Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada
Blanca acabara de tomar um copo de água na sala de Christian e
Maite. Estavam todos atônitos e simplesmente perdidos. Ninguém dizia
nada e Christian andou pela sala com passos pesados.
– Eu sinto muito, Blanca... – murmurou Maite, apertando as mãos
da mulher que ainda não levantara os olhos do chão.
Blanca apertou de volta a mão de Maite, sabendo que a mulher
também estava sofrendo. A fadinha que ela criava também tinha sido
levada.
– Como ninguém viu essas criaturas se aproximando assim da Vila?!
– disse Christian, sentindo a necessidade de brigar com alguém.
– Eles estavam invisíveis – respondeu Marcos.
Eles olharam para ele.
– Eu vi um surgir literalmente do nada. Eles podem fazer isso?
– Alguns podem... – respondeu Christian, tentando pensar.
Houve alguns segundos de silêncio, até que Marcos fez a pergunta
que ninguém queria ouvir, a voz com um leve desespero.
– O que fazemos agora?
Foi então que Blanca se levantou e secou as últimas lágrimas do
rosto.
– Agora, fazemos o que tem que ser feito. Manteremos o plano.
Vamos até a Floresta Perdida e achamos o Fauno. Se ele pode nos dizer
onde está Chris, pode nos dizer onde estão Dulce, Fernando e Eileen.
Então ela se virou para Maite e Christian, nitidamente abalados
também com a perda súbita.
– E nós vamos trazê-los de volta. TODOS eles!
Blanca e Marcos montaram nos cavalos brancos e receberam mapas,
provisões e instruções para chegarem à Floresta Perdida. Despediram-se e
partiram. Maite lhes deu mantos para que usassem, pois o anoitecer
costumava ser frio em algumas regiões. Eles se afastaram da Vila e
seguiram pela estrada em silêncio.
Depois que partiram, Christian franziu o cenho. Havia algo que não
estava batendo. Maite tocou-lhe gentilmente o ombro, vendo que algo o
aborrecia.
– Trolls não costumam atacar de dia... – disse ele.
– Podem estar mudando os hábitos.
Eles deram um passo na direção da casa e Christian parou novamente,
como se algo se revelasse.
– Eles não teriam atacado! – disse. – Fernando estava com as vestes de
um Feiticeiro da Lua Negra, eles não se arriscariam a atacar... A não ser
que...
– ...Soubessem quem ele era – completou Maite. – Soubessem quem
eles são!
– E estivessem justamente atrás deles!
Foram arrastados por uma floresta escura que foi ficando cada vez
mais fechada, até que foram jogados num buraco. Fernando e Dulce foram
jogados primeiro e ele não pôde deixar de reprimir um gemido com o
tombo, pois por mais que tentasse disfarçar, ainda estava ferido.
Dulce
sabia como cair, e nem se arranhou. Quando jogaram a fadinha, Fernando se
levantou o mais rápido que pôde e a segurou, antes que caísse e se
machucasse. A menina agarrou seu pescoço num pranto convulsivo, e ele
tentou acalmá-la, enquanto se aproximava de Dulce.
Apesar de não ter se ferido com a queda, Dulce estava tonta e
dolorida. Dessa vez, não teve a dádiva de perder os sentidos, nem de ter
alguém que pudesse curar suas feridas antes mesmo de acordar. Levantouse,
verificando os ferimentos que as garras fizeram ao carregá-la.
– Eu odeio essas coisas feias... – resmungou.
Um som de ranger chamou a atenção deles. Foi então que
perceberam. Não era um simples buraco. Era um senhor buraco! O ranger
vinha de uma porta que se abria, grande o bastante para passar um touro.
Ou algo tão grande quanto.
Fernando protegeu a filha com o próprio corpo, ainda segurando a fada
no colo e se afastou da porta que abria. Esperava que não saísse dali uma
coisa feroz e cheia de dentes pronta para estraçalhá-los, porque não tinha
sua espada, não tinha uma faca, não tinha nem um palito de dentes consigo.
Só estavam esperando o almoço! Como saberia que precisaria de todo o seu
arsenal?A porta terminou de abrir. Da escuridão, surgiu uma criatura magra
e esquisita. Um troll, com certeza, mas este tinha um olhar diferente... Um
olhar inteligente. O troll, pouco mais alto que Fernando, mesmo andando
ligeiramente curvado, deu alguns passos, observando-os de cima a baixo.
Então, com um movimento de mãos, chamou-os para a porta. Fernando e
Dulce se entreolharam. A criatura repetiu o movimento, já um pouco
impaciente. Mais quatro trolls armados com porretes apareceram na porta.
Fernando e Dulce não pareciam ter muita escolha.
Seguiram lentamente por um corredor escuro e largo. Tochas
iluminavam o caminho no chão de pedra. Até que chegaram a uma cela,
para onde foram encaminhados. Era um lugar úmido e frio e demoraram
um pouco para se acostumarem ao cheiro de mofo. Naquele lugar, ficaram
durante algum tempo.
Fernando deixou Eileen com a filha e pôs-se a andar de um lado para o
outro, verificando a firmeza das grades. Fazia muito tempo desde que ficara
numa cela bem parecida em Loudun e as memórias daquela época não lhe
caíram muito bem. Loudun era um lugar que ele fizera um enorme esforço
para esquecer.
Dulce tentou inteirá-lo do pouco que sabia sobre os trolls e
do que acontecera da última vez em que fora capturada por uma horda
deles. A passagem sobre ter que brigar numa arena com um dragão de mau
humor fez Fernando arregalar os olhos por alguns instantes, e então continuar
tentando forçar as grades na esperança de que algumas das barras
pudessem estar podres.
Poucas horas depois, três trolls armados foram até sua cela. O troll
magrelo de olhar malicioso os acompanhava. Ele usava uma espécie de
túnica com pequenos ossos pendurados que chocalhavam enquanto ele
andava.
Eileen, assustada, se agarrou no pescoço de Fernando, que se levantou
com a menina no colo. Abriram as portas e compreenderam que deviam
acompanhá-los. Fernando buscou com os olhos alguma oportunidade de
desarmar um guarda e fugirem, mas quando se está com uma adolescente e
uma criança, a miríade de planos de fuga possíveis diminui um bocado.
Passaram por um grande salão, repleto de trolls de todos os
tamanhos. Eles estavam trabalhando. Consertavam espadas e alguns
pareciam estar treinando desajeitadamente com martelos, foices e outras
armas. Trolls fêmeas incrivelmente feias ergueram os olhos de suas
costuras para eles enquanto passavam.
– Credo... – murmurou Fernando. – Isso aqui parece um tremfantasma...
Seguiram por uma ponte que ligava um salão ao outro. Abaixo da
ponte, um lençol d’água supria água para todos. Sua superfície espelhada
era negra e podia-se ouvir seu canto discreto.
Do outro lado, passaram por
dois trolls que mediam quase três metros e pareciam guardar alguma coisa
muito importante atrás de uma porta. E foi nessa porta que o troll magrelo
bateu.
Ferrolhos do outro lado foram retirados e a porta se abriu
pesadamente. A criatura entrou. Eles acharam que era melhor segui-la. Os
trolls da porta os olhavam de uma forma assustadora.
Entraram num salão onde dois outros trolls guardavam a porta do
lado de dentro. O salão possuía tapetes e baús repletos de ouro, joias e
tecidos. Uma mesa estava repleta de frutas e iguarias, aparentemente,
intocadas.
A criatura fez um gesto para alguém sentado num trono escuro.
Os olhos deles ainda não tinham se acostumado o bastante para ver quem
estava lá e a luz não o alcançava.
– Majestade! Trouxemos uma coisa que pode lhe agradar! – disse a
criatura. – Um presente que certamente o deixará feliz!
Houve um movimento no trono, como se alguém levantasse a cabeça
em interesse.
O troll magrelo agarrou Dulce pelo braço e a puxou para frente.
Fernando tentou impedir, mas um dos trolls guardas o segurou.
– É essa é a humana que desejas? Nós a trouxemos para vossa
majestade. Se não for do seu agrado, podemos dá-la a outros. Também
trouxemos esses dois.
O troll se voltou para Fernando e arrancou-lhe a fadinha dos braços.
Ele resistiu, mas o troll que o segurava torceu seu braço e empurrou sua
cabeça, forçando-o a ficar de joelhos. O troll magrelo pegou a menina-fada e
a mostrou para o rei.
– Sabemos como sempre gostaste de arrancar asas dessas
criaturinhas! Eis aqui uma para o seu gosto! E quanto ao homem, bem, ele
luta bem. Dará uma ótima diversão para os homens em treinamento!
Dulce olhou em volta e só viu paredes de pedras. Suas pernas
começaram a tremer. Não conhecia outra saída senão aquela por onde
entraram. As coisas estavam ruins. Bem ruins.
O rei levantou-se do trono e desceu os três pequenos degraus que o
separavam da luz.
A fadinha parou de chorar. Dulce parou de respirar. Fernando parou
de pensar. Diante deles, com uma coroa de ouro na cabeça, Chris os olhava.
– A mulher me interessa – disse ele. – Quanto aos outros, coloquemnos
numa cela e que ninguém os toque. Já tenho planos para os dois.
O troll magrelo sorriu e deu ordens para que soltassem Fernando ao
mesmo tempo em que ele próprio soltara a fadinha, que correu para os
braços do homem que se levantava. O troll guarda arrastou Fernando para
fora. Ele e Dulce ainda se olharam, mas não houve nada que pudessem
fazer.
– Kajinski, mande o guarda esperar lá fora! – disse o rei.
O troll magrelo se virou e o olhou com aqueles pequenos olhos
vermelhos de roedores de forma inquisidora.
– Temo que não seja possível, majestade...
O rei se aproximou e o olhou duramente.
– Eu preciso de privacidade. Eu quero que ele espere lá fora.
Kajinski pareceu analisá-lo por alguns momentos. Então, deu seu
sorriso sem lábios e fez uma reverência com a cabeça. Virou-se e deu uma
ordem para o troll sair. Quando ele saiu, o troll foi junto, e a porta foi
fechada por fora.
Vendo-se sozinho, o rei se aproximou de Dulce. E então a abraçou.
– Você veio!... – disse ele, a voz trêmula.
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Autor(a): vondynatica
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 8
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vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26
Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada
-
vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31
Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada
-
kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13
Continua!!!!
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kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44
CONTINUA
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candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47
CONTINUA
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candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14
CONTINUA