. Minhas balas tinham acabado, não pude
fazer nada.


- O que ele fez? – Sua respiração estava pesada, era óbvio que ela tremia.


- Abel estava de joelhos, tentando se levantar. Ele ergueu a arma e atirou na testa
dele. – Lauro tomou um gole do seu café, observando-a.


- Não falei que é um maldito assassino? – A mãe incitou, furiosa. Era uma cobra
manipuladora.


- Foi o Alfonso Herrera? –  olhou-o, quase fora de si.


- Ele mesmo.


- Desgraçado! – Levantou-se, batendo na mesa. – Assassino!


Luiza aproveitou para infernizar mais:


- E é desse assassino que você está com pena!


- Pena? – Ela se virou, mal podendo conter a própria fúria. E então se decidiu,
olhando da mãe para Lauro. – Eu aceito. Podem pôr o plano em ação.


- Eu sabia que você ia entender, filha. – Luiza quase comemorou, mas olhou para
o comparsa em agradecimento. Ele soube que seria bem recompensado naquela
noite.


- Mas cuidado para não matá-lo. – A moça linda olhou-o fixamente. – Eu vou tirar
tudo dele.


Lauro sorri, sem dizer nada. A impetuosidade dos jovens!
Mas valia a pena esperar para ver. Se o plano desse certo, ele lucraria muito
também.


Sim, tinha vontade de matar aqueles desgraçados em nome do seu irmão. No
entanto, seria rápido demais e o que ele ganharia? O plano delas era melhor e
mais lucrativo. E, ao final de tudo, ele se livraria dele de qualquer jeito. Só adiaria
o fato.


----------------


Hey, essa é minha primeira fanfic, espero que gostem ♥


É adaptada em ponny!


A fanfic será postada 3 vezes na semana:


Terça, Quinta e Sábado. 


Espero que tenham gostado do prólogo ♡ 


Até terça ♡


Xoxo :*


 


 



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Autor(a): sofia_coelho

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • tatianaportilla106 Postado em 27/09/2016 - 00:57:35

    Continua


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