Fanfics Brasil - Capítulo 1.3 Diga sim ao Marques - Adaptada AyA

Fanfic: Diga sim ao Marques - Adaptada AyA | Tema: Rebelde


Capítulo: Capítulo 1.3

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Alfonso a encarou.
Aquele mês não estava se desenrolando como havia planejado. Ele tinha se enfiado naquele armazém para treinar para o seu retorno. Quando enfrentasse Jack Dubose pela segunda vez, seria a maior luta de sua vida e a maior bolsa já oferecida na história da Inglaterra. Para se preparar, precisava de condicionamento físico intenso, sono sem perturbações e comida nutritiva... E, absolutamente, nenhuma distração.
Então, quem resolvia entrar pela sua porta? Ninguém menos que a Srta. Anahí Portilla, sua distração mais íntima e persistente. É claro.
Os dois sempre se estranharam, desde quando eram crianças. Ela era o retrato sa “rosa inglesa”, com o cabelo claro, os olhos azuis e as feições delicadas. Bem-educada, acolhedora e refinada. Além de irritante de tão doce. Resumindo, Anahí era a encarnação da sociedade civilizada. Tudo que Alfonso sempre desdenhou. Tudo que ele tinha jurado arruinar... E devia ser isso que tornava tão
tentadora a ideia de arruiná-la.
Sempre que Anny estava por perto, ele não conseguia resistir a chocar as noções de decoro dela com uma demonstração de força bruta. Alfonso gostava de atormentá-la até fazer as bochechas de Anny adquirirem um tom exótico de rosa.
E ele imaginou, muitas vezes, como ela ficaria com aquele coque dourado desfeito, embaraçado pelo amor e úmido de suor.
Ela era a prometida do seu irmão. Era errado pensar em Anahí daquela forma. Mas Poncho nunca fez muita coisa certa fora de um ringue de boxe.
Desviou o olhar do lenço branco rendado que escondia o decote dela.



“Eu acho que ouvi mal”, ele disse.



“Oh, estou certa de que me ouviu muito bem. Estou com os documentos bem aqui.” Ela desenrolou o maço de papéis que trazia na mão enluvada. “Meus advogados os redigiram. Você gostaria que eu resumisse?”



Aborrecido, ele estendeu a mão para pegar os papéis.



“Eu sei ler.” Mais ou menos.



Da mesma forma que todos os documentos legais colocados à frente dele desde a morte do velho marquês, aqueles estavam escritos em garatujas tão pequenas e apertadas que eram indecifráveis. Só de olhar para aquele garrancho, Poncho ficou com dor de cabeça. Mas aquela olhada rápida foi suficiente. Aquilo
era sério.



“Estes documentos não são válidos”, ele disse. “Christopher teria que assiná-los primeiro.”


“Bem, sim. Existe uma pessoa com poder de assinar por Christopher na ausência dele.” Os olhos azuis dela se fixaram nos olhos dele.



Não. Alfonso não podia acreditar nisso.



“É por isso que você está aqui. Quer que eu assine isso.”



“Isso mesmo.


“Impossível.” Ele recolocou os papéis na mão dela, depois caminhou até o saco de pancada e o acertou com um cruzado poderoso de direita. “Christopher está voltando de Viena para casa. E você deveria estar planejando o casamento.”



“É por isso mesmo que eu esperava ver estes papéis assinados antes de ele chegar. Parece melhor assim. Eu odiaria participar de um conflito e...”



“E conflitos são minha especialidade”, ele completou.


Ela deu de ombros.


“Isso.”


Poncho baixou a cabeça e desferiu uma série de socos no saco de pancada. Dessa vez ele não estava se exibindo. Seu cérebro trabalhava melhor quando seu corpo se movimentava. Lutar o colocava no seu ponto máximo de concentração, que era do que estava precisando naquele momento. Por que diabos Anny queria desfazer o noivado? Ela foi uma debutante criada para conseguir um casamento vantajoso, do mesmo modo que cavalos puro-sangue são criados para correr. Um casamento suntuoso, com um marquês rico e atraente, deveria ser o maior sonho dela.



“Você não vai conseguir um pretendente melhor”, ele disse.


“Eu sei.”


“E você tem que querer se casar. O que mais pode esperar da sua vida?”


Ela riu com o copo de xerez na boca.


“O que mais, não é mesmo? Não é como se nós, mulheres, tivéssemos permissão para ter nossos próprios interesses ou carreiras.”


“Exato. A menos...” Ele parou quando estava prestes a desferir outro soco. “A menos que exista outra pessoa.”


Ela ficou quieta por um instante.


“Não existe ninguém.”


“Então é só a expectativa que está deixando você nervosa. Você só está com medo.”


“Eu não sou nenhuma noiva medrosa. Apenas não quero me casar com um homem que não quer se casar comigo.”


“Por que você pensa que ele não quer se casar com você?” Alfonso soltou um gancho de direita no saco, depois um de esquerda.


“Porque eu olhei para o calendário, entende? Passaram-se oito anos desde que ele me pediu em casamento! Se você quisesse mesmo se casar com uma mulher, esperaria tanto tempo para torná-la sua?”


Poncho deixou os punhos descansarem ao lado do corpo e se virou para ela, ofegante. Seus pulmões se encheram com o aroma de violetas. Droga, até o cheiro dela era doce.


“Não”, ele respondeu. “Eu não esperaria tanto tempo.”


“Imaginei que não.”


“Mas”, ele continuou, “eu sou um vagabundo impulsivo. E estamos falando de Christopher. Ele é o filho leal e honrado.”


Ela arqueou a sobrancelha, expressando incredulidade.


“Se formos acreditar nos jornais de fofocas, ele tem uma amante e quatro filhos escondidos em algum lugar.”


“Eu não leio os jornais de fofocas.”


“Talvez você devesse, pois aparece neles com frequência.”


Ele não duvidava. Alfonso sabia das coisas horríveis que diziam a seu respeito, e aproveitava cada oportunidade para encorajar as fofocas. Reputação não vencia lutas, mas atraía multidões e enchia os bolsos.


“Não é como se Christopher não tivesse tido razões para adiar. Ele é um homem importante.” Poncho teve que se esforçar para manter o rosto sério. Quem diria, ele fazendo elogios ao irmão. Isso não acontecia com frequência. Não acontecia nunca. “Teve aquele posto na Índia. Depois o outro em Antígua. Ele voltou para casa entre as duas missões, mas houve algum problema.”


“Eu estava doente.” Ela falou e baixou a cabeça.


“Certo. Depois teve uma guerra que precisou de atenção, e outra depois dessa. Agora que todos os tratados foram concluídos em Viena, ele está voltando para casa.”


“Não é que eu me ressinta do senso de dever dele”, ela disse. “Nem do quão essencial ele se tornou para a Coroa. Mas tem se tornado demasiadamente claro que eu não sou essencial para ele.”


Poncho esfregou o rosto com as duas mãos enquanto rosnava.


“Meus advogados me disseram que tenho base para um processo por quebra de promessa. Mas eu não queria constrangê-lo. Agora que tenho o Castelo Twill, não preciso da segurança do casamento. Uma dissolução discreta é melhor para todos os envolvidos.”


“Não. Não é melhor. Não mesmo.”


Não era o melhor para Christopher, nem para Anahí. E, com certeza, não era o melhor para Alfonso. Tinha adiado sua carreira de lutador profissional depois da morte do pai. Ele não teve escolha. Com Piers fora do país, Poncho se viu, ainda que de má vontade, no comando da fortuna Granville. O lugar dele era em um ringue de boxe, não em um escritório. Ele sabia disso, como também o sabiam os advogados e administradores, que mal conseguiam
esconder seu desdém. Eles apareciam armados com pastas, livros-caixa e dezenas de assuntos para que ele resolvesse, mas antes de Rafe entender a primeira questão, eles já estavam discutindo a próxima. Cada reunião deixava-o agitado e fervendo de ressentimento – como se tivesse sido enviado para Eton outra vez.


Alfonso quase podia ouvir o pai se revirando na cova, cuspindo vermes e bravejando aquelas mesmas palavras irritantes e conhecidas: Filho meu não vai ser um bruto sem educação. Filho meu não vai desgraçar o legado desta família. Poncho sempre foi uma decepção. Ele nunca foi o filho que seu pai queria. Mas fez sua própria vida, ganhou seu próprio título – não de “lorde”, mas de “campeão”. Assim que Christopher voltasse para a Inglaterra e se casasse, Rafe estaria livre para lutar de novo e recuperar seu título.
Se Anny cancelasse o casamento, contudo...? Seu irmão viajante poderia lhe dar as costas e desaparecer por mais oito anos.



“Christopher, provavelmente, também gostaria desse mesmo desfecho”, disse Anny. “Ele gostaria de escapar do compromisso, mas sua honra não permitiria que ele o dissesse. Quando souber que a dissolução está feita, imagino que ficará aliviado.”


“Christopher não vai ficar aliviado. E eu não vou deixar que você faça isso.”


“Eu não quero briga.” Ela enrolou os papéis e bateu a mão no alto deles. “Por favor, perdoe minha intrusão. Vou embora, agora. E vou levar estes documentos comigo para Kent. Se você mudar de ideia quanto a assiná-los, vou estar no Castelo Twill. Fica perto da vila de Charingwood.”


“Não vou assinar. E guarde minhas palavras, você não vai pedir para que ele os assine. Quando Christopher voltar, verá que as fofocas não têm fundamento. Você vai se lembrar das razões pelas quais aceitou ser a noiva dele. E irá casar com ele.”


“Não. Não vou.”


“Pense bem. Você será uma marquesa.”


“Não”, ela disse. “Não vou mesmo.”


O tom de voz baixo e solene de Anny irritou Poncho mais do que gostaria de admitir. Diabo, até as palmas da mão dele estavam começando a suar. Era como se ele pudesse sentir que sua carreira – tudo pelo que tinha trabalhado, a única coisa que fazia sua vida valer a pena – escorregasse de suas mãos.
Ela se moveu em direção à saída e ele se apressou para pegá-la pelo braço.


“Anahí, espere.”


“Ele não me quer.” A voz dela falhou. “Você não consegue entender isso? Todo mundo sabe. Eu demorei tempo demais para ver a verdade. Anos demais. Mas cansei de esperar. Ele não me quer mais e eu não o quero. Tenho que proteger meu coração.”


Maldição. Então era disso que se tratava. Ele deveria ter imaginado. A razão para a relutância repentina dela era tão evidente quanto o leão no brasão dos Granville.
Alfonso era o rebelde da família, mas Christopher tinhas sido esculpido na mesma pedra de onde saiu o pai. Honrado, orgulhoso, inflexível. E, acima de tudo, sem vontade de demonstrar emoções. Poncho não tinha nada em comum com uma debutante da sociedade, mas sabia como magoava se sentir indesejado pelo Marquês de Granville. Afinal, ele passou a própria adolescência faminto pelo menor sinal de aprovação ou afeto de seu pai – e se odiava porque esses sinais nunca vieram.


“Christophet quer você.” Ele impediu a objeção dela massageando o braço dela com seu polegar. Deus, como sua pele era macia. “Ele vai querer. Faça seus planos de casamento, Anahí. Porque quando ele a vir outra vez, o que irá sentir vai ser como um soco nas costelas. Vai vê-la naquele vestido grandioso, rendado, com florzinhas espalhadas pelo seu cabelo. Ele vai querer assistir a você caminhando pelo corredor da igreja, ao mesmo tempo que sentirá o peito inchar e quase explodir de orgulho a cada passo que você der. E, acima de tudo, ele vai querer ficar diante de Deus, amigos e família, de toda a sociedade londrina, só para dizer para todo mundo que você é dele. Dele e de ninguém mais.”


Ela não respondeu.


“Você também vai querer isso.” Ele apertou de leve o braço dela antes de soltá-la, então tocou rapidamente o queixo de Anny. “Guarde minhas palavras. Vou ver você se casar com meu irmão dentro de um mês – ainda que eu mesmo tenha que planejar o maldito casamento.”


“O quê?!” Ela estremeceu. “Você? Planejar o casamento?”


Um sorrisinho brincou nos lábios dela enquanto Anny olhava para as vigas expostas do teto, as paredes de tijolo à vista, os móveis toscos... Depois se voltou para ele – a coisa mais bruta e deselegante naquela sala.


“Agora estou quase com pena de o casamento não acontecer”, ela disse, afastando-se. “Porque isso seria engraçado de ver.”


 


 




 


 


Alguém acompanhando para eu continuar postando????



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Autor(a): adaponny

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • tinkerany Postado em 11/11/2016 - 03:49:44

    Sobre o Ucker eu espero que nunca. Se voltar que seja com alguém kkkk

  • tinkerany Postado em 07/11/2016 - 01:38:52

    Sim, ela é perfeita de mais para Christopher. Christian, socorro kkkk melhor pessoa. Às vezes posso ser meio ausente em quesito comentários, mas sempre dou um jeitinho de ler, e darei meu melhor para conseguir comenta. Continua! Já quero fogo e paixão entre esses dois!

  • mari_froes Postado em 06/11/2016 - 22:38:41

    Como faz pra favoritar duas vezes?? Amando... não deixa de postar !!

  • tinkerany Postado em 06/11/2016 - 19:40:13

    Amando a fic ! Continua! !!!!


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