Fanfic: A colecionadora de cicatrizes | Tema: Once upon a time
"Até bem pouco tempo atrás
Poderíamos mudar o mundo
Quem roubou nossa coragem?
Tudo é dor "
- Quando o sol bater na janela do teu quarto, Legião urbana
❤ ❤ ❤
-Emma – Regina chamou engolindo o choro. – feche a porta, por favor.
Fiz o que ela havia pedido, confusa e surpresa demais para fazer qualquer outra coisa.
-Certo. – Comecei ao virar novamente para ela que balançava o bebê tentando acalmá-lo. Algo que, claramente, não estava funcionando. – Quem é essa criança e o que raios ela está fazendo aqui?
Regina olhou-me tão desesperada que eu me arrependi de ter perguntado. Eu não sabia muita coisa sobre crianças, mas já tinha ouvido falar que os bebês sentem as emoções da mãe. Algo do gênero.
Por esse motivo respirei fundo, deixei minhas dúvidas de lado e caminhei até a morena.
-Se acalme primeiro, você só vai deixa-lo mais agitado assim. – Falei pegando o bebê dos braços de Regina, mesmo sem muito jeito.
A pirata tremia e estava pálida, coisa que eu não tinha reparado antes.
A morena puxou um caixote que estava largado e se sentou, respirando fundo e fechando os olhos, enquanto eu ninava o bebê exatamente como fazia com minhas bonecas. Da forma que minha mãe dizia ter me ninado e da forma que, provavelmente, eu jamais ninaria meus filhos. Pelo simples fato de que eles não nasceriam se meu resgate dependesse da boa vontade de meu pai.
-Qual o nome dele, ou dela? – Perguntei em meio aquela choradeira.
-Henry. – Regina respondeu com a voz trêmula. – Henry Daniel.
Olhei para o rostinho do bebê e sorri.
-Então é um menino. – Constatei, mas Henry não parecia muito amistoso. Seus olhinhos redondos e escuros como os de Regina me olhavam impacientes, o rostinhos estava vermelho e ele não parava de chorar de jeito nenhum. – Ei garotão, por que você está chorando? Tia Emma está aqui, não precisa fazer esse escândalo. –Falei afinando a voz e balançando o menino devagarzinho.
Depois de alguns minutos ele pareceu se acalmar um pouco, mas ainda reclamava e foram muitas ás vezes em que quase abriu o berreiro novamente. Por sorte eu cuidava muito bem das minhas bonecas e Henry era até que parecido com elas. Na minha imaginação elas choravam o dia todo por serem muito carentes e precisarem de atenção. Minha mãe costumava brincar comigo e até sugeria cantigas de ninar. Lembrar disso fez com que um sorriso surgisse em meu rosto novamente.
Então, ainda ninando Henry, olhei para Regina, que me olhava estática.
-Você está bem? – Perguntei preocupada.
A mulher assentiu levemente e então abriu a boca para perguntar alguma coisa, mas acabou não falando nada.
-Então, - comecei. – o que Henry está fazendo nesse lugar?
Regina respirou fundo, soltando o ar em seguida.
-É uma longa história Emma, não posso contar tudo.
-Então me conte o que pode ser contado, se não for incômodo para você. –Pedi.
Ela fechou os olhos com força e encostou a cabeça na parede de madeira.
-Henry... Henry é meu filho.
Arregale os olhos e parei bruscamente, algo que fez o bebê em meus braços reclamar e ameaçar chorar novamente.
-O que?! Está me dizendo que você tem um filho?! Mas você não é casada! Ou é?
Me arrependi de ter perguntado no exato instante em que a morena abriu os olhos e olhou-me com um semblante triste.
-Sim, eu sou casada. Bom, pelo menos já fui. – Disse com um sorriso fraco e triste.
-Meu Deus. – Sussurrei olhando para Henry que parecia um pouco mais calmo agora que eu tinha voltado a balança-lo para lá e para cá. – O que aconteceu?
-Digamos que Henry está doente e, bem, eu não tenho dinheiro para cuidar dele. Os remédios são muito caros Emma, é por isso que preciso do dinheiro do seu resgate. Espero que entenda, eu jamais faria isso com alguém. Mas Henry é a única coisa que tenho, ele é tudo o que me restou.
-Então seu marido...? –Não tive coragem de terminar a frase, mas Regina anuiu e senti meu coração se quebrar em milhões de pedaços.
Eu fora tão egoísta pensando em mim, em como eu jamais poderia voltar para casa, em como eu nunca teria filhos e nunca veria minha mãe novamente, que esqueci de pensar no porquê de Regina e Killian estarem fazendo tal coisa. Eu simplesmente pensara que era ganância, foi automático, eu nem tinha me dado ao trabalho de olhá-los como humanos que também tem suas vidas e problemas. Agora eu não era a única que teria a vida arruinada por meu pai. Também havia Regina, que corria o risco de perder Henry. E perderia, eu sabia que isso iria acontecer, meu pai não vai pagar o resgate, eu serei jogada para os tubarões, Regina não terá dinheiro para cuidar de seu filho e sabe-se lá o que acontecerá com Killian. Será que o capitão também tinha um bom motivo para ter me resgatado?
Naquele momento eu quis alertá-los, contar que certamente aquele plano não iria dar certo. Mas e aí? Eles não acreditariam na palavra de uma prisioneira.
Respirei fundo e tratei de esquecer aquela ideia. Eu tinha que ser otimista. Meu pai iria pagar meu resgate e todos terminariam felizes. Pronto.
-Regina, sinto muito por isso.
Ela balançou a cabeça, o queixo enrugando e os olhos marejados, mas ela não chorou, respirou fundo e disse:
-Eu é que deveria dizer isso. Não deveria estar compactuando para algo tão horrível.
Olhei para Regina, sem saber se a pena que sentia era de mim ou dela.
-Eu entendo, faria a mesma coisa por alguém que amo. E, por mais que não seja o certo a ser feito, é algo compreensível. Ninguém pode julgá-la pela sua escolha, por mais errada que seja.
A morena sorriu.
-Você é uma boa pessoa Emma. Espero que as coisas deem certo para você, depois que tudo isso acabar.
Sorri em resposta, mesmo sabendo que aquilo era impossível. Bem lá no fundo do meu coração, eu sabia que nada nunca aconteceria para me fazer feliz.
-Olhe, pode contar com minha ajuda, caso precise. Não sei como você está se virando para manter Heny aqui, mas se precisar de alguém, pode contar comigo.
-Obrigada Emma. –Agradeceu, levantando-se e pegando Henry dos meus braços. – E, por favor, não comente nada disso com Killian. Crianças são proibidas neste navio e eu não quero ser abandonada em uma ilha com meu filho doente.
-Sim senhora capitã! –Brinquei, batendo continência.
Rimos juntas e senti toda a tristeza dos acontecimentos anteriores me deixar. De alguma forma estranha era como se aquilo tivesse acontecido há muito tempo atrás, e já não tinha qualquer importância.
❤
Após algum tempo achei melhor deixar Regina sozinha com Henry. Eu estava muito avoada, pensando em várias coisas ao mesmo tempo. Não seria uma boa companhia.
Quando cheguei ao convés superior dirige-me á amurada, onde me debrucei. O mar parecia mais azul agora, no fim da tarde. Era como se pequenos diamantes brilhassem aqui e ali, mas era apenas a luz do sol.
Fechei os olhos deixando que o vento bagunçasse meu cabelo da maneira que ele quisesse. Eu gostava disso, da sensação de liberdade que me causava. Mas eu não era livre, nunca fora.
Tudo parecia estranho e confuso. Eu tinha sido sequestrada e, possivelmente, iria morrer; minha sequestradora era uma pessoa aparentemente boa que só queria salvar a vida do filho; meu sequestrador era um homem aparentemente rude e sem escrúpulos; e todos nós iríamos nos ferrar no fim. Tudo por causa de um homem horrível mais conhecido como meu pai.
O mais estranho é que eu não tinha raiva de Regina ou de Killian por terem me sequestrado. Muito pelo contrário, eu até tinha vontade de agradecê-los por terem me afastado de meu pai. Mas, por outro lado, havia minha mãe. Uma das poucas pessoas que fazia de tudo para me ver feliz.
E de uma hora para outra eu não sabia mais o que pensar. Por que eu sabia que meu pai não iria pagar o resgate, todavia meu noivo era o futuro rei e nele eu poderia confiar, certo? Então por que eu ainda estava aqui, sendo humilhada e castigada por nada?
Eu queria chorar e rir ao mesmo tempo. Chorar por todas as coisas ruins que eu estava fadada a viver. Rir por que meu pai não estava por perto, por, mesmo sendo humilhada, poder ser apenas Emma, a garota sequestrada.
Abri meus olhos e improvisei um coque desajeitado. Sem os fios loiros atrapalhando minha visão a paisagem parecia muito mais ampla.
Agora era a hora que o céu adquiria aqueles maravilhosos tons de rosa, dourado e lilás. A hora que tudo parecia meio mágico. Eu me lembrava de um dia de verão, quando meus pais estavam ocupados demais para impedir que eu agisse como uma criança normal, em que eu correra entre os girassóis do jardim da nossa antiga casa de campo enquanto o céu se transformava em uma mistura deslumbrante de cores. Naquele dia eu e Ruby fugimos de Granny e não nos preocupamos com os tombos que levaríamos, muito menos com como nossas roupas ficariam imundas. Nós éramos apenas duas crianças correndo e rindo entre as flores douradas de um jardim.
Ruby, eu ainda não tinha percebido como ela fazia falta. Com seus enormes e pesados cachos castanhos e sorriso contagiante, era ela que estava comigo em todas as aventuras e planos malucos.
Quando a tarde terminava e a noite começava nós éramos as mais poderosas heroínas. Nada poderia nos deter, porque nós acreditávamos que tudo podia se resolver com um beijo de amor verdadeiro. Agora eu sabia que não era bem assim.
-Os marujos me contaram o que aconteceu. – Disse Smee, se apoiando á amurada bem ao meu lado. – Quer conversar sobre?
Olhei para ele, um homem que eu tinha acabado de conhecer e que já considerava tanto. Smee parecia uma boa pessoa, eu sentia que podia confiar nele.
-Não tem nada para conversar. – Dei de ombros. – Eu só fiquei um pouco mal na hora, mas já passou.
Smee sorriu.
-Espero que esteja sendo sincera, porque te conheço há muito pouco tempo para saber se está mentindo.
Eu ri.
-Não estou mentindo. – Assegurei. – É só que eu não sou uma pessoa muito segura, sabe? Acho que depois que cresci, toda a minha coragem e confiança em mim mesma evaporaram.
-Ah, isso pode ser resolvido com um pouco de paciência. Eu vi como você é esforçada, e isso vale mais que o resultado final. Porque o importante é que você tentou, apesar de o capitão não ter gostado muito do trabalho pronto. Sinceramente, ele fez para implicar com a senhorita.
-Emma. – Corrigi. – Me chame de Emma.
-Desculpe, ainda não me acostumei. Mas como eu ia dizendo, Emma, a senhorita se esforçou e me pareceu bem determinada. Além do mais o convés está ótimo. Não ligue para as palavras do capitão.
Suspirei desviando o olhar.
-Eu só queria que a Emma jovem voltasse.
-Mas a senhorita é jovem! –Exclamou Smee.
Ri.
-O que eu quis dizer é que queria ser como eu era na infância. Me expressei mal, perdoe-me.
-Ah, não se preocupe com isso. Mas poderia me dizer como, exatamente, a senhorita era na infância?
-Bem, eu era mais destemida. Confiava mais em mim mesma e era bem mais otimista. Sabe, tinha uma história que minha mãe costumava me contar, sobre uma menina que era especial.
-Especial como? – Ele me interrompeu.
-Bem, ela meio que nascia para salvar todos os seus súditos de uma terrível maldição. Ela era a salvadora e, de uma forma estranha, eu gostava de acreditar que era como ela.
-E o que a faz pensar que não é como essa tal salvadora?
-Nós somos completamente diferentes! – Exclamei com uma risadinha. – Eu sou como a chuva, entende? Eu simplesmente caio, é o que tenho que fazer. Me mandam cair e eu caio. Pronto. Essa personagem, ela era mais como o oceano. Ousada, fazia o que ela julgava certo e não o que os outros queriam que ela fizesse, não se importava com o que diziam sobre ela. Ela era uma heroína. Eu sou só... uma garota que foi sequestrada.
Smme fez uma careta e negou.
-Emma, todos temos um herói dentro de nós. Talvez a sua parte heroica só esteja adormecida e você está se precipitando dizendo que não é mais que uma simples chuvinha, quando na verdade é uma tempestade. Lembre-se que a chuva também pode ser bem independente e ousada quando quer, não é como se ela apenas seguisse o que lhe é ordenado. Outra coisa é que, se sua parte heroica está adormecida, significa que pode ser acordada. Acho que já está na hora de você jogar um balde de água fria nela e gritar um “acoooooooorda”.
Olhei para Smee sem ter a mínima ideia do que dizer. Ele estava certo. Mas eu ainda não acreditava que conseguia ser como a salvadora. Ainda me lembrava da voz da minha mãe me contando aquela história. Eu sabia cada palavrinha dela.
-Obrigada Smee. – Disse por fim.
-Não tem de que, minha querida.
Sorri. Então avistei um vulto preto um pouco mais a frente. Era Killian. Ele parecia muito bem para uma pessoa que acabou de humilhar outra.
-Eu vou ter que ir ali rapidinho, tudo bem? Depois eu volto para conversarmos.
-Claro Emma! Vou aguardá-la, viu?
Despedi-me de Smee e caminhei até o capitão. Ergui a cabeça, que eu costumava manter abaixada, inflei o peito e repeti para mim mesma que minha parte heroica ainda estava ali.
Eu podia ser como a salvadora.
-Capitão? O senhor tem um minuto? – Perguntei educadamente.
Killian suspirou e tirou a luneta do sobretudo, olhando para o céu. Era difícil manter uma postura confiante, mesmo que ele estivesse de costa. Meu corpo ainda estava dolorido por causa do trabalho que tinha feito algum tempo antes, além da fome que sentia e da dor aguda em meu braço que não havia se recuperado totalmente ainda.
-Eu até tenho, Swan, mas não quero desperdiça-lo com você.
-É rápido, juro. –Insisti.
Killian deu algumas ordens, guardou a luneta e se virou para mim. Agora que já escurecera era um pouco difícil enxergar somente com a luz da lua, porém os olhos azuis de Killian eram tão luminosos que me senti como se o sol ainda brilhasse no alto do céu.
-Diga. –Disse, bufando.
-Bem, eu queria me desculpar por hoje mais cedo.
Ele franziu o cenho.
-Como assim?
-Sei que o senhor não gostou do trabalho, mas prometo que não acontecerá novamente. Amanhã mesmo limparei novamente. Espero que entenda que eu nunca tinha feito isso antes, então não sabia muito bem como e o que fazer, mas agora que já aprendi, irei fazer um trabalho bem feito. O senhor consegue me perdoar por isso? – Expliquei gesticulando, no fim lembrando que devia olhá-lo nos olhos e fazendo isso.
Meu coração batia acelerado, mas isso era algo que eu tinha que fazer. Minha mãe havia me ensinado a pedir perdão quando cometia erros, e era isso o que eu estava fazendo.
O que me espantava era o fato de o capitão estar boquiaberto bem na minha frente.
-Senhor? Está me ouvindo? – Chamei, apreensiva.
Killian piscou algumas vezes e assentiu, meio perturbado.
-Claro. Vou perdoá-la, mas espero que não haja uma próxima vez, senhorita Swan.
-Não haverá, é uma promessa. –Confirmei, apertando minhas mãos.
-Certo, volte para a cabine agora. Não quero você circulando por aí sem a minha permissão.
Anui e caminhei para a cabine. Eu devia ter pedido licença, mas estava louca demais para sair de perto do capitão e tinha a impressão de que ele estava perplexo demais para se dar conta de meu erro.
Eu havia feito a coisa certa. Sabia disso.
Estava prestes a me deitar na cama de Killian, porém eu não precisava mais ficar ali. Aquela cabine era dele, não minha. Portanto caminhei de volta para o quartinho onde estava antes de cair e me machucar daquela forma. A porta estava escancarada, me perguntei por quanto tempo ela ainda permaneceria daquela forma. Bom, aquilo não importava.
Deitei-me no chão, no cantinho perto da janela. Não pude evitar recordar de minha mãe lendo A salvadora para mim, recordar de cada palavra que, naquela época e ainda hoje, me fazia sonhar. Porém logo o sono chegou, e com ele foram todas as dores físicas e espirituais, e eu não poderia ter tido sonhos melhores naquela noite.
-Mamãe! Mamãe! Lê para mim hoje, por favor! –Pediu a pequena Emma, fazendo biquinho.
Lá estava eu, tão pequena e esperançosa. Com meus fartos cabelos dourados soltos, os olhos verdes brilhando como duas esmeraldas.
Minha mãe sorriu.
-Acalme-se querida. O papai não gosta de barulho, lembra?
A pequena eu assentiu.
Para mim era estranho estar vendo a mim mesma em um sonho. Isso geralmente não acontecia.
-Mas você vai ler para mim? – Sussurrou a menininha.
Minha mãe riu e pegou o livro de histórias.
-Tudo bem, mas só um conto. – Avisou enquanto se sentava na cama. – Hoje vou ler um especial.
Os olhinhos curiosos da loirinha saltavam sobre as páginas do livro, como se pudessem adivinhar o que aconteceria a seguir.
-Qual?
Minha mãe virou mais algumas páginas e então mostrou uma página onde havia escrito em letras garrafais: A salvadora.
-Este conto aqui. –Ela apontou o título. – A salvadora.
-Eu nunca ouvi esse. – A pequena Emma constatou animada.
Seu sorriso era tão grande que as bochechas gordinhas faziam seus olhos desaparecerem.
-Tem razão, é por isso que ele é especial. Tenho certeza de que irá gostar. –Minha mãe disse antes de pigarrear e começar a ler a história. – Era uma vez num lindo reino, uma rainha que estava prestes á dar a luz. Ela e o marido sonharam muito com a criança que estava por vir, mas estavam preocupados, pois um feiticeiro muito cruel os havia ameaçado.
-Ameaçado como, mamãe? –Indagou Emma.
Não pude evitar uma risada. Eu sempre fora muito curiosa, mas ver isso parecia engraçado, mesmo que eu soubesse o quão angustiante era.
-Tenha paciência querida, eu vou ler.
-Mas eu estou curiosa! –Contestou a pequena.
-Então deixe-me ler.
-Certo.
Belle procurou o lugar de onde tinha parado e continuou:
-Ele dissera que aquele reino era dele por direito e que não deixaria ninguém toma-lo. Em seguida ameaçou matar o bebê que estava a caminho.
-Que homem mau! –Exclamou Emma horrorizada.
-O rei e a rainha ficaram amedrontados e, desde então, passaram a ficar em seu castelo o tempo todo. –Continuou minha mãe. - Não saiam para nada e apenas empregados confiáveis tinham passe livre para entrar e sair. Até que, em um belo dia de sol, a rainha teve uma ideia. ”Por que não falamos com a fada azul?” Sugeriu ao marido. “Talvez ela possa nos ajudar a deter este homem!”.
-Mamãe, a fada azul vai ajudar eles? O homem mau não vai matar o bebê, vai?
A morena riu e apertou a bochecha da minha versão mais nova.
-Você tem que esperar mocinha! –Brincou. – Agora pare de me interromper, ou nunca saberá o fim da história.
-Me perdoe, é que eu fico ansiosa.
Belle riu e prosseguiu com a leitura.
-O fato é que, quando os dois chegaram na floresta negra e a fada azul apareceu, as coisas não melhoraram muito. ”Não posso ajuda-los a deter este feiticeiro, me perdoem.” Disse a fada, “Porém, esta criança que está a caminho pode.”. O rei ficou surpreso, mas a rainha, que era curiosa, perguntou: “Como poderia um bebê deter um homem tão poderoso?” ela perguntou. “Esta criança é fruto do amor verdadeiro de vocês dois, e é tão poderosa quanto os laços que os unem. Mas não é como um bebê que ela deterá o feiticeiro. Terão de protege-la e educa-la até que o momento certo chegue.”.
Observei o rosto da pequena Emma adquirir uma expressão de surpresa.
-“E quando seria esse momento?” perguntou o rei. “Quando ela completar dezoito anos, esta será a hora.”. Satisfeitos com o que a fada dissera o casal voltou para o castelo. Eles ainda não sabiam como iriam proteger seu herdeiro, mas tinham esperança de que tudo daria certo. Acreditavam que podiam ter um final feliz, e isso já era algo extremamente grandioso...
A história foi interrompida por duas batidas na porta.
-Senhora? Seu banho já está pronto. –Disse Granny do outro lado da porta.
-Obrigada Granny, já estou indo.
-Mamãe, mas e a história? – Perguntou a Emma mais jovem. Ela parecia decepcionada, assim como eu. Queria ouvir o resto da história.
-Eu termino amanhã, meu amor. Você terá que esperar um pouquinho.
-Mas eu não quero esperar! Eu quero saber o que acontece agora!
-Emma, eu tenho que ir agora e já está na hora de você dormir. Terminamos de ler amanhã, não precisa fazer malcriação. –Minha mãe repreendeu-a.
-Me perdoe.
-É claro que sim, meu anjo. Agora venha, vamos dormir.
Minha mãe arrumou a pequena Emma na cama e quando estava prestes a sair, uma vozinha perguntou:
-Mamãe, você acha que eu poderia ser como o bebê do rei e da rainha?
Belle sorriu. Aquele sorriso amável do qual eu tanto sentia falta.
-A salvadora? Você já é como ela. Minha forte e corajosa salvadora, Emma Swan.
A pequena Emma sorriu, alegre. Mas eu sabia que minha mãe dissera aquilo por causa de meu pai. Eu sabia que ela sempre quisera mais filhos, porém meu pai dizia que “o pequeno desastre” já era suficiente. Eu era a salvadora dela, aquela que fazia seus dias cinzentos tornarem-se coloridos. Pelo menos foi o que ela me disse, uma vez.
A última coisa que pensei antes que tudo ficasse escuro e a voz de minha mãe e da pequena Emma se tornassem distantes demais para que eu pudesse ouvi-las, foi em como eu queria ver Belle novamente. Dar-lhe um abraço e dizer a ela o quanto eu a amava. Contar que ela sim era a minha salvadora. Porque eu jamais teria lembranças tão lindas e felizes a que me agarrar agora, se ela não tivesse estado ao meu lado por todo aquele tempo.
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Autor(a): TrisDosAnjos
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