Fanfics Brasil - Sequestrada. A colecionadora de cicatrizes

Fanfic: A colecionadora de cicatrizes | Tema: Once upon a time


Capítulo: Sequestrada.

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"Você me derruba, mas não vou cair
Eu sou de titânio."
Titanium- David guetta (feat. Sia)


  


  Após nossa breve conversa eu e Killian dançamos mais algumas músicas, sempre sob a supervisão de meu pai.


-Sabe Srta. Swan, estou com um pouco de calor. Se incomodaria em me acompanhar até o jardim?


-Desculpe-me, não sei se meu pai e meu noivo aprovariam. –Respondi nervosa olhando para o chão. De tanto evitar olhar para o monstro com quem morava havia adquirido este hábito de quase nunca olhar para uma pessoa durante uma conversa.


-Creio que não se importarão, afinal, o que há de tão errado em tomar um ar fresco?


  Parei para pensar. Para mim não havia problema algum, todavia por algum motivo meu pai não gostava de Killian ou no seu estranho interesse em mim.


  Quem disse que eu me importo? Já estava acostumada a ser maltratada, e provavelmente só o fato de Killian ter me chamado para dançar já seria um bom motivo para isso acontecer aos olhos de meu pai.


-Está certo. Mas devemos ser rápidos.


  Killian sorriu de um modo estranho. Eu não saberia dizer se era um sorriso de felicidade.


  Andamos desviando de casais que dançavam alegremente pelo salão e assim que  chegamos ao pequeno corredor que nos levaria para o jardim levei um susto. Vários homens armados estavam á minha volta.


-Mas que diabos...


  Antes que eu pudesse terminar a frase fui puxada de forma bruta por Killian, que tapou meu nariz com um pano que continha um cheiro forte.


  Então as luzes e a magia do baile deram lugar a escuridão.


                                                                                                               ❤


  Ouvi um som estranho. Parecia chuva.


  Abri meus olhos lentamente. Tudo ao meu redor parecia girar.


  Onde eu estou e o que aconteceu?


  Então me lembrei da noite anterior: o baile, o rapaz amigo de August, os homens armados...


-Ora, ora, ora. A bela adormecida acordou! –Disse uma voz baixa e rouca.


  Apoiei meu braço no chão sujo de madeira e, com muito esforço, me sentei encostando-me na parede atrás de mim.


  Logo minha visão foi voltando ao normal.


  Estava em um quarto minúsculo e escuro. Não havia qualquer móvel no lugar, a não ser uma pequena cadeira no meio do quarto onde um homem de olhos incrivelmente azuis me encarava. Killian. Ele usava um casaco comprido de couro, com um colete vermelho por baixo, uma calça combinando com o casaco e tinha o cabelo bagunçado, estava muito diferente do homem que tinha conhecido no baile.


-Aqui não é o meu quarto. –Foi tudo o que consegui dizer.


  Olhei para meu pé, vendo uma tornozeleira pesada de ferro de onde saia uma corrente gigante presa á algum lugar que minha visão não conseguia alcançar por causa da pouca iluminação.


  Killian sorriu cruelmente.


-Realmente, este não é seu quarto Srta. Swan.


-Que lugar é este? –Minha voz soou aguda, com um toque de insegurança.


-Um navio pirata, mais especificamente o meu navio. –Estufei os olhos. Então não era chuva o barulho que estava ouvindo. Era o som das ondas do mar. Isso não podia estar acontecendo. - Mais conhecido como Jolly Roger.


-Não entendo. O senhor é um pirata? Por que estou aqui?


  Ele se levantou e começou a caminhar pelo cubículo brincando com um gancho que ficava no lugar de sua mão esquerda.


  Não me recordava de um gancho, quando ele dançou comigo tinha duas mãos. Eu tinha visto, tenho certeza disso.


-Sim, amor, sou um pirata e você é algo que me fará conseguir muito ouro. Imagine quanto um conde e um príncipe poderiam pagar para terem de volta a jovem donzela que tanto amam?


  Engoli em seco. Sequestrada por um pirata. Maravilha. Agora só faltava o bicho papão aparecer dizendo ser meu verdadeiro pai. Se bem que, talvez não fosse tão ruim assim.


-Creio que não conseguirá o que deseja senhor. Meu pai logo me encontrará e o fará se arrepender do que está fazendo. –Menti, tentando amedronta-lo em vão. Eu sabia que meu pai não viria atrás de mim, muito menos daria uma lição em Killian.


-Pense o que quiser, meu amor. Tenho certeza de que você é meu baú do tesouro.


-Não sou seu amor. –Falei, ficando em pé com dificuldade.


-Deveria tomar cuidado com o que fala.  –ele disse me olhando de cima a baixo.


  Franzi o cenho.


-Por que?


-Hoje você diz que não é meu amor, amanhã estará implorando para ser. –Disse erguendo uma sobrancelha.


  Comecei a tentar dar um jeito em meu vestido que estava extremamente amassado e sujo.


-Tudo bem, mas isso não muda o fato de que não sou seu amor.


  Ele veio em minha direção com cara de poucos amigos, levantou meu olhar com seu gancho e disse forçando a mandíbula:


-Acho que está muito atrevida, Srta. Swan.


-E eu acho que o senhor deveria baixar sua bola. –Falei tirando seu gancho de meu queixo, já sem paciência.


  Com calma e rapidez surpreendentes Killian segurou meu braço com força e fincou seu gancho no mesmo. Tentei me soltar, mas é claro que eu não sou  mais forte que um pirata.


-Agora você é minha prisioneira, Swan –Disse enquanto rasgava minha pele lenta e dolorosamente. – então acho bom me respeitar.


  Ele me olhou com ódio enquanto eu sentia o sangue quente molhar a manga de meu vestido. Aquele momento foi estranho, pois, ao mesmo tempo em que via ódio em seus olhos, eu via tristeza.


  Finalmente ele puxou o gancho de volta, e eu não consegui evitar o grito que saiu de minha garganta.


-Mais tarde alguém lhe trará comida e roupas mais adequadas. Até lá aproveite seu novo quarto. –O pirata disse enquanto andava em direção à porta. Assim que a abriu ele se virou e esboçou um sorriso sarcástico nos lábios. –Quase me esqueci! Cuidado com os ratos. –E então saiu rindo de uma forma que fez com que meu corpo todo se arrepiasse de medo.


  Corri até a porta, porém no meio do caminho levei um tombo por tropeçar na corrente e acabei caindo por cima de meu braço machucado. Gemi de dor e praguejei antes de me levantar e seguir adiante, apenas para confirmar o que temia: estava trancada.


-Não. Isso não pode estar acontecendo. –Comecei a falar sozinha enquanto girava a maçaneta incessantemente. – Não, não, não, não, não, não. Droga Emma! Por que isso só acontece com você?


  Chutei a porta com toda a força que consegui.


-Ai! Porcaria de madeira dura! –Reclamei mancando de volta ao canto onde estava antes.


  Trancada em um quarto escuro e sujo com ratos. O dia só melhorava.


  Sentei novamente e comecei a passar a mão em meu cabelo. O coque que Ruby havia feito estava completamente desmazelado. Imaginei como eu devia estar parecendo uma bruxa com o cabelo bagunçado, o vestido sujo, amassado, rasgado e ainda tinha aquele machucado no braço.


  Voltei minha atenção para o ferimento. Por causa da minha pequena queda agora eles estava bem sujo e doendo muito mais que antes, apesar disso ele não parecia ser muito profundo. Na pior hipótese eu precisaria de pontos, mas eu acreditava que não seria necessário.


  Encostei a cabeça na parede e suspirei. Talvez as coisas melhorassem algum dia. Talvez minha vida fosse menos péssima quando eu me cassasse com August. Isto é, se eu não tiver morrido nas mãos do pirata narcisista ou do meu pai até lá.


  Olhei para a minúscula janela que eu não havia reparado antes. Não entrava muita luz por ela. Era redonda e provavelmente do tamanho de um prato de sobremesa.


  Olhei para a cadeira no meio do cubículo, depois de volta para a janela. O que uma pessoa entediada não faz, não é mesmo Emma?


  Levantei com cuidado e fui até a cadeira arrastando-a de qualquer modo até que estivesse embaixo da janela.


  Certamente alguém tinha escutado aquele adorável som.


  Subi na cadeira, mas mesmo assim tive que ficar na ponta dos pés para ver através da janela. Ela não parecia tão alta do outro lado do quarto.


  Eu esperava ver o convés do navio ou qualquer coisa do tipo, todavia deparei-me com outro cômodo. Muito melhor que o que eu estava, por sinal, mas o que era pior que o cubículo em que eu me encontrava?


  O quarto era razoavelmente grande, tinha uma cama bem de frente para a janelinha de onde eu via tudo, acima da cama havia uma outra janela bem maior, do outro lado tinha uma pequena mesa onde mapas e livros se encontravam espalhados, logo depois, ao lado de um enorme baú de madeira, havia uma estante lotada de livros. Queria poder pegar um para ler, pensei. Olhei para a porta ao lado da cama e da janelona. Ok, queria pegar um para ler e sair desse maldito quarto.


  Quando será que alguém viria? Eu ia ficar ali mofando sem nada para fazer? Não estava com nenhuma vontade de pensar no quão ruim era a minha vida. Bom, talvez eu devesse pensar em coisas positivas.


  Deitei minha cabeça no pequeno parapeito da janela.  Coisas positivas. Tudo bem. Dias frescos de verão, florestas verdes e mágicas, coelhinhos fofos, torta de maçã, minha mãe, Ruby, Livros em dias chuvosos, fogueira no inverno, chocolate quente, sorvete.


                                                                                                           


  


  Horas haviam se passado. Talvez já fosse outro dia.


  Meu estômago roncou e eu me perguntei mais uma vez quando alguém me traria comida.


  Eu já tinha me cansado de listar coisas positivas, talvez porquê fazer algo durante horas irrite. E também por que após algum tempo todas as coisas positivas em que eu conseguia pensar eram algum tipo de comida. E foi assim que meu exercício mental se tornou uma tortura.


 Fechei os olhos tentando manter minha sanidade, se é que ela ainda existia. Talvez eu devesse tentar dormir.


  Finalmente ouvi o ranger da porta ao ser aberta. Abri os olhos, que arderam por causa da claridade. Uma mulher vinha em minha direção carregando uma pequena cesta onde eu torci para que estivesse minha comida.


  A mulher era morena, tinha o ondulado cabelo castanho solto batendo em sua cintura, usava uma calça de couro preta, uma blusa de mangas compridas bufantes branca com um corpete também preto por cima e uma bota marrom que batia na altura de seus joelhos.


-Olá! –Começou animada. –Vim trazer um pouco de comida e roupas novas para você.


  Ela me fitava esperando uma resposta. Olhei seu sorriso meigo e os olhos castanhos amáveis. Ela me parecia ser o oposto de Killian.


-Não vai dizer nada? Então tudo bem, eu mesma digo. É um prazer conhece-la, meu nome é Regina, mas costumam me chamar de Gina ou de Regis!


-Ahn... meu nome é Emma.


  Ela apertou minha mão animadamente.


-Muito bem, o que gostaria de comer primeiro, esse mingau esquisito ou essa maçã? –Disse mais séria tirando a pequena tigela de dentro da cesta com uma mão e uma maçã bem vermelha e brilhosa com a outra.


-Tanto faz. –Eu respondi pegando a tigelinha de mingau de forma afobada.


  Nunca comi tão rápido em todo a minha vida. Devo ter terminado minha refeição em menos de cinco minutos.


-Nossa! Acho que alguém estava com fome! –Disse com a voz levemente rouca, dando uma risadinha em seguida. –Aqui estão suas roupas, espero que sirvam. Amanhã eu venho lhe trazer comida novamente, pode se trocar e deixar seu vestido por aqui mesmo; depois dou um jeito nele. Ah! Deixe-me dar um jeito nessa corrente. –Ela então tirou uma pequena chave de dentro do decote e abriu a tornozeleira. -  Até amanhã, Emma! –Disse e saiu trancando-me no quarto novamente.


  Tive vontade de correr e pedir um curativo para meu machucado, porém ela certamente não me ouviria. Eu devia ter pensado nisso logo que ela entrou.


  Apenas levantei e comecei a tirar o vestido com cuidado.


  Peguei o lenço que antes tampava a cestinha de Regina, que certamente tinha o esquecido ali e no chão, e usei para cobrir o corte em meu braço. Ele estava com uma aparência estranha e parecia doer mais a cada segundo. Com cuidado enrolei o lenço nele, amarrando bem. Em seguida pus a roupa que Regina havia trazido para mim: uma blusa branca como a sua, um corpete vermelho, uma calça de mesma cor e botas pretas. Assim que acabei tentei dar um jeito em meu cabelo, o que foi bem difícil, pois eu não tinha um espelho e muito menos um pente.


  Algum tempo depois eu estava nova em folha, arrumada e com o cabelo apresentável. Pelo menos era isso que eu imaginava.


-Vejo que conseguiu dar uma melhorada no visual, não é mesmo?


  Ao ouvir aquela voz virei-me rapidamente sentindo a raiva invadir meu corpo. Killian estava encostado na porta, já fechada, do quarto e me olhava com um sorriso que fez com meu coração acelerasse de medo.


                                                                                                            ❤ 


 



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Autor(a): TrisDosAnjos

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