Fanfics Brasil - Capítulo 26 - Reencontro O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 26 - Reencontro

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Chris nunca tinha voado num grifo antes. A sensação era extasiante!

Ele não podia evitar dar gritos de empolgação a cada looping, rasante ou

mergulho que a criatura alada dava. Dulce já tinha andado num grifo

antes, mas não era como se estivesse andando de ônibus. 

 

Provavelmente,

nunca iria se acostumar com aquilo, o que era ótimo! Mergulhar no céu

azul, nas nuvens coloridas, sentir o vento no rosto e ainda se deparar vez

ou outra com uma minúscula fada perdida nas correntes de vento, ou

observar de relance fadas de roupas esvoaçantes moldando formas nas

nuvens, era uma visão do paraíso, uma sensação difícil de descrever.

 

O voo durou cerca de uma hora, e mesmo assim, pareceu pouco.

Avistaram uma cidade cercada por muros altos, ruas de pedras e casas

bonitas. Um castelo imponente de torres altas onde tremulavam bandeiras

ao vento parecia saído de um conto de fadas. Os grifos pousaram

suavemente no que pareceu uma praça, a poucos metros do castelo.

 

– Nossa! Isso foi... Isso foi... Nem tenho palavras pra dizer o que isso

foi! – disse Chris, empolgado.

 

– Eu sei... – respondeu Dulce, descendo de sua montaria. – Mas é

hora de devolver os guardiões dos portais de Belinda.

 

– Bonito isso... – pensou Chris, ainda no grifo. – “Os Guardiões dos

Portais de Belinda”. Daria um bom filme! O que você acha, Facto? Você seria

um astro de cinema!

 

O animal guinchou de contentamento, como se concordasse,

enquanto Chris lhe fazia carinho no pescoço.

Relutante, Chris desceu e se despediu de seu novo amigo. Os grifos

aceitaram os últimos carinhos e empurraram as cabeças contra o peito

deles. Entenderam que isso devia ser uma forma de demonstrar afeição.

 

Eles voaram e Dulce e Chris os observaram se afastar no céu.

Somente então perceberam que não estavam sozinhos. Quando se

aproximaram da cidade, diversos elfos e humanos correram desesperados

e se jogaram debaixo de carroças, dentro de montes de feno, atrás de

qualquer coisa que pudesse protegê-los ou escondê-los. Agora que os

animais tinham partido, essas pessoas começavam a aparecer de novo.

 

– Estão com medo de nós? – perguntou Chris, imaginando o que

poderia haver de assustador neles.

 

Antes que Dulce respondesse, um grupo de guardas armados e a

cavalo veio em sua direção. Apontaram lanças e espadas ao cercá-los, mas

Dulce reconheceu os uniformes.

 

– Peraí! – disse ela. – Eu conheço esse lugar!

 

– Ah! – exclamou Chris, de mãos pra cima. – Então tá explicado porque

estamos sendo presos! Com certeza, esse lugar também te conhece!

 

– Capitão! – chamou Dulce, ao ver um elfo garboso e imponente se

aproximar em um cavalo cor de marfim. – Lembra de mim! Sou eu, Dulce!

 

O Capitão se aproximou e não conseguiu evitar um sorriso.

 

– Você tem uns meios de transporte bem dramáticos, não?

 

Dulce fez um movimento com os ombros e voltou a abrir o sorriso.

O Capitão riu e mandou que os homens relaxassem. Não era nenhum

ataque de grifos famintos. Era apenas uma velha amiga da princesa.

O Capitão em pessoa guiou os dois jovens até o castelo. Dulce tinha

muitas perguntas.

 

– Como está Anahí? Ela já casou com o Manuel?

 

– Ainda não – respondeu o Capitão Arland. – Mas não faz tanto

tempo que você partiu.

 

Passaram pelo imenso salão de entrada e agora seguiam por um

largo corredor que os levaria ao salão principal. Dulce se lembrou que era

o lugar onde tiveram a primeira audiência dramática com o rei Oldebaran e

a rainha Nístika, mas os tronos estavam vazios. Assim que chegaram, uma

voz conhecida a chamou.

 

– Dulce!!! Você voltou!!!

 

Anahí estava ainda mais bonita do que nunca, com uma delicada

tiara dourada na testa e um vestido de três cores. As duas garotas correram

e se abraçaram. Dulce, que achou que nunca mais veria Anahí, não

conseguiu evitar as lágrimas. Quando se separaram, viu que Anahí

também não conseguira.

 

– Achei que nunca mais ia te ver! – disse Anahí.

 

– Eu também!

 

Anahí viu Chris e foi até ele, abraçando-o também. Ele ficou meio

sem jeito, abraçando alguém que ele não conhecia, e mais sem jeito ainda

ao ver que o abraço era sincero e parecia repleto de afeto.

Quando se separaram, Anahí e Dulce davam saltinhos de alegria.

 

– Mas o que aconteceu? Como vieram parar aqui?

 

As perguntas de Anahí foram abafadas por um barulho crescente.

O Capitão se virou ao perceber um movimento bizarro vindo da entrada do

castelo. Sons de coisas caindo e alguns gritos abafados de homens o fizeram

pegar a espada.

 

Infelizmente, um pouco tarde demais. Uma coisa o atingiu com

violência e o Capitão voou longe, indo bater contra uma parede.

Imediatamente, a coisa que o acertou apareceu como que por encanto. Era

um troll atarracado e com um sorriso feroz e cruel.

 

Anahí gritou, ao mesmo tempo em que alguma coisa agarrou Chris

por trás. Imediatamente, outro troll se revelou. Dulce tentou ajudá-lo, mas

alguma coisa bateu em seu rosto, jogando-a no chão. Sem saber o que fazer,

Anahí correu, pedindo ajuda. Um troll barrou seu caminho, o tronco

coberto por alguma pele de animal malcheirosa, os dentes tortos exibindo

um sorriso vitorioso. Anahí andou para trás enquanto o troll a

encurralava lentamente.

 

E então o troll gritou e se virou, furioso com o que o ferira. Anahí

deu vários passos para trás com o susto e viu Manuel, seu noivo, de espada

em punho e pronto para mais um golpe na criatura.

 

Dulce se levantou, atordoada, e viu Chris sendo arrastado por uma

criatura duas vezes maior do que ele. Virou-se para localizar Anahí e viu

que ela estava segura. O Capitão já tinha se levantado e Manuel brandia sua

espada contra um troll que se defendia com uma espada de aço escuro.

 

Então ela se levantou e correu para onde estavam levando Chris. Um

troll se interpôs entre eles, mas ela era bem menor e bem mais ágil do que

ele. Escorregou e passou por baixo da criatura, espantada com o próprio

feito. Correu desesperada pelo corredor escuro por onde ele continuava

sendo arrastado. Por mais que se debatesse, ele não conseguia se livrar de

seu captor.

 

A luz atingiu seus olhos de uma única vez assim que saiu do

corredor. Estavam num jardim lateral, ainda parte do castelo, e Chris fora

jogado no chão. Diante dele, um troll conhecido.

 

– Kajinski! – espantou-se Chris.

 

A criatura não estava com boa cara. Tinha no olhar decepção e um

pouco de rancor pelo que considerou traição.

 

– Seu trono o espera, majestade... – disse friamente.

 

– Eu não tenho trono nenhum – respondeu Chris, ainda de joelhos

diante da criatura que mantinha sua imponência.

 

Kajinski se inclinou, os pequenos olhos brilhando em vermelho.

 

– Você acha que esses humanos se importam com você? Se

importam com sua casca! É dessa casca bonita que eles gostam! Tire isso, e

o que sobra? Acha que gostariam de você sem essa casca? Pois eu lhe digo,

majestade, assim que souberem quem você realmente é, eles mesmos vão

abandoná-lo, torturá-lo, humilhá-lo! Eles mesmos vão arrancar essa pele de

que eles tanto gostam!

 

Dulce não tinha percebido, tão concentrada que estava na conversa,

mas Manuel estava logo atrás dela.

 

– Venha conosco! – disse Kajinski, estendendo a mão para Chris. – Seja

o rei que sabemos que você é! Reúna seu povo! Eu o ajudarei! Juntos,

retomaremos a velha glória dos tempos do seu pai!

 

E, por um breve momento, Chris viu alguma coisa. Ele viu Kajinski,

mas não ali, diante dele. Viu Kajinski ao lado de alguém... Ao lado de...

 

– Não ouça o que ele diz, Chris! – gritou Dulce, dando passos a frente

e se deixando ver completamente.

 

Chris se voltou para ela, como se saído de um transe. Manuel surgiu

logo atrás, a espada em punho.

 

– Saia do meu castelo, troll! – bradou.

 

Kajinski olhou novamente para o rapaz no chão. Fez uma reverência

e então abriu suas grandes asas de morcego e partiu.

Dulce correu até Chris que ainda parecia em choque.

 

– Você está bem?

 

Ele disse que sim com a cabeça, enquanto acompanhava o voo de

Kajinski até que ele virasse um ponto distante.

 

Blanca não queria soltar Fernando. Sentia o cheiro dele, o mesmo

cheiro que sentia todas as noites quando se deitavam e falavam sobre o dia,

o mesmo cheiro que a fazia lembrar do quanto amava aquele homem. Era

um perfume de muitos cheiros. Cheiro de pão quente, de tarde fria, de

cobertor, de travesseiro, de folhas frescas, de floresta e de praia. Era o

aroma de tardes de mãos dadas, de uma briga ou de outra, de fazer as pazes

depois, de jurar não brigar nunca mais, porque eles não queriam perder

tanto tempo. Era um perfume de beijo, de mãos, de lábios, de juventude e

de um futuro que ainda não tinha chegado. E de chá de lavanda gelado!

Blanca se perguntava como ele conseguia manter esse perfume?

 

Quando ela o soltou, olhou em seu rosto, as lágrimas caindo. Ele

também soltara a mão da fadinha e agora afagava os cabelos da mulher que

mudara sua vida. Aquele rosto lindo, tranquilo, sereno, gentil, que ninguém

jamais imaginaria do que era capaz.

 

– Você está bem... – foi o que ela conseguiu dizer.

 

Ele apenas sorriu.

 

– E Dulce? – perguntou Blanca, procurando a filha atrás dele.

 

– Está com Chris – respondeu ele. – Nos separamos na fuga.

Marcel e Marcos se aproximaram e cumprimentaram Fernando com

abraços aliviados. Eileen correu com uma risadinha e Fernando deu largos

passos atrás dela, chamando seu nome. E foi só então que ele viu o fauno.

 

Fernando tomou um susto enorme e deu um pequeno salto para trás,

colocando instintivamente a mão no punho da espada. O fauno era uma das

coisas mais bizarras que ele já vira. E ele já tinha visto um monte de coisas

bizarras...

 

Eileen, no entanto, parecia reconhecê-lo como um velho tio. Ela

correu até ele e ele a levantou no colo.

 

– Oh, olá, minha fada-menina! – disse o Fauno. – Você tem se

comportado?

 

A menina sorriu de um jeito maroto, fazendo que sim com a cabeça.

 

– O que você queria me contar mesmo?

 

Eileen fez uma concha com as mãozinhas e contou um segredo para

o fauno que ouvia com atenção. Então, ele riu, uma risada gostosa que

ecoou por todo aquele estranho lugar.

 

– Verei o que posso fazer sobre isso, menina! Agora, volte para quem

você escolheu!

 

Ele colocou a menina no chão e ela correu direto de volta para

Fernando, saltando no colo dele.

 

– Bem, se não se importam, eu tenho que descansar! – disse o fauno,

virando-se para ir embora.

 

– Não pode! – disse Marcos. – Ainda temos uma pessoa sumida!

 

– Oh! – disse o fauno, aparentemente chateado. – Que pena!

 

E continuou indo.

 

– Senhor, precisamos de sua ajuda! – disse Blanca, dando passos na

direção do fauno.

 

Ele se virou para ela.

 

– Mas eu já ajudei! Você podia ter escolhido achar sua filha. Ou o

amigo dela. Escolheu achar seu marido.

 

– Porque achei que eles estavam juntos! – explicou Blanca.

 

O fauno se inclinou para ela, ficando a apenas alguns centímetros de

seus olhos, de forma que nenhuma verdade pudesse se esquivar.

 

– É mesmo?

 

As lágrimas voltaram a cair no rosto de Blanca.

 

– Não faça isso... Por favor, não faça... – implorou ela. – Não me peça

para escolher entre as duas pessoas que eu mais amo no mundo. Não me

peça para escolher entre meu marido e minha filha. Não me peça para

escolher entre meus dois melhores amigos! – e ela apontou para Marcos e

Marcel. – Não me peça para escolher quem eu amo mais...

 

Ele continuou olhando-a com aqueles estranhos olhos negros e

cintilantes que ocupavam quase toda a órbita.

 

– Está bem... Vejo seu coração... É um bom coração... Não se

preocupe, sua filha está bem.

 

– Pode nos dizer onde ela está? – perguntou Marcel, dando um passo

a frente.O fauno se ergueu novamente e seu rosto mudou, como se uma

sombra tivesse passado sobre ele.

 

– Poderia... mas agora tem um preço.

 

– Eu pago! – disse Fernando, colocando a menina no chão e se

aproximando do fauno.

 

A criatura inclinou a cabeça para observá-lo.

 

– Tem certeza?

 

– Tenho. Me diga onde ela está e como podemos encontrá-la.

 

– Eu gosto de humanos assim! – disse o fauno com certo tom de

admiração. – Pagam o preço sem saber quanto custa, não medem esforços

para chegar aonde querem, fazem o que for preciso, não importa o que

tenham que fazer... Não é mesmo... Padre?

 

Fernando sentiu o calor deixar seu corpo. A cor também o abandonou.

O passado do qual ele não se orgulhava parecia ser bem claro para aquele

velho fauno.

 

– Pois bem! Eu direi onde ela está! O fauno ergueu o dedo ossudo e

girou no ar. Uma pequena ventania se formou, levantando folhas em

espiral.

 

– A poucas horas daqui há uma cidade chamada Luzandefall. A um

dia de viagem dessa cidade, seguindo ao Norte, vocês encontrarão a Colina

do Amor Perfeito. Lá há um reino muito próspero. É lá que sua filha está.

 

– Não é longe! – disse Fergus, calado e observando tudo ao lado da

princesa até aquele momento. – É um reino conhecido, muito rico.

 

– Muito bem! – tornou o fauno, pisando com força e fazendo barulho,

se aproximando de Fernando. – Agora, vamos falar do preço...

 

Ele se abaixou para encarar o homem que não desviou o olhar,

embora o fauno pudesse sentir que ele estava com medo.

 

– Você me deverá um favor... – disse, quando nada mais fazia

nenhum som e somente sua voz era ouvida. – Um dia, eu irei lhe pedir para

fazer uma coisa. E quando esse dia chegar, você fará. Não me importa o que

estará fazendo, se não tiver tempo, ou mesmo que esteja morto! Esse favor

deverá ser pago. Você entendeu?

 

– Entendi.

 

– Se não o fizer, tirarei tudo o que você mais preza. Compreende,

Padre?

 

– Não sou mais padre... E tenho palavra.

 

O fauno então se afastou, fez uma longa reverência para todos os

presentes e simplesmente foi embora, desaparecendo entre as árvores.

Marcos se aproximou de Fernando.

 

– Não sei não, mas acho que você acabou de vender sua alma!

 

Fernando o olhou com os olhos negros muito, muito zangados.

 

– Foi só uma piada! – reclamou Marcos. – Não precisa me fuzilar com

esse olhar de gelo!

 

– Uma crise de cada vez! – interveio Marcel – Temos um destino!

Luzandefall!

 

– Sei onde fica – respondeu Fernando. – Acabei de vir de lá!

 

– Ótimo! Então mostre o caminho – disse Marcel.

 

Fernando se virou para segui-lo e deu de cara com Fergus e a princesa

Maeve.

 

– Quem é essa gente? – perguntou.

 

– Ah, esses são Fergus e a princesa Maeve – explicou Marcos. –

Temos que acompanhá-los até o Reino do Norte ou começarão uma guerra.

 

– Ah... – disse Fernando diante do casal. – Prazer!

 

E assim eles deixaram a Floresta Perdida e seu estranho habitante

que, incomodamente, sabia um pouco demais.

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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