Fanfics Brasil - Capítulo 18 - Meu Querido Pônei O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 18 - Meu Querido Pônei

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A água fria foi um choque, mas não tanto quanto a violência

crescente da correnteza. Engoliram água enquanto se debatiam, tentando

se manter respirando. Era tudo escuridão, o que só aumentava o pânico da

situação. Ouviram gritos uns dos outros, abafados pelo som das águas que

os levavam, mas não conseguiam se localizar.

 

Até que caíram.

 

A queda foi inesperada e, por isso mesmo, assustadora. O rio

desembocou numa cachoeira e eles foram lançados com milhares de litros

de água gelada no ar. Caíram em águas profundas que continuavam

arrastando-os com força. Dessa vez, no entanto, tinham a luz do sol.

 

Fernando não viu a filha, mas localizou imediatamente a menina fada

se debatendo na água. Preocupou-se imediatamente, imaginando porque a

filha teria soltado a menina e se ela estaria bem. 

 

Nadou a favor da corrente

para alcançar a menina que começava a afundar. Alcançou-a um segundo

antes da criança desaparecer de vez. Puxou-a para si e a fadinha o abraçou,

soluçando um choro de desespero. Fernando continuou sendo levado, e

começou a gritar o nome da filha.

 

Não demorou muito, localizou a moça sendo levada um pouco a

frente, mas a vários metros dele. Mais ao lado, viu o rapaz e tranquilizou-se.

Sua tranquilidade durou apenas meio segundo. O rio estava se alargando e

os jovens estavam se afastando cada vez mais dele. 

 

Segurando a menina,

não podia nadar até eles e, com a força da correnteza, também não podia se

segurar em nada. Concentrou-se em fazer a única coisa que podia. Salvar a

menina e salvar a si mesmo. Para isso, precisava sair da água.

 

Dulce engoliu água feito uma louca. Quando a correnteza ficou

hostil, fazendo nós dentro da água, não conseguiu segurar Eileen e se

desesperou. Acabou engolindo mais água do que podia e quando achou que

não conseguia mais respirar, foi lançada pelos ares.

 

 Caiu novamente na

água e não teve forças para subir. Sentiu que alguém a puxava para cima,

mas só conseguiu ver Chris quando atingiram a superfície.

Chris continuou puxando-a para a margem mais próxima. Dulce, no

entanto, tentava procurar o pai e Eileen, não facilitando o trabalho dele.

Quando os viu, próximos à margem oposta, pôde se concentrar em tentar

sair do rio.

 

As pedras lisas e escorregadias eram inúteis para tentarem se

agarrar e ainda representavam um perigo real. O desespero era tão grande

que não ligavam para o frio. Dulce sentia as pernas como se fossem de

chumbo, os pulmões queimando em busca de mais ar. Achou que não ia

conseguir, mas ouviu a voz de Chris firme ao seu lado.

 

– Vamos, estamos quase lá! Não desista!

 

Ele a puxou pelo braço e juntos alcançaram a margem. A correnteza

estava diminuindo, embora ainda estivesse muito forte. Chris agarrou um

galho providencial de uma planta ainda enraizada que serviu de apoio para

puxar Dulce. Ajudou a moça a sair e se arrastaram juntos para a margem,

respirando ofegantes.

 

 Chris tinha se livrado do pesado manto de pele assim

que percebeu que este o arrastaria para o fundo. Assim que conseguiram,

eles ergueram as cabeças, procurando por Fernando e Eileen.

 

Avistaram-nos do outro lado do rio, também em terra. Com um

aceno, Fernando informou que estavam bem. Já de pé, Chris enviou a mesma

mensagem.

 

 Dulce nem conseguiu se levantar. Continuou deitada na relva,

ofegante, imaginando se ali teria ar o suficiente para que ela voltasse a

respirar normalmente algum dia de novo. Chris se ajoelhou ao lado dela,

também sem ar. Ela percebeu que ele se ajoelhou porque as pernas

falharam, mas fingiu que não viu.

 

– Você está bem? – perguntou ele.

 

Ele estava contra o sol, a água pingando dos cabelos e rosto

molhados. Dulce gostaria de ter tido um segundo a mais para admirá-lo.

Mas seus olhos foram atraídos por algo muito mais emergencial atrás dele.

 

Ela balbuciou alguma coisa que ele não entendeu. Dulce se levantou

e foi até a margem, abanando os braços freneticamente para que seu pai a

visse. Fernando e Eileen logo perceberam que havia algo de errado. Dulce

apontou para um ponto distante onde uma estranha nuvem parecia se

erguer perto de uma montanha.

 

Eles apertaram os olhos e perceberam que a nuvem se movia. E

crescia. E rápido. Dulce fez um novo movimento com os braços, gritando o

mais alto que pôde e esperando que o recado chegasse.

 

– Fujam!!! E se escondam!!!

 

Fernando não hesitou. Confiava que Dulce sabia o que estava fazendo

e que ela e Chris sobreviveriam sem ele, como já o tinham feito antes. Pegou

Eileen no colo e correu, sentindo as pernas doerem com o esforço feito na

água. Dulce ainda os viu se embrenharem na mata e puxou Chris, que

parecia paralisado vendo a nuvem de trolls crescer ao longe.

 

– São tantos!... – murmurou. – Como podem ser tantos?!...

 

– Vamos! Temos que arrumar um lugar para nos escondermos!

 

Eles correram pela relva até entrarem em um bosque onde as copas

das árvores escureceram prematuramente o dia. Dulce sabia que tinha

poucos minutos para se esconderem e procurava, enquanto corriam, uma

caverna ou algo parecido. No entanto, tudo o que via eram árvores.

 

Asas batiam violentamente, provocando ventanias desconexas e

caóticas. Um troll de quase dois metros e braços mais longos que as pernas

pousou na terra escura do bosque. 

 

Outros dez trolls pousaram a alguns

metros dele. Árvores o cercavam e a terra era fofa e fria, embora seus pés

grandes e calejados não se importassem com isso. Apoiou o pé num tronco

velho caído coberto por musgo e pequenas trepadeiras.

 

– Kajinski os quer vivos! – gritou ele, com voz rouca. – Mas não se

importa se estiverem feridos! Se resistirem, machuquem!

 

O troll olhou em volta com seus olhos amarelos e uma carranca

irritada.

 

– Nada aqui! – reportou um.

 

– Nada aqui! – reportou outro.

 

E uma onda de “nada aqui” reverberou. O troll se irritou ainda mais

e chutou o tronco morto. Pequenas aranhas correram e raízes de

trepadeiras foram arrancadas. O tronco rolou alguns metros, até parar num

declive.– Vamos!

 

Asas bateram mais uma vez e as folhas das árvores se agitaram.

Alguns frutos caíram quando as criaturas passaram, mas em alguns

segundos, tudo voltou a mergulhar no silêncio. E assim tudo permaneceu

por mais algum tempo.

 

Até que duas pessoas cobertas de musgo saíram de dentro do

tronco. Dulce começou a pular assim que se viu livre da velha casca,

batendo em si mesma para se livrar das aranhas que percorriam seu corpo.

 

Chris fez o mesmo, mas sem nenhum terror. Não tinha nada contra aranhas.

 

– Espero que seu pai tenha arranjado um lugar... – disse ele,

arrependendo-se antes de terminar a frase. Não queria preocupar Dulce a

toa. E se Fernando não tivesse conseguido, que bem teria feito ele mencionar

isso e o que eles poderiam fazer?

 

Mas Dulce mal olhou para ele e não pareceu preocupada.

 

– Meu pai está bem – disse ela.

 

Chris a olhou confuso. Como ela poderia saber disso?

 

– Eu conheço meu pai! – explicou ela. – Ele é osso!

 

Eles se puseram a andar novamente numa direção diferente da que

tinham tomado os trolls. Não queriam correr o risco de esbarrar com eles.

 

– Obrigada! – disse Dulce, assim que começaram a caminhar.

 

– Pelo quê?

 

– Por ter me salvado lá no rio.

 

– Ah!... Não foi nada! Você acaba de nos salvar dos trolls, então

estamos empatados.

 

– Você foi muito valente!

 

– Não, não fui – riu ele. – Se estivesse no meu quarto sozinho, estaria

chorando embaixo do cobertor.

 

Dulce riu. Era divertido ver Chris sem toda aquela pompa que ele

tinha, sem a certeza do que estava fazendo. Ele parecia assustado e

vulnerável. Não se parecia com o anjo arrogante que sabia exatamente para

onde ir. Achou que falar um pouco sobre quem ele foi poderia ajudar.

 

– Sabe? Você me salvava o tempo todo quando viemos aqui da

primeira vez.

 

O rapaz a olhou com os olhos azuis brilhantes que não revelavam

muita coisa. Na verdade, não revelavam nada.

 

– Hm... – respondeu ele, voltando a olhar para o caminho diante dele.

 

– Quando enfrentamos Jack, O Acorrentado, você foi incrível! Achei

que íamos ser esmagados e nossas cabeças seriam penduradas na cintura

daquele monstro. Você nem imagina o medo que senti quando vi que as

cabeças gemiam, que estavam vivas! Sabe o que isso significa?

 

– Não... – respondeu ele secamente.

 

– Que se ele nos pegasse, penduraria nossas cabeças e ainda

estaríamos vivos! Passaríamos a eternidade vendo o mundo da cintura de

um gigante. E ele fedia! Mas você abriu suas asas e foi incrível!

 

Caminharam por cerca de meia hora, talvez mais. O sol começava a

dourar as folhas cor de outono e o bosque começava a mergulhar na

escuridão da noite que se aproximava. 

 

Dulce não parara de falar, sem

parecer se importar com as respostas monossilábicas de Chris e, apesar da

animação dela em reviver as aventuras do passado, estavam cansados e a

perspectiva de não terem um lugar para passar a noite os preocupou.

 

– Precisamos de um lugar pra passar a noite – disse o rapaz.

 

– Talvez encontremos o castelo de Frabato! Você foi incrível lá! Eu

achei que ia morrer de medo e você nem se abalou!

 

– Dá pra calar essa boca e se concentrar no problema? – gritou ele,

interrompendo a animada narração de Dulce.

 

A moça arregalou os olhos, espantada com a agressividade.

 

– Desculpe... – respondeu ela. – Achei que podia ajudar falar de...

 

– Falar de outro cara?! Não, não ajuda Dulce!

 

Ele deu uns passos para a frente, sem ter exatamente uma direção,

apenas para se afastar.

 

– Não é de outro cara, Chris... – respondeu ela suavemente. – É de

você.

 

Ele se virou e seus olhos brilhavam com frustração e mágoa.

 

– Não sou esse cara, Dulce! E sabe o que me magoa? É que quando

vejo a admiração que você tem por ele, quando vejo seus olhos brilharem

ao falar dele, eu gostaria de ser esse cara! Mas eu não sou!

 

– Sim, você é! Por isso os trolls o pegaram!

 

– Não, não sou! Os trolls me pegaram por estar perto de você!

 

Dulce parou de falar. Chris respirou fundo e continuou.

 

– Kajinski me disse que quando se pisa no reino das fadas, fica-se

com uma marca na aura. Por isso, eles podem achar facilmente a pessoa

quando quiserem. Ele disse que só chegaram a mim por sua causa.

 

– Isso não quer dizer que você não...

 

– Chega, Dulce! – ele deu um passo na direção dela parecendo de

novo zangado e frustrado. – Eu não sou esse cara! Eu não sou um anjo! Não

sou um herói, nem um cavaleiro de armadura brilhante num cavalo branco!

Sabe o que eu sou? Sou um funcionário dos correios que passa o dia

ouvindo reclamações dos outros! Nunca tive asas! Essas marcas são das

ferragens que arrancaram de minhas costas quando perdi minha família!

Nunca fui nada além disso que sou agora!

 

Ele parou de gritar. Dulce estava com os olhos cheios d’água.

 

– E acho uma pena que isso não seja o bastante pra você...

 

Ela viu lágrimas nos olhos dele, mas ele se virou rapidamente e

voltou a andar. E assim, em silêncio e com os corações feridos, eles

caminharam pelo bosque cor de cobre até que a escuridão tomou conta de

tudo, tornando impossível dar um simples passo.

 

– Melhor pararmos por aqui... – disse ele com voz cansada.

 

– Eu sinto muito – respondeu ela. – Não queria te magoar. Nem

quero que você seja outra pessoa. Se quiser terminar comigo, tudo bem,

mas preferia que não fizesse isso agora, porque já estou me sentindo

culpada o bastante para ainda ter que dormir pensando nisso, como se

minha noite já não parecesse promissora o bastante.

 

– Dulce – interrompeu ele. – Eu só estou dizendo que podemos

parar aqui, embaixo dessa árvore. Está escuro demais, não temos como

continuar andando sem cair num buraco. E, por mais que você resista a

esse fato, eu não tenho asas.

 

– Ok... Acho que atingi o nível máximo de constrangimento... Não

repare se eu me esfarelar agora e o vento levar os meus farelos!

 

Ele riu e esticou a mão para ela. Juntos, sentaram-se debaixo da

árvore e ele a abraçou carinhosamente.

 

– Me desculpe – disse ele com voz suave. – Eu não quis magoar você.

Só estou... cansado, frustrado e muito confuso.

 

– Esse lugar faz isso com a gente!... – respondeu ela.

 

– Durma um pouco – murmurou ele. – Eu velarei seu sono.

 

E a puxou para que ela se acomodasse no ombro dele. Dulce sorriu.

Era exatamente o que Chris faria.

Um barulho no mato os fez entrar em alerta.

 

– O que foi isso? – perguntou Dulce, começando a se apavorar.

 

O mato se agitou de novo, fazendo os dois retesarem os músculos e

se prepararem para correr, fugir ou lutar.

 

A floresta entrou em um súbito silêncio e o ar pareceu mais frio,

apesar de não haver vento. Com as costas no tronco da árvore, eles foram

se levantando, as mãos dadas apertadas, os corações acelerados com a

possibilidade de perigo.

 

Então, do mato que se movia misteriosamente, surgiu um lindo

pônei cor de mel. Para um pônei, ele era grande. Era pouco menor que um

cavalo pequeno, sua crina cor de marfim caía sobre seus olhos e pelos da

mesma cor cresciam nas patas, perto dos cascos. O pequeno animal trotou

graciosamente até eles até ficar de frente para o casal. Então, ele disse:

 

– Olá!

 

– Oi... – respondeu Dulce, sem saber o que fazer.

 

– Dulce! – ralhou Chris.

 

– O que você quer que eu faça? Ele falou comigo! – defendeu-se ela.

 

– Seus pais nunca lhe ensinaram a não falar com estranhos? E vamos

admitir, isso aí é muito estranho!

 

– Não tenham medo! – disse o pônei de novo, batendo levemente o

casco no chão. – Eu vim ajudá-los.

 

– Veio? – perguntou Dulce, confusa.

 

O animal bateu novamente o casco no chão e balançou a cabeça

como se fizesse um agrado. A crina não permitia que vissem seus olhos e

ele parecia um animal de circo.

 

– Por quê? – perguntou Chris, desconfiado.

 

– Chris! Deixa de ser antipático! – disse Dulce.

 

– Sei lá quem mandou o pequeno pônei nos ajudar! – explicou-se ele.

 

– E se for uma armadilha?

 

– Eu pareço uma armadilha pra você? – perguntou o pônei em tom

divertido.

 

Os dois o olharam envergonhados. O que um pônei poderia fazer

contra eles, afinal de contas.

 

– A floresta não é um lugar para ficarem de noite – continuou o

pônei. – Eu os levarei a um lugar seguro. Montem em mim.

Dulce e Chris se entreolharam por um segundo. O pônei se

posicionou, ficando de lado para eles. Então, ainda hesitantes, eles se

aproximaram. Chris ajudou Dulce a subir. Então, ele subiu atrás dela e o

pônei começou a trotar.

 

Os trotes eram meio duros, mas eles não iriam reclamar. Já era um

grande favor que o pônei lhes desse uma carona para um lugar seguro. Chris

olhava em volta, vendo pequenos brilhos na vegetação. 

 

A Lua surgiu no céu,

pela metade como a vida de muita gente, e iluminou um pouco o mundo

com sua luz perolada. Havia algo que incomodava Chris, mas ele não

conseguia discernir o que era. Até que Dulce disse algo que apontou o que

estava errado.

 

– Que silêncio!

 

Imediatamente, algo dentro dele sinalizou que havia algo errado. E

nesse exato momento, o pônei parou de trotar e começou a correr.

 

 

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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