Fanfics Brasil - Capítulo 13 - Uma Noite na Vila O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 13 - Uma Noite na Vila

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Seguiram pela floresta por cerca de vinte minutos. O caminho era

iluminado pelas lanternas amarelas, exaltando o dourado das folhas de

outono caídas pelo caminho. Os elfos iam na frente. Eram de estatura

normal e esguios.

 

 As orelhas ligeiramente pontudas e um rosto mais

aquilino eram a única coisa que os diferenciava dos humanos. Dulce se

lembrou que o único elfo com quem tivera mais contato tinha sido Asram, o

noivo de Analice. E não tinha sido uma experiência muito boa,

especialmente quando ela o chamou de frutinha...

 

– Maite vai ficar feliz em ver você de novo! – disse Christian, enquanto

caminhavam. – E vai ficar contente em conhecer sua família.

 

– E como está Maite? – perguntou Dulce.

 

– Para uma garota que não era popular, até que você conhece

bastante gente, hein, Dulce! – comentou seu tio Marcos ao seu lado.

 

– Pois saiba que eu estava ficando popular, viu? – reclamou Dulce.

 

– Já explicou as regras a eles? – perguntou Christian.

 

– Expliquei o que eu pude – respondeu Dulce, insegura. – Viemos

meio às pressas pra cá, sabe?...

 

– É mesmo? – respondeu Christian. – O que aconteceu?

 

– A Corte Unseelil sequestrou Chris.

 

Christian parou de andar e a encarou com o cenho franzido.

 

– Isso não é possível, minha cara.

 

– Por quê?

 

– Porque a Corte Unseelil deixou de existir.

 

Assim que Christian disse isso, saíram da floresta e caminharam para a

pequena vila iluminada por lanternas. Preferiram prosseguir o assunto

quando já estivessem mais ou menos instalados em algum lugar. Naquele

momento, havia muitas distrações. Sátiros, fadas de todos os tamanhos,

elfos, humanos e anões os olhavam com curiosidade e canecas na mão.

 

– Era uma festa? – perguntou Dulce.

 

– Não, só uma pequena comemoração – respondeu Christian.

 

– Estão comemorando o quê? – perguntou Marcos. – Dois dias sem

acidentes?

 

Chegaram na porta da casa de Christian onde uma linda mulher abriu a porta para eles.

 

– Comemoramos que o Rei do Norte e o Rei do Sul aceitaram

conversar sobre um tratado de paz – concluiu Christian.

 

– Dulce!

 

Maite e Dulce se abraçaram fortemente, os cabelos dourados da

primeira caindo sobre os cabelos escuros da segunda.

 

Christian lhes deu passagem e eles entraram na bela casa iluminada

por velas e lanternas. Na grande sala de estar, uma mesa de madeira

aguardava com frutas, tortas, vinho e leite.

 

– Achei que teríamos visitas! – explicou Maite. – Só não sabia que

eram vocês! Sei que não podem comer nada do reino, se pretendem voltar.

 

Marcos arregalou os olhos para toda aquela comida que parecia

maravilhosa.

 

– Bem, não sei se quero tanto voltar assim... – disse ele, repensando

suas opções.

 

– Marcos, não brinque! – ralhou Fernando.

 

– Estou falando sério! – respondeu Marcos. – Estou cheio de dívidas

no cartão de crédito! Quero ver aqueles cretinos virem me cobrar aqui!

 

Eles se sentaram à mesa e Dulce aproveitou para tirar uma dúvida.

 

– Há quanto tempo eu parti daqui?

 

– Cerca de duas semanas – respondeu Christian.

 

– Ué! – espantou-se Marcos. – Você disse que esteve aqui há quatro

meses!

 

– É que o tempo é fluido aqui – respondeu Maite, servindo-se uma

xícara de leite com mel – Ah, Dulce!

 

Dulce, que, assim como Marcos estava hipnotizada pela comida,

olhou para ela.

 

– Você pode comer, sabe disso, não?

 

– Posso?! – perguntou a menina, arregalando os olhos.

 

– Claro que pode! – riu Maite. – Você recebeu esse presente das

Asrais, não lembra?

 

– Claro que lembro! Mas achei que tinha perdido a validade ou coisa

assim.

 

– Não, querida – explicou Maite, tomando seu leite com mel. – Nada

aqui é temporário. O que você conquista é mantido, não importa quantas

vezes você vá ou volte.

 

Dulce olhou para a mesa, feliz em poder comer qualquer coisa. Mas

percebeu que não estava com fome. Olhou um dos bolinhos famosos da

Vila, e pegou-o, sentindo-se subitamente infeliz.

 

– Que foi? – perguntou Marcos, irritado em não poder comer nada

dali. – Tá pensando nas calorias?

 

– Não... – respondeu Dulce com voz infeliz. – Lembrei do Chris... Eu

enfiei um bolinho desses na cara dele... Duas vezes...

 

A mesa mergulhou em silêncio.

 

– Suas recordações românticas são muito esquisitas... – respondeu

Marcos.–

O que houve com o Chris? – perguntou Maite. – Ele não veio com

você?

 

Dulce colocou o bolinho no prato e respirou fundo. Então ela

contou o que tinha acontecido quando estavam quase deixando o mundo

das fadas. Dava para ver nos rostos de Christian, Maite e Eileen que foi

doloroso saber o que houve com Chris assim que deixaram a Vila.

 

 Também

viram como o rosto deles se iluminou com a esperança quando Dulce

contou que encontrou um rapaz muito parecido com Chris em seu mundo.

 

Alguém com o mesmo nome e cicatrizes nas costas no lugar onde poderiam

ter havido asas. Contaram sobre o ataque dos trolls e sobre como e porque

estavam ali.

 

– Achei que a Corte Unseelil o tivesse pegado – disse Dulce. – Mas

Christian disse que a Corte Unseelil não existe mais!

 

– Sim, a Corte Unseelil desapareceu – confirmou Maite. – Não

sabemos como, mas o covil deles foi destruído e o rei, o último descendente

da linhagem real deles, foi morto.

 

– Mas se não foram eles, quem foi? – perguntou Fernando. – Também

fomos atacados por criaturas bem zangadas lá na floresta.

 

Christian e Maite se entreolharam. Ali, naquela noite, Dulce, Blanca,

Fernando e Marcos foram inteirados de tudo o que estava acontecendo no

Reino das Fadas.

 

Quando a Corte Unseelil acabou, houve um breve período de paz. Os

terríveis ataques a vilas e a viajantes cessaram abruptamente e assim tudo

ficou calmo por algum tempo. Os trolls e goblins passaram a atacar

isoladamente, e nunca eram tão terríveis quanto juntos na Corte Unseelil.

 

Seus ataques eram raros, eles deixaram de ser um perigo. Não sabiam

explicar porque eles foram atacados na floresta. O que preocupava o

mundo deles naquele momento não eram os trolls, mas uma crise política.

 

O Reino era dividido em quatro grandes territórios. Viviam em

harmonia o Rei do Sul, o Rei do Norte, a Rainha do Leste e a Rainha do

Oeste. Essa harmonia, no entanto, andava um tanto estremecida. O Rei do

Norte e o Rei do Sul têm se estranhado ultimamente.

 

 Foram pequenas

coisas, como um emissário de um que não voltou de sua viagem ao reino do

outro, carregamentos desaparecendo do território do Norte e invasões

perpetradas pelo povo do Sul. A cada ação, havia uma retaliação,

aumentando os rancores e esquentando os ânimos. 

 

Com tudo isso, uma

guerra começava a se aproximar do reino e isso nunca era bom. Isso tudo já

estava acontecendo há algum tempo, muito antes de Dulce chegar ao

Reino das Fadas pela primeira vez.

 

– Mas e a Rainha Belinda? – perguntou Dulce.

 

– Belinda é como uma Imperatriz. Nós a chamamos de rainha, mas

ela só tem poder real sobre o seu território. Quando aos outros reinos, ela

tem conversado com todos os reis e rainhas, mas não há muito mais que ela

possa fazer. Ela não pode destituir um rei sem privilegiar o outro – Christian

deu um suspiro. – Eu não queria ser ela agora...

 

– Mas você disse que hoje houve uma comemoração por um acordo

de paz... – lembrou Blanca.

 

– Uma pequena comemoração... – respondeu Christian, sem muito

entusiasmo, servindo-se de mais hidromel. – Tão pequena quanto a chance

desse acordo dar certo...

 

– Não liguem para o mau humor do meu querido marido! – disse

Maite, tentando animá-los com um sorriso e afastar a preocupação que

começava a pairar sobre eles. – Ele tem andado rabugento ultimamente. O

fato é que O Rei do Sul tem uma filha, uma moça muito bonita. E o Rei do

Norte tem um filho. Hoje, os reis firmaram o compromisso de casamento

entre seus filhos, o que fará com que os reinos se tornem aliados.

 

– Ah, que bonito! – disse Fernando. – Casamentos arranjados sempre

dão tão certo!... Mas então por que Christian parece tão preocupado?

 

Christian olhou diretamente para os olhos negros do homem que

esperava sua resposta.

 

– Por que há algo acontecendo no reino. Enquanto os reinos do

Norte e o Sul se bicam, os reinos do Leste e Oeste parecem um tanto

apáticos. Se todos se estranhassem, acho que eu ficaria mais tranquilo. De

qualquer maneira, eu quero acreditar que a paz reinará! Entende por que

não nos preocupamos mais com os trolls? Temos tido problemas com

retaliações de ambos os lados em todos os lugares. E, por algum motivo

bizarro, a violência parece ter aumentado entre os habitantes do reino.

Temos visto mais saques, assassinatos, sequestros e espancamentos do que

nunca... Coisas que nos fazem perder o sono.

 

– Vocês não tinham nada disso aqui antes? – perguntou Marcos.

 

– Tínhamos. Mas, além da Corte Unseelil, tínhamos goblins e alguns

encantados cuja natureza é realmente malévola, como Jenny Dentes-Verdes

e Peg Powler, que afogam crianças por prazer. Agora, temos uma crescente

violência entre homens, elfos, anões... Temos até tráfico de escravos! Antes,

ao menos sabíamos onde o perigo estava. Sabíamos como reconhecer o

ataque antes dele acontecer e sabíamos como nos defender. Agora, ele

parece estar em qualquer lugar.

 

Maite e Christian mostraram a sala de banhos para seus convidados e

lhes apresentou seus quartos. Era uma grande casa de dois andares com

profusão de quartos. Eileen fez questão de dormir com Dulce e Maite lhe

deu um beijo de boa noite. Por mais que amasse a menina, não conseguia

com ela a ligação que ela parecia ter com Dulce e Chris.

 

No corredor, Marcos esticou a cabeça para ver Maite descendo as

escadas.

 

– Nossa! Que mulher linda! Não dá vontade de parar de olhar!

 

– É porque ela era uma sereia! – explicou Dulce.

 

Marcos a olhou perplexo.

 

– Jura? Rapaz, como é que o Christian pescou uma dessas???

 

Eles se despediram e, depois de um banho, foram dormir. Fernando

estava especialmente moído e Maite lhe deu um chá especial para dor que

ele tomou com prazer.

 

Pela manhã, haveria muito a fazer. Precisavam achar Chris. E algo lhes

dizia que não ia ser tão fácil quanto tinham planejado.

 

– Ele partiu?

 

Deitada de costas em sua cama, Dulce olhava longamente pela

janela o céu que era mais negro do que a noite mais profunda, salpicado

por estrelas brilhantes que perfaziam desenhos e caminhos. Dulce olhou

para Eileen que estava deitada, abraçada a ela.

 

– Achei que estava dormindo... – disse Dulce, ao se deparar com

aqueles grandes olhos amendoados e brilhantes.

 

– Você disse que Chris morreu... Ele morreu mesmo?

 

Dulce suspirou.

 

– Sim, Eileen... Chris morreu...

 

– Os olhos de Eileen se encheram de água e ela se aconchegou nos

braços de Dulce. Dulce olhou de volta para a janela e deixou que as

lágrimas caíssem. Talvez fosse o cansaço, talvez fosse toda a conversa do

jantar que envolvia guerras e perdas, mas Dulce se sentia sem esperanças.

 

Estar ali a aproximou muito mais do que vivera com Christopher e,

consequentemente, do que perdera. Via o olhar de incredulidade nos pais e

nos tios quando dissera que o rapaz que conhecera podia ser o anjo que

morrera em seus braços. 

 

Talvez fosse hora de encarar a realidade. Christopher

havia morrido. O novo Chris ainda estava vivo e ela faria tudo para trazê-lo

de volta.

 

Abraçou mais forte a fadinha, sentindo a textura aveludada de suas

asas delicadas. E assim, entre lágrimas e aconchegada no abraço de uma

fada, adormeceu.

 

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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