Fanfics Brasil - Capítulo 8 - Um Pouco de Loucura É Bom O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 8 - Um Pouco de Loucura É Bom

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A semana foi ensolarada e Dulce e Chris estabeleceram rapidamente

uma rotina de encontros ao fim da tarde, quando ele saía do trabalho. Às

vezes, ela ligava para o setor de reclamações e inventava que tinha

mandado alguma coisa maluca que não tinha chegado. 

 

Ela também se

divertia com as histórias que ele contava, como a mulher que tentou

mandar uma cobra por Sedex para um desafeto, ou o sujeito que tentou

mandar a si mesmo dentro de uma caixa com água e sanduíches.

 

Também foi uma semana corrida, pois no sábado seria o aniversário

de Dulce e a festa precisava ser preparada. Dulce convidou cerca de 20

pessoas de sua escola e esperava que eles aparecessem. Chamou um DJ e

lhe passou a lista do que ela gostaria que tocasse.

 

 A lista incluía Nirvana,

Metallica, The Smiths, Aerosmith, Ramones, Raul Seixas, Skank e Mamonas

Assassinas, que ela considerava um clássico indispensável. 

 

Além disso, era

permitido tocar qualquer coisa das décadas passadas, exceto os gêneros

proibidos na casa de Dulce, como funk, pagode do abandono (cantados

com voz anasalada lamentando a dor da amada que partiu, fugiu com outro,

foi embora, escafedeu-se), axé e sertanejo (universitário, C.A. ou ensino

fundamental). O DJ a olhou com as sobrancelhas cerradas e os lábios

repuxados.

 

– Aí, gata! A galera vai pedir pra tocar um pagode, um funk...

 

Dulce sorriu e se aproximou do rosto do sujeito com boné para trás.

 

– Amigo, preste bastante atenção. Existe um dispositivo no meu

cérebro que disparará ao som de qualquer um desses ritmos mencionados

como proibidos. Se você tocar algum deles na minha festa, eu pegarei sua

aparelhagem e jogarei por aquela janela ali.

 

Blanca quis cup cakes, mas considerando seu histórico em enfiar

bolinhos na cara de Chris, Dulce preferiu bolos inteiros, grandes e de

sabores diferentes, com um especialmente grande e bonito no meio pra

apagar as velinhas. 

 

Bebidas não foram permitidas, pois a maioria era

menor de idade e Dulce não ligou, uma vez que ela mesma não fazia muita

questão. No sábado, seu tio Marcos trouxe uma máquina de fazer fumaça e

seu tio Marcel instalou lâmpadas coloridas.

 

 A casa sofreu uma metamorfose

para receber os convidados e estavam todos animados com os preparos,

embora ela soubesse que sua família iria para o segundo andar para deixála

à vontade em sua própria festa. 

 

Eles sabiam o quanto adolescentes

desprezam a presença dos pais em seus eventos, por mais que Dulce

também não compreendesse muito bem por que.

 

Quando a Lua chegou para seu turno da noite, Marcos flagrou Dulce

roendo as unhas recém-pintadas.

 

– Por que está nervosa?

 

– Não estou nervosa!

 

Ele riu e ela desmontou. Tio Marcos não era irmão de seu pai, ou de

sua mãe, mas um velho amigo de ambos. Tinha 38 anos, mas gostava de

caminhadas e escaladas, o que o tornou um quase quarentão muito sarado.

 

No entanto, quando abria a boca, parecia um garoto de 20 anos, sempre

pegando no pé de Fernando, irritando Marcel e fazendo piada com tudo.

 

Dulce o adorava e sempre se sentia mais feliz quando ele estava presente.

 

– Tá, eu tô nervosa... E se ninguém aparecer?

 

– Por que acha que ninguém vai aparecer?

 

– Porque eu nunca fui popular, e é sábado à noite, as pessoas têm

programas!

 

Ele olhou para o céu estrelado pela janela onde estavam.

 

– Se ninguém vier... Teremos que comer todos aqueles bolos e

salgadinhos sozinhos... Terei que entrar numa dieta depois. Então, acho

melhor alguém aparecer! – ele apontou para um carro estacionando.

 

– Olha lá! Alguém está chegando! Estamos salvos da obesidade

mórbida!

 

Dulce esticou o pescoço e reconheceu Chris quando ele saiu do carro.

 

Era um Passat velho, mas cuidadosamente limpo. Assim que saiu, ele a viu

na janela e acenou com um enorme sorriso.

 

– Nossa! Quantos dentes! Parabéns, Dulce! Você conseguiu ganhar

um sorriso com mais dentes do que é possível ter numa boca humana!

 

Chris caminhou rapidamente e eles se encontraram na varanda. Já

tinha música, mas não tinha ninguém, além de alguns adultos conversando

animadamente entre si.

 

– Cheguei cedo?

 

– Não, chegou na hora! – respondeu Dulce. – Se não aparecer mais

ninguém, você será minha testemunha de que essa casa estava lotada de

gente e que foi a melhor festa do mundo!

 

– Claro! Direi que tinha até gente caindo pela janela! – concordou

ele.

 

Dulce o apresentou aos dois tios, Marcel, primo de sua mãe, e

Marcos. Eles conversaram animadamente, até que mais pessoas

apareceram na porta. E, depois delas, mais pessoas começaram a chegar e,

quando menos se esperou, a casa de Dulce virou um lugar cheio de gente,

música, fumaça e luzes piscando.

 

Adriana, a Dri, chegou perto de Dulce com os olhos arregalados e

uma lata de refrigerante na mão. Yvy estava ao seu lado.

 

– Dulce!! Que festa maneira!!! Quem diria!!! A Cláudia ia morrer de

inveja! Agora, vem cá! Quem é aquele moreno maravilhoso que eu vi

passando na sua casa?

 

Dulce seguiu os olhos de Dri e Ivy e realmente viu um homem alto,

moreno, de cabelos ondulados brilhantes até os ombros, vestido

elegantemente numa camisa de seda e calça de grife pretos, passando com

um sorriso gentil e uma garrafa de refrigerante.

 

– É o meu pai!

 

As duas olharam atônitas para Dulce, que continuou sorrindo,

balançando o corpo no ritmo da música que tocava.

 

– Jura? – perguntou Ivy, incrédula. – Me apresenta?

 

– Não posso! – respondeu Dulce. – Minha mãe não deixa!

 

E foi então que a música se acalmou. O DJ tomou algumas liberdades

com a lista de Dulce, mas acrescentou coisas que não fariam com que a

garota jogasse seu equipamento janela afora. Uma balada em espanhol fez

com que alguns casais começassem a dançar juntinhos. Marcel diminuiu as

luzes e ligou a luz negra.

 

Chris chegou perto de Dulce com um sorriso e um convite para

dançar.– Olha! – disse ele. – Voltamos para os anos 80!

 

– Que bom! – respondeu Dulce, aceitando o convite para dançar. –

 

Vamos aproveitar e comprar as ações da Google!

 

Então eles ficaram em silêncio e se deixaram embalar ao som de Por

que te Vas. Dulce sentiu as mãos dele em sua cintura e olhou em seus

olhos. Seu coração batia mais forte e esperou que o mesmo estivesse

acontecendo com ele.

 

 Ele estava com uma camisa branca de manga

comprida de seda e ela ficou acesa com o efeito da luz negra. Dulce

escolhera uma minissaia de cintura alta e franzida com renda sobreposta e

uma saia interna mais comprida que a saia em si.

 

 A blusa era branca

também, um tomara-que caia que deixava os ombros e colo nus onde

brilhava um cordão de ouro com um solitário cristal swarovsky que

combinava com pequenos brincos do mesmo cristal. E ela também estava

de saltos. Os cabelos presos graciosamente para trás deixavam o rosto

livre, mas cascateavam pelas costas, roçando as mãos dele.

 

– Você está linda! – disse ele.

 

Ela corou e baixou os olhos. Ele continuava olhando para ela como

se não conseguisse desviar a atenção de seu rosto. Ele a puxou mais para si

e ela sentiu o calor do corpo dele. Chris se inclinou levemente e ela sentiu

com o coração aos pulos o beijo que chegava. Com a fumaça e as luzes

coloridas, sentiu-se novamente no mundo das fadas, flutuando com ele

num beijo eterno.

 

A porta se abriu e um burburinho chamou a atenção deles. Rapazes

de sua classe, do tipo que ela não convidaria – e não convidou – entraram

vestidos de... fadas.

 

Eles estavam com camisolas e asinhas, com varinhas de condão com

estrela na ponta e dançavam um balé desengonçado. Depois da surpresa

inicial, todos riram. Menos Dulce. Atrás deles, Cláudia entrou, vestida de

fada. De onde estava, viu Dulce e falou bem alto:

 

– Oi, Dul! O Chris me falou que você acredita em fadas, então resolvi te

fazer uma surpresa e encher sua festa com elas!

 

Tina entrou distribuindo asas de fadas de todas as cores para os

convidados, que aderiram à brincadeira. Dulce olhou para Chris que

gaguejou alguma coisa. Então ela se virou e saiu.

 

Ela foi até a biblioteca, lugar que foi considerado proibido para

qualquer um naquela festa, entrou e fechou a porta atrás de si, lutando

contra as lágrimas que subiam rapidamente. Alguém bateu na porta atrás

dela e ela vociferou um “Vai embora!” tão convincente que Marcos quase foi

mesmo. Assim que se identificou, porém, ela abriu a porta e o deixou

entrar.

 

– O que foi?

 

– Estão rindo de mim!

 

– Estão? Achei que estavam rindo com você! Claro que pra isso é

preciso que você ria, o que não está acontecendo.

 

– Olha, tio Marcos, é uma longa história, mas, num resumo da ópera,

aquela piriguete safada que entrou agora não foi convidada e acabei de

descobrir que Chris contou um segredo meu pra ela!

 

– Que você acredita em fadas? E isso era segredo? Por que eu

acredito também e nunca pedi segredo de ninguém.

 

– Você acredita?

 

– Claro! Por que não acreditaria? Há inúmeros relatos de portais

para o reino delas e sobre pessoas que foram até lá! Muito interessante, um

dia eu te mostro meus livros! Mas, no momento, há uma festa maneiríssima

acontecendo lá fora e você está aqui dentro, o que me parece muito errado!

 

Dulce respirou fundo, secando com cuidado os vestígios das

lágrimas que quase caíram. Não podia dar o gostinho à Cláudia de ter

conseguido expulsá-la da própria festa. Empertigou-se e saiu.

 

– Isso aí, garota! Vai lá e arrebenta!

 

Dulce atravessou a sala onde as asas de borboleta deram um

colorido divertido à festa. Caminhou até Tina e com o sorriso mais falso que

conseguiu abrir, escolheu um par de asas.

 

– Tina e Cláudia, que ideia maravilhosa vocês tiveram! – disse,

enquanto vestia as asas, que aliás, lhe caíram muito bem.

 

– Mas não vá querer sair voando por aí, né, querida? – disse Cláudia.

 

Chris chegou nesse exato momento, tentando falar com Dulce, mas

foi Cláudia quem falou.

 

– Chris, querido! Tem uma festa super legal numa boate aqui perto,

que tal irmos pra lá?

 

– Tá, Cláudia, senta lá! – respondeu ele em tom ríspido.

 

Puxou Dulce para longe delas.

 

– Dulce, me desculpe!

 

A moça cruzou os braços e não respondeu.

 

– Ela disse que era sua amiga há muito tempo e que poderia ajudar!

Achei que se contasse a ela, ela poderia me ajudar a...

 

Ele parou, como se tivesse falado demais.

 

– A quê?

 

– A me aproximar de você – completou ele, deixando os ombros

caírem.

 

– Pensei que achasse que eu era maluca...

 

E nesse momento, num timing no mínimo esquisito, começou a tocar

uma versão animada de “Você é Doida Demais”. Eles olharam para o DJ e

encontraram tio Marcos no seu lugar, todo animado de óculos escuros,

tocando o que lhe dava na telha e usando uma linda asa de fada púrpura.

 

– Na verdade, achei... – respondeu Chris. – Mas alguma coisa me atrai

para você de tal maneira que eu começo a pensar que o doido sou eu!

 

Dulce tentou segurar o riso, mas não conseguiu. Ela começou a rir e

ele a abraçou. Cláudia soltou um grunhido e bateu os pés, saindo

irritadíssima dali. Tina foi atrás dela, embora estivesse começando a gostar

daquela festa estranha. Então, Dulce o puxou para o meio da casa e se

juntaram à dança de outras cinquenta fadas ao som de Você é Doida

 

Demais, que emendou em Dee-Lite, “Vamos Quebrar Tudo”, “I Like to

Move” e outras músicas estranhas do igualmente estranho tio Marcos.

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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