Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada
– Como assim vamos pegar carona em grifos?!
Chris tinha se levantado da cama, alvoroçado com o plano que se
desenvolvia na cabeça de Dulce e que ela verbalizava antes das ideias
estarem devidamente organizadas.
– A Rainha Belinda tem dois grifos e eles nos conhecem! Podemos ir
até o castelo dela e pedir para usá-los! Ou pegar emprestado...
– Roubar? – riu Frabato, tomando uma xícara de chá. – Você quer
roubar a rainha? Sério?
– Nós devolveríamos! – defendeu-se Dulce.
– Peraí! – pediu Chris. – Você está falando de grifos? Aqueles grifos
dos livros? Aqueles que comem gente?
– Mas esses são legais!
A discussão prosseguiu. No final, ir até a Rainha Belinda não parecia
uma ideia tão ruim. Dulce poderia lhe pedir ajuda. A rainha poderia lhe
dizer onde estavam seus pais e seu tio Marcos. Além do mais, poderiam
aproveitar para pedir o elixir de Tir Nan Og, o que facilitaria a vida de todo
mundo na hora de voltarem para casa.
Chris não sabia dessa parte e caiu
sentado na cama, ligeiramente sem cor, quando ela lhe explicou que
quando voltassem para o mundo deles, provavelmente já teriam se passado
várias décadas. Talvez séculos. E que provavelmente virariam pó assim que
chegassem lá. Ou septuagenários.
– Mas o Elixir de Tir Nan Og da Rainha resolve esse problema! –
explicou ela.
Chris olhou para o nada por alguns segundos. Ele precisava aceitar o
mais rápido possível o que estava acontecendo, ou acabaria tendo um
surto. O problema é que sempre que ele achava que estava se acostumando
com o cenário surreal para o qual fora arrastado, o cenário parecia piorar.
– Está bem... – disse ele, finalmente, passando a mão nos cabelos
escuros. – E onde fica o castelo dessa rainha?
– Onde o Vento Faz a Curva! – respondeu prontamente Dulce.
– Precisa ser grossa comigo?! Responde direito! Não quer falar, não
fala!
Dulce não conseguiu evitar o riso.
– É o nome do lugar! É sério!
Frabato se levantou. Tinha aquele riso divertido no rosto bonachão e
a xícara de chá vazia nas mãos.
– Façamos o seguinte. Fiquem para o almoço. Pelo menos, saiam de
barriga cheia. Se encontrarem algum kelpie no caminho, pelo menos
estarão gordinhos! Depois do almoço, vão até Belinda e peçam o favor dela.
Talvez ela os atenda. Ou talvez não. Belinda muda de humor como o vento
muda de direção.
O caminho havia sido tranquilo, até se depararem com aquela
carruagem. Ela era linda, talhada em madeira com detalhes dourados e
acobreados, pintada com base negra e desenhos em vermelho. Os cavalos
eram castanhos afogueados e pareciam ter faíscas no olhar, enquanto que o
cocheiro era um rapaz magro elegantemente vestido.
Sim, a carruagem era linda. Infelizmente, ela estava cercada por
bandidos por todos os lados e todos eles atacavam enlouquecidamente os
soldados que faziam a proteção. Certamente, havia alguém importante lá
dentro.
– Droga... – resmungou Marcel, sabendo que agora que tinham visto
aquilo, seria impossível fingir que não viram e simplesmente contornar a
confusão.
– Temos que fazer alguma coisa! – disse Blanca.
– Não, não temos! – respondeu Marcel. – Eles estão indo muito bem!
Um soldado gritou com um golpe fatal. O bandido, com barba por
fazer e um colete de couro marrom, enfiou a espada no peito do homem até
o fim e seu sorriso ao fazer isso não denotava boa índole.
Marcos e Blanca olharam novamente para Marcel. Ele fez um gesto
com a mão no ar e deu um suspiro, admitindo a derrota.
O cocheiro foi arrancado do seu posto e jogado ao chão. Havia ainda
outros três soldados de pé, lutando ferozmente, mas eram numericamente
inferiores.
Um dos soldados foi desarmado e achou que ia morrer. Viu sua
espada voar pelo ar e pousar no chão a alguns metros e agora olhava para
seu oponente que sorria um sorriso sem dentes, até que uma flecha o
acertou no peito e matou seu sorriso. O bandido olhou surpreso para o que
o atingira e caiu de joelhos, ainda perplexo.
O soldado tentou ver de onde tinha vindo a ajuda, mas teve que se
abaixar rapidamente para evitar um golpe de um machado que acertou a
carruagem. Outros golpes de espada e gritos de agonia e morte foram
ouvidos. Ele olhou em volta e viu que seus dois companheiros haviam
caído. De pé, só restava ele. A sua volta, pelo menos oito homens armados.
Tentou chegar até a espada caída, mas um homem o interpelou. Era enorme
e um soco dele o jogou para trás. Arrastou-se de costas no chão enquanto o
homem girava sua espada, vitorioso.
Foi quando uma mulher se colocou entre eles.
O bandido primeiro ficou surpreso. Depois, sorriu satisfeito com o
desafio. Ele atacou a mulher, fazendo a espada girar em arco. Ela usou sua
espada para desviar o golpe, desequilibrando-o. A seguir, antes que ele
pudesse se virar, já que era um homem imenso, ela o atacou com golpes
rápidos. Dava pra perceber que ela não queria matá-lo, apenas afastá-lo. Os
cortes não era fatais, mas doíam.
Ele tentou investir contra ela de novo e a
mesma coisa aconteceu, mas dessa vez, ele caiu de cara no chão.
Outros sons de espada eram ouvidos, com Marcel investindo contra
outros dois oponentes. O jovem soldado pegou sua espada e partiu para
atacar os outros. Flechas cruzaram o ar e acertaram mais dois. Um caiu
morto. O outro correu ferido para seu cavalo.
– Vamos embora! – gritou um dos bandidos que assumira a posição
do cocheiro e fugia com os cavalos e a carruagem.
O homem que enfrentava Blanca fez uma careta ao perceber que
teria que deixar a luta pelo meio, mas logo se afastou e correu para seu
enorme cavalo negro. O soldado se apavorou quando viu que estavam
levando a carruagem.
Saltou num cavalo e correu, alcançando rapidamente
o veículo. Um bandido à cavalo tentou acertar-lhe um golpe, mas uma
flecha no ombro o derrubou. Livre, o soldado emparelhou com a
carruagem, abriu a porta e chamou por alguém.
Blanca e Marcel os seguiram com seus cavalos e ainda puderam ver
uma mulher saltar de dentro da carruagem para os braços do soldado.
Então ele diminuiu a velocidade, até finalmente parar, deixando que os
vilões levassem seu espólio.
O soldado virou-se para a ajuda inesperada.
– Obrigado, senhores... Lhes devo mais que a minha vida.
Blanca e Marcel não puderam evitar olhar a donzela em seus braços.
Ela chorava, nervosa. Tinha os cabelos ruivos e lisos até a cintura e olhos
castanhos e enormes. Era uma menina linda, mas estava incrivelmente
assustada.
– Essa é a princesa Maeve, herdeira do Trono do Fogo.
– Princesa? – perguntou Marcel, surpreso.
– Fogo? – perguntou Blanca.
Eles voltaram para o lugar onde o ataque ocorrera. O soldado,
Fergus das Ilhas de Aran, tentava ver se podia ajudar os companheiros. A
moça fora deixada aos cuidados de Blanca, que a olhou nos olhos e disse
calmamente.
– Você está bem?
– Eles... Eles... Eles...
– Sshhhh.... Maeve, querida, você é uma princesa e será uma rainha.
Respire fundo e tente se controlar. Você precisa ser forte.
A moça respirou fundo e limpou as lágrimas, endireitando o corpo.
Marcos desceu de sua árvore a tempo de ouvir o conselho de Blanca.
– Pô, Blanca, como você é grossa! – reclamou ele. – A garota está
traumatizada!
E tentou consolar a moça, enquanto Blanca foi até Marcel e Fergus.
Pela expressão nos rostos deles, não havia boas notícias.
– Estão mortos... – disse o soldado.
– Eu lamento – respondeu Blanca.
Fergus olhou em volta e pareceu se dar conta de que faltava alguém.
– Onde está Edward?
Ele caminhou pelo lugar e pareceu desesperado. Marcos que se
aproximava com Maeve olhou em volta, sem saber exatamente por quem
procurar.
– Como é que ele é? – perguntou Marcos. – Ele brilha no sol?
Fergus não o ouviu. Parara de procurar com um olhar de desalento.
– Eles o levaram... – disse.
– Levaram quem? – perguntou Marcel.
– Um dos soldados...
– Bem, isso é bom, né? – tornou Marcos. – Significa que ele pode
estar vivo.
Fergus olhou para eles quase com raiva, achando que estavam
caçoando, mas bastou um olhar mais atento para perceber que eles
realmente não sabiam de nada.
– Aqueles homens eram traficantes de escravos. Qualquer um que
eles levem tem um destino pior que a morte – explicou ele. – São vendidos
para minas de kobolds, para donos de terra, para arenas ilegais, como
diversão em reinos selvagens. De qualquer forma, a vida como escravo é
dolorosa e infinitamente infeliz.
As árvores balançaram as copas, fazendo um chiado que permeou o
silêncio.
– Bem, o que vocês vão fazer agora? – perguntou Blanca,
percebendo que o soldado parecia perdido e a princesa parecia inútil.
– Eu tenho que levar a princesa Maeve para o castelo do Rei do
Norte – explicou ele. – Ela se casará com Boreas, o herdeiro do trono.
– Cruzes! – exclamou Marcos. – Que mundo mais 3x4! Este é o
casamento que vai salvar o reino das fadas de uma guerra, não é?
– É.
– Muito bem... Para onde vocês estão indo? – perguntou Blanca,
tentando administrar a situação inesperada.
Era muita informação e Chris estava lidando com aquilo da melhor
maneira que podia. Uma menina de cabelos crespos continuava olhando
para ele durante o almoço.
Ele sorriu para ela e ela sorriu de volta. Antes da
sobremesa ele descobriu que estava num castelo assombrado e que todos
ali estavam mortos. Isso poderia ter destruído seu apetite para sobremesa,
mas em dado momento, Chris aprendeu a deixar pra lá.
Quando terminaram, se encontraram no jardim onde belas rosas e
ervas de todos os tipos cresciam de uma maneira caótica e, por isso mesmo,
belíssima. Dulce tinha estado calada e Chris procurou os olhos dela. A moça
parecia distante.
– Fernando e Eileen estão bem – disse ele, acreditando ser isso que a
preocupava.
– Não estou preocupada com eles – respondeu ela. – Estou
preocupada com você.
Chris arregalou os olhos, surpreso com a declaração e Dulce se
aproximou dele.
– Os trolls só chegaram em você através de mim – explicou ela. – O
kelpie só sequestra as vítimas que aceitam montar nele. Você não queria
montar, quem aceitou fui eu. E quem terminou remendado foi você! Chris,
acho que eu não faço bem pra você...
O rapaz riu e a puxou para um abraço.
– Eu acho uma gracinha essa sua preocupação comigo, Dulce. E não
quero que pense desse jeito. De alguma maneira, você me faz sentir vivo,
mesmo me metendo nessas roubadas...
Ela sorriu, ainda abraçada a ele, e foi quando sentiu um forte cheiro
de maçãs. Se afastaram um pouco e um beijo era inevitável, mas Frabato os
chamou e seus lábios mal se tocaram. O mago lhes estendeu uma chave que
Dulce já conhecia. Ele os acompanhou até a pedra.
– Foi um prazer ver vocês de novo – disse o mago. – Tomem cuidado
por aí. E não aceitem caronas de estranhos, mesmo que sejam pôneis
fofinhos! Ah, me lembrei disso aqui!
Ele lhes estendeu uma garrafinha envolta em couro.
– O que é isso?
– Um pouco do unguento que passei em Chris ontem – explicou
Frabato. – É feito com ervas e encantado com palavras mágicas e com a Lua.
Ele ajuda a combater infecções e na cicatrização de ferimentos. Eu já tinha
feito e estava sobrando mesmo, então é melhor levarem, caso furem o dedo
num espinho ou pisem num prego.
Dulce abraçou Frabato e Chris o cumprimentou, grato por tudo.
Então, Dulce e Chris se deram as mãos. Chris não sabia o que ia acontecer,
mas aprendera – ou estava aprendendo – a confiar em Dulce. Deram sete
voltas na pedra e na sétima volta, uma porta surgiu. E na porta, havia uma
fechadura. Eles enfiaram a chave e a porta se abriu.
Na escuridão, Dulce tentou avisar à Chris que eles iriam despencar,
mas assim que começou a formular a sentença, caíram na escuridão.
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Autor(a): vondynatica
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Chris achou que iria se machucar quando chegasse ao fundo, mas para sua surpresa, caíram os dois num tufo macio de mato verde. Dulce caiu por cima dele e ele a segurou pelos braços, buscando um contato visual. – Você está bem? Dulce, por cima dele, com o cabelo por cima do rosto, anuiu com um sorriso. Espe ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 8
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vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26
Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada
-
vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31
Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada
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kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13
Continua!!!!
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kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44
CONTINUA
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candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47
CONTINUA
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candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14
CONTINUA