Fanfic: Ucker (ADAPTADA) | Tema: Vondy

— Não, vamos lá. — Ele gritou. — Eu vi isso. Essa foi uma
olhada.
— O quê?
— Você olhou para mim. — Seu dedo ameaçador pontudo sentou
debaixo do meu nariz.
Eu bati-o fora.
— Eu não estou autorizada a olhar para você? Sério? Isso é como
uma daquelas diretivas estranhas que você ouve sobre pessoas
famosas? Ninguém está autorizado a falar com você ou olhar para você,
e deve haver tigelas de pudim de chocolate em todos os lugares onde
você vá a partir de agora?
Seus olhos se estreitaram.
Eu poderia até sentir uma pequena culpa lá no fundo. Mas essa
era uma questão de sobrevivência, eu não tinha escolha.
— Eu não estou em nada e eu não vou pirar de novo. — Ele
murmurou.
— Eu sei.
— Sabe?
— Sim.
— Então não sou eu, é você.
Sirenes e alarmes soaram na minha cabeça.
— Do que você está falando?
— Negue o quanto quiser, mas eu estou certo. Alguma coisa está
acontecendo com você. — Ele disse em voz baixa. — Eu não sei o que
diabos é. E eu não quero saber. Eu só quero que pare. Entendeu?
— Christopher, sério, nada está acontecendo. — Enrolei o meu cabelo
comprido e o amarrei em um nó frouxo, mantendo minhas mãos
ocupadas, os tremores traindo a minha culpa, os sacanas. — E você já
ligou para Christian de volta? Ele me ligou novamente. Estou ficando
cansada de inventar desculpas por você.
— Eu tenho estado muito ocupado. — Ele virou as costas para
mim, olhando para fora da janela. — E eu te pago para dar desculpas
por mim.
— Eu acho que vou começar a cobrar extra pelas
mentiras. Alguém tem que pagar pela mancha na minha alma.
Sem resposta. Seus ombros largos pareciam estar dobrados sob
algum peso, sua espinha curvada. Não é bom. Este era um estado de
espírito que eu aparentemente não podia brincar com ele.
— Você sabe que você ultimamente esteve realmente tenso... —
Eu disse. — Por que eu não reservo uma massagem para você? Isso
não seria bom? E então, depois, poderíamos relaxar e ver televisão.
Ele me olhou por cima do ombro, um músculo contraiu-se em
sua mandíbula.
— Claro, parece bom. Eu estou saindo para outra corrida.
— Está chovendo.
— Eu não vou derreter. — Sem mais delongas ele saiu,
desaparecendo no corredor. Ele estava certo, é claro, algo estava
acontecendo comigo. O que estava acontecendo com ele e seu irmão me
preocupava muito mais.
Sete dias mais tarde...
— Você está fazendo isso de novo! — Christopher parou no meio das
flexões, suor pingando do seu rosto bonito. — Eu não estou
imaginando. Você está fazendo de novo.
— Humm? — Eu respondi calmamente, sentada no balcão pretoe-
branco de mármore italiano da cozinha, porque só o melhor seria bom
para Christopher. Sua casa era cara, luxuosamente austera. Três níveis de
paredes cinzentas no exterior e decoração em preto-e-branco por
dentro. Basicamente, parecia que um pós-modernista tinha vomitado
aqui e o decorador decidiu que estava bom. Como se um toque de cor
mataria qualquer um. Eu estava meio tentada a começar a comprar
acessórios irritantemente brilhantes cor de arco-íris, almofadas, e um
vaso ou dois, e deixá-los em volta da casa em protesto só para ver o
que ele faria.
— Você está me olhando estranho o tempo todo.
— Não, eu estou organizando o seu e-mail. Uma coisa
completamente diferente. — Eu ergui meu olhar de seu corpo quente
(em todos os sentidos da palavra) e retornei para o laptop. — Oh,
olhe. Garota de lingerie lhe enviou outra foto. Sutiãs, dessa vez, rosa
sexy com franjas. Eu acho que as franjas são um toque agradável. Ela
ainda anexou um vídeo dela fazendo-os balançar. Uma garota tão
atenciosa.
— Exclua.
— Mas e se ela disser algo importante?
— Ela é uma completa estranha e me enviou fotos de si mesma
dançando quase nua e se curvando sobre os móveis.
Eu cantarolei. — Sim, hoje temos uma máquina de lavar. Muito
sexy em um tipo de forma de erotismo doméstico. Uma declaração
poderosa sobre o feminismo, eu acho. Esta mulher é profunda.
— Certo. — Ele retomou o seu exercício. — Essa mulher não vai
dizer nada que eu preciso ouvir.