Fanfic: Beleza Perdida || Vondy | Tema: Vondy
Quando ouviram a notícia de que um avião havia caído em Shanksville, apenas a 65 milhas de Hannah Lake, os estudantes começaram a sair da sala de aula, incapazes de suportar mais.
Correram para fora da escola em massa, precisando de garantias de que o mundo não tinha terminado em Hannah Lake, precisando de suas famílias. Christopher Uckermann se aboletara na sala do Sr. Hildy e viu a Torre Norte descer uma hora depois de a Torre Sul entrar em colapso. Sua mãe ainda não estava respondendo.
Como poderia, quando ele não conseguia nada, apenas um zumbido estranho no ouvido quando tentava ligar? Ele foi para a sala de wrestling. Lá no canto, no lugar onde se sentia mais seguro, sentado no tatame, ele vagamente rolou e fez uma oração estranha.
Estava desconfortável pedindo a Deus por qualquer coisa quando tão obviamente tinha as mãos cheias. Quando engasgou um amém, tentou ligar para a sua mãe mais uma vez.
***
Julho de 1994
No alto das arquibancadas marrons frágeis, Dulce e Christian sentaram-se chupando os picolés roxos que haviam furtado do freezer na sala dos professores, olhando para os corpos se contorcendo e lutando no tatame, com o fascínio dos excluídos.
O pai de Christian, o treinador de wrestling do ensino médio, estava segurando seu acampamento anual da juventude de wrestling, e nenhum deles estava participando; meninas não eram encorajadas a lutar, e a doença de Christian começou a enfraquecer os seus membros de forma significativa.
Basicamente, Christian nasceu com toda a força que teria, por isso, seus pais tiveram que considerar cuidadosamente de quanta atividade deveria participar sem que seus músculos fossem feridos.
Em uma pessoa normal, os músculos que são feridos reparam-se e reconstroem-se mais fortes do que antes, que é o que cria músculos maiores. Os músculos de Christian não poderiam reconstruir-se. Mas se ele não conseguisse atividade suficiente, os músculos que tinha enfraqueceriam mais rapidamente.
Desde a idade de quatro anos, quando foi diagnosticado com distrofia muscular de Dushenne, a mãe de Christian tinha monitorado as atividades dele como um sargento, fazendo-o nadar com um colete salva-vidas, mesmo que Christian pudesse navegar a água como um peixe, dizendo-lhe a hora de dormir, hora de descansar e de fazer passeios; mantendo a vida de seu filho ocupada, para que ele pudesse evitar uma cadeira de rodas pelo maior tempo possível.
E eles estavam batendo as chances até agora. Aos dez anos de idade, a maioria das crianças com distrofia já estavam em cadeira de rodas, mas Christian ainda estava andando.
— Eu posso não ser tão forte como Christopher, mas ainda acho que poderia vencê-lo — disse Christian, seus olhos se estreitaram no jogo abaixo deles.
Christopher Uckermann se destacou com um polegar dorido. Ele estava na mesma classe que Chrisian e Dulce, mas já tinha onze anos, muito velho para seu ano escolar e ficara vários centímetros mais alto do que todas as outras crianças de sua idade.
Ele estava brigando com alguns dos meninos da equipe de wrestling do ensino médio que estavam ajudando com o acampamento, e estava se segurando. O treinador Sheen estava olhando para ele do lado de fora, gritando instruções e parava a ação de vez em quando para demonstrar um golpe ou um movimento.
Dulce bufou e lambeu seu picolé roxo, desejando que tivesse um livro para ler. Se não fosse o picolé, teria saído há muito tempo. Meninos suados não a interessavam muito.
— Você não poderia vencer Christopher, Chris. Mas não se sinta mal. Eu não poderia vencê-lo também.
Christian olhou para Dulce com indignação, girando tão rápido que seu picolé pingando escorregou de sua mão e saltou fora do joelho magro.
— Posso não ter grandes músculos, mas sou super inteligente e sei todas as técnicas. Meu pai me mostrou todos os movimentos, e ele diz que tenho uma grande mente para luta! — Christian repetiu, com a boca voltada para baixo em uma careta irritada, seu picolé esquecido.
Dulce deu um tapinha em seu joelho e continuou lambendo seu picolé.
— Seu pai diz isso porque te ama. Assim como a minha mãe me diz que eu sou bonita porque ela me ama. Eu não sou bonita... e você não pode bater em Christopher, amigo.
Christian se levantou de repente e cambaleou um pouco, fazendo com que o estômago de Dulce revirasse de medo, quando imaginou ele caindo da arquibancada.
— Você não é bonita! — Christian gritou, fazendo Dulce ferver instantaneamente. — Mas meu pai nunca mentiria para mim como sua mãe faz. É só esperar! Quando for um adulto, eu vou ser o mais forte, o melhor lutador do Universo!
— Minha mãe diz que você vai morrer antes de ser um adulto! — Dulce gritou de volta, repetindo as palavras que tinha ouvido seus pais dizerem quando não achava que ela estava ouvindo.
O rosto de Christian contraiu, e ele começou a descer as arquibancadas, pendurado na grade quando balançou e cambaleou até o fundo.
Dulce sentiu as lágrimas se levantarem em seus olhos e contraiu o rosto assim como Christian. E seguiu atrás dele, mesmo que se recusasse a olhar para ela de novo. Ambos choraram todo o caminho para casa, Christian pedalando sua bicicleta o mais rápido que podia, nunca olhando para Dulce, nunca reconhecendo sua presença.
Dulce andava ao lado dele e continuando a limpar o nariz com as mãos pegajosas.
O rosto dela era uma bagunça com ranho e picolé roxo quando soluçando confessou à mãe o que dissera. A mãe de Dulce fez silêncio, tomou-a pela mão e caminharam para a casa de Christian.
Tia Angie, a mãe de Christian, estava segurando Christian no colo e falando baixinho com ele, na varanda da frente, quando Dulce e sua mãe subiram as escadas.
Blanca Saviñon deslizou na cadeira de balanço ao lado e puxou Dulce no colo também. Angie olhou para Dulce e sorriu um pouco, vendo o rosto manchado de lágrimas listrado com roxo.
O rosto de Christian estava escondido em seu ombro. Dulce e Christian eram um pouco velhos demais para sentar-se no colo de suas mães, mas a ocasião parecia exigir isso.
— Dulce — Tia Angie disse suavemente. — Eu estava apenas dizendo a Christian que é verdade. Ele vai morrer.
Dulce imediatamente começou a chorar de novo, e sua mãe a puxou contra seu peito. Dulce podia sentir o coração de sua mãe batendo sob sua bochecha, mas o rosto de sua tia ficou sereno, e ela não chorou. Parecia ter chegado a uma conclusão que levaria anos para Dulce aceitar. Christian passou os braços em torno de sua mãe e chorou.
Tia Angie esfregou as costas de seu filho e beijou-lhe a cabeça.
— Christian? Você vai me ouvir por um minuto, meu filho?
Christian ainda estava chorando quando levantou o rosto e olhou para a mãe e, em seguida, olhou para Dulce, carrancudo como se ela tivesse causado tudo o que iria acontecer.
— Você vai morrer, e eu vou morrer, e Dulce vai morrer. Você sabia, Christian? Tia Blanca vai morrer também. — Angie olhou para a mãe de Dulce e sorriu desculpando-se, incluindo-a na previsão sombria.
Christian e Dulce entreolharam-se em horror, de repente chocados além das lágrimas.
— Todo ser vivo morre, Christian. Algumas pessoas vivem mais do que os outros. Sabemos que a sua doença, provavelmente, tornará sua vida mais curta do que de alguns. Mas nenhum de nós nunca sabemos quanto tempo a nossa vida vai ter.
Christian olhou para ela, parte do horror e desespero relaxou de sua expressão.
— Como vovô Chávez?
Angie assentiu, colocando um beijo em sua testa.
— Sim. Vovô não tinha distrofia muscular. Mas ele teve um acidente de carro, não foi? Ele nos deixou mais cedo do que ele queria, mas é assim que é a vida. Nós não podemos escolher quando vamos ou como vamos. Nenhum de nós sabe. — Angie olhou seu filho diretamente nos olhos e repetiu com firmeza. — Você pode me ouvir, Christian? Nenhum de nós podemos.
— Então Dulce poderia morrer antes de mim? — perguntou Christian, esperançoso.
Dulce sentiu um estrondo de risos no peito de sua mãe e olhou para ela com espanto. Blanca Saviñon estava sorrindo e mordendo o lábio. Dulce, de repente compreendeu o que a tia Angie estava fazendo.
— Sim! — Dulce pulou, balançando a cabeça, seus cachos saltando com entusiasmo. — Eu poderia me afogar na banheira quando fosse tomar meu banho hoje. Ou talvez vá cair da escada e quebrar o meu pescoço, Christian. Eu poderia até ser esmagada por um carro quando estiver andando de bicicleta amanhã. Veja? Você não tem que ficar triste. Estamos todos indo para o túmulo, mais cedo ou mais tarde!
Angie e Blanca estavam rindo, e Christian tinha um enorme sorriso se espalhando por todo o rosto e imediatamente se juntou a ela.
— Ou talvez você vá cair da árvore no seu quintal, Dulce. Ou talvez você vá ler tantos livros que sua cabeça vá explodir.
Angie colocou os braços firmemente em torno de seu filho e deu uma risadinha.
— Eu acho que isso é o suficiente, Christian. Nós não queremos a cabeça de Dulce explodindo, não é?
Christian olhou para Dulce, e todo mundo podia ver que ele estava considerando isso a sério.
— Não. Acho que não. Mas eu ainda espero que ela morra antes de mim. — Então ele desafiou Dulce para uma luta em seu gramado da frente, onde tranquilamente ganhou em cerca de cinco segundos.
Quem diria? Talvez ele realmente pudesse ter batido em Christopher Uckermann.
***
COMENTEM! ✨
Autor(a):
Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)