Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada
Eles passaram a noite ali. O fogo consumiu a casa até que as paredes
desmoronassem. Quando o céu cinza da madrugada anunciou um novo dia,
apenas brasas ardiam. Marcel e Marcos permaneceram ali, em silêncio,
abraçando a amiga de joelhos no chão de terra.
As lágrimas não pararam de
cair por nem um segundo e ninguém falava nada. Foi uma noite de silêncio
e lágrimas, ao som do crepitar do fogo, implacável e insensível a sua dor.
Então, Blanca se levantou. Os outros se ergueram também e a
acompanharam. Era hora de procurar pelos corpos. Ela parou no exato
ponto onde beijara o marido pela última vez. Limpou as lágrimas do rosto
cansado e continuou.
Passos pesados entraram no que já foi uma casa, onde já moraram
pessoas, onde lemPonchoças foram reduzidas a cinzas e pó. Com medo de
encontrar uma prova de sua perda, eles olharam. Marcel achou a espada
que Fernando carregava, o que era uma triste constatação. Ele não sairia da
casa sem a espada.
O Sol começava a raiar, jogando luz sobre sua dor. Blanca sentiu que
aquele fogo consumira sua vida e que nada mais ia ser como antes. Seu
coração estava desmoronando.
– Blanca! – chamou Marcel, não acreditando no que via.
Blanca e Marcos olharam e viram Eileen saindo de uma moita e
correndo na direção deles. Blanca se abaixou e recebeu a criança nos
braços, chorando de alegria e enchendo o coração de esperança.
Eileen chorava muito, foi difícil entender o que ela dizia.
– Homens maus entraram! Os mesmos de antes. Ban mandou eu me
esconder! Eles queriam ouro. Ban não tinha, brigou com eles. Mas eles
eram muitos, bateram muito nele e levaram ele embora! Eu saí pela janela!
E ela recomeçou a chorar. Blanca a abraçou novamente, olhando
para os amigos com um sorriso no meio das lágrimas.
– Ele está vivo!
O alívio de não ter perdido alguém que se ama é uma sensação rara
e poderosa. O coração deles ganhara asas de novo.
Sem mais nada para fazer ali, eles se levantaram para ir embora.
Estavam sujos de cinzas e muito cansados, mas a esperança havia voltado.
Quando estava saindo, Marcos esbarrou com o pé em uma coisa dura entre
as cinzas. Abaixou-se para ver melhor e encontrou um pequeno tijolo. O
que lhe chamou a atenção é que o tijolo envolvia um saquinho que saíra
quase ileso do incêndio. Ele pegou o saco, sentindo o peso na mão.
– Nós vamos achá-lo, Lore... – disse Marcel, envolvendo a prima num
abraço fraterno.
– Gente! – chamou Marcos. – Olha o que eu achei!
Eles se viraram e Marcos lhes mostrou, derramando nas mãos, as
pepitas douradas que enchiam o saco que encontrara.
– Hum... – disse Marcel, sem mudar sua expressão. – Isso pode
ajudar...
Dulce estava na prisão. Não fora levada para o calabouço ainda,
mas sabia que era só uma questão de tempo. Provavelmente aguardavam
ordens de Manuel, que estava ocupado sendo remendado em algum lugar
daquele castelo. A queda lhe quebrara alguns ossos, com certeza. “Pena que
não lhe quebrou o pescoço...”, pensou Dulce, com amargor.
Estava encolhida num canto escuro e não tocara na comida que lhe
fora levada. Sentia-se aniquilada. Tudo havia sido tirado dela e ela não via
como recuperar. Era isso. Manuel finalmente a derrotara. Ele conseguira
com a dor o que ela não conseguira com amor. Fazer Chris se lembrar de
quem era.
Um guarda abriu a porta da prisão e Anahí entrou. Estava abatida e
triste. O guarda fechou a porta atrás dela e se manteve de costas. Anahí se
aproximou da amiga e se sentou ao lado dela em silêncio por alguns
segundos.
– Eu sinto muito... – disse, finalmente, a voz embargada de quem vai
chorar a qualquer momento.
– Eu também... – respondeu Dulce, olhando para ela.
– Bem, agora você sabe como é amar um monstro...
Dulce não desviou o olhar. Parecia amortecida, embora estivesse
sentido tanta dor quanto era humanamente possível.
– Eu nunca deveria ter dito aquilo... – disse Dulce, sabendo que
magoara a amiga de uma maneira que ela não merecia. – Me perdoe.
– Eu nunca traí você! – disse Anahí, as lágrimas começando a
correr. – Ou Chris! Eu nunca...
– Eu sei.
Anahí começou a chorar convulsivamente e as duas se abraçaram,
chorando uma nos braços da outra as perdas irremediáveis daquele dia.
Então o guarda caiu. Elas ergueram as cabeças e viram o guarda
caído diante da porta da cela. Levantaram-se curiosas e, assim que o
fizeram, viram Poncho com um molho de chaves, abrindo a cela.
– Vamos! – disse ele, já com a porta aberta. – Não temos muito
tempo!
O soldado caído tinha um dardo no pescoço. As moças se
aproximaram, mas não saíram.
– Ficou louco?! – disse Anahí.
– Acha que vamos confiar em você de novo? – completou Dulce.
Ele deixou os ombros caírem e seu rosto de contorceu.
– Me perdoem! Eu errei, eu achei que Manuel jamais torturaria
inocentes. Eu sinto muito, mas eu quero remediar isso. Por favor, me deem
essa chance!
Anahí e Dulce se entreolharam, sentindo pela primeira vez em
muito tempo a velha cumplicidade de quando eram melhores amigas.
Anahí saiu primeiro e deu uma bofetada bem forte em Poncho. Dulce saiu
em seguida e lhe deu um soco no estômago. Ele se curvou, imaginando
quanta raiva tinha naquelas duas para elas estarem com a mão tão pesada.
Ele as guiou pelos corredores. Dessa vez, Manuel tinha reforçado a
segurança. Havia mais guardas e no meio da escada que dava para a saída,
três elfos armados estavam descendo, fazendo algum tipo de patrulha.
– Há cavalos e provisões depois do armazém de armas, numa saída
secreta perto de uma pedra em forma de bruxa! Vão, eu vou segurá-los por
aqui!
As espadas se cruzaram e Poncho abriu caminho para que elas
passassem. Assim que o fizeram, impediu a passagem dos guardas como
pôde. Poncho era jovem e ágil. O rosto tímido escondia, no final, um excelente
espadachim. Mas ainda eram três contra um e não demorou muito até que
fosse perdendo terreno.
– Poncho! Sai da frente!
Ele obedeceu e bem a tempo. Um barril vazio rolou escada abaixo
assim que ele se colou contra a parede. O barril atropelou os elfos, que
caíram escada abaixo. Poncho olhou espantado para as meninas que voltaram
por ele.–
Vamos!
Eles seguiram correndo e chegaram aos cavalos com rapidez. O
alarme já tinha sido dado, eles sabiam que em poucos minutos, a guarda
inteira estaria atrás deles. Porém, Poncho já tinha pensado nisso.
Dispararam com os cavalos e entraram na floresta. Poucos segundos
depois, cavalos com guardas armados dispararam atrás deles.
– O que vamos fazer? – gritou Dulce, já vendo os guardas atrás
deles.
– Estamos quase chegando! – respondeu Poncho.
– Aonde?!
– É aqui!!!
Ele parou o cavalo bruscamente, retirando a bolsa de provisões. Elas
fizeram o mesmo, sem entender o que ele estava fazendo.
Dulce só entendeu o que ele pretendia quando reconheceu os
cogumelos em círculo.
– É um círculo de fadas!
Anahí também sabia o que significavam. Entraram os três juntos
no círculo e esperaram que a magia acontecesse. Os soldados se
aproximavam, algumas flechas já sendo lançadas e caindo no chão perto
deles. Seus pés pararam de tocar o chão.
– Está funcionando! – disse Dulce.
O guarda que vinha na frente Ponchodiu a espada. Poncho tomou a frente
das duas. A lâmina se aproximou e passou bem no meio de seu pescoço.
Foi o que o soldado pensou. Não tinha como errar. Porém, cortara
apenas vento. Eles haviam desaparecido.
Caíram no meio de uma colina verdejante. Levantaram-se e olharam
em volta.
– Onde estamos?
Não havia cidade à vista, apenas o céu azul e colinas verdejantes.
– A salvo... – suspirou Poncho.
– E agora? – perguntou Anahí.
Dulce suspirou profundamente.
– Agora? Preciso encontrar Chris. E minha família. Fazê-lo voltar a ser
quem ele é. E voltar pra casa.
Eles ficaram em silêncio.
– Só isso? – perguntou Poncho.
– Pra começar... – respondeu Dulce, dando um sorriso que tornou
tudo um pouco mais leve. Alguns sorrisos fazem isso.
Eles começaram a caminhar. Parecia um longo caminho para
qualquer lugar ali de onde eles estavam. A situação não estava muito boa
para eles. Mas já esteve pior. Agora, ao menos, estavam livres. Quando se é
livre, sempre se pode escolher pra onde ir e o que fazer com o que a vida
nos dá. E era o que estavam fazendo.
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Autor(a): vondynatica
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 8
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vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26
Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada
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vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31
Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada
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kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13
Continua!!!!
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kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44
CONTINUA
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candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47
CONTINUA
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candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14
CONTINUA