Fanfics Brasil - Capítulo 32 - Fogo, Cinzas e Asas O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 32 - Fogo, Cinzas e Asas

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A volta para Luzandefall foi tranquila. Não foram emboscados nem

encontraram criaturas bizarras, não caíram em armadilhas e nem foram

interpelados por vendedores. 

 

Já estavam na estrada que levava à pequena

casa onde Fernando e Eileen esperavam e o pôr do sol lhes dava a impressão

de estarem cavalgando sobre um tapete dourado. Pequenas pedrinhas

brilhavam em laranja e pássaros de cores múltiplas e de vários tamanhos

enchiam o céu.

 

– Isso deve ser um bom sinal! – disse Marcos, quando comentaram

sobre a viagem tranquila de volta.

 

– Espero que sim... – respondeu Blanca. – Mas eu ainda me preocupo

com Maeve e Fergus...

 

– Eu não! – falou Marcel. – Aliás, considero esse caso oficialmente

encerrado! Não pensarei mais nisso até que meus outros problemas mais

prementes se resolvam!

 

– Vocês não acharam aquele príncipe meio estranho, não?

 

– Como assim, Marcos?

 

– Blanca! Minha flor! Minha amiga de coração puro! Você não

percebeu nada? Não viu o jeito que ele olhou para os homens,

especialmente Fergus? Aquele Nescau é Quik, santa!

 

– Será? – Blanca estava espantada com sua falta de sensibilidade

para detectar essas coisas.

 

– Bom, isso pode resolver muita coisa! – comentou Marcel.

 

– Mas, se vamos embora, como vamos saber o que aconteceu? –

preocupou-se Marcos.

 

– Leremos em algum livro! Ou veremos em algum filme! –

respondeu Marcel. – Oisin disse que muitos artistas vêm para cá enquanto

dormem e levam para nosso mundo o que veem aqui.

 

E então Marcel desfez o sorriso e pareceu subitamente infeliz.

 

– O que foi? – perguntou Blanca.

 

Ele se virou para ela, surpreso com uma constatação.

 

– Estou com saudades dela!

 

– De Oisin? – espantou-se Marcos.

 

– Sim... Gostaria de estar com ela agora, e, de repente, me ocorreu

que quando eu arrumar um jeito de ir embora, terei que deixá-la para

sempre...

 

– Sério? Achei que você estivesse com ela obrigado!

 

Marcel moveu a cabeça como se ainda estivesse pensando.

 

– Eu me apaixonei por ela. Me apaixonei de verdade. Mas, quando

vocês chegaram, eu achei que a única coisa sensata a fazer era fugir do

compromisso de um casamento maluco baseado em uma única noite de

amor. Tudo bem que foi a noite mais maravilhosa de todos os tempos em

todo o espaço sideral, mas mesmo assim, foi só uma noite. Mas agora que

tudo está se resolvendo e o fim parece próximo... sei lá... Preciso pensar...

 

– Vamos tocar uma música para fazer o clip do Marcel pensando na

sua amada com os cabelos ao vento.

 

E, enquanto Marcel fazia várias caras de um homem apaixonado

pensando na amada ao pôr do sol, Marcel e Blanca cantavam “All by

myself” em alto e divertido tom. E com as brincadeiras, o caminho foi

rápido e a viagem foi breve. O Sol já tinha partido e o horizonte foi tingido

de negro. 

 

Conversavam sobre bobagens e planos para o futuro, quando

Blanca interrompeu a conversa ao perceber uma estranha luminosidade

avermelhada em algum ponto a frente, de onde também se erguia uma

fumaça cinzenta.

 

– O que é aquilo? – perguntou ela.

 

Fernando e Eileen não tinham muito a fazer enquanto esperavam. O

silêncio e a brisa fresca eram um convite para uma boa soneca. Fernando não

contava que o cansaço o tomasse de pronto e uma soneca lhe tomasse

praticamente a tarde inteira. Quando acordou, o Sol já estava se

despedindo. Foi até a cozinha e procurou alguma coisa para Eileen. Em sua

bolsa, ainda tinha algumas poucas coisas que Dana lhe dera, mas

obviamente já estavam um tanto passadas. 

 

Mesmo assim, acreditou que se

conseguisse esquentar o pão, que já ficara meio duro, poderia fazer uma

torrada e derreter o último pedaço de queijo. Ainda se lembrava de como

acender o forno a lenha, mas isso não impediu a enorme saudade de toda a

parafernália de sua cozinha. Chamava de “sua” porque ele a usava muito

mais do que Blanca.

 

 Podemos dizer que Fernando se adaptara muito bem à

vida moderna. Depois de algum tempo, pensava que aquele era o tempo

ideal para ele. Uma das coisas que amava era o infinito leque de sabores

desse tempo. Ele adorava brincar com temperos e inventar novos pratos

quando tinha tempo e inspiração. Só não engordava porque de todos os

seus pecados, a vaidade ainda era vencedora.

 

Eileen acordou com o cheiro bom que subiu e logo se sentou na

mesa, ainda esfregando o olho. Fernando lhe serviu pão com queijo e

requentou um bolinho dormido.

 

– Blanca, Marcos e Marcel já devem estar chegando! – disse ele,

vendo a menina comer.

 

– E aí vamos pra onde? – perguntou a fadinha.

 

– Vamos para um reino perto da Colina dos Amores Perfeitos,

encontrar Dulce e Chris. Aí, voltaremos para a Vila das Fadas D’Água, sua

casa!

 

– Mas você não vai embora, vai? – perguntou ela com um olhar

ansioso. Fernando se sentou diante dela com um sorriso.

 

– Não agora, querida. Ainda vamos levar algum tempo juntos, está

bem?

 

A fadinha abriu um sorriso encantador e bebeu um copo com água.

Quando ela terminou, já era noite. Ouviram sons de cavalos e Fernando sorriu.

 

– Viu? Eu não disse que eles já estavam chegando?

 

Ele foi até a janela, imaginando que talvez pudessem ir até a cidade

comer alguma coisa. O sorriso se apagou imediatamente. Fechou a janela e

correu até Eileen. Levou a menina até o quarto e a segurou firmemente

pelos bracinhos de forma que ela o olhasse e prestasse atenção.

 

– Se esconda e só saia daqui quando for seguro! Não saia antes

disso! Entendeu?

 

A menina assustada concordou com a cabeça e ele a empurrou para

debaixo da cama, reiterando a ordem. Ele se levantou correndo e pegou sua

espada. Quando chegou no aposento que era ao mesmo tempo sala e

cozinha, a porta se escancarou com violência e quatro homens entraram.

 

Um deles tinha o nariz quebrado, os outros tinham marcas recentes de luta.

E ele os reconheceu todos.

 

– Ora, ora, vejam só quem está aqui!... – disse um deles, de espada

em punho. – Nosso velho amigo defensor das viúvas...

 

– Eu me lembro desse daí... – falou o de nariz quebrado. – E acho

que ele vai se lembrar da gente todo dia a partir de hoje!...

 

Eles atacaram, não um de cada vez, mas todos ao mesmo tempo,

como fazem os covardes. Fernando se abaixou e evitou um dos golpes, chutou

um deles no peito e girou a espada com rapidez, interrompendo dois golpes

ainda no ar. Isso não intimidou seus antagonistas, que continuaram em

cima dele em golpes sem parar.

 

Dessa vez, os homens estavam mais preparados. Eles o atacava sem

trégua, encurralando-o, sem dar chance para que ele revidasse. Também

notaram que ele estava um pouco mais lento que na noite anterior. Um

chute pelas costas o projetou para a frente, onde um dos bandidos o

esperava com o cabo da espada. Tonteou com o golpe e não esperou o

segundo, que lhe arrancou a espada das mãos, fazendo-a voar longe.

 

Os homens riram, vendo seu inimigo desarmado. Depois do primeiro

segundo de surpresa, Fernando partiu para cima do que parecia o líder, um

homem totalmente calvo. Acertou-lhe um chute e dois murros nos dois que

tentaram detê-lo, até que alguém acertou-lhe um soco nas costelas. Ele

gritou e foi ao chão. Começaram a chutá-lo, até que ele não oferecesse mais

resistência, o que não demorou muito.

 

O líder foi até ele e o puxou pelos fartos cabelos negros.

 

– Onde está a viúva?

 

Como ele não respondesse, acertou-lhe um soco no rosto e ele

cuspiu sangue.

 

– Onde está o ouro? – gritou o homem.

 

Ele murmurou que não sabia, mas não adiantou. Um soco explodiu

em seu estômago, fazendo-o perder a direção de tudo por alguns instantes.

 

Eles o ergueram e ele se aproveitou disso para tentar fugir. Se

pudesse tirá-los da casa, Eileen estaria a salvo. Não conseguiu chegar na

porta. Eles o agarraram e lhe deram socos violentos que o jogaram para

trás.

 

 Ele nem percebeu que tinha ido parar no outro aposento. Um chute no

peito o derrubou no chão, o rosto ensanguentado, o olhar assustado. Ao seu

lado, viu Eileen com as mãozinhas na boca e lágrimas escorrendo,

encolhida debaixo da cama. Ele tentou se levantar, na urgência de tirar

aqueles homens dali, mas eles o chutaram de novo, repetindo a pergunta.

 

– Esquece! Ele não sabe! – disse um deles, o que dera o último chute

no homem caído.

 

O homem calvo grunhiu de raiva e derrubou um móvel. Então andou

pelo pequeno aposento.

 

– Não vou sair daqui de mãos abanando! – disse o homem calvo,

fazendo um movimento rapidamente entendido pelos outros.

 

Então viraram Fernando de bruços e ele pode ver novamente o rosto

apavorado de Eileen segurando o choro. Amarraram suas mãos atrás das

costas.

 

– Esse vai dar uma grana como escravo!

 

Eles o ergueram e Eileen só viu os pés dos homens desaparecendo

pela porta, enquanto engolia os soluços.

Eles o arrastaram até os cavalos. Para sua surpresa, um quinto

homem chegava a cavalo.

 

– E então? – perguntou o que chegava, que ele não conseguia ver

ainda, pois a visão estava meio turva.

 

– Não tinha ouro nenhum! A viúva foi embora, deve ter levado o

ouro com ela! Sua dica não serviu pra nada! Pelo menos pegamos esse aqui,

vai dar um bom dinheiro no mercado de escravos.

 

O quinto homem riu quando se aproximou.

 

– Eu nunca vi um corvo numa gaiola!

 

Fernando reconheceu a voz e quando o olhou, viu o homem com quem

brigara duas vezes, o que trazia a cicatriz no rosto. Ele tinha o sorriso da

vitória.

 

– Isso vai ser divertido!... – disse o homem, olhando-o nos olhos.

 

O líder deu a ordem final, a ordem que fez Fernando reunir suas

últimas forças para tentar impedi-los.

 

– Queimem tudo!

 

– Não!

 

Os homens jogaram querosene na casa e usaram archotes para

acender o fogo. Fernando chutou e se debateu, gritou para pararem, enquanto

via as chamas começarem a consumir a pequena casa. 

 

Em poucos

segundos, labaredas lambiam como línguas famintas toda a construção,

erguendo-se em pontas furiosas para o céu negro. Como não sossegasse, o

homem de cicatriz deu-lhe um soco no estômago e outro no rosto,

desacordando o prisioneiro. Com facilidade, jogou-o sobre o cavalo,

montando a seguir.

 

Blanca, Marcos e Marcel chegaram correndo e viram apavorados a

casa sendo totalmente consumida por chamas. Mesmo assim, Blanca saltou

do cavalo e correu para a casa, gritando o nome do marido. Marcel correu o

mais rápido que pôde e a segurou, Marcos teve que ajudá-lo. Ela continuava

gritando seu nome, se debatendo, enquanto a fumaça subia e as lágrimas

caíam.

 

Quando o Sol estava se despedindo naquele mesmo dia, Dulce

ouviu uma estranha movimentação fora da caverna. Apenas Poncho estava lá

fora, mas ele poderia estar com problemas. Pegou uma espada e foi

verificar. Assim que saiu, foi pega por um soldado elfo que a segurou

fortemente por trás. Gritou, dando o sinal de alerta.

 

 Anahí apareceu logo

depois, mas não havia nada que ela pudesse fazer. O lugar estava cercado

por soldados armados e seu futuro marido estava na liderança, montado

em um garboso cavalo Ponchoco.

Dulce mordeu o braço do guarda que a segurava. O elfo gritou e a

jogou no chão num impulso. Dulce viu Anahí parada diante da caverna e

a acusou.

 

– Você nos traiu! – gritou.

 

Dulce se levantou e Manuel desceu do cavalo com ar vitorioso.

 

Então, uma voz suave foi ouvida.

 

– Eles não sabem de nada, senhor.

 

Dulce e Anahí observaram perplexas Poncho passar o relatório para

seu comandante.

 

– Nem o garoto, nem a menina – continuou ele.

 

– Você tem certeza? – perguntou Manuel, sem tirar os olhos de

Dulce.

 

– Sim, senhor. Certeza absoluta. Eles não podem ajudar e também

não são ameaça.

 

Manuel demorou alguns segundos, como se estivesse pensando. Mas

ele não estava pensando, pois já sabia muito bem o que ia fazer.

 

– Muito bem, peguem o garoto e o levem de volta para o calabouço.

Vamos continuar nosso interrogatório. Mas dessa vez ele terá companhia!

 

E com um gesto, ele deu ordens para prenderem Dulce. Ela se

debateu, em vão, sendo segura por dois guardas. Outros cinco elfos

armados adentraram a caverna, o que fez com que Dulce se agitasse e se

debatesse.

 

– Por favor, não façam isso!!! Ele não sabe de nada! Ele não sabe! Ele

está ferido, não o toquem! Não o toquem!

 

– Senhor! – interveio Poncho, num tom de urgência. – Eu já lhe disse

que eles não sabem de nada!

 

– E eu já ouvi, soldado! Agora, cale-se! Você já fez o seu trabalho.

 

Anahí correu até Manuel, desesperada.

 

– Pelo amor de Deus, Manuel, pare com isso! Chris e Dulce são nossos

amigos, e você já machucou esse rapaz demais! E pra quê? O que você está

fazendo é loucura!

 

Manuel a agarrou pelo braço com força, machucando-a, e a olhou nos

olhos com fúria.

 

– Não esqueci que você me traiu, Anahí! Que preferiu sua amiga ao

seu futuro marido! Então, não force minha paciência com você, ou teremos

três naquele calabouço ao invés de dois! Traição é um crime muito grave.

 

Ele a soltou, empurrando-a para longe. A menina ainda o olhava

atônita quando um guarda gritou dentro da caverna, chamando a atenção

de todos. A seguir, dois soldados voaram mais de cinco metros para fora da

caverna.

 

– O que está acontecendo? – Manuel se precipitou para a entrada, e

mais um guarda foi lançado longe, batendo contra o tronco de uma árvore e

caindo inconsciente. Os outros dois foram jogados de lá de dentro dois

segundos depois. Manuel diminuiu o passo, mas continuou indo na direção

da caverna. Puxou a espada e tentou ver o que tinha na caverna escura.

 

Alguma coisa voou lá de dentro e saltou em cima de Manuel. Tinha

enormes asas de morcego vermelhas e, o que a princípio pareceu só um

vulto, logo foi reconhecido, mesmo num movimento tão rápido.

 

– Chris?...

 

Manuel caiu de costas no chão, soltando a espada. Sobre ele, uma

criatura. Ainda era Chris. Era o mesmo rosto, o mesmo corpo, mas agora ele

tinha asas de troll e as orelhas eram ligeiramente pontudas. E os olhos... Os

olhos eram maus...

 

Os poucos guardas que ficaram soltaram Dulce e investiram contra

a criatura. Chris, acocorado sobre Manuel, o segurava pela capa perto do

pescoço, obrigando-o a olhar em seus olhos. Com a chegada dos guardas,

levantou voo, agitando as enormes asas, levando consigo Manuel. Chegou a

uma altura de quase 15 metros.

 

– Me solte, seu monstro! – gritou Manuel, lutando contra seu captor.

 

Chris o olhou e sorriu.

 

– Como quiser!

 

E então o largou. Manuel despencou daquela altura gritando. Caiu

sobre uma árvore, batendo nos galhos com violência, até cair inconsciente

no chão. Chris flutuou por alguns momentos acima dos guardas, acima de

Anahí e de Dulce.

 

 Rasgou o resto da camisa que as asas já tinham

destruído parcialmente e a jogou longe com um movimento brusco. Seu

corpo ainda estava coberto pelas marcas da tortura, mostrando que o

unguento de Frabato não tivera muito tempo para agir. Passou os olhos

pelos elfos que corriam lá embaixo como se fossem formigas. Um guarda

atirou uma flecha. Ela passou raspando por sua asa. E então ele voou para

longe.

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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