Fanfic: Intenso - Um Amor de Cowboy | Tema: Rebelde

Ruth fez questão que os dois sentassem para comer o seu bolo de chocolate, recém tirado do forno. Já era fim de tarde e Felícia já tinha sido responsável por mostrar cada canto da casa para os dois, o que foi uma situação bem divertida... Já que a menina tinha uma história para cada cômodo.
Anahí e Guillermo ficaram sabendo até qual fora o quarto da casa que Ruth tinha dado a luz a menina e ao filho mais velho. Anny fez uma careta, evitando entrar no cômodo e imaginando um parto acontecendo ali...

Nota mental #1: Jamais entrar no quarto/hospital, muito menos sentar naquela cama.

Guille decidiu ficar aquela noite, no máximo prolongando para duas, já que estava exausto e o bolo de Ruth realmente era maravilhoso. A preocupação que tinha com Anny, aos poucos, sumia ao perceber o quanto ela estava a vontade com aquelas pessoas. Logicamente que as vezes soltava algumas pérolas, mas não havia sido grosseira com ninguém, o que era uma dádiva... Ele só esperava que a paz continuasse.

- Bom querida. - Armando começou enquanto comia o último pedaço do bolo - Voce deve saber que eu sou um grande amigo do Pedro e estamos muito honrados em te receber aqui esses dias.

Anny sorriu. Lógico que estavam, era quase um milagre divino eles poderem passar aquele tempo com ela.

- Muito obrigada senhor. Estou feliz em estar aqui. - foi uma surpresa perceber a verdade daquelas palavras, franziu a testa.

- Não entendo muito bem essa bobagem de marketing que ele falou. - o velho revirou os olhos - Mas você se sinta a vontade pra fazer o que bem quiser... Tirar suas fotos, essas coisas que os meninos da sua idade gostam de fazer. - fez um gesto com a mão - Como nossa convidada queremos que você tenha um bom tempo aqui.

- Er... Acho que é uma boa hora para falarmos dos serviços aqui da fazenda que vocês querem que faça. - Guille disse evitando olhar para ela.

Tinha sido uma instrução de Damián, muito clara, que obviamente não tinha sido passada para Anahí. Pedro queria que ela sentisse na pele como era o dia a dia de quem tinha que trabalhar duro e ganhar pouco.

- Como é? - ela ralhou, com os olhos estatelados.

Felícia riu sozinha, com a boca cheia de bolo. A loira era engraçada para ela, com todas aquelas caras e bocas. Dona Ruth deu um risinho de leve, tinha gostado da moça mas não era boba em achar que ela ajudaria nos serviços da casa e foi exatamente por isso que tinha conversado com o marido mais cedo. "As mudanças viriam aos poucos", e ela queria ser a primeira a ver acontecer.

- Ordens do Pedro. - o loiro murmurou, pedindo aos céus pra ela não começar a se soltar logo naquele momento.

- Dane-se o Damián! - ergueu os braços em protesto - Ele ta querendo me deixar louca? É isso?

- Ei! Você vai ter que dar uma moeda! - Felícia se levantou, cheia de si, indo buscar um pote em cima da pia.

- Moeda?

- Sim, moeda. Você falou palavrão dentro de casa. - a menina veio carregando o vidro - Você sabia que Deus da castigo?

- Dane-se não é palavrão! - a loira cruzou os braços na frente do peito, olhando a menina que imitou o gesto.

- É sim! E já são duas moedas, você disse mais uma vez!

- Mas "dane-se" não é palavrão! - reclamou.

- Já são três! - mostrou com os dedinhos - Quer chegar até dez mocinha?

E com essa todos tiveram que rir, inclusive Anny que não aguentou segurar a pose diante do nariz empinado da menina. Meteu a mão no bolso da calça, feliz por ter algumas moedas ali e depositou três no pote que já estava bastante cheio.

- Parece que você também anda falando muito palavrão, ein? - sorriu - O pote está quase na borda.

- Alfonso tem a boca muito suja. - a menina deu de ombros colocando o pote no lugar.

Alfonso, o tal irmão mais velho que não tinha tido tempo para ir recebê-la. Anny já o achou extremamente mal educado, onde já se viu não ir receber as próprias visitas? Já o imaginava como um sujeito gordo e rabugento, que seria um pé no saco para se conviver.
Armando limpou a garganta voltando a atenção para si.

- Não concordo muito com o jeito que o Pedro pensa. Conversei muito com Ruth e decidimos que não vamos obrigar a menina a nada. - suspirou - Queremos que se sinta em casa Anahí, só vai fazer o que quiser. Se quiser ajudar, ótimo e se não quiser também.

Anny sorriu com a vitória. Jamais que iria meter o seu pé na lama para limpar cavalos, nunca... Pedro realmente deveria estar ficando louco. Faria coisas básicas, como ajudar na própria louça para não ser mal educada. Mas de resto? Estava bem, obrigada.
Guille logo se enfiou no escritório com Armando para tratar de outros assuntos, como a segurança de Anahí, já que era uma pessoa famosa e visada. Ruth agradeceu à ajuda oferecida pela loira para arrumar a louça, porém preferiu mandá-la para um pequeno tour pela fazenda com Felícia.
A menina saltou de empolgação prometendo mostrar cada cantinho, sem esquecer de nada. Anahí tirou as botas assassinas, colocando outras mais simples e que ainda ornavam com o jeans que vestia. Não tirou o óculos enorme do rosto, muito menos as jóias que a diferenciavam dos outros dali.
Os funcionários torciam o pescoço para vê-la passar, tinham ouvido boatos sobre a ida da mesma, mas não tinham acreditado... Vê-la ali, em carne e osso, já gerava uma onda de fofoca interminável por cada canto da propriedade.
Anny mal os notou. Realmente tinha conseguido uma ligação com Felícia e ouvia atenta a cada explicação que a menina dava. Mas isso não evitava de bufar, irritada, a cada minuto.

Era sol demais. Mosquitos demais. E céus... Quase infartou quando quase pisou em esterco de cavalo.

Aquele povo era louco, só podia ser! Onde estavam as estradas de cimento? Só tinha terra! Xingou baixinho, evitando que Felícia ouvisse quando viu que a bota ja estava quase toda marrom.

- E essa aqui é a Lola. - a menina apontou para a ovelha presa - Ela está prenha. Alfonso disse que até a próxima semana vão nascer os filhotinhos.

Anny forçou um sorriso, a informação sobre o parto de Ruth ainda assombrando a cabeça.
Eles não conheciam a palavra hospital? Até mesmo pra aquele bicho dar cria ali, parecia cruel. Nojento. Existia hospital para animais também! Será que pelo menos chamavam um veterinário ou vinha uma parteira?

Felícia a arrastou mais para frente, em um terreno mais aberto, onde alguns cavalos estavam presos do outro lado da cerca. A menina se equilibrou em cima de um pedaço de madeira, se encostando para ver melhor os bichos. Anny imitou o gesto, encostando os dois braços contra a grade.
O cheiro de esterco era realmente desagradável, a fazendo torcer o nariz.

Estava prestes a pedir para voltarem para casa quando a cerca mais a frente foi aberta e por ela passaram três rapazes. Os dois primeiros não deteram muita sua atenção, usavam camisas com o emblema da fazenda e pareciam reclamar de algo entre si.

Já o terceiro realmente fora uma surpresa e tenta. Passou pela cerca de cabeça baixa, ostentando um grande chapéu preto e Anny pôde ver a barba rala no rosto. Prendeu o ar ao ver que não usava camisa, somente com os jeans e as botas. Vinha puxando pela rédea um cavalo negro, muito grande. Com uma rapidez assustadora montou o alazão e passou a cavalgar pelo terreno, entre os outros cavalos, com maestria.

Dominava aquele lugar, todo mundo podia ver.

Ele chegou mais perto, não parecendo notar a presença das duas, gritou algo para os dois rapazes de pé ainda na cerca. Os dois se atrapalharam e voltaram correndo pelo caminho que vieram, o rapaz soltou uma risada gostosa.

Anahí mal podia acreditar no que via. Não sabia dizer quem tinha mais músculos... Se era o cavalo ou o cara que o montava. O tríceps saltando sobre o braço que segurava a rédea, o chapéu preto cobrindo metade da testa e o pingo de suor descendo no peito músculoso... Arfou.
Tinha morrido? Se tivesse, ô cara... O céu era um lugar bem bacana... 

- Er... Você está babando!

Felícia a olhava com uma cara estranha, meio que segurando uma risada. Anny se assustou logo fechando a boca e olhando para a menina. Céus... Parecia uma idiota.
A menina reconhecia aquele olhar jogado para o irmão, já tinha visto alguns parecidos em muitas garotas por ali. Odiava, com toda a sua alma quando isso acontecia. Era muito apega a Alfonso e lhe assombrava a ideia de algum dia alguém o tirar de perto. Mas, por alguma razão, não se incomodou do olhar da nova amiga... Muito pelo contrário, achou divertido.

Realmente sentia cheiro de aventura e ela mal podia esperar.

- Quem é? - Anny perguntou, ainda evitando olhar na direção do ser fodidamente sexy.

- Meu irmão. - respondeu dando os ombros.

A loira quase caiu para trás. Era com ele que ela dividiria o teto por aqueles meses? Uau... Realmente sua ideia de gordinho tinha ido embora. Aquele cara era um deus, deus do sexo. Ela mal podia esperar para ter um momentinho a sós com ele que certamente cairia de joelhos, como tantos outros. Já podia se imaginar vivendo uma história tórrida com aquele cowboy.

É Pedro, seus planos de férias terríveis estavam indo por água abaixo.

- Felícia!

Alfonso gritou vendo a irmã ali parada. Se aproximou, ofegante, da cerca. Notou de canto de olho a moça bem ao lado, mas já imaginava quem seria... O absurdo de jóias já entregava. Não quis a olhar, sua presença o irritava.

- O que está fazendo aqui? - perguntou a pequena quando chegou.

- Mostrando o lugar para a Anny. - deu de ombros, o rosto ainda apoiado na madeira.

A muito contra gosto, Alfonso se obrigou a olhar a mulher ao lado. Foi uma surpresa e tanto constatar que realmente era bonita, não fruto daqueles Photoshop que as famosas tanto usavam. Reparou mais nos olhos, azuis como o céu. Era uma mulher bonita, pena que o que tinha por dentro estragava.

Anny segurava a respiração o vendo tão de perto. Estufou os peitos e lhe lançou seu melhor sorriso, imaginando que a essas horas ele já estava pensando em como a levar para cama.

- Eu sou Anahí. - disse feliz, arriscando um pequeno aceno que considerava fofo.

Alfonso gruniu, lutando com a vontade de revirar os olhos. A mulher usava botas brancas, brancas. Realmente aqueles meses seriam o inferno.

- Eu sei quem é, moça. E realmente não é um prazer te conhecer.