Fanfics Brasil - Reminiscências – 2º Movimento Solar Sigel Fleuret

Fanfic: Solar Sigel Fleuret | Tema: Originais


Capítulo: Reminiscências – 2º Movimento

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Era Skyler, ano 2006…


 


As meninas admiravam a dança das perllas mais velhas, conhecida como a “dança das águas”.


Composta por uma série de movimentos, vibrações e ondulações, lembrava muito a dança do ventre dos antigos árabes. Em certas ocasiões, como na noite de núpcias, ganhava aspectos sensuais exóticos, sendo essa categoria excluída da apresentação em público pela cultura conservadora de Perllark.


As dançarinas treinavam numa sala subterrânea. As meninas tiveram de espionar por meio da entrada de ar que ficava nos cantos superiores.


Aquilo parecia hipnotizar as meninas. Duas delas eram Luna e Solar. Ambas mantinham os olhos fixos na movimentação das mulheres a dançar, que remexiam o quadril sacudindo as tranças das cintas em suas roupas. Aquelas que pretendiam apresentar-se em público estavam bem compostas em suas vestimentas, já as que se preparavam para seus noivos tinham roupas mais sensuais, compostas de uma longa saia de seda fina transparecida e sutiã, cheios de babados e tranças que realçavam e embelezavam os movimentos praticados.


“Queria ser dama de honra para poder dançar também…”, comentou Solar com uma expressão emburrada, segurando o rosto com as duas mãos enquanto apoiava os cotovelos no chão.


Ela estava deitada e balançava as pernas para cima de acordo com o ritmo da música. Alguns lhe ensinaram que esse ritmo se originou num país árabe que existiu na antiga Terra, no mundo antigo, quase dois mil anos atrás.


“As damas de honra dançam para seus noivos de acordo com a tradição. Você precisa ter um noivo para ser uma dama”, disse sua irmã gêmea em um cochicho.


Luna mostrou um sorriso de leve, pois a irmã invejava as dançarinas.


“Ora, se quiser posso ser namorado de vocês duas…”


A voz de Sonny assustou as meninas. Primeiro que elas não deviam estar ali bisbilhotando as dançarinas e segundo que nenhum homem podia ver as mulheres treinando. Só os companheiros é que tinham o direito de assistir à apresentação no dia da festa de casamento.


“O que está fazendo aqui?”, Solar levantou-se em desespero e tapou a visão de Sonny com as mãos. “Não pode ver isso, você só tem 13 anos.”


“É preciso ser adulto para participar disso…”, Luna acrescentou, ajudando a irmã a levar o menino para longe dali. “Você quase estragou tudo. Elas quase nos viram.”


“Achei que tivesse a habilidade de ficar invisível”, ele resmungou tirando as mãos quentes de Solar de seu rosto.


Agora que o levaram à outra esquina da rua, elas começaram a falar mais alto, sem sussurrar como antes fizeram.


“Não consigo ficar invisível pra todo mundo. É só uma habilidade mental. Preciso saber quantas pessoas estão me olhando e…”, Luna começou a explicar, mas foi interrompida.


“Eu sei, é só uma ilusão”, disse o menino como se fosse a coisa mais óbvia.


“E você estragou tudo…”


Ver Luna irritada consigo era uma coisa que Sonny não gostava de presenciar. Às vezes Solar se irritava com mais facilidade, mas isso era bem natural. Já Luna era paciente e calma e se tornava estranho vê-la tão chateada.


“E quem disse que alguém vai querer namorar você? Você só tem 13 anos…”, indagou Solar com ironia, fazendo pose com as mãos no quadril.


“Sol, você também só tem 13 anos. E eu sou mais velho…”


“Você, mais velho do que eu? Eu sou do dia 6 de yale”, Solar apontou para o centro do peito, confiante.


Yale era o quarto mês no calendário da era skyler, o equivalente a abril.


“E eu sou do dia 4…”


Solar engoliu essa e deixou escapar um pouco de fumaça pelas narinas. Seus olhos também brilharam amarelos, e logo voltaram ao tom verde-azulado quando controlou a raiva e disse:


“Isso não quer dizer nada. Por que disse aquilo? Queria namorar nós duas só para dançarmos daquele jeito? Você virou um tarado?”


Solar recordou de quando seu pai falou para elas tomarem cuidado com os meninos que atingiam a puberdade. Quase todos tinham pensamentos sinuosos e desejos pervertidos. Porém, ela se esqueceu de uma coisa, a maioria dos arks não era assim.


“Claro que não virei um tarado! De onde você tirou isso? Eu só estava brincando”, Sonny retrucou, sentindo seu rosto ficar enrubescido.


“Ei vocês dois, é melhor pararem com isso. As pessoas estão olhando estranho.”


Luna não costumava se importar com as birras entre sua irmã e Sonny, mas ela se importava quando as pessoas olhavam de um jeito estranho para ela.


“Então, seus pais estão visitando o reino hoje?”, perguntou ela, aproveitando para mudar de assunto.


“Ah, sim… Eles me deixaram passar alguns dias aqui”, ele respondeu com um tom mais ameno para o lado dela.


“E como nos encontrou? Nós fugimos do castelo sem avisar a ninguém”, Solar questionou, percebendo que já fazia um tempo desde que Sonny começou a demonstrar um afeto diferenciado a Luna. Talvez fosse por ela o tratar com mais delicadeza.


“Eu segui o seu cheiro de fumaça.”


Ele deu uma gargalhada ao perceber que Luna sorriu com a piada. Solar beliscou a orelha dele e falou bem no seu ouvido:


“Quem fede a fumaça aqui?”


“Ninguém, ninguém… Eu só estava brincando…”


Ela pensou em insistir e segurá-lo, mas percebeu que este encarava seu busto por meio do decote da blusa. Afastando-o de si, cobriu o peito com as mãos e disse em tom forte, desprezível:


“Seu tarado!”


Sonny não pôde evitar. Ele estava na puberdade e Solar não era apenas bonita, ela era linda, uma das pessoas mais belas que ele já viu. Era difícil resistir dar uma espiada. E não era apenas a personalidade dela que diferia de Luna, seus cabelos antes eram escuros, agora começavam a ficar cada vez mais castanhos arruivados, e a aparência das duas já era um pouco diferente. Só diziam que eram gêmeas os que as conheciam desde pequenas.


“Então, vamos aproveitar esse tempo e tentar alguma aventura. Você ainda quer ser um aventureiro, não é?”, Luna perguntou ao garoto, após controlar o riso.


“Quero sim… eu fiz até uma armadura para mim. Vejam…”


Sonny mostrou suas botas. Aquelas botas douradas tinham desenhos de asas em relevo e cobriam até o joelho. Pela primeira vez Solar sentiu verdadeira admiração por alguma realização do jovem.


“São aquelas botas que você nos falou antes?”, ela perguntou curiosa.


“São sim…”


Sonny correu para o lado de Solar e tocou o cabelo dela, no mesmo instante foi para o lado de Luna. Para ele foi como andar normalmente, mas para elas isso não passou de um segundo.


Elas ficaram admiradas e pediram que as emprestasse para verem como era se movimentar tão rápido.


“Ah, só se vocês dançarem daquele jeito pra mim. E não pode ser de vestido, tem de ser de véu…”


Luna deu um tapa na cara dele, furiosa pela ousadia. Sonny articulou o maxilar com um grande bocejar e esfregou o rosto. Dava para senti-lo queimar. As pessoas passando na rua estranharam a marca vermelha de dedos no rosto dele.


“Eu só estava brincando…”, Sonny quase ficou ressentido com o tapa. “O que deu em vocês hoje? Parece até que estão ‘naqueles dias’, como dizem minhas irmãs.”


“Como você sabe?”, elas falaram ao mesmo tempo e Sonny até se assustou com o jeito impressionado delas.


Ele nem se importou em responder, só tirou as botas e as entregou a Luna. Era bem óbvio que estavam “naqueles dias”, pois se irritavam com maior facilidade e agiam impulsivamente.


Luna testou as botas e correu por pouco tempo. Elas exigiam muito poder do usuário para acelerar a percepção do tempo. Assim a pessoa conseguia se movimentar mais rápido, porque o tempo estava passando mais devagar de seu ponto de vista. Já Solar correu por todos os lados o mais rápido que pôde. Quando cansava, respirava um pouco enquanto recarregava suas forças sob a luz do sol e depois corria mais.


“Ei, se não me devolver logo não comprarei chocolate para você.”


Solar veio correndo para perto de Sonny e quando parou à sua frente, já estava com as botas na mão.


“O que disse? Será que o ouvi dizer chocolate?”, falou com um largo sorriso.


Então deve ser verdade, as mulheres gostam mais de chocolate quando estão ‘naqueles dias’. Acho que chocolate tem alguma coisa que as deixa feliz…”, pensou Sonny, notando a rápida mudança de humor daquelas duas.


“Mas eu só tenho dinheiro para duas barras…”, ele averiguou.


“Não tem problema, uma fica pra mim e a outra vai para Solar.”


Bem, isso foi inesperado vindo de Luna. Esse tipo de fala oportunista parecia mais coisa de Solar. Sonny deu de ombros e foi a uma loja ali perto com as duas, uma de cada lado.


“Eu quero o meu acompanhado com morango”, Solar sorriso, pois era sua fruta predileta.



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Autor(a): satrak_aznik

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Era Skyler, ano 2009…   Fazia pouco mais de um ano que Solar começou a se aventurar com Sonny e Luna pelas florestas e montanhas. Seus objetivos resumiam-se em encontrar relíquias lendárias, prender saqueadores, perseguidores, ou qualquer tipo de infrator de baixo nível. Suas missões eram escolhidas pelo sistema de aprendizado ...


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