Fanfic: Avatar, a Lenda de Jon Snow | Tema: As Crônicas de Gelo e Fogo, Game of Thrones, Avatar a Lenda de Aang

Água. Terra. Fogo. Ar. O meu irmão me contava histórias sobre os velhos tempos, quando meu pai reinava. Tempos de paz, quando havia equilíbrio entre os quatro elementos. Isso tudo mudou, quando Robert Baratheon atacou. Desde então se passaram 14 anos de uma relativa paz, mas agora Westeros volta a entrar em guerra. Somente um rei com mão de ferro pode garantir a paz entre os sete reinos. Mas quando o mundo mais precisa dele, ele desaparece. Há meses, meu protetor, Sor Jorah Mormont, vem tentando formar alianças para recuperarmos o poder, me deixando com meu irmão, Viserys. Ele acredita que o Avatar, único capaz de dominar e manter o equilíbrio entre os quatro elementos, não renasceu na casa Targaryen, quebrando o ciclo. Mas eu não. Eu acredito que ele está lá, em algum lugar, e um dia irá salvar o mundo.

- Viserys – Daenerys estava com a lança na mão – Precisamos pescar alguma coisa, ou não iremos comer.

- Pescar? Por que faríamos esse trabalho camponês? – pôs a taça de vinho sobre a mesa, após ter terminado – Mande um de nossos servos fazer isso.

- Não temos mais servos. Sor Jorah Mormont disse que estamos com pouco dinheiro, e temos que fazer algumas coisas por nós mesmos agora.

- O quê? – gritou de sua poltrona – O que aquele velho miserável acha que está fazendo? Eu não preciso fazer isso! As pessoas têm que me obedecer! Eu sou o rei!

- Tudo bem – respondeu Dany, em tom de desânimo – Eu vou sozinha então.

- Não, não vai. É perigoso lá fora – tornou a beber -, e eu não quero pagar resgate. Leve Waldo com você.

- Sor Jorah o demitiu.

- O quê?! E quem vai fazer minhas massagens agora? Leve Doreah, então.

- Ela não é nossa, é de Illyrio.

- Foda-se, chame alguém de Illyrio então! Eu é que não vou.

Dany deixou o aposento, percorrendo a mansão de Illyrio até chegar à cozinha, onde encontrou Doreah descascando batatas. Ouviu o pedido e logo foi chamar o dono. Illyrio estava deitado em sua cama, recebendo prazer de duas mulheres, quando outras duas entraram no quarto. Ao perceber, tirou de cima uma das mulheres, que quicava em sua barriga gorda.

- Doreah! – berrou, com o membro caindo – Quantas vezes já te disse para não entrar no meu quarto sem bater à porta antes?

- Me desculpe, mestre – respondeu a escrava – É que no bordel nós tínhamos o costume de...

- Eu não quero saber! Amanhã mesmo te vendo aos dothraki, quero ver desrespeitá-los! – dispensou as duas mulheres, e Doreah foi com elas. Foi vestindo os calções e cumprimentou Daenerys – Minha princesa. O que a traz aqui?

- Quero ir pescar, e não posso ir sozinha – segurava-se para continuar séria diante do homem gordo tentando fazer sua roupa entrar – Tem como mandar algum de seus servos comigo?

- Eu mesmo vou – respondeu, já vestido – Adoro pescar, tem tempo que não faço isso.

Ficou surpresa com a resposta do comerciante. Pegaram uma pequena canoa na baía de Pentos e remaram em direção ao norte, para que pudessem ter mais espaço. Na margem esquerda vinha uma correnteza, trazendo vários icebergs pequenos, acompanhados por um imenso. Dany segurava uma lança e Illyrio uma rede, cada um em uma ponta do barco. Após alguns minutos, Illyrio puxa a rede, jogando três peixes no meio da canoa.

- Tenho fome – disse ele – Trouxe algo para comermos?

- Não – admitiu – Mas eu posso resolver isso – pegou um dos peixes que se debatiam, fazendo o máximo de concentração possível, até que as costas do peixe começaram a escurecer e sair um pouco de fumaça dele.

- Não sabia que era uma mestra do fogo – Illyrio observava impressionado.

- Eu não sou, apenas tenho a habilidade – o peixe se debateu e cai novamente na água – Mas não sei usar. Nós, os Targaryen, temos o sangue do dragão e somos dominadores do fogo. Meu irmão, Rhaegar, comandava um exército inteiro deles.

- Interessante. Como planeja aprimorar esse dom?

- Não sei. Viserys não desenvolveu essa habilidade e não pode ensinar – fez uma chama na palma da mão esquerda - Então acho que vou ficar assim mesmo.

Houve um silêncio no barco por alguns minutos. Dany não gostava de falar daquilo. A correnteza trouxe o iceberg maior para bem perto da canoa. Resolveu mudar de assunto:

- Como vão as negociações com os dothraki, Illyrio? – lembrava-se das conversas que ouviu entre Sor Jorah e Viserys.

- Continuam do mesmo modo – agora estava virado para Daenerys – Acho que vou desistir, Khal Drogo pede demais.

- Mas você tem que aceitar! – sua voz tremulou – Precisamos dessa aliança, para que Viserys tenha seu exército e retome Porto Real!

- Então encontre outro burguês – resmungava – Nem sei porque alguém iria querer outro rei louco, depois da merda que o Aerys fez.

- O quê? – o gigante bloco de gelo havia encostado no barco, mas a fúria de Daenerys os impedia de perceber isso – Está dizendo que não deveríamos voltar?

- Não é por nada, minha princesa, mas eu preferiria que você, Sor Jorah, Doreah ou até aquele seu tio cego lá da muralha fosse o rei do que Viserys. Robert pode ser um devasso corrupto, mas seu irmão é louco, e é isso que as pessoas temem mais.

- Não, o trono é direito dele! Ele é o herdeiro legítimo de Aegon, o Conquistador! – gesticulava, com raiva - O povo o quer como rei!

- Bem, eu só acho que enquanto Viserys for, você sabe, Viserys, ninguém vai o querer em Porto Real. Ele não sabe governar nem o próprio salão, imagina Westeros inteira.

- Está bem, então! – gritou – Pois saiba que assim que meu irmão se sentar no trono de ferro, ele vai ter certeza que nenhum comerciante de Westeros faça negócios com você! Isso, é claro, se ele não puser sua cabeça num espeto! – levou as mãos para trás, fazendo sair uma rajada de fogo, que derreteu parte do iceberg.

Com o desequilíbrio, o iceberg começou a inclinar em direção ao barco.

- Cuidado! – gritou Illyrio, com a sombra sobre seu corpo ficando cada vez maior.

Dany nadou até a superfície após o barco ter sido quebrado e afundado. Subiu até o topo do enorme bloco de gelo, onde deitou-se, com a respiração ofegante.

- Illyrio! – gritou, mas não conseguia encontrá-lo em lugar algum, conseguindo ver apenas um fluido de sangue jorrando na margem esquerda do iceberg – E-eu fiz isso – com dificuldade, fez uma chama com a mão novamente – Mas como? – ajoelhou-se e começou a chorar. Sabia das consequências de matar o anfitrião.

Lágrimas rolavam e caíam de seu rosto, pingando no gelo. Foi quando abriu os olhos e avistou algo que não esperava: Havia um homem preso no iceberg. Era branco, cabelo e olhos negros, assim como a roupa, que devia ser de patrulheiro da noite. Usava barba e bigode, devia ter um pouco mais que sua idade. O susto maior foi quando ele abriu os olhos. Está vivo, pensou, tenho que tirá-lo dali. Tentou fazer fogo para derreter o gelo, porém não conseguiu.

A correnteza levou o iceberg à baía de Pentos, onde Daenerys foi avistada por Waldo, que agora era pescador, para quem fez um sinal de socorro. Ao ver sua princesa e ex-patroa sendo levada pela correnteza num bloco de gelo gigante, não pensou duas vezes e dobrou a água, fazendo uma onda para arrastar o bloco em direção a uma praia, para onde foi logo em seguida. Pescadores remaram para longe, atemorizados. Algumas pessoas do porto observavam com curiosidade.

- Minha princesa, está bem? – Waldo tinha se juntado a ela no topo – O que aconteceu?

- É uma longa história – respondeu, mostrando o homem preso no iceberg – Tem como quebrar o gelo?

- Ainda não aprendi a fazer isso – Walder Vance, apelidado Waldo, era o segundo filho de Maegelle Frey, segunda filha da segunda esposa de Stevron Frey, primeiro filho de Lorde Walder Frey. Dessa forma, Waldo era o oitavo na linha de sucessão da casa Frey, que assim como várias outras casas de Correrrio, era feita de dominadores de água. Ainda jovem, Waldo foi mandado para morar com a família paterna em Pentos, de quando em quando visitando seus inúmeros parentes em Correrrio, onde lhe ensinavam a dominação de água. E onde também, é claro, não havia gelo – Não tem como você derreter ele não?

- Minha dominação não é forte o suficiente – admitiu, envergonhada.

- O que faremos então? Vamos por ele numa fornalha? Tem uma ferraria aqui perto.

- Meus deuses, não! – pensou, ferraria, ferro – Já sei o que devo fazer.

Voltou minutos depois, com uma picareta que usou para golpear o gelo. Fez o serviço sozinha, pois Waldo já tinha voltado ao trabalho. Não teve muita dificuldade, afinal o gelo fácil de quebrar, fazendo uma abertura e retirando o rapaz de lá. Os olhos tinham se fechado novamente, seu corpo estava frio e pálido, mas o coração ainda batia. Alugou uma carroça para levá-los ao casarão de Illyrio. Ao entrar, viu os dois homens de sua vida discutindo.

- Como assim você não conseguiu uma aliança com Xaro Xhoan Daxos? – Viserys derrubou um dos vasos de vidro do salão.

- Me perdoe, Vossa Graça, mas não foi minha culpa – Sor Jorah Mormont estava em pé no centro do aposento, enquanto seu rei andava de um lado para o outro, sem parar – Eu confiei em um jovenzinho chamado Alysson para me guiar em Qarth. Acontece que, quando chegamos à casa de Xaros, descobri que ele era um puta racista que havia sido expulso da criadagem, e o burguês não nos deixou entrar.

- Como se não bastasse a cagada que você anda fazendo, que descobri hoje de manhã, confia o destino do reino à jovenzinhos? Tá querendo acordar o dragão, por acaso?! – percebeu a presença da irmã na sala, dando apoio a um homem que andava com dificuldade e cabeça baixa – Que porra é essa, Daenerys?

- Eu estava pescando e encontrei um homem preso em um iceberg, aí tirei ele de lá.

- Onde estão os peixes? – perguntou Sor Jorah.

- Não consegui pegar nenhum – admitiu.

- Muito bom, irmãzinha – ironizou Viserys – Eu peço comida, e em vez disso você traz mais uma boca pra comer!

- Não sei se teremos dinheiro para tanto – disse Sor Jorah – Ainda mais com as alianças fracassando.

Dany o sentou em uma poltrona em frente à lareira. Devia ficar aquecido. Continuou ouvindo a conversa entre os dois homens, até que Sor Jorah a chamou novamente:

- Onde está Illyrio?

- Então... – o rosto ficou da cor de brasas – O iceberg caiu em cima dele, então tenho quase certeza que ele morreu.

- Cersei que pariu – gritou Sor Jorah – Fodeu de vez.

- Olha, irmãzinha, espero que esse inútil que você salvou aí seja um puta burguês com mais ouro que Rochedo Casterly – Viserys tinha a agarrado e aproximado para perto de si, para fazer a ameaça – Caso contrário, terei a cabeça dos dois na ponta da minha espada logo logo.

O rapaz começou a gemer. Daenerys correu ao seu encontro.

- Ele tá acordado! – passou a mão em seu seu rosto e viu que tinha esquentado. As articulações tremiam, como se voltassem à vida aos poucos. Os olhos estavam abertos, como estiveram antes, no iceberg – Ei, rapaz, como você se chama?

- Jon Snow – respondeu.