Fanfic: Solar Sigel Fleuret | Tema: Originais
Reino Prata, Perllark. Ano 2013 da era skyler.
“Onde você está? Não tem mais graça… Já faz mais de uma hora que estamos te procurando…”
Ela gritou o quanto pôde, mas não o encontrou de forma alguma. Ele não estava no castelo ou nas limitações das muralhas. Ninguém o viu em canto nenhum. O desespero dela só aumentou.
Segundos depois uma trovoada a despertou daquele sonho…
***
Dia tempestuoso… Relâmpagos iluminavam toda a cela, os trovões vibravam as grades e a chuva parecia querer inundar qualquer fresta de janelas ou portas.
A perlla encolhida no canto da prisão parecia amedrontada. Tentou espremer os cabelos que antes foram os mais dourados do reino, agora perderam o brilho, o mesmo se diria de suas vestimentas antes tão brancas. Agora procurava conforto enquanto segurava a pequena esfera brilhante entre as duas mãos, um pingente dado como presente por seu amigo.
Mais cedo discutira com a mãe sobre a demora dos oficiais em achar um amigo desaparecido. Ela insistia em querer mais informações sobre as buscas e pedia que a deixassem ir atrás dele. Sua mãe, a segunda rainha principal em Perllark, recusou todas as vezes que isso lhe foi pedido. Na última tentativa, a perlla, princesa mais nova do segundo reino principal de Perllark, renunciou sua posição no castelo para empreender esforços em uma busca solo ao amigo. Em desespero e como última escolha, a rainha mandou prendê-la por desacato à realeza.
Para a perlla ser mantida aprisionada, era necessário bloquear o suprimento de seus poderes. Sendo sua fonte de poder os raios do próprio sol, este deveria ser bloqueado. A rainha, que tinha a habilidade de controlar o clima, ficou tão irada com a atitude da filha caçula que não se conteve em fazer chover por quanto esta estivesse presa. Sem a luz do dia a ex-princesa ficaria sem seus poderes e sem eles ela não passava de uma humana normal.
“Você podia ser mais inteligente. Em vez de jogar a coroa aos pés da mamãe, podia simplesmente ter saído do castelo e deixado um bilhete dizendo que não queria ser princesa de um reino que parece não se importar com seus súditos.”
Ela tirou a franja loira da frente dos olhos e viu sua irmã gêmea mais velha, que tinha os cabelos escuros como a noite, porém, curtos. Era mais comum vê-las brigando ou discutindo que conversando amigavelmente. Ver a irmã tão calma para o seu lado foi uma completa surpresa.
“Veio me criticar aqui também?”, resmungou a perlla aprisionada.
“Não… eu vim te ajudar. E não precisa falar tão alto. Os guardas não estão me vendo ou ouvindo.”
Olhando em volta para fora da cela percebeu que os guardas permaneciam imóveis. Era como se não tivesse ninguém ali além deles.
“Mas você precisa ser rápida, não tenho muito tempo. Minhas forças estão acabando e a ilusão vai cessar.” A mais velha materializou um arco de luz a partir de um bastão prata, atirou uma flecha nas grades e as dissolveu. “Tome, isso deve lhe ajudar na busca”, deu-lhe um bastão dourado assim que a libertou.
“Mas isso… Como conseguiu pegar meus sabres sem a mamãe ver?” A ex-princesa pegou o bastão e acompanhou a irmã que lhe segurava a mão, enquanto passava pelos guardas. Eles nem sentiam seu cheiro por causa da ilusão.
“Do mesmo jeito que estou te libertando…”, respondeu a mais velha com um risinho de obviedade.
“Mas… por que está fazendo isso? Se for descoberta, a mamãe irá prendê-la em meu lugar até que eu seja encontrada. Talvez ela nos mantenha presas juntas…”
Elas passaram pelos corredores e saíram do andar da prisão.
“Ela não chegaria a tanto…”, respondeu a mais velha.
Elas dobraram outra esquina e subiram as escadarias de prata. Lá em cima passaram por um grupo de soldados a conversar e um deles sentiu que algo estava errado no ambiente. Ele olhou em volta, pois sentira que o vento se agitara, como quando alguém passa correndo perto de si, mas não viu nada e continuou a conversa com os colegas. A perlla mais velha tentou correr mais rápido enquanto se concentrava na ilusão de invisibilidade. Sua irmã caçula ajudou apressando o passo.
“Ali está a saída…”, disse a ex-princesa correndo na frente.
“Espere…”
A mais velha segurou o braço da mais nova com força e parou de correr. Ambas ficaram paradas um passo do portão de saída.
“O que houve? Não era para fugir?”
“Se você sair agora não poderei manter a invisibilidade. A chuva é forte demais e a mamãe vai sentir nossa presença por meio das gotas. Essa tempestade vem do poder dela, lembra?”
A mais nova assentiu. Não havia como escapar sem ser notada. Seu coração acelerou quando pensou no que estava prestes a fazer. Tinha de ir, mas não podia ir sem deixar nada para trás. Por mais que vivesse discutindo com a irmã, amava-a mais que qualquer um daquele reino.
“Luna, você vai me prometer que ficará bem, que vai acalmar a mamãe…”, ela virou-se para sua irmã e disse isso segurando suas mãos.
“Não acredito que vai mesmo fazer isso…”, disse Luna arrependendo-se de ter chegado tão longe com tudo aquilo.
“Você já me fez chegar até aqui, tenho de seguir em frente agora.”
“Mas… podemos voltar e ninguém nem vai perceber que essa fuga aconteceu. Se você sair nessa tempestade não poderá voltar atrás.”
Elas se encararam e relutaram, tanto em deixar uma para trás como seguir em frente. Aquele sentimento pelo velho amigo desaparecido as motivou ir a sua busca.
“Eu preciso ir… Sinto que se não for, nunca o encontrarão. Se você não pode ir comigo, terei de ir sozinha. Já sou muito grata pelo que fez por mim. Eu não estaria aqui se não fosse por você. Eu…”
A ex-princesa começou a chorar de ansiedade. Deixar a irmã para trás sem saber se poderia vê-la outra vez na vida era doloroso demais.
“Você precisa ir… Ele está esperando para ser encontrado e você é a pessoa mais certa para achá-lo. Eu também posso ajudar, mas ter as duas filhas fora do reino não deixaria a mamãe quieta. Tenho de ficar para refreá-la. Ou ela vai te perseguir até encontrá-la e castigá-la.”
Elas se abraçaram e choraram por um bom tempo. Não conseguiam largar a outra. No entanto, o poder da mais velha estava acabando e elas tinham de seguir seus caminhos.
“Vá, ou não conseguirei mais suportar a dor da sua partida…”
A ex-princesa foi empurrada pela irmã e cambaleou alguns passos para trás até ficar debaixo da chuva. Sentir o poder da mãe carregado pelas gotas da tempestade era um tanto amedrontador. A perlla segurou seu bastão dourado, apertou os lábios, engolindo o choro, e correu com a última imagem da irmã que mostrou um sorriso forçado em despedida.
A que ficou caiu em prantos, querendo ir junto, mas consciente de que se fosse seria pior. A que partiu não olhou para trás para não fraquejar e perder as forças de sua carreira. A chuva engrossou, esse foi o sinal de que a rainha descobrira sua fuga. A perlla correu com mais rapidez e quase tropeçou. Alguns soldados chegaram para impedi-la, mas uma vez fora da prisão, que anulava qualquer tipo de habilidade ou fonte de poder, ela conseguia usar o pingente esférico dado por seu amigo.
Com o poder do pingente ela recuperou parte de suas forças e lançou alguns soldados para fora do caminho por meio de bolas de fogo que lançara com uma das mãos. Seus ataques não eram tão eficientes devido à chuva. Então ela dividiu em dois e lançou metade do bastão à frente. Aquela metade explodiu em chamas e se transformou em um cavalo branco alado. Montando-o, cavalgou pelos céus, para fora de seu reino natal.
Autor(a): satrak_aznik
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Era Skyler, ano 2002… Duas perllas de cabelos negros brincavam perto do rio que circundava as muralhas do castelo. Não se tratava de um castelo qualquer, ele fora construído seguindo o maior padrão de edificações reais do reino pérlliko. Essa era a capital do Reino Prata, a Cidade de Prata. Assim como suas cidades ir ...
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