Fanfics Brasil - Capítulo 16 - A Fuga O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 16 - A Fuga

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Ela o abraçou de volta e ficaram assim por alguns segundos, até que

ele a soltou. Então ela o olhou e de todas as palavras que pensou que diria

quando o encontrasse, não esperava que fossem essas:

 

– Mas que diabo!!!

 

Ele tentou explicar. Retirou a coroa pesada e desconfortável da

cabeça e a jogou num canto.

 

– Eles me trouxeram para cá e estão tentando me convencer de que

sou um deles, de que sou o único herdeiro do trono de uma tal de Corte

Unseelil! Eu estava apavorado demais pra contrariá-los, então estou

fingindo. Mas Kajinski é muito esperto! Ele não está confiando em mim!

 

Dulce queria não pensar nisso agora, mas era a única coisa que lhe

vinha à mente.

 

– Então é você mesmo!...

 

– O quê? – ele se virou para ela sem entender.

 

– Você é Christopher! Eles sabem! Por isso o trouxeram pra cá!

 

– Dulce, você já viu essas criaturas? Eu vi uma gritando palavrões

para o fogo porque se queimou! Vi outra conversando com uma

samambaia! Não são exatamente criaturas brilhantes! Poderiam ter trazido

um manequim de loja no meu lugar e nem iam notar.

 

Dulce tentou se concentrar no problema mais premente. A mesa de

comida chamou sua atenção.

 

– Você comeu ou bebeu alguma coisa?

 

– Não... – respondeu, ele, parecendo exausto. – Eu li naquele livro

que você me emprestou que não se deve fazer isso ao visitar o mundo das

fadas...

 

– Há quanto tempo você está aqui?

 

– Não sei... Eles me trancaram aqui desde que cheguei, não sei

quando é dia ou noite... Parecem dias...

Ele se sentou no degrau diante do trono, nitidamente exaurido.

 

Dulce se aproximou dele e retirou do pescoço uma garrafinha. Era a

garrafinha que o Urisk lhe dera da outra vez e que guardara com muito

carinho. Aquela garrafinha, ou melhor, seu conteúdo, mudara tudo. Como já

possuía o formato ideal para ser carregado num cordão, Dulce achou que

seria sábio colocar a água das asrais dentro dele. Ela não sabia o quanto

estava certa.

 

– Tome! – disse ela. – Beba isso!

 

Ele a olhou confuso.

 

– É a água encantada das asrais! – explicou ela. – Tomando isso, você

fica imune à regra da comida e bebida e pode comer e beber o que quiser

deste mundo.

 

Ele pegou a garrafinha e retirou a tampa. Olhou pra ela mais uma

vez e ela lhe deu um olhar confiante. Então ele bebeu todo o conteúdo.

Assim que terminou, levantou-se e olhou para a mesa repleta de frutas e

jarras de cerâmica cheias de água fresca.

 

– Vá comer e beber! – ordenou ela. – Nós vamos sair daqui e não

quero você desmaiando de fome no caminho!

 

Chris correu para a mesa e bebeu água direto da jarra, deixando-a

escorrer pelo rosto. Pegou a primeira fruta que viu e comeu, misturando

com um pedaço de pão que pegou com a outra mão. Se engasgou quando

ouviu um grito. Virou-se com a boca cheia e viu Dulce jogando coisas e

gritando.

 

– NÃÃO!!! PARE!!! EU NÃO QUERO!!! AAAAAAH!! ME DEIXE EM

PAZ!!!!

 

– O que está fazendo??? – disse ele, cuspindo farelos.

 

– Ganhando tempo! – sussurrou ela, fazendo um movimento com as

mãos para que ele continuasse comendo.

 

Então, gritando como se estivesse sendo atacada, Dulce revirou os

baús repletos de saques, jogando as coisas pelo chão e procurando algo que

pudesse lhe ser útil. Dulce temia que Kajinski desconfiasse se ficassem

tempo demais em silêncio e entrasse a qualquer momento. Ela precisava

convencê-lo de que Chris era o que ele queria que ele fosse, e isso requereria

mais do que a péssima interpretação de Chris.

 

Dulce achou uma espada, grande e pesada demais para que ela

pudesse usá-la, mas ideal para seu pai. Achou também uma sacola de

moedas de ouro.

 

Ainda gritando, e sentindo-se uma maluca, Dulce levantou a saia.

Chris continuou comendo e bebendo água para empurrar. Precisou parar

quando viu a moça levantando a saia de costas para ele e amarrar uma

espada em uma das pernas. Engoliu o que estava comendo e esperou que

ela não fosse maluca como estava parecendo naquele momento, ou iam

acabar todos mortos. Dulce foi até a mesa, ainda gritando, e escolheu

algumas frutas escuras. Deu uma dentada e passou a fruta mordida em

partes do corpo. Puxou a parte de cima do vestido de forma que os ombros

ficassem nus.

 

– O que você está fazendo, pelo amor de Deus??! – perguntou ele, um

tanto chocado.

 

– Confie em mim! – respondeu ela.

 

Os dois trolls de três metros com clavas gigantes cheias de pregos se

entreolharam quando ouviram alguém bater na porta. Ouviram a voz do rei

mandando-os abrir aquela porta imediatamente. 

 

Hesitaram, mas a

insistência e a firmeza da voz do rei terminaram por convencê-los. Abriram

a porta e de lá saíram o rei e a moça que lhe entregaram. Ela estava

descabelada, com várias marcas pelo colo nu e mantinha a cabeça baixa

enquanto abraçava a si mesma. O rei a segurava firmemente pelo braço.

 

– Acabei de saber por esta humana estúpida que temos um traidor

entre nós! – disse o rei.

 

Os trolls se entreolharam de novo e Chris temeu que eles nem

estivessem entendendo o que estava lhes dizendo. Procurou parecer

indignado.

 

– Kajinski é um traidor! Ele está armando uma conspiração! Quero

que o tragam aqui imediatamente!

 

– Kajinski manda! – disse um dos trolls.

 

– Kajinski é o rei? – perguntou Chris.

 

Os trolls pareceram confusos.

 

– Isso mesmo! EU sou o rei! E Kajinski é um traidor! Tragam-no

aqui! Eu o quero na sala do trono AGORA!

 

Os trolls deram um passo hesitante para trás.

 

– VÃO!

 

E o grito de Chris foi o bastante para convencê-los de vez. Os trolls

correram pelos grandes corredores em busca de Kajinski, deixando o rei

prisioneiro e sua humana livres.

 

Assim que viraram as costas, Chris desmontou, respirando e se

apoiando na parede.

 

– Acho que vou vomitar... – murmurou ele.

 

– Vomita depois! – disse Dulce, ajudando-o a seguir em frente. – E

volte para o seu personagem! Você precisa ser rei dos trolls por mais

alguns minutos.

 

Chris respirou fundo e se empertigou, tentando disfarçar o fato de ter

pavor daquelas criaturas. Estava com a mesma roupa com que chegara,

mas usava a coroa rústica de ouro puro e um pesado manto de pele negra

de algum animal. Caminhou arrastando Dulce pelo braço e Dulce voltou a

se portar como uma escrava abatida. Eles passaram por alguns corredores

e logo encontraram um troll que parecia estar de guarda. Este, felizmente,

ultrapassava apenas um pouco a altura deles, embora fosse tão feio quanto

os outros.

 

– Guarda! Preciso ter com os outros prisioneiros! Leve-me até eles!

 

O troll hesitou, olhando para os lados, talvez buscando a presença de

Kajinski para confirmar essa ordem do rei que nunca saíra da sala real.

 

– AGORA!!! – gritou Chris, assustando o troll. – Ou você vai querer

irritar seu rei?!

 

O troll então os guiou por outros corredores, felizmente desertos,

até chegarem num corredor mais escuro. Talvez pelo tamanho dos trolls

maiores, não havia corredores estreitos ou salas pequenas por ali. Tudo era

grande. Grande e opressor. Caveiras de animais e humanos enfeitavam as

paredes e as tochas davam um ar assombrado ao lugar.

 

Havia uma cela com grades e, dentro dela, Fernando estava sentado

recostado na parede, ninando a fadinha e tentando acalmá-la. Arregalou os

olhos quando viu Chris trazendo sua filha de ombros nus e cabisbaixa.

 

– Me dê as chaves! – ordenou Chris para o troll.

 

O troll lhe entregou as chaves, embora parecesse confuso.

 

– Há outra saída?

 

O guarda lhe explicou como chegar lá.

 

– Muito bem, guarda! – respondeu Chris. – Vá até a sala do trono e

sirva-se da mesa real! Há bom vinho lá!

 

O troll arregalou os olhos e concordou com a cabeça, saindo

correndo a seguir. Chris abriu rapidamente o cadeado e ele e Dulce

entraram. Quer dizer, Dulce entrou. Chris foi arrastado pelo pescoço para

dentro por um Fernando muito, muito zangado.

 

O homem o agarrou pelo pescoço e o jogou com violência contra a

parede da cela.

 

– O que você fez com minha filha? – rosnou ele.

 

Chris responderia, se pudesse. Sentiu o ar faltar e se debateu,

tentando se livrar de Fernando, que, por sua vez, demorou para perceber que

sua filha pulava em seu braço, pedindo para parar. Quando finalmente

olhou para ela, percebeu que ela estava tirando os hematomas

simplesmente esfregando as mãos sobre eles. E somente então ele

conseguiu ouvi-la.

 

– Estamos fingindo! Estamos fingindo! É só um truque para

fugirmos!

 

Fernando ainda demorou alguns segundos para assimilar a notícia.

Olhou desconfiado para o rapaz que estava estrangulando, até finalmente

soltá-lo. Chris se apoiou na parede com a mão no pescoço, as pernas dobrando,

tentando recuperar o fôlego. 

 

Dulce abraçou o pai e Eileen, mas sabia que

não tinham muito tempo. O plano era frágil e contava unicamente com a

burrice dos trolls. Assim que Kajinski entrasse em cena, possivelmente

estariam novamente em desvantagem. Dulce levantou a saia, revelando a

espada amarrada na perna direita. Desamarrou-a e entregou-a ao seu pai.

 

– Muito bem! – disse Fernando, consertando o vestido da filha e

cobrindo seus ombros com um olhar acusador. – O plano de vocês continua

a partir daqui ou temos que improvisar?

 

– As duas coisas, acho... – respondeu Dulce.

 

Saíram da cela e seguiram o caminho contrário de onde vieram. O

guarda disse que havia uma saída usada para os prisioneiros descendo o

corredor das celas até o final, passando pelo salão da comida. Eles não

sabiam o que era o salão da comida, mas imaginaram que fosse um lugar

onde estocavam alimentos.

 

Seguiram pelos corredores escuros. As celas estavam vazias, para

seu alívio. Não gostavam da ideia de mais alguém estar nas garras daqueles

monstros. O lugar ficou mais escuro, fazendo com que eles diminuíssem o

passo. Acharam uma porta. Chris tentou abri-la.

 

– Trancada! – constatou.

 

Fernando o afastou e com um único golpe de espada quebrou a tranca e

abriram a porta, para se depararem com uma centena de trolls se

alimentando como animais. Todos pararam para olhar para eles.

 

– Ah... – deduziu Dulce. – A sala da comida é o refeitório...

 

Chris passou a frente de Fernando e entrou, com o rosto altivo.

 

– Continuem, trolls! Só estou passando para inspecionar!

 

Então eles foram passando ante os olhares curiosos dos trolls. Eles

comiam em longas mesas de madeira com pratos de madeira e canecas de

metal. Ossos de animais estavam espalhados pela mesa e carcaças estavam

jogadas ao chão. Estavam no meio do caminho quando ouviram uma voz

atrás deles.

 

– Os humanos enfeitiçaram nosso rei! Detenham-nos!

 

Eles se viraram e viram Kajinski apontando-lhes o dedo ossudo com

os dois trolls de três metros de pé atrás dele. Dulce, que trazia Eileen pela

mão, imediatamente pegou o saco de moedas de ouro e quando os trolls

que comiam começavam a se levantar para atacá-los, ela jogou punhados

de moedas no meio deles.

 

– Um presente do seu rei generoso!!! – gritou ela.

 

Os trolls saltaram em cima das moedas, se atracando e brigando

entre si para ficar com uma. Com uma ordem de Kajinski, os dois guardas

correram atrás deles. Enquanto eles mesmos corriam para a saída, Dulce

ia jogando moedas no caminho atrás deles, fazendo com que trolls

ambiciosos atrapalhassem a passagem dos dois guardas.

 

Um terceiro guarda de três metros surgiu diante deles quando

estavam a apenas alguns passos da porta. Fernando assumiu a frente e atacouo

com a espada. O guarda era grande, porém pesado. Sua clava passou

raspando por eles nas duas vezes em que tentou. Fernando precisava tirá-lo

do caminho, antes que os outros dois guardas chegassem.

 

 Deu-lhe um corte

na perna que irritou a criatura e então Fernando deu vários passos para a

direta. Furioso, o troll partiu para cima dele, que gritou para os outros

passarem pela porta. Dulce hesitou, mas Chris a puxou e eles passaram.

 

– Não podemos deixá-lo para trás! – gritou Dulce, parando assim

que entraram num túnel escuro e úmido.

 

Chris parou também, ofegante, e esperaram alguns segundos. Ouviram

passos apressados de alguém correndo. Não eram passos pesados, mas de

um humano comum e respiraram aliviados ao ver o rosto de Fernando.

 

– O que estão fazendo aqui?? Corram!

 

O caminho foi ficando cada vez mais escuro, até que a voz de Eileen

foi ouvida.

 

– Estrelinha, estrelinha, que ilumina a noite escura, me dá sua luz

agora e manda a escuridão embora!

 

Então ela bateu palminhas e, antes de acharem aquele versinho

muito bonitinho, ela mesma se iluminou, jogando luz no caminho.

Correram pelo único caminho possível. O lugar estava mais úmido e

havia um barulho conhecido.

 

– Isso é água? – perguntou Dulce.

 

Chegaram finalmente a um grande rio subterrâneo. Pararam,

ofegantes, e olharam em volta.

 

– O que é isso? – perguntou Dulce, colocando Eileen no chão

ofegante.

 

– Acho que é um rio! – respondeu Chris, que tinha perdido a coroa na

correria.

 

– Eu sei que é um rio, seu idiota, eu quero saber por que ele está

aqui! – Dulce perdeu a paciência. – Isso aqui era pra ser uma saída para os

prisioneiros!

 

– Peraí... – pensou Fernando. – E desde quando os prisioneiros saem?

 

– Quando morrem!

 

Todos olharam para quem deu a resposta. Atrás deles alguns

metros, Kajinski sorria vitorioso.

 

– Isso sempre foi prático! Quando os prisioneiros morrem, é só jogar

os corpos que o rio dá seu jeito. Agora, que tal voltarem conosco agora?

Trolls do tamanho de humanos normais passaram por Kajinski e

Fernando ergueu sua espada. Com dois golpes circulares muito rápidos,

derrubou dois. O terceiro, no entanto, conseguiu atingi-lo com uma clava.

Fernando perdeu o equilíbrio e esbarrou em Chris. Os dois caíram na água.

 

Apavorada, Dulce fez a única coisa que achou que poderia fazer. Um dos

trolls saltou em sua direção e ela agarrou Eileen e saltou na água abraçada

à menina, segundos antes de um troll quase agarrar seu vestido. 

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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