Fanfics Brasil - Capítulo 19 - Um Velho Amigo O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 19 - Um Velho Amigo

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O vento era gelado e cortava seus rostos como lâminas de espadas

numa guerra no inverno. Dulce se agarrava ao animal gritando para ele

parar, mas só ouvia como resposta um relincho assustador que se parecia

com uma gargalhada demoníaca.

 

 Galhos passaram por eles, arranhando

seus rostos e braços, até que, num movimento brusco, o animal parou,

jogando os dois jovens vários metros a frente.

 

Chris e Dulce deram várias cambalhotas até pararem em um terreno

úmido e pegajoso. Foi Dulce a primeira a perceber que a viscosidade do

chão em que foram atirados era também rubra. 

 

Seu grito se misturou ao de

Chris ao verem o belo cavalo que conheceram crescer diante deles. Seus

olhos eram vermelhos como lanternas flamejantes e sua bocarra se alargou

de uma maneira que não parecia possível, revelando dentes tortos e

disformes.

 

Apavorados, os dois se arrastaram para trás, enquanto a criatura

não parava de crescer. Dulce tentou correr, mas escorregou e caiu assim

que se levantou. Chris tentou segurá-la e caiu também. Perceberam que

estavam em algum tipo de poça. 

 

A luz da lua revelou uma poça cercada de

pedras e ossos, cuja água ainda estava vermelha de sangue e fígados e

corações estavam espalhados perto dos ossos. Eles gritaram e tentaram

sair, mas à frente deles havia apenas pedras e crânios em pilhas tão altas

que teriam que escalar.

 

Um som tenebroso os fez virar novamente para a criatura, que agora

se mantinha de pé nas patas traseiras. As patas dianteiras se mostraram

garras e a cara de cavalo, antes doce e amistosa, era agora enrugada,

descarnada e má.

 

O monstro olhou para suas presas, exibindo uma espécie de sorriso

malicioso, babando. Parecia escolher com qual dos dois ia começar seu

banquete. Avançou para Dulce num salto que fez e menina esconder o

rosto de terror.

 

Dulce ouviu o grito de Chris e quando abriu os olhos, o viu em cima

dela. Ele havia saltado para protegê-la, mas agora as presas tortas da

criatura se fincavam no ombro dele. Ela olhou em seus olhos e tentou

segurá-lo quando o monstro o puxou para trás e o jogou contra as pedras e

ossos próximos. 

 

Segurou-o com uma das garras e olhou para a menina com

uma baba de sangue a escorrer pela bocarra ainda aberta em algum sorriso

demoníaco. Dulce olhou em volta, o desespero a empurrando para uma

ação. 

 

Qualquer ação. Mesmo uma ação estúpida.

A criatura voltou sua atenção para o rapaz em seu poder. Desceu a

cabeça até sentir seu cheiro. O medo sempre dava um sabor especial às

suas vítimas, como um tempero. 

 

Rasgou sua camisa e, ignorando os gritos

do garoto, se preparou para mais uma mordida na carne tenra.

Um grito horrendo se elevou acima das pedras e ossos, da água

sangrenta e das árvores mortas e mudas. O monstro que emitira o grito se

virou com olhos cintilantes de ódio e viu a moça que tinha acabado de

fincar em sua perna um osso quebrado de alguma de suas vítimas

anteriores.

 

A criatura saiu de cima de Chris devagar. Arrancou com facilidade o

osso de sua perna e o jogou longe. Caminhou lentamente na direção da

garota. Ele tinha mais de três metros e ainda estava curvado. Chris tentou se

levantar, mas a primeira mordida tinha feito um estrago terrível em seu

ombro. Virou-se e tentou de novo, a tempo de ver o monstro se

aproximando de Dulce.

 

Ela deu alguns passos para trás, sabendo que não teria a menor

chance de fugir. A criatura não falava, mas deixava claro em seu olhar que

sua vida tinha chegado ao fim. Dulce sentiu os olhos se encherem de água,

enquanto o vento frio da floresta chicoteou seu corpo e cabelos. Havia

cheiro de sangue e de morte, de sonhos não vividos e de amores que não

tiveram chance.

 

 E era ali, naquele lugar desolado, naquele pequeno mar de

ossos e pedras, que seu coração e o de Chris terminariam. Ela olhou para ele,

se arrastando na direção dela por trás daquele cavalo monstruoso de duas

patas. A única coisa que confortou seu coração é que, ao menos dessa vez,

ela não precisaria ver Chris morrer.

 

 A criatura estava mais perto e ela sentiu

seu hálito de coisas mortas. Não, ela não o veria morrer. Tentou se

concentrar nisso para dominar o terror, o medo e a tristeza imensa que

sentia em ver sua estrada chegando ao fim.

 

Um homem saltou na sua frente. Ele era alto e tinha um manto

escuro. Com um cetro nas mãos, ele traçou um símbolo no ar diante da

criatura que imediatamente retrocedeu.

 

– ADONAI!!! – gritou ele, empunhando o cetro cuja pedra na ponta

brilhou.A criatura gritou e cobriu os olhos, como se tivesse visto a própria

morte no brilho do cristal.

 

– ADONAI!!! – repetiu o homem, e o cristal brilhou ainda mais

fortemente.

 

A criatura gritou novamente e se jogou para o lado, caindo de quatro

e correndo floresta adentro. O homem ainda manteve o cetro no alto por

alguns segundos, até ver que não havia mais perigo.

 

 Dulce estava

paralisada, lágrimas já descendo pelo seu rosto. Queria dizer obrigada,

queria falar alguma coisa, mas só conseguiu emitir um soluço.

 

O homem se virou para ela e Dulce o reconheceu imediatamente.

 

– F-Fra-Frabato?... – disse ela.

 

O homem sorriu para ela.

 

– Soube que estava com problemas.

 

Eles foram até Chris, que segurava o próprio ombro ferido na

tentativa de deter o sangramento, recostado numa pedra.

 

– Quem... O que é você? – perguntou o rapaz, ao ver Frabato tentar

tocá-lo.

 

– Que memória ruim você tem, jovenzinho! – retrucou o homem. –

Quem já comeu de minha mesa e dormiu em meu castelo não costuma se

esquecer.

 

– Longa história! – explicou Dulce. – Pode dar um jeito nisso?

 

Frabato olhou o ferimento e fez uma careta.

 

– Preciso de umas ervas que estão no castelo. Vamos, eu os levo até

lá.

 

Ajudaram Chris a se levantar e ele gritou com a dor. A quantidade de

sangue preocupou Dulce, mas ela confiava em Frabato. Não sabia bem

porque, mas confiava.

 

– O que era aquilo?!... – perguntou o rapaz.

 

– Aquilo? Aquilo era um kelpie – respondeu o mago.

 

– Um??! – apavorou-se Chris. – E tem mais?!!

 

– Ah, tem! Um monte!...

 

– Odeio esse lugar... – foi o que ele disse, antes de parar de sentir as

pernas e tudo escurecer.

 

O mago o ergueu desacordado nos braços e seguiu com mais

velocidade. Dulce o acompanhou, olhando em volta para ver se a criatura

não os espreitava da floresta escura.

 

Fernando correra com Eileen pela floresta, sabendo que a nuvem de

trolls chegaria em poucos minutos. Precisava de um lugar para se esconder,

ou ao menos para esconder a menina, caso não encontrasse um lugar para

os dois.–

Ali! – disse Eileen, apontando para uma pequena área da floresta

repleta de flores.

 

Fernando hesitou. Era um lugar lindo, mas nem passava perto de um

lugar que pudesse escondê-los. Mas a menina puxou seu cabelo como se

fossem as rédeas de um cavalo e insistiu, apontando para o lugar. Sem

alternativa, ele correu para lá.

 

 Colocou a fadinha no chão e ela correu na

frente dele, apontando o meio do que seria aquele pequeno jardim natural

de dedaleiras, flores que nasciam na ponta de um caule, cobrindo-o até a

ponta, formando pequenos pinheiros de dedais coloridos.

 

 Ele foi até ela e a

menina o puxou pela mão, pedindo que se sentasse. Ele o fez, já ouvindo o

bater de asas se aproximando. Eileen pulou no colo dele e ele a abraçou.

Percebeu que estava tremendo. Seriam capturados, não tinha dúvidas

disso.

 

Trolls pousaram a alguns metros deles. Eram cerca de 15, pousando

um a um. Alguns sacudiram as árvores, enquanto outros procuravam em

moitas e amontoados de pedras. 

 

Fernando não entendia como não os haviam

visto ainda, e foi quando um troll de dentes de javali pousou bem na frente

deles. Fernando se afastou instintivamente, mas a fadinha apertou sua mão e

virou-se para ele, fazendo-lhe um sinal para fazer silêncio.

 

 Então, ele

permaneceu quieto, quase paralisado de terror, enquanto a criatura o

olhava, sem, no entanto, vê-lo. Ele sentiu o hálito da criatura, que estava

agora a menos de dez centímetros de seu rosto.

 

Prendeu a respiração por longos segundos, até que o troll

simplesmente se virou e foi embora. Os trolls se embrenharam na floresta,

deixando-os finalmente para trás.

 

Quando Fernando conseguiu respirar de novo, passou a mão na testa

fria, onde os cabelos negros se grudavam ainda molhados.

 

– Dedaleiras! – explicou Eileen, apontando para as flores. Como

Fernando continuasse sem entender, ela sorriu e continuou. – São as flores

das fadas!

 

Estava entardecendo e a visão do sol partindo era linda da ilha. Eles

estavam em um jardim suspenso do palácio de onde podiam ver toda a

beleza da Ilha. Infelizmente, nenhum deles estava prestando atenção.

Marcel ouvira todos os detalhes do que acontecera. 

 

Compartilhou com

Oisin e o Capitão Swenney o que Marcos e Marcel lhe contaram e as

perspectivas não eram boas. Trolls não costumavam liberar suas presas

sem luta. Marcel se levantou e olhou para o Sol avermelhado entre as

montanhas ao longe.

 

– Está escurecendo – disse ele, enfim. – Amanhã sairemos cedo e

iremos até o fauno.

 

– Você vai embora?

 

A voz sentida era de Oisin. Ele se virou para ela e pegou em suas

mãos, olhando em seus olhos.

 

– Preciso ir. Mas eu voltarei.

 

Ela o abraçou e eles se beijaram apaixonadamente, o que causou

espanto em Blanca e Marcos. Oisin os deixou, avisando que teriam um

banquete em uma hora. Ela parecia abalada, embora tentasse não

demonstrar. Assim que ela e Capitão Swenney deixaram o lugar, Blanca o

interpelou.

 

– Ficou maluco?!

 

– Que foi?

 

– Você a beijou! – explicou Marcos.

 

– E o que é que tem?

 

– Esqueceu das regras?! Não pode beijar ninguém desse mundo, ou

você fica preso aqui pra sempre!

 

– Não era beijar! – explicou Marcel. – Era comer ou beber! E eu não

comi e bebi nada!

 

– Seu burro! – Blanca bateu nele. – Era comer, beber E beijar!!!

 

Marcel pareceu confuso.

 

– Era?!...

 

– Era, seu idiota! – sussurrou Marcos. – E agora?! O que vamos

fazer?!

Marcel passou as mãos nos cabelos escuros e deu alguns passos.

 

Então, subitamente se virou para eles.

 

– Uma crise de cada vez! Primeiro, precisamos achar Fernando, Dulce,

Chris e a menininha! Pra isso, precisamos achar o fauno! Depois veremos

como saio dessa enrascada!

 

Então ele se sentou num parapeito de mármore onde uma hera

verde escura fazia desenhos intricados. Olhou o Sol se despedindo e

pareceu melancólico. Aparentemente, o que ele mais temia acontecera.

Estava preso ali.

 

Blanca e Marcos se sentaram ao lado dele e se abraçaram.

 

– Nós vamos dar um jeito... – murmurou Blanca. – Vai ficar tudo

bem...

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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