Fanfic: Ucker (ADAPTADA) | Tema: Vondy

As coisas não melhoraram.
A mãe de Dorian aparentemente amava lírios. Minha cabeça girava
com o aroma rico e doce. Os assentos da frente tinham sido reservados
para a família, o que foi uma sorte, porque a igreja estava lotada. Me
senti um pouco desajeitada ali sentada com os Ericsons, dado o fato
que eu mal a conhecia, mas era onde Christopher me queria. Seguranças
estavam na frente, impedindo qualquer bobagem sobre visitantes
indesejados. Um grupo de fãs estava do lado de fora, apesar deles e do
tempo. Eles haviam chamado por Christopher, acenando camisetas e outras
merdas para serem autografadas quando entramos. Eu queria xingar
e dizer-lhes para ter um pouco de respeito. Christopher não tinha dado
moral a eles. Pensei que na cidade natal do cara, haveria mais respeito
por sua privacidade, especialmente em um momento como
este. Algumas pessoas simplesmente não pensavam ou não lhes
convinha pensar. O que eles queriam era mais importante e que se foda
os outros.
Deus, eu odiava pessoas assim.
Na frente, o instrumentista martelava um hino no órgão e as
pessoas cantavam junto o melhor que podiam. Christopher iria falar a
seguir. Seu rosto parecia ainda mais pálido do que o normal, até mesmo
um pouco cinza. O homem podia ser invencível para mim, mas ele
claramente não estava bem. Eu agarrei sua mão, segurando mesmo
quando ele recuou com o contato. O olhar que ele deu a nossas mãos
unidas foi nitidamente desconcertado.
— Está tudo bem. — Eu disse.
Ele desistiu de tentar libertar-se de mim e começou a mexer no
nó de sua gravata.
— Christopher, você vai ser ótimo.
A música se acalmou. Dorian se virou para nós e Deus, o rosto do
homem. Ele parecia devastado, com os olhos tristes com a perda. Anne,
a namorada do baterista, estava ao seu lado, com o braço apertado em
volta da cintura de Dorian. Tinha havido um contratempo com o seu
grande caso de amor uma ou duas semanas atrás. Foi bom vê-los
juntos novamente, especialmente hoje.
Dorian acenou para Christopher, dando-lhe o sinal, e o que poderia ter
começado comigo agarrando-o, agora a situação tinha sido
definitivamente invertida. Seus dedos agarraram os meus, com os nós
apertados, mas ele não fez nenhum outro movimento. Ele tinha
congelado.
Do meu outro lado, Christian se inclinou para frente, franzindo a
testa.
— Ucker?
Havia um murmúrio na igreja, a multidão crescendo
inquieta. Até no púlpito, o pregador avançou, esticando o pescoço e
olhando com expectativa.
Alguém tinha que fazer alguma coisa.
— Vamos. — Eu coloquei minha mão em suas costas e
empurrei. Forte.
Ele piscou muito lentamente, como se eu o tivesse acordado de
um sono profundo.
— Hora de ir, Christopher. Você está no caminho. — Eu sussurrei. —
Ande.
Com passos dolorosamente lentos, ele saiu para o
corredor. Segui o peso de todos aqueles olhares que faziam o cabelo na
minha nuca se arrepiarem. Não importa. Caminhamos lado a lado,
minha mão guiando-o, nunca deixando suas costas. Subimos os
degraus e depois para o pódio. Eu pesquei o discurso no bolso do
casaco, colocando-o para fora na frente dele. Havia sussurros no meio
da multidão sobre o nosso comportamento estranho. Foda-se. Nada
importava, a não ser fazer com que ele saia intacto hoje.
— Você consegue? — Perguntei.
Ele fez uma careta.
— Sim.
Eu dei um passo para o lado.
Por um momento, seu olhar procurou a multidão, movendo-se
sobre Christopher e Ev, Ben o baixista assustadoramente alto, e depois Dorian
e Anne. Em seguida, ele se virou para mim, sua boca estava uma linha
sombria, mas seus olhos pediam algo. Dei-lhe um pequeno sorriso, um
polegar para cima discreto. Nenhuma parte de mim duvidava que ele
conseguiria fazer isso. O que quer que ele seja, Christopher Uckermann era
especial e complicado, bonito e bestial, tudo em um. Um artista nato.
Seu queixo caiu infinitamente em resposta e eu deixei escapar
um suspiro. Ele poderia fazê-lo, e ele o faria.
Ainda assim, eu juro que eu podia sentir a sua dor caindo em
cima de mim, ameaçando me quebrar em duas. Algum tipo de empatia
tinha começado no quarto do hotel e agora eu não conseguia separar o
meu sentimento do dele. Pior, eu não queria. Ele me deixou entrar sem
saber se queria ou não e eu não podia deixá-lo sozinho com tudo isso.
Amanhã eu tomaria um grande passo para trás. Hoje, ele
precisava de uma amiga.