Fanfics Brasil - Capítulo 28 - A Caminho do Norte O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 28 - A Caminho do Norte

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– U-huuu!!! Como eu senti falta disso!!! – comemorou Marcos,

correndo em seu cavalo com os outros.

 

Ele continuou falando quando pararam diante de uma humilde casa

já quase fora da cidade.

 

– Eu andei o mundo inteiro, participei de competições, mas nada

preenchia esse vazio! – prosseguiu, enquanto desmontava.

 

– Você precisa de uma namorada! – declarou Marcel, quando passou

por ele. Foi visível que Fernando não desceu daquele cavalo com a mesma

desenvoltura com que subiu, inclinando-se um pouco para um lado quando

os pés tocaram o chão.

 

– Onde estamos? – perguntou a princesa.

 

– Num lugar seguro – respondeu Fernando, se encaminhando para a

casa.

 

Ele bateu na porta, mas ninguém atendeu.

 

– Claire! Mariane!

 

– As janelas estão fechadas, tem certeza de que tem alguém aqui? –

perguntou Fergus.

 

– Ela disse que iria embora... – disse Fernando. – Não achei que fosse

tão rápido.

 

– Se não tem ninguém, podemos ficar! – declarou Marcos,

arrebentando a tranca da porta com o cabo da espada.

 

A casa simples estava vazia. Não havia nada de valor. Os móveis

ainda estavam lá, além de alguns pratos e copos de cerâmica e só isso.

Eileen entrou correndo pela casa, explorando em divertida correria os

aposentos.

 

– Não é o Palace, mas dá pra passar uma noite – avaliou Marcel, que

diferente de Marcos, nunca fora fã de acampamentos e união com a

natureza. – Pelo menos tem um teto.

 

– Bem, acho que é aqui que nos despedimos.

 

Eles se voltaram para Fergus. Ele estava ao lado da princesa Maeve,

que mantinha o ar tímido de sempre.

 

– O castelo do Rei do Norte não fica muito longe daqui. Posso levá-la

hoje mesmo. Agradeço muito a escolta de vocês até aqui.

 

– Espere! – disse Blanca. – Se não é longe, nós podemos ir com

vocês!

 

– Eu gostaria muito! – disse a princesa, erguendo os olhos

amendoados.

 

– Alguém tem que ficar – respondeu Marcel. – Temos menos cavalos

que pessoas.

 

– Você e Blanca ficam com Eileen! – adiantou-se Fernando. – Marcos e

eu podemos ir com eles.

 

Nesse momento, Eileen correu e se jogou contra Fernando, esperando

que ele a segurasse. Como não estivesse esperando, ele não conseguiu

erguê-la. Ao invés disso, reprimiu um gemido, mas não conseguiu esconder

uma careta de dor.

 

– Você está ferido? – perguntou Blanca.

 

– Não!

 

A negativa foi tão eficaz quanto os protestos que se seguiram depois.

Um rápido exame superficial revelou que uma costela poderia estar

trincada, talvez até quebrada. Uma grande mancha roxa tomava a lateral

direita do corpo.

 

– Quando isso aconteceu? – perguntou Marcos.

 

– Acho que foi na hora que me acertaram com uma cadeira...

 

– Não é grave – declarou Blanca. – Mas você não está em condições

de subir em um cavalo agora.

 

– Isso não é nada! – insistiu o marido.

 

– Talvez não seja mesmo! – interferiu Marcel. – Mas se você estiver

com uma costela trincada ou quebrada, ela pode perfurar seu pulmão numa

cavalgada e você vai ter uma morte horrível e dolorosa.

 

E foi assim que Marcos, Marcel e Blanca acompanharam Fergus e a

Princesa Maeve até o castelo do Rei do Norte, deixando Fernando e Eileen

esperando na antiga casa de Claire, a viúva de um minerador. Blanca se

despediu da menina com carinho, beijando a seguir o marido.

 

– Tome cuidado – pediu ele, acariciando os cabelos longos da esposa

e olhando seu rosto como se estivesse tentando decorá-lo.

 

– Não se preocupe – sorriu ela. – Não é longe, estaremos de volta

pela noite. Aproveite e descanse.

 

Ela tentou ir, mas ele a puxou e a beijou longamente, como numa

cena de filme. Marcel resmungou dessa demonstração exagerada e

indiscreta de afeto, mas a princesa Maeve os olhou longamente com um

sorriso desenhado no rosto de menina.

 

Quando se separaram, Blanca deu um último sorriso ao marido.

 

– Pelo menos dessa vez saberei que você está em um lugar seguro! –

disse ela.

 

Eles partiram e Fernando e Eileen ficaram na porta vendo-os

desaparecerem na curva. Fernando compreendia o sentimento da mulher e

gostaria de sentir o mesmo. Queria acreditar que ela estava segura, que

Dulce estava segura, que todos que amava estavam seguros em algum

lugar tranquilo e confortável.

 

 Ele precisava dessa sensação para se sentir

bem. Precisava saber que tudo estava bem com aqueles que amava. Mas ele

sabia que não podia guardar as pessoas numa caixa, como se fossem joias,

por mais preciosas que elas fossem para ele. Aprendeu, a duras penas, que

precisava deixar as mulheres da sua vida trilharem seus caminhos, alçarem

seus voos, lutarem suas batalhas. Por isso, deixou que Blanca fosse, embora

isso estivesse massacrando seu coração. Tinha um mau pressentimento.

 

Algo lhe dizia que a missão poderia não ser tão simples quanto eles

pensaram. Rezou para estar errado. E se achou um idiota por ter entrado

naquela briga estúpida que agora o tirava de cena.

 

Eram muitas novidades para colocar em dia e Anahí ouvia

atentamente as aventuras de Dulce e Chris. Ficou confusa quando Chris lhe

disse não ser o Chrisariel que ela conhecera e não pareceu ficar totalmente

convicta, mas viu Dulce fazendo gestos com os braços atrás dele,

sinalizando que ela não deveria contrariá-lo. Então Anahí apenas sorriu e

disse:

 

– Que interessante!

 

A hora do almoço chegou bem rápido e um banquete foi servido.

Havia faisões, queijos, carnes e grãos de várias espécies.

 

– Achei que não comessem carne aqui! – estranhou Dulce.

 

– Aqui onde? Aqui no castelo? Porque quando eu cheguei já se comia

carne por aqui.

 

– Na Vila das Fadas D’Água não se come – comentou Dulce, que não

fazia muita questão de carne.

 

– Em muitos lugares deste mundo, animais não são sacrificados –

explicou Manuel, que acabava de chegar. – Mas em outros, come-se e caça-se normalmente.

 

Ele se sentou, dando um sorriso discreto. Manuel era um elfo alto de

rosto belíssimo e uma imponente indumentária em tons de azul. Uma capa

cobria as ombreiras e os braços fortes estavam constantemente nus. Os

cabelos negros tinham duas mechas presas por dois adereços metálicos e

ele parecia sempre olhar todo mundo de algum ponto mais alto. 

 

Dulce nunca tinha visto Manuel sorrir, salvo na festa de noivado dele e Anahí.

Lembrou-se de que Chris e ele não tinham se dado bem. Na verdade, nem ela tinha se dado bem com Manuel, e ele também não gostara muito de nenhum dos dois. Agora, com a ausência de lembranças desse período na cabeça de Chris, talvez fosse possível começar de novo. Dulce queria que Anahí ficasse feliz e sabia que a aceitação de Manuel podia ajudar nisso.

 

– Tenho ótimas notícias para vocês! – disse Manuel.

 

Chris e Dulce pararam de comer para prestar atenção, como se

mastigar fizesse barulho demais e pudessem perder alguma palavra

importante enquanto o fizessem.

 

– Há um velho druida na floresta aqui perto que pode nos dizer onde

estão seus pais e seu tio.

 

– É mesmo?! – espantou-se Dulce.

 

– Sim, não é só o Fauno Ancião que tem esses poderes. Magos,

druidas, bruxas e até determinadas fadas podem revelar coisas – explicou

ele, enquanto um criado lhe servia vinho.

 

– Ótimo! Isso é ótimo! – comemorou Dulce. – Podemos ir lá assim

que terminarmos aqui!

 

– Bem, tem um probleminha... – continuou Manuel, tomando um gole

de sua bebida.

 

Eles esperaram ansiosos até que ele secasse a boca com um

guardanapo de seda e monograma bordado em azul.

 

– Esse druida não recebe muitas pessoas. Na verdade, ele só fala com

homens.

 

– Que esquisito! – estranhou Dulce.

 

– Ele é estranho mesmo. É um velho de barbas brancas, vive recluso

e por qualquer coisa pode se recusar a dar a informação – continuou

Manuel. – Por isso, pensei no seguinte. Chris e eu iremos até lá agora à tarde, enquanto você e Anahí matam saudades. O que acha?

 

– Não sei... – Dulce hesitou. Não queria se separar de Chris, embora

isso parecesse extremamente carente.

 

– Dulce, ficarei fora algumas poucas horas – disse Chris. – Você não

vê sua melhor amiga há semanas, e não a verá por algum tempo depois que

voltar. Aproveite esse momento!

 

Dulce sorriu para Anahí que entendeu o sim e comemorou

batendo os pezinhos no chão por baixo da mesa.

 

O almoço prosseguiu tranquilo, com conversas agradáveis, até que

Manuel se retirou, convidando Chris a fazer o mesmo. Queria estar de volta

antes do anoitecer. O rapaz se despediu de Dulce com um beijo doce e ela

o acompanhou com os olhos até que ele desaparecesse atrás de uma porta.

 

– Você está apaixonada mesmo, hein?

 

Dulce virou-se para a amiga, flagrando-a com um sorriso triste.

 

– Não, acho que essa fase já passou – disse Dulce, pegando de uma

grande cesta sobre a mesa algumas frutinhas vermelhas parecidas com

amoras, mas inacreditavelmente doces. – Eu o amo.

 

– Sério? – inquiriu a outra, em tom de segredo.

 

Dulce se aproximou dela e pegou suas mãos, olhando-a nos olhos

para que ela tivesse certeza de que não estava mentindo.

 

– Sério.

 

Elas saíram a cavalo, acompanhadas de um jovem guarda chamado

Bran. Ele tinha os cabelos castanhos que passavam pouco do pescoço e que

não encobriam as orelhas pontudas. Não era alto ou imponente como

Manuel, sendo pouco mais alto de Anahí. Ele costumava ficar por perto,

mas não perto demais para não ouvir as conversas das donzelas. Tímido,

sempre baixava o rosto quando Anahí lhe dirigia a palavra.

 

– Qual é a desse guarda? – perguntou Dulce, observando o jovem

recostado numa bela árvore a uma certa distância, enquanto elas

passeavam a pé por uma relva verdejante repleta de flores do campo que

pontuavam com todas as cores uma imensa extensão de terra.

 

– Esse? É Bran! – explicou com ar displicente Anahí. – Manuel o

designou para tomar conta de mim desde o ataque dos trolls. Ele é um dos

guardas do palácio, nunca esteve em campo. Ele é inofensivo, fique

tranquila.

 

– Eu estou tranquila! – riu Dulce. – Só o achei... peculiar! É estranho

ter alguém andando atrás da gente o tempo todo.

 

– Medidas de segurança do meu futuro marido...

Anahí falara essa última frase com certo amargor. Dulce percebeu.

 

Sabia como ler a amiga. Anahí estava belíssima, mais linda do que nunca,

mas, vez por outra, Dulce podia sentir esse certo tom amargo na voz e uma

sombra em seus olhos.

 

– Anahí? – Dulce parou de andar e virou-se para a amiga. – Está

tudo bem?

 

– Está! Claro! Sou uma princesa, estou noiva de um elfo lindo de

morrer, moro num castelo, o que poderia estar errado?

 

E continuou a andar, mas Dulce a puxou levemente pelo braço,

forçando-a a olhar para ela. Anahí suspirou e seus ombros caíram um

pouco. Ela olhou para o alto e então voltou a olhar para a amiga.

 

– Não sei... Sinceramente, Dulce... Não sei...

 

Pelo resto da tarde, Dulce foi a ouvinte. Ouviu os problemas e

dilemas da jovem amiga, que se sentia solitária, não recebendo a atenção

que sonhara receber um dia do homem que viria a ser seu marido. Desde

que os rumores de uma guerra começaram que Manuel não lhe dedicava

mais tempo. Mesmo quando estava com ela, sua cabeça estava em outros

assuntos. Ela chegou a suspeitar de outra, mas não havia nenhuma outra

mulher. Então, ela começou a pensar na outra alternativa.

 

– Acho que ele não me ama mais.

 

– Não acha que é um tanto precipitado esse veredicto, Anahí?

 

Elas estavam sentadas na relva, cercadas por flores, sob um céu azul

pincelado por nuvens de tons pastéis. Era como se estivessem dentro de

um quadro de Renoir, e mesmo assim, Anahí estava infeliz e isso partia o

coração de sua amiga.

 

– Ele pode estar com outras coisas na cabeça, só isso!

 

– Eu vi você e Chris – disse Anahí. – Vejo como ele a olha, como ele a

toca, como ele se preocupa com você, como ele... a ama... Eu queria isso pra

mim também, só isso.

 

Dulce segurou as mãos da amiga como se fossem dois pássaros

adoentados e mornos.

 

– E você merece! Dê um tempo para o Manuel, fale com ele, não deixe

essa história morrer!

 

Anahí sorriu, agora imbuída de uma fé renovada. Sim, se Dulce

conseguira encontrar o amor, por que não ela? E Dulce tinha razão. Talvez

estivesse sendo um tanto carente demais e alguns homens levam tempo

para aprender a serem companheiros. Quando Manuel a beijava, ela se

sentia a mulher mais importante do mundo porque ele a amava. Ela só

queria se sentir assim o tempo todo...

 

A tarde passou tão rápido que, quando chegaram ao castelo, as velas

já estavam acesas. A mesa do jantar estava posta e Dulce chegou

perguntando sobre Chris.

 

– Eles ainda não chegaram, madame – respondeu a criada que servia

o jantar.A preocupação pousou imediatamente no rosto de Dulce, mas

 

Anahí a acalmou.

 

– Calma, Dulce! Eles foram acompanhados de três guardas! E você

viu Manuel, ele luta bem. Tenho certeza de que estão bem. Aposto que

resolveram jogar tarô ou qualquer coisa assim!

 

Dulce tentou disfarçar a preocupação, mas conforme as horas

avançavam, disfarçar foi ficando impossível. Até que Manuel entrou na sala

de jantar.

 

Anahí levantou e o recebeu com um beijo e um abraço que ele

prontamente retribuiu.

 

– Boas notícias! – disse Manuel. – Conseguimos a localização de sua

família!

 

– Que ótimo! – comemorou Anahí, mas Dulce procurava alguém

atrás dele.

 

– Onde está Chris?

 

– Ele estava cansado e foi direto para seus aposentos – explicou Manuel. – Passamos por um pântano e ele caiu numa poça na volta, devia

estar ansioso por um banho.

 

– Viu? – disse Anahí com um sorriso feliz. – Eu disse que estava

tudo bem!

 

– Acho que vou subir para vê-lo – disse Dulce.

 

– Não quer saber onde seus pais estão? – perguntou Manuel. – Venha,

só vai levar um segundo! Eu te mostro. Enquanto isso, Chris toma seu banho.

 

Dulce achou que isso fazia sentido, embora uma sensação de

desconforto inexplicável continuasse a acompanhá-la. Manuel as guiou até

uma sala próxima onde foram servidas taças de hidromel. Dulce achou

que aquela era a bebida mais deliciosa que ela já provara em toda sua vida.

 

O elfo abriu sobre uma grande mesa de mármore um mapa. Apontou um

ponto.

 

– Veja! Você está aqui!

 

Dulce piscou, lembrando como achava mapas chatos, e como

odiava ter que desenhá-los nas folhas de papel almaço na aula de uma

velha professora de geografia. E afinal? Quem usa papel almaço? E por que

desenhar mapas? E por que se chama almaço? Viu o dedo de Manuel seguir

do ponto por uma estrada. Tomou o último gole do hidromel e colocou a

taça sobre a mesa. Manuel continuava falando.

 

– Enfim, eles não estão longe! Na verdade, podemos ir amanhã cedo

e trazê-los para cá! Imagino que cheguemos na manhã do dia seguinte.

Destacarei alguns soldados para nos acompanharem. O que você acha?

 

– Acho saksl... quedskad... ascho... asscho... AAASCHOOOOO que é...

qual foi a pergunta mesmo?

 

– Dulce? Você está bem? – perguntou Anahí, se aproximando. –

Você está falando enrolado!

 

Dulce não se lembra de ter respondido. Lembra de ter tentado! E

foi só o que conseguiu lembrar daquela noite.  

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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