Fanfics Brasil - Capítulo 11 - Buscando um Caminho O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 11 - Buscando um Caminho

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Já tinham terminado a história – resumida por questão de urgência –

há vários segundos. Talvez minutos. Dulce continuava de pé olhando para

eles, a boca aberta, os olhos arregalados. Em sua cabeça, algumas peças

começavam a se juntar.

 

– Então meu pai era o padre do século XVII... – murmurou ela,

finalmente. – Por que nunca me contaram?

 

– Pelo mesmo motivo que você nunca nos contou que esteve em

outro mundo... – explicou sua mãe com a voz mais calma de que foi capaz,

sentindo que aquele dia estava longe de terminar.

 

Dulce achou que precisava se sentar. Porém, antes que ela se

movesse, viu uma coisa estranha com o canto do olho. De onde Cacau

estava, um pequeno ser correu. No começo, ela achou que era um rato e

chegou a estremecer e soltar um gritinho. Mas assim que olhou melhor,

percebeu que não era. Dulce correu e encurralou a criaturinha atrás do

sofá!

 

– Alguém aí! Fique na outra ponta pra ele não fugir!

 

Marcos atendeu ao chamado, embora não soubesse de quem ela

estava falando. Dulce se esticou atrás do sofá com a determinação de um

animal faminto. Agarrou alguma coisa quente e de pele ríspida e finalmente

saiu de trás do sofá com um pequeno troll cinzento e muito mal humorado.

 

Blanca, Marcel e Marcos soltaram um grito assim que viram a coisa.

Fernando, no entanto, se levantou com determinação e encarou a criatura.

 

– Você fala? – disse ele. – É bom que fale! Ou vou colocar você dentro

do liquidificador!

 

A criatura foi colocada numa gaiola de decoração e parecia bastante

chateada. Rosnava e olhava ferozmente para os humanos a sua volta.

Marcel não conseguia fechar a boca, olhando de perto o pequeno ser. Ele

media cerca de 15 centímetros e, apesar da forma humana, não tinha nada

de humano. Não tinha órgãos genitais e estava nu. A pele era cinzenta,

quase esverdeada e seus olhos eram grandes órbitas negras com um brilho

vermelho. As orelhas pontudas tinham pelos nas pontas e sua boca não

tinha lábios, mas exibia agressivamente os dentes pontiagudos cada vez

que alguém tentava se aproximar.

 

– Você fala, ô, feioso? – perguntou Dulce.

 

A criatura apenas rosnou.

 

– Se a gente levar pro Fantástico, vamos ficar famosos! – sugeriu

Marcos.– Foi essa coisa que atacou você? – perguntou Marcel, incrédulo.

 

– Não sei se tinha algum desse tamanho... – respondeu Fernando. – Eu

estava ocupado brigando com três que tinham quase dois metros.

 

– Trolls podem ser tão diferentes uns dos outros como cachorros!

Temos um chihuahua e um São Bernardo e são todos cachorros. Trolls

também são assim. Há grandes, pequenos, feios e mais feios.

 

– Feio é uma boa forma de descrevê-lo – concordou Blanca.

 

– Se filmarmos, podemos colocar no You Tube! Ficaremos famosos!

– disse Marcos.

 

– Chris sumiu! – gritou Dulce. – Foi levado por trolls! Não é simples

coincidência que essa criaturinha horrorosa esteja aqui!

 

– Dulce tem razão – disse firmemente Fernando.

 

Então ele se aproximou da gaiola com olhos firmes.

 

– Por que você está aqui? – perguntou.

 

A criaturinha se atirou contra as grades, rosnando e babando,

assustando os outros, mas Fernando nem piscou. Quando o ser parecia ter se

acalmado, Fernando foi até a cozinha. 

 

Voltou com um liquidificador e uns

tomates. Colocou os tomates dentro, bem perto da criatura que olhava

curiosa. Ligou o aparelho na tomada mais próxima. E então apertou o

botão.

 

O pequeno troll se jogou para o outro lado da gaiola, gritando e

guinchando, enquanto os tomates viravam uma maçaroca cor de sangue.

Fernando desligou o aparelho e voltou a olhar a criatura.

 

– Por que você está aqui? – perguntou, pausadamente.

 

O troll respirava ofegante. E então respondeu.

 

– Porque me mandaram...

 

Eles puxaram cadeiras e sofás e se ajeitaram em volta da gaiola

dourada, usada como decoração. A criaturinha contou o que lhe foi

perguntado com sua vozinha ligeiramente anasalada e arranhada. Ele havia

sido mandado para achar Dulce e espioná-la. 

 

Claro que perguntaram por

que e para que. A criatura hesitou, mas uma ligadinha no liquidificador logo

o incentivou a continuar.

 

– Através dela, acharíamos o menino!

 

A criatura explicou que, depois que Dulce deixara o mundo das

fadas, tornara-se diferente da maioria das outras pessoas. Ela podia vê-los e

senti-los. A recíproca também era verdadeira. Eles podiam vê-la, senti-la e

encontrá-la facilmente. 

 

Ele não sabia por que queriam Chris, nem por que

não podiam encontrá-lo sem ela, mas Marcos fez sua dedução.

 

– Se ele morreu, e você disse que ele morreu, ele fez outro caminho

para chegar até aqui. Supondo, é claro, que seja o mesmo Chris...

 

A criatura não parecia muito inteligente. Não sabia o porque de

muita coisa. Depois que conseguiram extrair tudo o que pareceu possível,

foram para a outra sala para conversar sem a criatura ouvi-los.

 

– Então não são mesmo demônios?... – falou Fernando, aliviado. –

Menos mal! Não precisaremos ir até o inferno para achar o garoto!

 

– Como assim? – perguntou Marcel.

 

– Nós temos que ir atrás dele! – respondeu firmemente Dulce.

 

– Desculpe, Dulce... – disse Marcel, tentando ser o mais delicado

possível. – Seu amigo foi levado por criaturas que deixaram o seu pai em

frangalhos! E eu já vi Fernando brigar, não é muito fácil derrubá-lo!

Sinceramente, meu anjo, eu não acredito que Chris tenha tido alguma

chance...

 

Marcel tinha esse hábito. 

 

Ele mostrava o que ninguém queria ver,

falava o que ninguém queria ouvir e isso o tornava muitas vezes um sujeito

desagradável. O silêncio que se instalou depois do que ele falou foi uma

espécie de constatação. Dulce olhou para o chão por um momento. Eles

acharam que ela estava desolada. Mas ela só estava se lembrando.

 

– Eles não vão matá-lo... – disse ela, em voz grave.

 

Então ela olhou para eles.

 

– Não vão matá-lo. Ao menos, não rápido... São sádicos, monstros,

criaturas abomináveis e cruéis. Vão querer vê-lo sofrer antes de acabar

com tudo. E o tempo lá corre de maneira diferente. Dias aqui são como

minutos lá. Ainda temos tempo!

 

Um barulho de algo caindo na sala contígua fez com que fossem até

lá correndo. Encontraram a gaiola caída no chão com a porta aberta. A

gaiola estava obviamente vazia.

 

– Eu não acredito que não tirei uma foto! – disse Marcos, incrédulo.

 

– Droga! Essa criaturinha horrível podia nos ajudar! – lamentou-se

Fernando.

 

– Já ajudou – disse Dulce. – Fez com que não duvidassem mais de

mim.

 

Todos se sentiram culpados, mas Dulce fez um movimento de mãos

rapidamente.

 

– Não me entendam mal! Não quero que se sintam culpados, nem

nada, mas temos pouco tempo e quanto mais tempo eu levar tentando

convencer vocês, menos tempo o Chris terá.

 

– Ela tem razão... – Fernando tinha aquele olhar que Marcel, Marcos e

Blanca conheciam muito bem e que nunca vinha seguido de um período de

paz e tranquilidade. – Temos que ir atrás do rapaz. E não temos todo o

tempo do mundo.

 

Uma vez que a decisão tinha sido tomada, bastava apenas uma

pequena coisinha.

 

– Como?

 

Todos olharam para Marcel como se quem fizesse a pergunta

também tivesse a resposta. Mas ele agitou os braços nervosamente.

 

– Não foi uma pergunta retórica! Como diabos vamos resgatar esse

rapaz numa outra dimensão? Em primeiro lugar, nem sabemos como

chegar lá?

 

– Dulce! – disse Blanca. – Como você chegou lá da outra vez?

 

– Com ajuda do Chris...

 

– OK, estamos andando em círculos aqui, que nem a Cacau –

constatou Marcel.

 

Entediada, Cacau corria atrás do próprio rabo, enquanto eles

discutiam um plano que podia mudar suas vidas para sempre.

 

– Vocês estão se esquecendo de uma coisa! – falou Marcos, dando

um passo a frente. – Eu posso não saber a raiz quadrada de Delta, mas eu

passei esse tempo todo estudando portais para outra dimensão! Por que

vocês acham que eu viajo tanto, afinal?

 

– Você sabe ir para a Dimensão das Fadas? – perguntou Fernando,

tentando disfarçar o tom de incredulidade na voz.

 

– Não.

 

Os outros desanimaram, mas Marcos continuou.

 

– Mas aprendi uma coisa ou outra que pode nos dar uma direção!

Afinal, não é por nada não, mas da outra vez que tentamos atravessar um

portal, nós conseguimos!

 

Isso não tinha como negar. A existência de Dulce não teria

acontecido se Marcos, Marcel e Blanca não tivessem atravessado um portal

há 18 anos.

 

Munidos de papel, canetas, um calendário, uma calculadora,

diversos livros da vasta biblioteca da casa e um notebook, começaram a se

basear nas informações que tinham.

 

– Alguns portais se abrem em certos momentos, como aquele que

atravessamos em Cachoeira de Macacú, que dependia de uma conjunção

astrológica – explicava Marcos, como um verdadeiro especialista.

 

– O que eu atravessei se abria na Lua Azul! – lembrou Dulce. –

Dizem que é um momento onde os portais para os reinos elementais ficam

abertos!

 

– O que é uma Lua Azul? – perguntou Blanca.

 

– É a segunda Lua Cheia do mês, um fenômeno relativamente raro,

acontece de dois em dois anos, e potencializa sete vezes qualquer ritual,

além de abrir portais para reinos elementais – respondeu prontamente

Marcel, atraindo os olhares curiosos de todos. – Eu namorei uma wicca... –

explicou-se ele.

 

Pegaram um calendário e confirmaram as suspeitas de que a

próxima Lua Azul só aconteceria dali a dois anos.

 

– Esse garoto já virou paçoca a essa altura... – murmurou Marcel,

sem perceber que estava sendo indelicado.

 

Fernando estava calado até então lendo atentamente um livro. Na capa,

uma mulher estava paralisada entre revelar ou ocultar o rosto moreno e

um pentagrama reluzia em seu pescoço.

 

– Aqui diz que é possível ir até as dimensões elementais com a ajuda

de espelhos mágicos!

 

– Deixe-me ver isso!

 

Marcel pegou o livro e o devolveu em dois segundos.

 

– É Franz Bardon! Magia Hermética, precisaremos de mais tempo do

que temos para fazer esses exercícios até conseguirmos abrir e atravessar

portais.E, mais uma vez, todos olharam curiosos para Marcel, que, mais uma

vez, se explicou.

 

– Namorei uma ocultista...

 

– Para um cara cético, até que você se interessa bastante em

“descobrir” as artes ocultas, hein? – comentou Marcos.

 

– Esse aqui traz um ritual para ir para a dimensão das fadas! – disse

Blanca, mostrando o livro para os outros.

 

– Mas aqui diz que precisa ser na hora certa. Que hora é essa?

 

– O crepúsculo! – respondeu Dulce com um estalar de dedos.

 

– O filme ou o livro? – perguntou Marcos.

 

– A hora! – respondeu a menina. – Eu me lembro de ter lido em

algum lugar que os momentos em que o dia vira noite e a noite vira dia são

os melhores para acessar outras dimensões.

 

– Mas aqui diz que você deve fazer o ritual em um local onde haja

um portal para a dimensão das fadas... – continuou Marcel.

 

Eles desanimaram e voltaram a se sentar. Foi quando Fernando

levantou a cabeça.

 

– Eu sei onde tem um!

 

Aquela tarde foi muito corrida e Dulce falava atropeladamente o

que podiam e o que não podiam levar. Deviam levar, cada um, comida,

bebida e água, pois não poderiam comer ou beber nada na dimensão das

fadas. Se o fizessem, não poderiam voltar pra casa. 

 

Não poderiam levar

celulares, MP3, MP4, MP5, ou qualquer MP que tivessem inventado, assim

como nenhum eletrônico. Bijuterias ou joias poderiam ser ótimos

instrumentos de troca, então era bom levá-los. Deviam ir com roupas

confortáveis, pois iam andar muito. 

 

Não poderiam beijar ninguém da

dimensão das fadas, ou poderiam ficar presos lá pra sempre. Deviam ter

cuidado com lugares assombrados, gigantes cortadores de cabeça,

banshees, e seres que não eram o que pareciam. Dulce tinha muito a

contar, mas muito pouco tempo, e teve que resumir tudo o que sabia

enquanto arrumavam as coisas. O entardecer seria em menos de uma hora

e meia.

 

A mãe de Blanca, Joana, fora chamada às pressas para tomar conta

de Cacau e da casa. Cada um deles deu alguns telefonemas com avisos no

trabalho e para familiares próximos sobre sua ausência por alguns dias,

evitando assim que alguém chamasse a polícia, o Fantástico ou pagasse um

resgate inexistente. Sempre que ouvia isso, Dulce gelava. 

 

Contara a eles

que o tempo lá era diferente, mas não voltara ao assunto. Temia que

acabassem voltando muito mais tarde do que estavam planejando. Porém,

temia ainda mais que, se ressaltasse o fato de que poderiam voltar até

mesmo décadas mais tarde, mesmo que passassem apenas alguns dias lá,

não tivesse a ajuda deles para a missão que abraçara. Então, calou-se.

 

– Podemos levar armas? – perguntou Marcel. – Esse lugar parece

muito perigoso!

 

– Só armas brancas – respondeu Dulce, arrumando sua mochila. –

Acho que armas, apesar de mecânicas, devem entrar na lista de objetos

proibidos da alfândega deles. Talvez possamos levar umas facas de cozinha

ou um canivete...

 

Ela levantou a cabeça ao ouvir sons metálicos sobre a mesa. Fernando

abrira um tecido pesado com várias espadas lá dentro. Dulce arregalou os

olhos e olhou para seu pai e sua mãe escolhendo as melhores e examinando

peso e fio.

 

– Que foi? – perguntou seu pai com ar inocente. – Gostamos de

espadas!

 

– Tô vendo...

 

Marcos, que tinha ido em casa para pegar suas coisas, entrou nesse

minuto com uma besta na mão e um sorriso no rosto.

 

– Estamos de volta ao jogo, galera!

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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