Fanfic: Ucker (ADAPTADA) | Tema: Vondy

— Por que você está franzindo a testa para mim? — Ele
lamentou.
— Como você era quando estava usando?
Sua testa passou de calma para enrugada em um instante. Essa
parte de seu rosto era basicamente um barômetro.
— De onde diabos você tirou isso?
— Eu não sei. Eu só... Eu quero saber coisas sobre você. É tão
errado assim?
O olhar em seus olhos disse que sim. Claro que sim. Além disso,
eu era com toda a probabilidade uma deficiente mental por conta de
ter batido a minha cabeça várias vezes quando era uma criança.
— Não se preocupe. — Eu murmurei.
— Já não falamos sobre isso o suficiente? Eu era uma bagunça,
Dulce. Um total idiota. Eu estava com raiva e fodido e não alguém que
você gostaria de conhecer. — Seus lábios apertaram. — Agora, eu sou
um pouco mais calmo, pelo menos. Eu estou no controle à maior parte
do tempo. — Eu balancei a cabeça. — O que está acontecendo com o
casamento de sua irmã? — Ele atirou de volta para mim. Meus lábios
selaram apertados. — Eu respondi a sua pergunta. Então responda a
minha.
Ele tinha um ponto, não significava que eu gostasse. Admitir
qualquer fraqueza na frente de Christopher parecia uma coisa perigosa e
essa fenda especial na minha armadura ainda doía.
— Ela vai se casar com o meu ex-namorado. Ele me deixou por
ela.
Toda a expressão caiu de seu rosto.
— Ele é o traidor de quem você falou?
— Sim. Estranho, né? Minha própria irmã e tudo mais. — Eu ri,
principalmente de mim mesma. Que sorte a minha ter o único cara
decente que eu já namorei fugindo com Alyce. — Você pode imaginar o
meu alívio por não ter sido convidada para ser uma dama de honra
disso.
— Isso é muito foda mesmo.
Meus ombros relaxaram, descendo para um território mais
normal.
— Foi o que pensei na hora. Aparentemente, eles estão felizes
juntos, então...
— Comparado a isso. — Christopher fez uma careta para a mesa de
café como se estivesse pensando em pegar um machado para ela. —
Não mataria sua irmã mostrar alguma lealdade. Não é melhor do que
o que eu fiz para Chris, e isso foi... Isso foi ruim. Ela não deveria ter feito
isso com você, Dulce.
— Obrigada. — Meus lábios se curvaram em vontade própria.
Sua opinião significou muito mais para mim do que deveria. A
convicção absoluta em sua voz me aliviou. Era tentador jogar um pouco
das coisas que Brandon, meu ex-namorado, tinha dito por aí. Falar
para ele só para ter a alegria de Christopher as desmentindo. Como eu era
muito dura e difícil, individual e inacessível. Então ele estendeu a mão
para a minha irmã e abençoe a falta de lealdade entre irmãos, ela o
alcançou.
Danem-se os dois.
Mas se Christopher concordasse com algum dos venenos que meu ex
tinha jorrado, faria mal a uma parte de mim que eu não tinha certeza
se poderia curar. Por todas as suas humilhações, dentro dele, ele
parecia pensar bem de mim. Eu valorizava isso mais do que palavras
poderiam dizer.
— De qualquer forma... — Eu disse. — Obrigada por abrir-se
para mim sobre quando você estava usando. Sobre um monte de coisas
ultimamente. Tem sido bom, falar com você.
Ele deu de ombros.
— Falar supostamente ajuda ambas as nossas situações.
— Isso ajuda você? — Eu perguntei.
— Não, não realmente. Eu aceito a responsabilidade por todas as
coisas que fiz, e tentei fazer as pazes. Hora de seguir em frente. — Ele
jogou o cabelo para trás. — Ajuda você?
Olhei para ele, paralisada. O amor é uma coisa complicada, na
verdade, há pouca simplicidade para ele lá no fundo. É composto por
camadas de emoções, pensamentos e memórias, aglomerando-se em
um ponto esmagador. O conhecimento de que uma pessoa neste
mundo significa mais para você do que qualquer coisa. Bom senso e a
razão não fazem sentido. O homem às vezes era um bastardo confuso,
mas eu adorava tudo dele.
— Não, não. — Eu disse. — Porque as suas partes escuras não
me assustam, Christopher. Elas nunca assustaram.
— Elas deveriam. — Ele lambeu os lábios, segurando meu olhar
o tempo todo.
Meu Deus, sua boca, tão bonita. Meu estômago entrou em queda
livre. Em seus olhos, quase parecia haver algo de verdade lá. Uma
ligação tangível ou emoção que estava além das nossas interações
cotidianas normais. Eu não sei, é difícil de explicar. Mas, como sempre,
estava fora do alcance.
Afastei-me primeiro desta vez, autoproteção tinha que funcionar
eventualmente. A campainha tocou e o momento
acabou. Provavelmente era melhor assim.
— Lembre-se, você prometeu não interferir. — Fiquei em pé.
Infelizmente, ele foi mais rápido.
— Não vou interferir, estou apenas interessado em conhecê-lo.
— Christopher...
— Hey, você deve ser Reece. — A porta estava aberta e os largos
ombros de Christopher encheram o espaço. Eu não podia ver nada a não ser
ele.
— Christopher Uckermann, eu presumo. — Disse uma voz amigável e
suficientemente masculina. Eles apertaram as mãos, em seguida,
Christopher deu um passo atrás. Reece tinha estatura média, magro, e
agradável de uma forma com um menino moderno, cabelo escuro curto
e óculos de aro grosso.
— Oi, eu sou Dulce. — Eu acenei.
Olhamos um ao outro por cima. Os primeiros encontros
realmente estavam entre os mais torturantes dos empreendimentos
sociais. Quem quer que os tenha inventado, merecia um belo tapa na
cabeça. Mas o sorriso de aprovação de Reece encheu seu rosto, então
parecia que eu tinha passado no teste. Talvez esta noite se mostrasse
promissora afinal de contas.
— Eu só vou pegar meu casaco. — Eu disse, voltando para a sala
de estar com todo o ímpeto. Deus sabe o que Christopher diria ou faria
sozinho com ele por muito tempo. Este encontro era para durar mais
do que 15 minutos. Meu orgulho exigia.
— Então, onde você vai levá-la, Reece? — A voz do meu chefe
ecoou pela casa.
Eu agarrei o meu casaco e bolsa e corri de volta, os saltos
estalando contra o piso de mármore. A inquisição devia ser
interrompida a todo custo antes que Christopher continuasse.
— Pronto!
— Pensei que poderíamos sair para assistir a um filme, se isso
soar bom para você, Dulce? — Reece enfiou as mãos nos bolsos.
— Parece ótimo! Vamos. — Meu rosto já doía de tanto sorrir. Se
eu fosse muito ousada eu apreciaria uma caçada com arma de fogo.
Christopher exalava uma rajada e não sorriu.
— Ótimo. Então eu vou esperar ela voltar, o que... Cerca de três,
quatro horas?
— Ah, claro. — Reece disse, com as sobrancelhas erguidas.
— Ignore-o. — Eu abotoei o meu casaco com pressa. — Christopher,
falo com você mais tarde. Tenha uma boa noite.
— Dirija com cuidado. — Ele ordenou, com um olhar severo
passando para o meu companheiro agora com o rosto perturbado. —
Vá devagar.
— Sempre vou. — Reece disse, dando alguns passos, obviamente
ansioso para ir embora.
Lutei com a maçaneta da porta na mão de Christopher e empurrei em
seu estômago liso e duro.
— Vá para dentro, está frio.
Ele ficou onde estava. Havia muito olhar irritado acontecendo.
— Qual é o seu problema? — Eu sussurrei assobiando.
— Eu não gosto da aparência dele.
— Ele parece bom.
Olhos gelados lançando-me mais olhares duvidosos.
— Não, há algo sobre ele.
— Christopher.
— São os óculos, eu não confio neles. Acho que ele está tentando
esconder alguma coisa.
— Eu uso óculos.
Ele deu de ombros e me deu o seu olhar bem-você-tem. Que
idiota.
— Ele não é um assassino. Ele é um amigo de longa data da
Anne. — Eu disse, mantendo a voz baixa. — Você prometeu se
comportar.
— Mas e se...
— Você prometeu.
Sua boca se fechou. Após um olhar final em Reece, ele cedeu,
graças a Deus. Poucas coisas tinham alguma vez soado tão doce quanto
o clique da fechadura quando eu fechei a porta da frente.
— Ok. — Eu respirei, dando ao meu companheiro um sorriso
aliviado. — Estamos prontos para ir.
— Ele é sempre assim?
— Não, bem... Ele se preocupa, às vezes, eu acho. — Eu não sei
como explicar o recente surgimento de instintos possessivos de
Christopher. Ele não me queria, por isso ele realmente precisava cortar o
papo furado.