Fanfics Brasil - Capítulo 12 - As Coisas Nunca Saem Como Planejamos... O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 12 - As Coisas Nunca Saem Como Planejamos...

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O plano era simples. Iriam até o portal, chegariam ao mundo das

fadas, resgatariam Chris e voltariam pra casa antes do jantar. Era o que

ficavam se repetindo no caminho, como se a simplicidade do plano

acalmasse suas almas. 

 

Porém, conforme se aproximavam do lugar, as

palavras foram rareando. Marcos estava empolgado, mas em dado

momento, mesmo ele aderiu ao silêncio que revelava que, na verdade,

estavam todos preocupados.

 

Deixaram o carro num estacionamento 24 horas e Fernando pagou

adiantado por uma semana. Se ainda não tivessem voltado nesse período,

Joana fora instruída a buscar o Citröen prata e levá-lo para casa. Claro que

ela estranhou o pedido. 

 

E foi quando pressionou o genro e a filha a lhe

contarem a verdade. E eles contaram.

O fato é que Joana já sabia do passado surreal dos quatro amigos e

ouvir que estavam indo para outra dimensão não chegava a ser assim uma

grande surpresa. Mesmo assim, ela se preocupou.

 

– Vou rezar por vocês – disse ela.

 

Fernando a abraçou. Gostava demais daquela senhora que o recebera

em sua família como um filho, apesar de seu passado. Não contaram tudo à

Dulce. Por pressa, urgência ou desespero, não contaram a ela que seu pai

fizera muitas coisas ruins, coisas das quais se arrependia até hoje.

 

Saíram do carro com suas mochilas e iniciaram sua caminhada pela

floresta escura. Passo após passo, o peso daquela decisão começava a se

apresentar em suas feições. 

 

Fernando demonstrava uma incrível resistência,

não parecendo que na manhã daquele mesmo dia estivesse no hospital

sendo remendado. Na verdade, ele estava sendo movido a analgésicos e

adrenalina. Marcel observou que Blanca estava conversando com Dulce,

que parecia também muito tensa. Marcel aproximou-se de Fernando.

 

– Você está bem? – perguntou ele.

 

Fernando olhou para ele por um segundo quase surpreso em vê-lo ali e

voltou a olhar para a frente.

 

– Eu devia tê-lo segurado... Se eu fosse mais forte, nada disso estaria

acontecendo.

 

– Você disse que ele o soltou.

 

– Soltou. Mas eu deveria ter sido capaz de segurá-lo assim mesmo.

Diabo! Por que ele soltou minha mão?

 

– Porque percebeu que ia arrastá-lo com ele – comentou Marcel. – Se

ele for mesmo o anjo que guiou Dulce, estava só seguindo sua natureza. Se

não for, estava seguindo seu caráter.

 

– Achei que eram demônios... – respondeu Fernando.

 

– Com motivos...

 

Entraram na mata, reconhecendo o caminho que percorreram até o

lugar onde fizeram o piquenique naquela manhã. Colocaram num saco

plástico lanternas, dois celulares desligados e algumas notas de dinheiro.

 

Cavaram um buraco ao pé de uma árvore e colocaram uma pedra em cima.

Assim, quando voltassem, supondo que voltassem pelo mesmo caminho,

seriam capazes de usar as lanternas, se fosse de noite, e de ligar para

alguém ou usar o dinheiro para pegar um táxi.

Com tantos detalhes, se apegavam à ideia de que tudo iria correr

bem. 

 

Quanto aos trolls que levaram o garoto, tentariam primeiro conversar.

Então tentariam barganhar. Na impossibilidade de um acordo, os

matariam. Dulce não sabia, mas quando seus pais diziam que iam para as

aulas de dança de salão, estavam indo a encontros com alguns aficionados

por espadas e armas brancas onde aprendiam e ensinavam novos golpes.

 

Havia muita coisa que Dulce não sabia sobre um professor de História e

Literatura Francesa e uma restauradora de livros, aquelas duas pessoas

que moravam na sua casa e que achou conhecer tão bem.

Seguiram Fernando pela mata, além do ponto que conheciam.

 

Chegaram então na pequena clareira. O céu começou a escurecer e a

passarinhada fazia alvoroço voltando para seus ninhos. Viram a árvore com

a fenda no tronco por onde Chris foi levado.

 

– É aqui – disse Fernando.

 

Marcel se abaixou para ver melhor e enfiou a mão. Antes do seu

braço terminar, tocou o fundo da árvore. O buraco tinha cerca de um metro

e sessenta de altura com meio metro de largura. E, segundo a constatação

de Marcel, menos de um braço de profundidade. Ajeitaram as coisas para o

ritual. 

 

As invocações teriam que ser feitas precisamente ao pôr do sol.

Traçaram um pentagrama grande dentro de um círculo e acenderam

uma pequena fogueira no meio. Cada qual se sentou em uma ponta do

pentagrama.

 

– Se meus inimigos me vissem agora, teriam motivos reais para me

mandar para fogueira... – disse Fernando, que definitivamente não se sentia à

vontade com a ideia de estar fazendo um ritual de magia.

 

– Fernando, meu caro, se você tiver que ir para o inferno, acredite, não

será por isso... – retrucou Marcos, que sabia de cor a longa lista de pecados

do ex-padre.

 

Respiraram profundamente. Deram-se as mãos e iniciaram as

invocações em uma língua morta, mas que Fernando dominava perfeitamente:

latim.

 

As árvores farfalharam e o vento agitou o fogo. Espirais cresceram e

as labaredas assobiaram. Com a surpresa, Fernando parou de falar.

 

– Não pare, pai! – pediu Dulce. – Está funcionando!

 

Fernando continuou, enquanto os outros respondiam aos

encantamentos, conforme combinado. Acima deles, uma revoada de

pássaros voou em círculo e a floresta inteira se agitou. Quando terminaram,

o fogo desceu e faiscou, diminuindo até apagar-se por completo.

 

– É só isso? – perguntou Marcos, um tanto decepcionado.

 

Fernando e Dulce se levantaram e foram até a árvore. Fernando enfiou o

braço no buraco. E não encontrou o fim.

 

– Está aberto!

 

Eles se entreolharam por um minuto.

 

– Agora a coisa ficou séria... – murmurou Marcos.

 

Até aquele momento, de certa forma, havia a possibilidade de nada

dar certo e portal nenhum se abrir. Agora, o portal estava aberto. Bastava

atravessar. Dulce se precipitou, mas Fernando a puxou de volta.

 

– Existe alguma forma de vocês duas ficarem e me deixarem

resolver isso? – perguntou para a esposa e a filha.

 

– Nem pelo capeta! – respondeu Dulce.

 

Blanca cruzou os braços.

 

– Se perguntar isso de novo, vou te chutar até você morrer.

 

Fernando já esperava ouvir isso, mas achou que valeria a pena a

tentativa. A passagem na árvore só permitia uma pessoa por vez.

 

– Eu vou primeiro. Vocês me seguem. Nos encontramos... sei lá onde.

 

E então ele entrou. Dulce o seguiu. Blanca então olhou para o céu,

que começava a ganhar tons dourados, e se virou para Marcel e Marcos.

 

– Vocês já vieram até aqui – disse ela. – Se não quiserem vir, eu vou

compreender.

 

– Tá maluca, mulher? – disse Marcos, empurrando-a pra sair do

caminho e entrando pelo buraco sem pestanejar.

 

Que Marcos ia cair dentro daquela aventura sem pensar nas

consequências, Blanca já sabia. O que dissera se dirigia a Marcel. Olhou

para ele mais uma vez e lhe deu um sorriso e um beijo no rosto. Ele a olhou

com pesar.

 

 Ela sabia que ele estava feliz com sua vida e não queria

conhecer outra dimensão. Também sabia que havia riscos de não voltarem,

por mais que Dulce tivesse evitado falar sobre isso. E que Marcel não

queria correr esses riscos.

 

Blanca entrou no tronco e desapareceu. Marcel ficou parado alguns

segundos. Ele não queria ir. Lamentava pelo rapaz, mas tinha um mau

pressentimento quanto aquilo tudo. Virou-se para ir embora e seu coração

doeu de tal forma que se perguntou se seria impossível viver sabendo que

os deixara para trás.

 

Dulce tateou as paredes ásperas do interior da árvore e caminhou

em passos hesitantes, lembrando-se de quando ela e Chris caíram num poço

sem fundo inesperado. Não ouvia nenhum som além de sua própria

respiração e seus sapatos tocando pequenas poças de água. As paredes

ganharam uma textura mais aveludada e ela imaginou que fosse musgo,

pois podia sentir a umidade.

 

 Já tinha dado mais de quinze passos quando

viu uma luminosidade muito fraca adiante. Em apenas dois passos, saiu de

dentro de uma imensa árvore e sentiu o perfume da floresta do reino

encantado. Era como se o lugar a reconhecesse e ela reconhecesse o lugar.

Sorriu, sentindo-se feliz em estar de volta, embora as circunstâncias não

fossem das melhores.

 

 Era noite, mostrando mais uma vez as confusões que

o tempo apronta entre os dois mundos. A Lua iluminava fracamente a

floresta e Dulce ia se virar para procurar pelo pai quando, de repente,

alguém a empurrou e ela caiu no chão. Olhou para o lado e viu seu pai, os

cabelos longos ao vento e o rosto atento com a espada em mãos.

 

– Pai? O que está...

 

Um som de metal se batendo a interrompeu. Blanca, que tinha

acabado de sair da árvore, defendia-se de um troll de seu tamanho que

empunhava uma tosca espada de metal escuro. A criatura era horripilante,

com a cara comprida e dentes afiados escancarados numa careta de ódio.

 

Ao lado de Dulce, novos sons surgiram e ela viu seu pai protegendo-a de

outros dois seres que o atacavam com espadas.

Quando Marcos saiu do buraco, ainda tinha o rosto iluminado pela

ansiedade do que poderia encontrar nesse mundo fantástico. Abaixou-se a

tempo de não ter a cabeça acertada por um pesado martelo de pedra.

 

Arrastou-se de costas, tentando se afastar da criatura vestida com trapos e

couro, mas ela continuou atrás dele.

 

Quando a criatura ergueu o martelo para esmagá-lo, Marcos usou as

pernas para chutá-lo com toda a sua força. O chute com os dois pés pegou o

troll no peito, jogando-o para trás, dando tempo a Marcos de se levantar.

 

– Tio Marcos!!!

 

Ele se virou para Dulce, que, recebendo cobertura de Blanca e

Fernando, desembrulhava às pressas o tecido que envolvia espadas, punhais e

facas que haviam trazido. Fernando e Blanca haviam insistido para já levarem

as deles consigo, e agora todos viam que tinha sido uma ótima ideia. Dulce

jogou uma espada para Marcos que a agarrou no ar. E então, ela pegou uma

pra si mesma e se preparou.

 

Mais criaturas surgiram, e estavam todas muito zangadas. Golpes de

espada foram trocados e, apesar de Dulce não ser uma especialista, tinha

agilidade e reflexos rápidos. Isso evitou que sua cabeça fosse cortada uma

vez ou duas.

 

Um som estranho foi ouvido. Era como o soar de um berrante,

daqueles que tocam em filmes. Os trolls pararam imediatamente ao ouvir o

som que se estendia e se espalhava por toda a floresta escura. Luzes

surgiram flutuando além das árvores e as criaturas correram, saltando para

a escuridão das folhagens e desaparecendo.

 

Com o coração aos pulos, eles se uniram novamente, ainda em

guarda, esperando alguma coisa ainda atacá-los.

 

– Droga, Grandier! – gritou Marcos, assim que recuperou o fôlego. –

Não tem 30 segundos que chegamos nesse lugar e você já arrumou

inimigos?!

 

– Foram eles que começaram! – respondeu Fernando.

 

– Vejam! – apontou Blanca para as luzes amarelas que se

aproximavam.

 

– São fadas? – perguntou Marcos.

 

– Não... – respondeu Dulce. – São lanternas...

 

Dulce tinha visto várias dessas nas cidades por onde passaram.

 

Eram como lampiões, movidas a velas, e muito usadas por elfos e humanos.

 

– Será que são mais trolls? – perguntou Blanca.

 

– Não – respondeu Dulce. – Trolls usam tochas. Nunca vi um

usando uma lanterna. Ainda mais colorida!

 

As lanternas se aproximaram o bastante para verem quem as

traziam.

 

– Abaixem suas armas! – disse a voz grave e imponente.

 

Fernando e Blanca se olharam, indecisos sobre o que fazer. Então,

Dulce apertou os olhos e deu um passo a frente, não acreditando no que

via.

 

– Christian?

 

O homem deu um passo a frente, aproximando a lanterna do próprio

rosto que também tinha uma expressão de surpresa.

 

– Dulce?!

 

A menina correu e abraçou o alto homem branco e os que o seguiam

se aproximaram. Eram cerca de oito homens armados de espadas. Marcos

apertou os olhos e então percebeu que não eram exatamente homens.

 

Quatro eram elfos, dois eram anões.

 

– Gente! – disse Dulce, animada em ver um rosto familiar. – Este é

Christian! O Alcaide da Vila das Fadas D’Água! Christian, esses são meus pais,

 

Fernando e Blanca. E esse é o meu tio Marcos!

E foi somente então que Dulce procurou com os olhos a outra

pessoa para apresentar. Fernando e Marcos olharam em volta, mas Blanca

apenas baixou os olhos.

 

– Onde está Marcel? – perguntou Marcos.

 

– Acho que ele não veio – respondeu Blanca. – Desculpe, querida...

 

Mas acho que seu tio Marcel foi até onde pôde.

A decepção no rosto deles era evidente, mas em nenhum era mais

dolorosa do que no rosto de Dulce. Ela anuiu levemente com a cabeça,

como se compreendesse. Ou perdoasse.

 

– Como nos achou? – perguntou Blanca.

 

– Estávamos numa festa e alguém se esforçou muito para que

viéssemos até aqui.

 

Somente então Christian deixou a pequena que se escondia atrás dele

aparecer. Ele abaixou a lanterna, mostrando o pequeno rosto que surgia

por trás de suas pernas. A decepção no rosto de Dulce deu lugar a uma

alegria que ela nem sabia ser possível sentir.

 

– Eileen!!!

 

A pequena fadinha, do tamanho de uma criança de uns seis anos,

correu e se jogou nos braços de Dulce que se ajoelhou e a abraçou forte.

 

Tinha morrido de saudades daquela menina-fada e achou que nunca mais a

veria. Quando se separaram, a fadinha sorria para ela. Virou as costas e

mostrou suas asas.

 

– Olha! Tá crescendo!

 

– Que lindas!

 

As asas eram pequenas ainda, mas coloridas e Dulce se lembrou do

pequeno milagre que um pouco de fé e amor conseguiram na primeira vez

que se encontraram.

 

– Vamos – disse Christian. – É melhor voltarmos. Temos tido alguns

ataques por aqui, não é bom ficarmos longe da Vila.

 

– Ataques da Corte Unseelil? – perguntou Dulce.

Christian virou-se para ela com o rosto preocupado.

 

– Não... A Corte Unseelil não nos preocupa mais.

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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