Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada
Fernando e Blanca dividiam um cavalo, enquanto a fadinha, a
contragosto, foi com a Princesa Maeve. O encontro com o fauno tinha sido
um tanto... perturbador. O estranho ser parecia saber muito mais sobre
cada um deles do que eles mesmos sabiam. Ou gostariam de saber. Mas não
levou muito tempo até que a sensação de que uma névoa os envolvia
desaparecesse e raios de sol de conversas começassem a iluminar seus
passos.
Cada qual contou o que acontecera do seu lado da história e quando
chegaram à Luzandefall, todos estavam inteirados das aventuras que
pontuaram aqueles dois dias. Com a ajuda de um mapa, compreenderam
que Fernando, Eileen, Chris e Dulce foram parar depois da floresta do fauno.
Dulce e Chris estariam ainda mais longe, o que explicaria não terem
chegado, caso estivessem indo para lá, o que só podiam saber com certeza
baseados na informação do fauno, segundo a qual, eles estavam em um
lugar bem diferente.
Reconhecendo com facilidade o caminho, Fernando avisou que era
melhor evitarem o pântano. Contornaram, perdendo um pouco mais de
tempo, mas dessa vez não havia tanta pressa. Basicamente, se a viagem até
a Colina dos Amores-Perfeitos duraria um dia inteiro, não poderiam mais
partir naquele dia, quando o Sol já estava alto. Chegaram em Luzandefall de
tarde e pararam na frente de uma taberna. Estavam com fome e com sede e
felizmente Marcel tinha dinheiro. Podiam se dar ao luxo de comer
decentemente.
Marcel amarrava seu cavalo na frente da taberna no centro da
cidade de onde um cheiro apetitoso de carne assada vinha. Havia poucas
pessoas na rua, mas podia-se ver uma maior movimentação numa feira
mais adiante. Marcos e Blanca se aproximaram.
– Isso não vai prestar... – murmurou Marcel.
– O quê? – perguntou Marcos, curioso.
Marcel apontou com a cabeça para Fergus que ajudava a Princesa
Maeve a descer do cavalo. Com toda a delicadeza, ele a segurou, e, mesmo
depois que chegou ao chão e estar segura, ela manteve-se próxima dele, o
rosto levemente inclinado com um sorriso tímido, as mãos nos ombros do
belo soldado. Com toda a linguagem corporal, não era preciso mais
nenhuma explicação, mas Marcel completou assim mesmo.
– Eles estão se apaixonando – disse.
– Oh... – disse Marcos, fazendo beicinho. – Meu coração craquelou!...
– Bem, o amor é assim mesmo, Marcel... – disse Blanca, que sabia
mais do que ninguém que não controlamos quem o coração escolhe.
Marcel olhou para ela repuxando os lábios e apertando os olhos,
como se ela tivesse feito uma travessura que tentasse esconder.
– Se essa mulher não casar com o tal do Boreas, esse lugar vai entrar
em guerra. Então, não, ela não pode se apaixonar pelo soldadinho galante,
porque isso não é High School Music e não vamos terminar cantando e
dançando se eles resolverem ficar juntos!
Blanca e Marcos não retrucaram e entraram na taberna, chamando
a atenção de alguns habitués, mas sendo ignorados pela grande maioria.
Procuraram mesas. A única mesa grande o bastante para acomodar seis
adultos e uma criança estava tomada por um grupo barulhento.
– Nossa! – disse Marcos, já recuperado de seu coração craquelado. –
Que máximo esse lugar! Parece que estamos no Senhor dos Anéis!
Fergus e Maeve se sentaram em uma mesa. Marcel puxou Marcos
pelo braço para que este o ouvisse.
– Ô, deslumbrado, volta pra terra! Fergus e Maeve não podem ficar
juntos!
– E o que você quer que eu faça, anti-cupido?
– Sente-se lá e segure vela!
Marcel empurrou o amigo na direção da mesa e Marcos, apesar de
lhe devolver um olhar de insatisfação, fez o que lhe foi mandado.
Fernando, Blanca, Eileen e Marcel se sentaram numa mesa próxima, de
forma que podiam ficar de olho uns dos outros. Uma mulher de ancas
largas e decote dadivoso parou diante da mesa deles.
– Tem cardápio? – perguntou Marcel.
– Bem passado ou mal passado? – perguntou a mulher, sem muito
interesse.
Fernando chutou Marcel por baixo da mesa, chamando sua atenção e
mandando-o calar a boca com um olhar. Então, pigarreou e abriu um
sorriso. A mulher imediatamente derreteu o olhar e sorriu de volta.
– Minha bela dama, pode nos trazer carne, pão e vinho, por favor?
– Temos batatas!
– Não quero abusar!...
– Imagine! Por conta da casa!
– Traga também uma sopa para a menina.
– Trarei!
A mulher saiu e Marcel olhou para o outro a sua frente com
reprovação. Virou-se para Blanca.
– E você deixa seu marido fazer essas coisas?
– Claro que deixo! – respondeu Blanca. – Ele sempre consegue os
melhores pratos, as melhores mesas, e ainda dão desconto!
Os pratos vieram e eles comeram animados. Era uma espécie de
momento fora do tempo, como se todos os problemas tivessem
momentaneamente dado uma pausa e ficado em suspenso no ar. Seus
problemas continuariam lá fora quando terminassem, mas durante aquela
hora, eles não existiam.
A invasão dos trolls tinha sido um acinte. Foi o que Manuel dissera.
Esse tipo de coisa nunca havia acontecido antes, mesmo nos tempos da
Corte Unseelil. Uma invasão ao castelo era algo quase impensável. O fato de
terem usado trolls que podiam ficar invisíveis nesse ataque mostrava que
estavam ficando menos estúpidos e bem mais inteligentes.
– Trolls não são conhecidos pela sua esperteza! – disse Manuel. –
Alguém deve tê-los instruído!
– Kajinski! – disse Dulce.
Eles estavam numa sala de reuniões com uma grande mesa no
centro. Apenas Chris, Dulce, Anahí, o Capitão Arland, um conselheiro e dois
guardas estavam lá. Tapetes coloridos davam um tom menos sóbrio ao
ambiente, repleto de armas nas paredes e móveis de madeira escura.
– Quem é Kajinski? – perguntou Manuel.
– O troll que mandou nos sequestrar – respondeu Dulce. – E
mandou raptar Chris.
– Os trolls o obedeciam! – completou Chris. – E ele parece um troll
bem mais inteligente do que a média.
Manuel se aproximou dos dois que estavam sentados do outro lado
da mesa.
– Vocês estiveram no covil dos trolls?...
– Bem, foi pra lá que nos levaram quando nos sequestraram –
respondeu Dulce.
– E por que eles queriam vocês? – tornou o elfo, apertando os olhos
com desconfiança.
– Queriam Chris – explicou Dulce. – Eles acham que ele é o rei, ou
coisa assim... Alguém precisa ensinar essa gente a votar e escolher um
presidente!
Manuel se inclinou para Chris, apoiando as mãos sobre a mesa.
– E por que eles acreditariam que você é o rei?
A pergunta foi em tom pausado e baixo, mas a intimidação estava lá.
Chris não respondeu de pronto. Então, inclinou-se na direção do elfo, sem se
levantar, e o olhou nos olhos a apenas alguns centímetros de distância.
– Não faço a menor ideia – disse, em tom igualmente pausado e
baixo.
– Manuel, isso não é jeito de tratar amigos! – interrompeu Anahí,
percebendo a tensão no ar.
O elfo continuou a encarar Chris, até que deu um sorriso e se afastou.
– Tem razão, é que essa agitação toda me deixou tenso. Façamos o
seguinte! Fiquem conosco! Mandarei preparar aposentos e teremos tempo
para conversar.
– Lamento, não podemos ficar – disse Dulce, já se preparando para
se levantar. – Como não? – surpreendeu-se Anahí. Vocês acabaram de
chegar!
– É que perdi minha família inteira, preciso encontrá-la de novo, ou
vou acabar estrelando um musical sobre uma órfã! – resumiu Dulce.
Numa breve explicação, eles disseram que precisavam ir até a
Floresta Perdida e encontrar o Fauno Ancião, que poderia lhes dizer onde
estavam Fernando, Eileen, Blanca e Marcos, supondo, é claro, que os dois
primeiros estivessem vivos e os dois últimos não tivessem ficado parados
no mesmo lugar.
– Façamos o seguinte, então – Manuel parecia mais cordato. – Fiquem
para o almoço. Até lá, tentarei ver o que posso fazer para ajudá-los.
O que Manuel pedia não era nenhum absurdo. Na verdade, vê-lo
tentando ajudá-los surpreendeu Dulce e aqueceu o coração de Anahí,
que adoraria ver seu amado se dando um pouco melhor com sua melhor
amiga e o namorado bonitinho dela. Então, ficaram mais um pouco.
A carne vinha com molho e o vinho era seco. O pão estava fresco e
Marcos se divertiu comendo com a mão, sentindo-se algum guerreiro do
passado. Marcel pediu talheres. Não recebeu. Num canto, as quatro
mulheres que atendiam aos clientes suspiravam olhando para a mesa de
Fernando, até que o dono da taberna as espantou com um pano de prato
encardido como se espantasse um bando de moscas pousadas numa torta.
Já estavam terminando, quando uma das moças foi agarrada por um
sujeito truculento na mesa barulhenta.
– Fernando, nem pense nisso! – ralhou Marcel, que percebeu o olhar do
homem a sua frente para a brincadeira sem graça na mesa adiante. – Essas
mulheres estão acostumadas com essas coisas por aqui! Não se meta!
A moça tentou se desvencilhar do sujeito que a obrigava a se sentar
em seu colo. Ele a puxou de volta e ela gritou. Marcel continuou vendo o
olhar de Fernando e começou a se apavorar.
– Blanca, controle seu homem!
Blanca olhou para a cena. Só tinha homens ali, excetuando ela
mesma e a Princesa Maeve. E as atendentes, claro. Blanca colocou um
pedaço de carne na boca e mastigou. O homem empurrou a moça e ela caiu
de traseiro no chão, fazendo todos rirem.
– Vai – ordenou Blanca.
Como se tivesse recebido uma ordem emitida diretamente a algum
chip de sua cabeça, Fernando Grandier se levantou como se não houvesse
mais nada naquele lugar a não ser a cena que se desenrolava a sua frente.
Quando chegou, ajudou a moça a se levantar. Ela paralisou e sorriu,
um tanto perplexa. Então Fernando ouviu o homem atrás dele.
– Ei, Corvo! Onde está o seu bando?
Ele reconheceu a voz. E a comparação pejorativa que já ouvira antes,
também numa taberna. Virou-se e se deparou com o mesmo sujeito que o
atiçara na Andarilhos. Dessa vez, parecia um pouco menos bêbado, mas
igualmente antipático.
– Esse é o Feiticeiro da Lua Negra que anda por aí com uma fadinha!
– explicou o homem aos amigos de mesa, tirando brevemente os olhos de
seu oponente. – Aposto que é mais delicado que ela, ou...
A frase ficou pela metade. O murro dado no queixo do homem o
jogou por cima da mesa, quebrando jarras e copos. Fergus se preparou para
o embate. Marcel suspirou. Marcos riu.
Como se podia esperar, os amigos do grandão – que Dana chamara
de Cadman – compraram sua briga e partiram pra cima de Fernando, que não
desembainhou a espada. Uma boa briga era justamente o que precisava
para aliviar toda aquela tensão. Bateu nas caras barbadas e chutou peitos
que pareciam paredes. Até que eles ficaram numerosos.
Um homem vinha com uma garrafa de vidro escuro para acertar
Fernando por trás, mas uma cadeira o tirou de jogada. Marcos comemorou a
boa mira e começou a bater também. Era uma excelente oportunidade para
usar alguns dos golpes de jiu jitsu que aprendera na sua academia. Marcel e
Blanca levaram Eileen até Fergus e Maeve.
– É melhor vocês três esperarem lá fora – disse Marcel, entregando a
menina a eles.
– Mas eles não vão precisar de ajuda? – perguntou Maeve.
Blanca colocou a mão na espada na cintura.
– Eles já têm ajuda – respondeu ela com um sorriso. – Não se
preocupem, saímos em um minuto.
Demorou um pouco mais do que isso, mas, como Blanca previra,
saíram todos da taberna. Correndo, com muita gente zangada atrás deles,
com garrafas voando e xingamentos que eles nem sabiam o que queriam
dizer. Montaram em seus cavalos e dispararam, deixando para trás um
monte de poeira e um punhado de homens muito zangados.
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Autor(a): vondynatica
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Comentários da Fanfic 8
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vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26
Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada
-
vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31
Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada
-
kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13
Continua!!!!
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kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44
CONTINUA
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candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47
CONTINUA
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candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14
CONTINUA