Fanfic: Ucker (ADAPTADA) | Tema: Vondy

— Anne me contou um pouco sobre você e sua situação com
Christopher. Como você trabalha para ele e tudo mais. — Reece arrastou os
pés. — Eu realmente não sou um assassino.
— Oh, você ouviu isso. Bom.
— Não se preocupe. — Ele retornou o meu sorriso inanimado
com uma risada. — Vamos embora.
Reece dirigia um carro de modelo mais velho, e ele, de fato,
dirigiu lenta e cuidadosamente a uma das salas de cinema da cidade. O
homem imediatamente comprou um balde grande de pipoca cativandome,
assim, imensamente. Desfrutar a importância de lanches não era
pouca coisa. Nós vagamos através do lobby, verificando os cartazes de
filmes e parafernálias de publicidade. Você não pode se apressar
decidindo qual filme irá assistir. Escolha imprudentemente e você não
conseguirá essas duas a três horas de sua vida de volta, e muito menos
o dinheiro.
— Há coisas explodindo nesse aqui. — Eu apontei para o mais
recente sucesso de Hollywood. — E perseguição de carro.
— Você não quer ver esse? — Ele virou-se para um cartaz de
filme de namoro. Um casal estava rindo enquanto eles estavam na
chuva. Que clichê, eu mal segurei o meu gemido. Ele ainda estrelava
com Liv Anders, a mais recente estrelinha loira de Hollywood.
Mate-me agora.
— Eu não sei. — Eu falei, sendo vaga.
— Anne disse que você poderia apreciar.
Havia algo na maneira como ele disse o nome dela, algo que eu
escolhi ignorar por enquanto. Ele tinha afinal comprado pipoca. Este
encontro tinha que ser melhor, ele só tinha que ser.
— Eu aposto que tudo termina em lágrimas. — Eu brinquei. —
A heroína provavelmente pega gripe de ficar na chuva e morre de
pneumonia.
Ele piscou.
— Anne disse que teve um final feliz. Ela pensou que você poderia
gostar.
Oh não, lá estava ela de novo, a reverência. Relíquias sagradas
foram citadas com menos admiração do que Reece falando o nome de
Anne. O sentimento de afundamento veio mais forte dessa vez, me
inundou. A polidez ditou para eu não perguntar abertamente se ele
concordou em me encontrar hoje à noite para fazer outra mulher
feliz. As suspeitas, no entanto, eram fortes.
— Anne sugeriu isso? — Eu perguntei.
Sorrindo ele balançou a cabeça com tanta força que eu temi que
seu pescoço torcesse.
— Anne é realmente é ótima. — Eu coloquei a pipoca na minha
boca, olhando para ele, em vez dos cartazes. E lá estava, todo o drama
que minha noite precisava. Eu ainda não tinha ido comprar o bilhete
para assistir os destroços de um amor não correspondido reproduzido
em 3D. Nem um único veículo foi ferido ou perseguido na tomada.
— Sim, com certeza ela é. — Um olhar distante sonhador entrou
em seus olhos. Eu sinceramente esperava que eu não parecesse assim
quando pensava sobre Christopher. Que vergonha.
— Você acha que ela está feliz com o Dorian? — Ele perguntou. —
Quero dizer, ele parece estar tratando-a bem, certo? Eles não estão a
ponto de terminar ou qualquer coisa assim?
Não pude deixar de notar a nota de esperança em sua voz. Um
frio penetrou em meus ossos, apesar de estarmos dentro de um recinto
com portas fechadas. Meu coração chorou lágrimas ruidosas e
feias. Que confusão. Esta noite foi uma tragédia. Quando se tratava de
amor, uma cigana com um senso de humor perverso tinha me
amaldiçoado ao nascer, disso eu tinha certeza. Porque a única outra
coisa em todas estas fenomenalmente más escolhas de encontro
tinham em comum era eu, e culpar a mim mesma não me atraia.
— Eu acho que não. — Eu disse suavemente. — Eles parecem
comprometidos. Apaixonados.
— Certo. — Sua boca se virou para baixo nos cantos. Filhotes
chutados pareciam menos oprimidos.
— Você gosta de Anne.
— Sim. — Suas mãos apertaram ao redor do balde de pipoca. —
Que tal você e Christopher?
— Ha. Sim. Meus sentimentos são igualmente indesejáveis e não
correspondidos. Não somos um par? — Eu olhava sem ver a agitação
das pessoas, reunindo através das portas do cinema. Tantas pessoas
apenas em suas rotinas, experimentando a dor e o desespero
similar. Não éramos os únicos e ainda assim a dor parecia tão
malditamente grande, como se me consumisse. Como se fosse comum
a perversidade da vida.
Bom Deus, o amor era uma merda.
— Por que não vamos ser apenas amigos? — Sugeri.
Reece suspirou e arrastou os pés.
— Amigos... Sim. Você ainda vai assistir a um filme comigo?
— Claro. Por que não?
— O violento?
Eu consegui um sorriso.
— Vendido.