Fanfics Brasil - Capítulo 23 - Rainha da Ventania O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 23 - Rainha da Ventania

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Chris achou que iria se machucar quando chegasse ao fundo, mas para

sua surpresa, caíram os dois num tufo macio de mato verde. Dulce caiu

por cima dele e ele a segurou pelos braços, buscando um contato visual.

 

– Você está bem?

 

Dulce, por cima dele, com o cabelo por cima do rosto, anuiu com

um sorriso. Esperar pela queda não tinha adiantado em nada. Levara o

mesmo susto de antes. Eles se levantaram e ela o viu massageando o

ombro.

 

– E o seu ombro? – preocupou-se ela.

 

– Está bem! – respondeu ele, surpreso em realmente não estar

sentindo nada além de algumas fisgadas.

 

Uma ventania jogou todo o cabelo de Dulce contra seu próprio

rosto, fazendo-a desaparecer por alguns instantes. Puxando o cabelo com a

mão, Dulce olhou em volta. O vento estava lá, exatamente como ela se

lembrava. Ele vinha de todas as direções e rodopiava, elevando pequenas

flores para o céu azul. 

 

Pequenas fadas em forma de dentes de leão subiam e

se davam as mãos, fazendo círculos e danças no ar. Um aroma de flores se

misturava e os envolvia como um véu delicado. Dulce se virou para Chris,

pronta para dizer que estavam bem perto do castelo de Belinda, mas se

deparou com o rosto extasiado do rapaz, admirado com tanta beleza.

 

– Que... coisa linda... – balbuciou ele, lamentando não ter um

vocabulário rico o bastante para descrever tudo o que via e sentia naquele

momento.

 

Dulce admirou um pouco mais a vista, mas o que a encantou

mesmo foi o brilho no olhar de Chris. Ele levou algum tempo para perceber

que ela o observava com um largo sorriso.

 

– O que foi?

 

– É a primeira vez que você vê esse mundo como eu vejo... –

respondeu ela.

 

Ele fez um movimento de ombros, sem saber exatamente como

responder àquilo.

 

– É um lugar belo... – foi só o que disse.

 

– É mais do que isso! – continuou ela. – É fantástico! É estonteante!

Tem mais cores do que no nosso mundo e tudo é... arrebatador!

 

Ele franziu o cenho e olhou para ela, como se estivesse tentando se

lembrar de algo importante.

 

– Eu sei. Mas há algo... Há algo aqui que me incomoda... – ele queria

dizer que algo ali o assustava terrivelmente, mas não quis passar essa

informação. – À luz do sol, este lugar é lindo. Mas quando ele mergulha nas

sombras, ele é terrível demais...

 

Dulce desfez o sorriso. Eles começaram a andar, o mato suave

acariciando suas pernas. Frabato tinha cedido roupas à Chris, que agora

trajava uma calça simples e uma camisa de seda leve com um colete azul

marinho com alguns enfeites em marfim. 

 

Em alguns passos, puderam ver o

castelo suspenso imponentemente nas nuvens de cores douradas. Chris

deixou seu queixo cair pela segunda vez.

 

– Como isso é possível?

 

– É o castelo de Belinda – explicou Dulce. – Flutua acima do Lago

Azul de Vayu. Ela é a rainha do Reino das Fadas.

 

– Nossa! Ela tem estilo!... – disse ele, num movimento de cabeça. –

Mas onde pegamos o elevador pra chegar lá?

 

Dulce riu e pegou sua mão, levando-o até o ponto onde ela se

lembrava.

 

– Agora, relaxe...

 

Ele não entendeu, mas mergulhou nos olhos dela e esperou. O vento

continuava, jogando seus cabelos para todos os lados, levantando o vestido

de Dulce e beijando seus rostos. Uma brisa os ergueu suavemente e Chris se

assustou. Dulce apertou as mãos dele e ele sentiu a confiança de que ela

sabia o que estava fazendo. 

 

Seu coração batia rápido e eles mergulharam

nos olhos um do outro. Dulce achou ter visto o brilho da lembrança nos

olhos azuis de Chris, como se ele a tivesse reconhecido, como se ele tivesse

finalmente se lembrado de que já estiveram ali antes. Mas talvez fosse

apenas o olhar de um jovem funcionário dos Correios apaixonado. 

 

E Dulce

percebeu, naquele momento em que flutuavam rumo a um castelo que se

erguia impossivelmente no ar, que não fazia mais a menor diferença. Ela o

amava, amava tanto que doía, e contanto que ele a olhasse com aqueles

olhos sempre, que segurasse em sua mão e a beijasse todos os dias, tudo

estaria bem.

 

E foi num impulso que ele a beijou, como se o vento o tivesse

empurrado, e mergulhou nos lábios dela, sentiu seu coração, seu calor, e foi

como se o mundo inteiro girasse em torno deles naquele minuto. Se você já

beijou alguém que ama, sabe que um beijo pode te elevar, fazer você se

superar, ir mais longe. Talvez porque beijos sejam a maneira que os anjos

encontraram de nos lembrarmos de que o amor ao outro quando

retribuído é um caminho até o céu.

 

Quando eles ultrapassaram as nuvens, seus lábios se separaram

gentilmente, mas eles permaneceram com as testas encostadas, sem tirar

os olhos um do outro. Seus pés tocaram delicadamente no chão.

Chris percebeu que havia grama, flores, fadas, pedras e estátuas cor de

marfim espalhadas por um imenso jardim acima das nuvens. 

 

O castelo, a

construção mais imponente e graciosa que ele já vira na vida, aguardava

mais a frente, com o brilho do sol refletindo em suas torres e grandes

janelas de cristal furta-cor.

 

Ela localizou a entrada, o portal de mármore gigante com os dois

grifos congelados em sua vigília petrificada. Caminharam até lá e Dulce se

sentia segura. Belinda era legal! Ela iria ajudar, certamente! Ajudara da

outra vez. Tudo bem que Dulce quase morreu, Chris quase foi mutilado, e

tudo isso fora muito estressante.

 

 Mas, no final, tudo dera certo, e Dulce se

apegava à ideia de que Belinda os reconheceria como velhos amigos e lhes

daria tudo o que precisavam. Ela nem pensou em outra possibilidade...

Fadas e flores flutuavam e não dava pra saber a diferença. Chris parou

para ver uma fada numa roseira sem espinhos. 

 

Ela estava sentada,

acariciando um passarinho em seu colo, enquanto outros dois observavam

com um pouco de inveja. Não demorou para que os outros dois se

aproximassem da fadinha para receberem também seu merecido carinho.

Chris notou que Dulce tinha razão. 

 

Os pássaros possuíam cores vivas e

algumas delas ele não saberia descrever, assim como diversas flores.

Aquele mundo tinha uma palheta de cores infinitamente mais rica do que o

jardim mais colorido da Terra. Como isso podia ser possível?

Ele se apressou ao ver que Dulce estava parada mais adiante. Ela

acariciava a pata de uma estátua de grifo, perdida em alguma memória.

 

– Err... Você sabe que isso é uma estátua, né? – perguntou ele, vendo

que Dulce parecia sentir real afeição pela representação do grifo.

 

Ela olhou para ele e sorriu.

 

– Esse é Ipso e aquele é o Facto – explicou ela.

 

E então ela sentiu a estátua vibrar levemente. Ela se afastou, o

coração acelerado sem saber se as criaturas iriam reconhecê-los ou se ela

teria que fazer a audição para o American Idol de novo.

 

Chris deu alguns passos para trás ao perceber os animais ganhando

cores e textura reais, e sentiu um ímpeto de correr quando viu a mudança.

A respiração dos seres estufaram seu peito, seus olhos piscaram e eles

começaram a se mover.

 

– O que é isso? – balbuciou ele.

 

– São grifos e podem nos matar – explicou rapidamente Dulce. – Se

nos atacarem, cante uma música!

 

– O quê?!

 

Ele não teve tempo de compreender o que Dulce disse. Os grifos

saltaram de seus pedestais e os rodearam, suas penas reluzindo em

castanho dourado a luz do sol, os olhos vívidos refletindo todas as cores

que os rodeavam. Eles eram um espetáculo, mas a possibilidade de

cravarem seus bicos afiados e suas garras assassinas neles tirava um pouco

a beleza do momento.

 

– Ipso, Facto!... – disse Dulce, hesitante – Vocês se lembram de nós?

Nós já voamos juntos. E lutamos juntos!

 

Os animais os rodearam, observando-os bem de perto. E então, um

deles abaixou a cabeça e empurrou levemente Dulce, que sabia muito bem

o que isso queria dizer. Começou a acariciá-lo, falando palavras de gracejo

do quanto estava feliz por vê-los de novo. 

 

O outro grifo fez o mesmo com

Chris, que imitou Dulce, sem tanta desenvoltura e com muito medo da

criatura perceber que ele estava assustado. Dizem que os animais sabem

quando estamos com medo, que cheiramos diferente. E quando percebem

isso, nos atacam.

 

Não foi o caso. Os grifos, enormes, pesando cerca de 500 quilos cada

um, com o corpo musculoso do tamanho de um cavalo e asas que abertas

pareciam ir além de sete metros, se comportaram como gatinhos, pedindo

carinho e felizes com o reencontro.

 

Com a passagem livre, eles seguiram pelo imenso jardim que os

separava do castelo. Chris não conseguia fechar a boca, tamanho seu espanto

com o lugar. Dulce seguia de mãos dadas, feliz de estarem juntos e com um

certo orgulho de saber para onde estava indo.

 

Quando chegaram na enorme entrada, dois guardas os detiveram.

Eram elfos de longos cabelos. Um era loiro, os cabelos tão claros que

lembravam ramos de trigo. O outro tinha cabelos negros como azeviche e

os dois pareciam se equilibrar naquele contraste ying/yang. Dulce ficou

pensando se Belinda os escolhera de propósito por simples estética na

decoração.

 

– O que desejam? – perguntou o elfo loiro.

 

– Viemos ver a Rainha Belinda – respondeu Dulce.

 

Os dois guardas se entreolharam como se ela tivesse falado alguma

piada.

 

– Tem certeza? – perguntou o de cabelos negros.

 

– Claro que tenho! Acha que viríamos aqui só pra dar “oi”?

 

Os guardas se entreolharam de novo. Chris estranhou e olhou em

volta, não sabendo bem o que procurar, mas algo não parecia muito certo.

 

Os guardas deram passagem e o casal adentrou o castelo. As

enormes pilastras cor de marfim que contrastavam com os tapetes azuis

davam ideia da imensidão do lugar. Da outra vez, eles já haviam encontrado

a rainha em seu trono, num grande salão ao final daquele caminho. Dessa

vez, porém, o trono estava vazio. Havia guardas a postos e um elfo alto que

Dulce reconheceu imediatamente como aquele que estava ao lado dela da

primeira vez.

 

– Ora, vejam quem voltou!...

 

– Oi! – disse Dulce.

 

– Oi – respondeu o elfo. – O que fazem aqui?

 

– Nós viemos falar com a Rainha Belinda.

 

– Temo que isso não seja possível.

 

Dulce não desviou o olhar. Por essa ela não esperava. Por que as

coisas não podiam ser simples?

 

– É muito importante!

 

– Lamento, a Rainha não está.

 

– Pra onde ela foi?

 

– Foi fazer compras! Pra onde acha que ela foi, garota? Uma rainha

tem seus afazeres e obrigações! O reino está em crise!

Dulce arregalou os olhos, não esperava por essa resposta.

 

– E sabe quando ela volta?

 

Uma ventania irrompeu o ambiente. Não era um simples vento, mas

um vento violento, frio e raivoso. Alguns vasos bambearam em seus

pedestais e se espatifaram no chão. Como se nuvens pesadas tivessem

ocultado o Sol, tudo mergulhou subitamente na escuridão.

 

– Bem... Parece que ela acabou de chegar... – murmurou o elfo.

 

Junto com o vento, uma mulher entrou. Ela era alta e seus cabelos

eram cor de prata. Eles dançavam pelo ar em volta de sua cabeça como se

estivessem chicoteando o vento. Seu vestido era da cor das nuvens de

chuva e seus passos ecoaram por todo o lugar. Ela caminhou até onde eles

estavam e parou de frente para o elfo, que lhe fez uma elegante reverência.

 

– Essa gente é louca, sabia?! – gritou ela. – Não querem ouvir a voz

da razão! Estão loucos para declarar uma guerra e não querem me ouvir!

Sabe o que vai acontecer? Essa gente vai declarar guerra e quando o

desequilíbrio for tão grande que ondas gigantes e furacões começarem a

arrancar suas casas e castelos do chão, eles virão correndo pedir minha

ajuda, ou clamando por Derrick! E aí, sabe o que eu vou fazer?!

 

Foi só então que ela percebeu que não estavam sozinhos. Virou-se

para o casal de jovens que a observava de olhos arregalados.

 

– Quem diabos são vocês? – perguntou a rainha, visivelmente

irritada.

 

– Somos Dulce e Chris! – respondeu Dulce. – Lembra de nós? Ele era

um anjo quando viemos aqui da primeira vez!

 

A rainha os fitou friamente.

 

– E daí? – perguntou, sem parecer se importar.

 

– Bem... – Dulce ia começar a falar alguma coisa, provavelmente

fazer os pedidos que tinha em mente, mas Chris a puxou levemente pelo

braço.

 

– Er... Majestade, estamos vendo que não é um bom momento, então

nós vamos indo...

 

– Não, nós temos que falar com ela! – insistiu Dulce, retirando o

braço e voltando-se para a rainha de mau humor.

 

– Rainha Belinda, nós estamos precisando de um favorzinho... Nós

temos que encontrar nossa família que está perdida no seu reino e se

pudesse nos emprestar seus grifos...

 

– Ficou doida?! – perguntou a rainha, atônita.

 

– Não... – Dulce não entendia por que ela diria não.

 

– Os grifos são guardiões do meu castelo e, numa guerra iminente,

eles são muito necessários, mocinha. Agora, se puder voltar para sei lá

onde, tenho muita coisa a resolver!

 

A rainha se virou para partir, mas ainda pôde ouvir Dulce.

 

– A gente devolve!

 

E então a mulher congelou, sentindo a fúria tomá-la por completo.

 

Cinco minutos depois, Chris e Dulce apreciavam suas novas

acomodações nas masmorras do castelo de Belinda. Infelizmente, não era

muito diferente de qualquer prisão. Era uma cela fria, desconfortável e sem

janelas.– É... – disse Dulce, um tanto constrangida. – Não saiu bem como eu

esperava...

 

– Jura? – perguntou Chris, sarcástico. – Achei que esse era o plano! A

gente ser preso e ficar aqui até morrer...

 

– Não vi você fazendo nada pra ajudar! – devolveu ela.

 

– E o que você queria que eu fizesse? Tava na cara que falar mais só

ia irritar mais a rainha. Quer dizer, dava pra todo mundo perceber, menos

você, claro!

 

Dulce bufou e virou-lhe as costas. Chris bufou e ficou no canto

oposto. Infelizmente, a cela não era grande o bastante para que saíssem um

das vistas do outro.

 

Não demorou muito, até que a ira desse lugar a um pouco de

serenidade.

 

– Desculpe – Chris foi o primeiro a se desculpar. – Sei que está fazendo

o melhor que pode...

 

Dulce se virou para ele. O cabelo encobrindo uma parte do rosto,

mas deixando à vista o brilho do olho cor de amêndoas. Ela parecia um

cachorrinho que levou bronca e ele a achou adorável.

Ela balançou um pouco o corpo, e então se virou totalmente para ele.

 

– Desculpe... Eu não queria que... Achei que daria certo...

 

Ela deixou os ombros caírem e ele foi até ela, abraçando-a

ternamente.

 

– Tudo bem, as coisas vão se ajeitar... – disse ele. – Você vai ver...

 

Eles ficaram abraçados na cela fria por alguns minutos em silêncio.

 

– Sabe?... – disse ele, quase num sussurro. – Eu nunca pensei que

alguém viesse atrás de mim...

 

Dulce o afastou gentilmente para olhar para ele.

 

– Como assim? – perguntou ela.

 

– Saber que sua família veio me resgatar foi muito importante pra

mim...

 

– E eu, não ganho nada? – riu ela. – Eu também vim resgatar você,

sabia?

 

Ele fez uma careta de desdém.

 

– Mas você não conta! Você é minha namorada, não fez mais do que

a sua obrigação!

 

Ele riu e ela bateu nele de brincadeira. Sentaram-se num canto da

cela e esperaram. Não havia muito mais o que fazer.

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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