Fanfic: Ucker (ADAPTADA) | Tema: Vondy

Cortinas balançavam na janela da frente. Alguém estava
bisbilhotando. Para um homem de inteligência razoável, Christopher Uckermann
não estava agindo particularmente racional esta noite. Claro, minhas
próprias ações onde lhe diziam respeito não eram nada para se
vangloriar.
Reece esperou eu abrir a porta da frente para se afastar e eu
fiquei no frio, observando até que suas lanternas traseiras
desapareceram de vista. Segundo encontro feito e acabado. Viva equipe
Dulce. Nós tivemos uma noite bastante agradável, mas nós não faríamos
isso de novo. Curiosamente, compartilhar histórias de amor não
correspondido e ofertas de rejeição de um coração não levantava muito
o ânimo. Ignorar essas coisas funcionava melhor, eu acho. Se alguma
vez fui tentada a jogar minha regra de não beber ao vento, esta era a
noite. Mas eu não tinha. Eu não sei, meio que parecia que eu estava
nessa jornada com Christopher e nenhum de nós podia se dar ao luxo de
falhar. Bobo, mas é verdade. O alcoolismo não era meu fardo para
carregar, e simbolicamente, eu não poderia aliviar a carga dele, eu não
poderia fazer nada.
— Você pode sair. — Eu fechei a porta, coloquei meu casaco e
bolsa na mesinha. — Eu sei que você está aí... Espiando.
— É a minha casa. Eu posso me esconder onde eu quiser. — Ele
apareceu da escuridão que era a sala de estar, roupas pretas se
misturam com as sombras. — E não largue suas coisas aí, leve para o
seu quarto.
— Sim, senhor.
— Como foi sua noite?
Eu sufoquei um bocejo.
— Ok. E a sua?
Um ombro subiu e desceu.
— Assisti um pouco de TV.
— Hum. — Eu peguei meus pertences de volta. Tão ridículo, só
Christopher teria móveis e não deixaria as pessoas usá-los. Como se uma
aparência perfeita fizesse mais sentido do que realmente utilizar algo
por sua finalidade projetada. O homem era puro absurdo.
— Vejo você de manhã.
— Isso é tudo?
Com um pé no degrau, eu parei.
— Cheguei em casa inteira, assim a sua teoria do assassino com
machado está eliminada e a necessidade de você me substituir
também. O que mais você quer de mim?
— Você não se divertiu?
— O filme foi divertido. Muitas explosões.
— Gostou dele?
— Claro, ele é um cara legal. Ele é apaixonado por Anne embora,
então o material de namoro não é primordial.
— Ah. — Com o rosto contemplativo, ele veio ao meu lado,
apoiando-se no corrimão. Hoje ele não tinha feito a barba e o impulso
de correr meus dedos sobre sua barba parecia intransponível. Meus
dedos cavaram fundo no couro da minha bolsa, lutando por
controle. Tudo nele me chamava, o olhar cauteloso, mas curioso em
seus olhos, o seu lado mais suave raramente visto.
Talvez, se sua mãe não tivesse acabado com ele quando era
criança ele teria sido diferente, menos cansado do mundo e danificado,
mais aberto. Ou talvez se eu fosse mais supermodelo, menos bonitinha
e fofinha. O que seria necessário, quantas mudanças teriam de serem
feitas para ele me ver de forma diferente? Porque ele estava a menos de
um metro de distância de mim, mas parecia uma eternidade. Meu
coração se partiu muito lentamente e eu sentia cada pedaço dele
quebrar e cair.
Não tinha nada que eu pudesse fazer sobre isso, nem uma única
coisa.
Fixei um sorriso cansado ao meu rosto.
— Ainda foi uma noite boa.
— Será que Anne sabe? — Ele perguntou.
— Eu duvido ou ela não iria sugerir que eu saísse com ele.
— É verdade.
— Eu realmente não acho que devemos dizer nada.
Suas sobrancelhas subiram.
— Por que não? Ela não iria querer saber alguma coisa?
— Ele tem sentimentos por ela, Christopher, não está planejando um
ataque surpresa. Não é segredo nosso para compartilhar e não vai
mudar algo. — Eu abracei meu casaco e a bolsa no meu peito. — Reece
não tem a menor chance. Ela não está interessada nele dessa
forma. Ele está na friendzone7 e ele sabe disso.
Pobre coitado.
— Eu não sei se me sentiria bem em não dizer a Dorian. — Ele disse.
— Eu acho que só iria causar problemas. Embora honestamente
Dorian provavelmente já saiba. Reece não é particularmente eficaz em
esconder isso.
Ele olhou por cima do meu ombro para a parede.
— Estúpido da parte dele, sentir alguma coisa por Anne quando
ele não tem a menor chance.
— Quem disse que o coração é inteligente ou que ele segue as
instruções?
Christopher apenas balançou a cabeça.
— Isso é fodidamente estúpido. Ele precisa ficar esperto e
superar isso. É patético, não admira que Anne não o queira.
E eu meio que precisava ir embora antes de recorrer à
violência. Essa conversa estava fazendo minha cabeça doer.
— Uau. Essas são palavras sábias, de fato.