Fanfic: O Resgate - Adaptada AyA | Tema: Rebelde
Ela suspirou.
— Sim, um avião a jato.
Ela olhou para o seu rosto tão perfeito, tão bonito, parecendo tão normal. Com um dedo voltou-lhe o rosto na sua direção.
— Mesmo estando aqui fora ainda precisamos trabalhar, está bem?... Tem de repetir o que eu te digo ou voltamos para a sala de estar, para a tua cadeira. Não é isso que quer, certo?
Ky le não gostava da cadeira. Quando estava amarrado, não podia escapar, e nenhuma criança, incluindo Kyle, gostava de semelhante coisa. Todavia, o menino deslocava o avião para frente e para trás com uma concentração calculada, mantendo-o alinhado com uma linha do horizonte imaginária.
Anahí voltou a tentar.
— Diz: "Não vejo barcos nenhum”. “Nada”.
Do bolso do casaco tirou um doce.
Kyle viu-o e quis apanhá-lo. Ela manteve-o fora do seu alcance.
— Kyle, diz: "Não vejo barco nenhum”.
Foi a saca-rolhas, mas as palavras surgiram finalmente. O rapazinho murmurou:
— Não vejo barco nenhum. (Num vejo bacos neum)
Anahí inclinou-se e beijou-o, depois deu-lhe o doce.
— É assim mesmo, querido. Falou bem! Fala tão bem!
Kyle aceitou o elogio enquanto comia o doce, em seguida concentrou-se de novo no brinquedo.
Anahí rabiscou as palavras no seu bloco de notas e continuou a lição. Olhou para cima pensando em algo que ele ainda não tivesse dito naquele dia.
— Kyle, repete: "O céu é azul”.
Após uns momentos:
— Vião.
De novo no carro, a uns vinte minutos de casa. Percebeu a agitação de Kyle lá atrás, na sua cadeirinha e olhou pelo retrovisor. Os sons em breve se acalmaram, eela teve o cuidado de não fazer barulho enquanto não teve a certeza que ele tinha adormecido outra vez.
Kyle.
O dia anterior fora um dia característico da sua rotina com o filho. Um passo em frente, um passo atrás, dois passos para o lado, uma luta constante. Estava melhor do que alguma vez tinha estado, contudo ainda continuava muito atrasado.
Seria capaz de se recuperar algum dia?
Lá fora as nuvens negras cobriam o céu, a chuva caia sem parar. No assento de trás, Kyle estava sonhando e pestanejava. Perguntou-se como seriam os sonhos dele. Seriam isentos de som, como um filme mudo passando na sua cabeça, nada mais que imagens de contratorpedeiros e aviões a jato brilhando no céu? Ou sonharia utilizando as poucas palavras que conhecia?
Ela não sabia. Às vezes, sentada na beira da cama enquanto ele dormia, gostava de imaginar que, nos seus sonhos, ele vivia num mundo em que todos o entendiam, em que a língua era uma realidade; não necessariamente o inglês, mas algo que tivesse sentido para ele. Esperava que sonhasse que brincava com outras crianças, crianças que lhe respondessem, crianças que não se afastassem porque ele não conseguia falar. Esperava que, nos seus sonhos, fosse feliz. Deus podia ao menos realizar este milagre, não podia?
Agora, conduzindo por uma estrada mais calma, encontrava-se sozinha. Mesmo com Kyle no banco de trás, continuava sozinha. Não tinha escolhido este ipo de vida; era a única vida que lhe fora oferecida. Claro que podia ter sido pior, e ela fazia todos os esforços para manter este otimismo. Todavia, na maior parte
das vezes, não era fácil.
Estes problemas teriam acontecido se Kyle tivesse tido o pai por perto? No fundo do seu íntimo ficava sem certezas, porém não era isso que queria pensar. Uma vez tinha feito essa pergunta a um dos médicos de Kyle e ele respondera que não sabia. Uma resposta honesta, tal como ela esperava, contudo, isso não impediu que tivesse tido insônias durante toda a semana seguinte.
Horas havia, a cada dia, em que queria correr em seu auxílio, desculpá-lo, fazer com que os outros compreendessem que, se bem que ele parecesse normal, existia uma disfunção no seu cérebro. A maior parte das vezes, contudo, não o fazia.
Decidiu deixar que os outros fizessem os seus próprios juízos de valor sobre Kyle. Se não conseguissem entender, se não lhe dessem uma oportunidade, então quem perdia eram eles. Não obstante todas as suas dificuldades, Kyle era uma criança encantadora. Não magoava as outras crianças; nunca lhes batia ou gritava, nem as beliscava, nunca lhes tirava os brinquedos, partilhava os seus mesmo quando não era da sua vontade. Era uma criança meiga, a mais meiga que ela jamais conhecera, e quando ele sorria... oh Deus, era tão bonito. Ela sorria-lhe também, e ele continuava a sorrir e, por uma fração de segundo,
pensava que tudo estava bem. Dizia-lhe que o amava e o sorriso rasgava-se mais, porém, como não conseguia falar de forma perceptível, ela tinha a sensação que só ela por vezes reparava o quão maravilhoso ele era de fato. Por seu turno, Kyle
sentava-se sozinho na areia a brincar com os seus caminhões, completamente ignorado pelas outras crianças.
Ela estava sempre preocupada com ele e, embora as outras mães se preocupassem com os filhos, sabia que não era o mesmo tipo de preocupação. Por vezes desejava conhecer alguém que tivesse um filho como Kyle. Pelo menos assim, alguém poderia compreendê-la. Pelo menos, teria alguém com quem conversar, com quem pudesse fazer comparações, que lhe oferecesse um
ombro quando precisasse de chorar. Será que as outras mães acordavam de manhã pensando se os seus filhos alguma vez teriam amigos? Um amigo qualquer? Algum dia? Será que as outras mães pensavam se os seus filhos frequentariam escolas normais ou praticariam esporte ou iriam ao baile de finalistas? Será que as outras mães notariam os seus filhos ostracizados, não
apenas por outras crianças, mas também pelos respectivos pais? Teriam elas preocupações em todos os minutos de cada dia, aparentemente sem um fim à vista?
Estava a dez minutos de casa. Depois da curva seguinte, atravessaria a ponte em direção a Edenton e voltaria à esquerda para a Estrada Charity. Mais cerca de quilômetro e meio, e
chegaria em casa. A chuva continuava a cair e o asfalto estava escuro e brilhante. Os faróis cintilavam na distância, refletindo a chuva, como diamantes caindo do céu noturno. Conduzia através de um pântano sem nome, um de entre as dúzias que existiam nas terras mais baixas e alimentados pelas águas do estreito Albemarle. Poucas eram as pessoas que ali viviam, e essas raramente se viam.
Não havia mais carros na estrada. Ao fazer a curva a cerca de noventa quilômetros por hora, viu-a no meio da estrada a menos de trezentos e sessenta metros. Uma corça adulta, em frente aos faróis que se aproximavam. Gelou pela incerteza. Ia demasiado depressa para parar, todavia o instinto prevaleceu e Anahí freou
fundo. Ouviu os pneus chiarem, sentiu-os perderem a aderência na superfície escorregadia da estrada, sentiu a força da inércia arrastando o carro para frente.
Porém, a corça não se mexeu. Anny conseguiu ver-lhe os olhos, duas bolas amarelas cintilando na escuridão. Ia chocar com ela. Anahí deu-se conta de que gritava ao girar violentamente o volante, os pneus da frente deslizavam conquanto reagissem um pouco. O carro começou a escorregar em diagonal pela estrada e não bateu no animal por uma unha negra. Também já não importava. A corça saiu do transe e saiu correndo a salvo, sem olhar para trás.
Todavia, a virada do volante tinha sido demais para o carro. Sentiu as rodas saírem do asfalto, sentiu o estrépito enquanto o carro batia no solo de novo. Os velhos amortecedores gemeram violentamente com a pancada, como um trampolim estragado. Os ciprestes estavam alinhados a menos de um metro da estrada. Impetuosamente, Anahí voltou a girar o volante, contudo o carro projetou-se para a frente como se ela nada tivesse feito. Arregalou os olhos e respirou fundo.
Era como se tudo se movesse em câmara lenta, depois a toda a velocidade e de novo em câmara lenta. As consequências, percebeu ela de repente, tinham passado, embora esta percepção durasse apenas uma fração de segundo. Nesse momento chocou com uma árvore; ouviu os vidros estilhaçarem-se enquanto a
parte da frente do carro rebentava em direção a ela. Como usava o cinto de segurança atravessado no colo e não por cima do ombro, a sua cabeça foi arremessada para frente de encontro ao volante. Uma dor aguda e brutal atingiu-lhe a testa...
Em seguida, desapareceu tudo.
fersantos08: espero que goste! É uma das minhas histórias favoritas. Esses primeiros capítulos são mais massantes pra gente entender melhor o Kyle e se apaixonar por ele hahahaha no próximo já teremos nosso Poncho!
Autor(a): adaponny
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— Ei, minha senhora, está bem? Com o som da voz do estranho, o mundo regressou lenta, vagamente, como se nadasse em direção à superfície de um lago lodoso. Anahí não sentia dores, mas a boca tinha o sabor acre e salgado do sangue. Ainda não tomara consciência do que acontecera e dirigiu, distraí ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 3
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Jéssica Nascimento Herrera Postado em 10/11/2016 - 02:55:26
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Jéssica Nascimento Herrera Postado em 08/11/2016 - 00:45:25
Poooosta maaais
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fersantos08 Postado em 07/11/2016 - 22:29:43
Oiie Primeira leitora! Amei a sinopse *-* vou ler os capitulos ! Posta maaiiis