Fanfic: Ucker (ADAPTADA) | Tema: Vondy

— Você pensa que é inteligente, não é?
Eu sorri e encolhi contra seu lado, usando-o como uma proteção
contra o vento. Seu grande corpo duro tinha que ser útil para alguma
coisa. Estava tão malditamente frio, meus dentes batiam.
— Quem, eu?
Ele levantou uma sobrancelha e lambeu sua casquinha de
sorvete coberto com pistache. Eu não olhei para a sua língua. O meu
olhar só vagou em sua direção, isso é tudo, nem um pouco minha
culpa.
— O ar salgado do oceano não é estimulante, Christopher?
— O seu está derretendo.
— Oh. — Eu lidei com a delícia de caramelo triplo antes que
pudesse escorrer pelos meus dedos. — Mm, delicioso. Melhor sorvete
de todos. Eu não disse que eles tinham o melhor sorvete aqui?
— Sim, você disse. Muitas e muitas vezes na uma hora e meia de
carro até aqui.
— Hey, eu poderia ter nos levado para Seattle. — Dei de ombros
em meu casaco. — Seja grato. Eu deixei você se safar muito facilmente
— Certo.
— Você está se divertindo, não é? — Ele me deu um olhar de
muito julgamento. — Admita. — O mais fraco dos sorrisos passou pelos
seus lábios. — Podemos sentar no carro agora, estou congelando?
— Não. Você não vai pingar sorvete no meu carro, Dulce. Isso é
estofamento de couro, um automóvel clássico, tenha um pouco de
respeito.
— Eu não posso acreditar que você se importa mais com uma
coisa do que com o meu conforto. — Meu celular tocou silenciosamente
no meu bolso. — Três chamadas não atendidas.
Christopher se inclinou, ficando em meu espaço. Pena que eu gostava
de tê-lo assim. Muito.
— Você ia fazer algo com Dean essa noite?
— Eu esqueci. — Eu passava as mensagens de texto. — Merda.
— Ele pareceu um pouco chateado na última.
— Diz o cara que chutou a porta do meu quarto. — Eu mandei
uma mensagem para Dean, com um breve pedido de desculpas.
— Não acho que ele ficará satisfeito. Isso não soou muito triste.
— Sim, bem, você confundiu toda a situação. E poderia ter
ocorrido a Dean que eu poderia estar um pouco chateada depois da
cena com você.
Ele olhou para a imensidão negra do oceano. Ondas caíam na
costa.
— Já disse que sinto muito.
— Dizer que está arrependido não é uma correção imediata de
tudo, Christopher. As ações têm repercussões, você de todas as pessoas
deveria saber disso.
Uma pausa.
— Você não perguntou sobre Liv.
Todo o meu corpo se apertou, estava tentando não pensar em
Liv. Na verdade perguntar sobre ela parecia como um simples suicídio.
— Eu deveria? Acho que não percebi que era da minha conta.
— Eu a levei para um hotel e conversamos por um tempo. Liguei
apenas para checar você. — Ele andou alguns passos até a lixeira,
jogou sua casquinha de sorvete. A vasta extensão de suas costas no
casaco de lã preto era uma sombra nítida contra o resto da exibição.
— Você ligou? — Eu perguntei, surpresa.
— Sim. Você não atendeu.
— Não, eu estava dormindo.
Ele se virou, com o vento soprando o cabelo em seu rosto. Com
uma mão ele segurava-o para trás.
— Eu comecei a me preocupar que tivesse ido embora. Que
desistiu de mim e foi embora, como ia antes.
— Eu não faria isso sem falar com você primeiro.
— Eu não tinha certeza. — Ele evitou meus olhos. — Depois do
jeito como eu te tratei, pensei que você poderia ter apenas partido.
— Isso é o que te deixou tão agitado?
Ele sugou as bochechas, acenando com a cabeça. De repente, o
sorvete perdeu o seu sabor para mim também. Também joguei o resto
do meu, lambendo meus dedos pegajosos. Christopher observou o tempo
todo, com o rosto limpo de expressão. Essa conversa era um campo
minado. Tudo o que eu podia fazer era dizer a verdade, fazer o meu
melhor por nós dois.
— Eu estava com ciúmes. — Admiti, colocando tudo para fora. —
É por isso que queria falar com você, para pedir para não sair com
ela. Eu simplesmente não estava pronta.
— Sim, eu sei.
Eu balancei a cabeça, coloquei minhas mãos em meus bolsos e
esperei. E então esperei um pouco mais.
Nada.