Fanfic: Solar Sigel Fleuret | Tema: Originais

Era Skyler, ano 2002…

Duas perllas de cabelos negros brincavam perto do rio que circundava as muralhas do castelo. Não se tratava de um castelo qualquer, ele fora construído seguindo o maior padrão de edificações reais do reino pérlliko. Essa era a capital do Reino Prata, a Cidade de Prata.

Assim como suas cidades irmãs, foi erguida sobre um círculo artificialmente inundado e reflorestado. Suas construções tinham a prata pérllika banhando as paredes, guarnições e cada canto ornamentado.

O castelo ficava no centro, tendo vidraças azuladas e teto branco. Se visto de cima formava o desenho de um círculo dentro de outro, conectados em oito direções, com dois quadrados entrelaçados, sobrepostos, no centro. Esse é o símbolo pérlliko reconhecido em toda Ekoplex. As tropas carregando esse desenho no meio do peito e nas laterais dos capacetes definitivamente vinham de Perllark.

Aquela mansão também foi construída para se parecer com um diamante de cabeça para baixo. O piso de toda a cidade, principalmente do palácio, tinha um design igual às formas vistas em caleidoscópios. O salão principal no centro do palácio continha centenas de colunas revestidas de mármore e o piso feito de granito formando o desenho de uma rosa dos ventos. No centro havia um grande relógio no chão onde o ponteiro dos segundos tinha a forma de cometa, a ponta da cauda apontava para os números; o dos minutos era uma lua crescente e o das horas era a representação do sol.

Viver ali parecia ser uma maravilha, uma vez que a Cidade de Prata fora construída no segundo reino de maior importância em Perllark.

Perllark era o país continental das perllas e dos arks, seres que já foram chamados de elfos, ninfas ou fadas no mundo antigo; conhecidos por sua beleza e inteligência incomparáveis. Mas não pense que são espécies distintas. Perlla e ark são apenas nomes que substituem os gêneros feminino e masculino. Sua espécie naturalmente é a junção desses nomes: Perllark. Quer dizer então que são humanos superiores por se compararem aos elfos? Bem, eu não diria isso, tirando a parte da beleza, é claro. Eles têm facilidade em adquirir inteligência, mas nem por isso quer dizer que não existam outros humanos mais inteligentes e sábios que alguns deles. Na verdade, se passar um tempo conversando com alguns perllarks, descobrirá que são bem parecidos com os humanos comuns.

Ali está um menino, um ark que passeia com seus pais pelos jardins exteriores das muralhas.

“Essa construção é realmente magnífica. Acredito que adotar esse padrão arquitetônico pode tornar nosso reino mais digno entre os perllarks. Estou imaginando como seria um palácio adornado de ouro e diamante negro”, comentou Arthur.

Emi e Arthur, os pais do menino, ficaram maravilhados com a estrutura do palácio. Um dos servos locais os acompanhava ao lado do príncipe do Reino Prata. Emi era bem conhecida entre os perllarks por ter sido princesa do Reino Dourado, já Arthur era oriundo do Reino Escuro. Seu pai deixou o cargo de rei e o pôs em seu lugar assim que Arthur casou com Emi. Seu filho mais novo, o pequeno ark em sua companhia, era adotado, aprendera os poderes e habilidades de Arthur, mas carregava características da personalidade de Emi, uma mulher calma e paciente.

“O que achou do castelo, Sonny?”, perguntou Arthur ao filho, com um sorriso exagerado.

“Achei legal a parte…”, Sonny esqueceu do que estava falando assim que seus olhos perceberam aquelas duas perllas brincando e correndo pelos jardins à beira do rio que circundava a muralha externa.

Uma delas olhou com aqueles olhos azuis cativantes na direção dele, a outra voltou a atenção ao que sua irmã fitava. Sonny ficou mais curioso ainda por essa última. Os olhos dela ficaram amarelados com o brilho do sol, embora naturalmente eles fossem azuis como os da irmã gêmea.

“Ah… essas são minhas irmãs caçulas”, disse o príncipe, mostrando alegria em perceber o interesse do menino no que havia naquela parte do jardim. “Crianças, venham cumprimentar os visitantes…” As duas correram na direção deles após limparem a poeira dos vestidos. “Essa é Luna Miesiak”, o príncipe apontou para a de cabelos curtos, a mais quieta. “E essa é Solar Sigel Fleuret, a mais nova”, apontou para a de cabelos mais compridos e ondulados, a mais inquieta e impaciente.

Solar pareceu incomodada pelo jeito que era encarada pelo menino, olhava-o por cima dos olhos. Já Luna mostrou-se curiosa sobre ele, apresentando um sorriso amigável.

“Esses são Emi e Arthur, do Reino Escuro”, elas os cumprimentaram com toda a graça apresentada pelas princesas mais recatadas. “E esse é o filho caçula deles, Sonny Skryllex.”

Sonny apressou-se em cumprimentá-las e pelo nervosismo acabou apertando forte a mão delas, principalmente a de Solar, quando a beijou. Nesse ato cordial ele percebeu uma coisa, a mão da mais nova era tão quente quanto se estivesse febril. A pele era tão clara e macia! Se ela não tivesse recolhido a mão, Sonny a estaria segurando até agora.

“Por que não vão brincar um pouco? Se vamos voltar aqui mais vezes, é importante que vocês aprendam a serem amigos. O que acham?”, Emi sugeriu, com um sorriso simpático.

Sonny hesitou diante da sugestão da mãe. Porém, Luna agarrou a mão dele e o levou correndo para os jardins.

“Você começa a contar até cem de olhos fechados e depois vem nos procurar”, disse ela com aquela voz aguda, típica de uma menina de nove anos.

“Ei, esperem por mim…”, Solar correu atrás deles.

“Acho que eles vão se dar muito bem”, comentou Arthur.

“Luna é quieta, mas tem boa iniciativa. Já Solar é mais impaciente e hiperativa. Se Sonny for paciente vai conseguir aguentar essas duas.” O príncipe estava preocupado se suas irmãs não causariam problemas ao menino. Elas costumavam brigar mais que brincar.

“Ah, Sonny é muito calmo e paciente. Acredito que vai se dar bem, mesmo com toda a sua timidez”, disse Arthur, em tom de orgulho pelo filho.

“Tímido? Elas vão tirar essa timidez dele num instante”, retrucou o príncipe com seu jeito jocoso.