Fanfics Brasil - Capítulo 2 - Sorvete Interrompido O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 2 - Sorvete Interrompido

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Indo contra todas as convenções sobre ligar para o rapaz que

conhecera no dia anterior, Dulce ligou para Chris assim que o horário

permitiu. Estava ansiosa e suas mãos suavam. Desligou antes de teclar os

números quatro vezes. 

 

Errou o número outras cinco. Passou as costas da

mão na testa percebendo-se suada. Sentiu-se uma idiota e respirou

profundamente. Pegou no telefone de novo, já insegura pelo fato dele não

ter ligado ainda. Assim que terminou, desligou sem ouvir a resposta e se

levantou afoita. Achou que se tomasse um banho, ficaria mais apresentável

para falar no telefone.

 

Pegou a toalha com uma imagem dos Piratas do Caribe que seu tio

Marcos trouxera de sua última ida à Disneylândia e se meteu no banheiro.

 

Estava debaixo do chuveiro, deixando a água cair sobre os cabelos,

tentando acalmar os pensamentos, quanto alguém bateu insistentemente

na porta. Saiu do box molhada e abriu uma brecha da porta. Deu de cara

com sua mãe, Lorena, lhe estendendo o telefone.

 

– É pra você!

 

– Estou pelada! Não posso falar!

 

– Peço pra ele ligar depois, então... – respondeu Lorena.

 

– “Ele?”

 

Dulce arrancou o telefone das mãos da mãe e fechou a porta a

seguir. Ouviu a voz dele e seu coração disparou.

 

– É uma hora ruim? – perguntou ele. – Posso ligar depois.

 

Dulce se deu conta de que ele ouvira o que ela dissera e pediu-lhe

pra esperar um minuto. Pegou a toalha e se embrulhou rapidamente.

 

– Pronto! Já posso falar!

 

– Tem certeza? Não quer passar um perfume?

 

– Por quê? O que tem de errado... – e assim que percebeu o papel de

boba que estava fazendo, Dulce relaxou e riu um pouco.

 

– Estou te ligando...

 

Dulce segurou as batidas do coração imaginando o que ele falaria.

Ele estaria ligando porque não conseguira parar de pensar nela desde a

tarde anterior, porque não podia fechar os olhos sem vê-la, porque ela era o

seu primeiro e grande amor, porque ele precisava vê-la com tanta urgência

que achava que ia morrer se ela não se teleportasse para lá imediatamente,

porque ele queria segurá-la na proa de um navio gigantesco antes dele

bater num iceberg e afundar...

 

Dulce viajou tanto nas possibilidades do motivo dele estar ligando

que não ouviu quando ele disse o real motivo.

 

– Desculpe! – disse ela. – Eu não ouvi!

 

– Eu disse que estou ligando porque tem 16 ligações feitas desse

telefone para o meu celular.

 

Os ombros de Dulce caíram e seu rosto desmoronou em

desapontamento. No entanto, tudo o que conseguiu dizer foi:

 

– É mesmo?

 

– Eu queria aproveitar e pedir desculpas por não ter ligado antes –

continuou ele. – Inaugurou uma sorveteria muito boa aqui na praça. Quer

dizer, dizem que é muito boa. Você não gostaria de ir lá hoje?

 

– Gostaria! Gostaria muito! Eu adoro sorvete!

 

Ela não podia ter certeza, mas podia apostar que ele sorriu do outro

lado, aquele sorriso largo que fazia seus olhos incrivelmente azuis se

apertarem um pouco e sorrirem também.

 

– Legal! Então está combinado! Onde a gente se encontra?

 

Dulce pensou em pedir pra ele buscá-la em casa, mas isso

implicaria em muitas explicações para seu pai super protetor e com um

histórico de encrencas preocupantes. Então, ela achou melhor administrar

aquela situação sozinha antes de envolver sua família.

 

– Que tal na praça? – sugeriu ela. –Tem uma árvore enorme e um

coreto. Ficarei ali perto!

 

– Ótimo! E o que você vai estar vestindo para que eu possa

reconhecer você?

 

Dulce não entendeu a piada, até que ele lhe explicou que era uma

piada. Ela bateu na própria cabeça, se perguntando por que estava ficando

burra. Marcaram a hora e se despediram alegremente.

 

Quando desligou o telefone, deu vários saltinhos de alegria e fez uma

dancinha embrulhada na toalha, respingando água pelo chão.

 

Ela tentou não parecer uma garota ansiosa esperando pelo seu

primeiro encontro. Tentou dar aquele ar despreocupado que garotas

bonitas costumam ter. 

 

Pensou em usar óculos escuros, mas já estavam no

final da tarde e temeu que óculos de sol a fizessem parecer uma deficiente

visual. Olhou para o relógio pela oitava vez nos últimos dez minutos e secou

as mãos úmidas no vestido. Um minuto tinha se passado da hora marcada e

ela olhou em volta em agonia.

 

– E se ele não vier? – perguntou a si mesma.

 

– Se ele não vier, é porque é um idiota! – respondeu uma voz atrás

dela.

 

Dulce deu um salto com o susto. Virou-se e se deparou com o belo

rosto do qual se lembrava.

 

– Desculpe! – disse ele olhando para o relógio. – Estou 55 segundos

atrasado!

 

Dulce sorriu sem graça, sabendo que ele tinha visto sua agonia.

 

– Tudo bem, mas que isso não se repita! – respondeu ela.

 

Eles começaram a caminhar pela praça, na direção da nova

sorveteria. Crianças brincavam e pessoas despreocupadas passeavam com

seus cachorrinhos, num fim de tarde perfeito.

 

Eles não falaram nada pelos primeiros passos, e quando falaram, foi

ao mesmo tempo. Cada qual pediu desculpas e deu a vez ao outro para

falar.

 

– Eu queria dizer que fiquei feliz de ver você – disse ele.

 

– Eu também fiquei feliz em ser vista! – respondeu ela, começando a

ficar mais calma.

 

– Não estou muito acostumado a chamar alguém pra sair, entende?

 

Dulce olhou para o rapaz com incredulidade. Ele era,

definitivamente, o garoto mais lindo que ela já vira fora de uma tela de

cinema. Como podia ser tímido ou sem jeito para chamar alguém para sair?

 

Era só ele estalar os dedos e meia dúzia de super modelos se atirariam aos

seus pés. Mas ela também se lembrou de que ele não era um simples rapaz.

 

Ele era um anjo. Um anjo recém-chegado.

 

– Eu também não sou exatamente uma veterana no assunto, então

podemos relaxar e ser estúpidos juntos! – respondeu ela.

 

Ao atravessarem a rua, ele pegou na mão dela e olhou com cuidado

para os lados. Então atravessaram em segurança. Dulce riu. Algumas

coisas nunca mudam. Ele ainda tomava conta dela, exatamente como no

mundo das fadas.

 

Entraram na sorveteria que tinha cores pastéis em sua decoração e

uma música do Offspring tocando em uma altura confortável. Havia uma

parte com opções de sorvete à quilo onde eles pararam. Dulce pegou um

potinho verde e percebeu que Chris parecia confuso.

 

– Algum problema? – perguntou ela.

 

– Esse monte de coisas me deixa confuso! – reclamou ele, com uma

careta. – Eu misturo um monte de coisas que acho que gosto e quando vejo,

virou uma maçaroca doce demais!

 

– Que tal pedirmos uma banana split então? – perguntou Dulce,

devolvendo o potinho de plástico.

 

Chris concordou com alívio e foram para as mesas de fundo onde um

cardápio muito colorido foi entregue.

 

Dulce falou da música, tentando entender um pouco da letra que

falava sobre começos difíceis e tombos na estrada, e Chris acompanhou o

raciocínio. Escolheram os sabores e a garçonete levou os cardápios.

 

Começaram a conversar sobre começos, dificuldades e histórias

inspiradoras. O papo começou a fluir e Dulce percebeu que estava

tranquila e segura, como se tudo estivesse no lugar certo e tudo estivesse

perfeito de novo. E ela podia ter deixado assim. Aceitado o que o Universo,

o Cosmo, a Divindade, o Senhor, o Espaço Sideral, ou o que quer que seja

lhe tivesse mandado, mas ela simplesmente não podia olhar para Chris

diante dela e não tentar saber a verdade.

 

– Você ainda é um anjo? – perguntou ela do nada, no meio de uma

conversa sobre grupos de rock.

 

Chris olhou para ela nitidamente confuso.

 

– É o nome de alguma banda nova?

 

– Eu quero saber se você ainda é um anjo? Se suas asas estão

retraídas agora, como você fazia lá no Mundo das Fadas!

 

Chris a olhou por um momento e ela pôde ver em seus olhos que ele

não tinha a menor ideia do que ela estava falando.

 

– Desculpe, não estou entendendo...

 

– Tudo bem! – disse ela. – Foi só uma piada! Deixa pra lá! Quantos

anos você tem?

 

– Dezenove – respondeu ele. – E você?

 

– Dezessete – respondeu ela, já adiantando a idade que faria no

 

próximo aniversário em algumas semanas.

 

O rapaz parou o milkshake e a olhou surpreso.

 

– Tem certeza? Parece mais madura!

 

– Acho que ainda me lembro da minha idade...

 

Eles riram e Dulce ouviu risinhos em uma mesa do outro lado da

sorveteria. Olhou e reconheceu as três meninas que olhavam para sua mesa

entre risos e comentários. Eram de sua classe e bastante populares. Dulce

voltou a olhar para Chris, sem manter o contato visual com as meninas. Elas

nunca haviam falado com ela antes, não havia por que começar agora.

 

– E você está estudando ou coisa assim? – tornou Dulce, ainda

interessada em saber um pouco mais sobre Chris. Afinal, se ele caiu de

paraquedas ali, como poderia ter um passado?

 

– Terminei o segundo grau e preferi ir trabalhar. Meu irmão

escolheu a faculdade, mas eu não sei ainda se quero seguir esse caminho.

 

– Irmão? Você tem um irmão?

 

– Sim, o Ronald, ele é o meu irmão mais velho. Veja, tenho uma foto

dele aqui comigo.

 

Ele retirou a carteira do bolso e mostrou uma foto onde um palhaço

vestido de amarelo e vermelho numa lanchonete sorria cercado de

crianças.

 

– Err... Seu irmão é o Ronald MacDonald? – perguntou Dulce.

 

– Não, sua boba! – Chris riu. – Somos nós aqui, eu e ele, as crianças da

direita.

 

Dulce olhou de perto e reconheceu imediatamente as feições do

jovem diante dela no garotinho sorridente da foto. Aquilo fez seu mundo

balançar. Então ele tinha um passado. Se ele tinha mesmo um passado, se já

estava ali quando ela foi até o mundo das fadas, não podia ser o anjo por

quem se apaixonara. Era apenas um rapaz como outro qualquer e nada

mais.

 

– Algum problema? – perguntou ele, vendo que ela parecera

subitamente triste.

 

– Não, nenhum – ela lhe entregou a foto.

 

Dulce comeu um pedaço de banana com o sorvete e então pousou a

colher prateada na tigela, olhando diretamente para o jovem diante dela.

 

– Chris, você não se lembra de nada mesmo? Do mundo das fadas, dos

trolls, de Paralda, de Jack, o Acorrentado, de Frabato e seu castelo

assombrado, de Danzir, de Ipso e Facto, de Eileen,.. Você não se lembra de

Eileen?

 

Ele olhou nos olhos dela, vendo que havia tristeza e um quase

desespero naquela pergunta. Ficaram em silêncio por alguns segundos, ele

sem saber o que dizer e ela esperando que não estivesse enganada.

 

– Desculpe... – disse ele, por fim. – Eu não tenho ideia do que você

está falando...

 

Os olhos dela se encheram d’água. Não era Chrisariel. Não era o seu

Chris. Seu anjo não tivera afinal uma segunda chance depois que tivera suas

asas covardemente arrancadas.

 

– Oi, Beatriz! Tudo bem? Legal te encontrar por aqui!

 

Ela se virou para ver a dona da voz um tanto irritante que acabara

de invadir seu momento de decepção. Viu Cláudia, a loirinha popular da sua

classe que, como suas outras amigas ainda na mesa do outro lado da

sorveteria, nunca tinham falado com ela.

 

– É Dulce – respondeu ela, com a voz mais gelada que o sorvete que

estava tomando.

 

– Que seja! Nós estávamos ali do outro lado e vimos você com... – e

Cláudia se voltou com seu melhor sorriso para Chris. – ...Quem é esse mesmo, Dulce? É seu irmão? Primo?...

 

Chris e Dulce se olharam totalmente sem graça, sem saber como

responder àquela pergunta. Era seu segundo encontro e Dulce achava que,

depois das perguntas estranhas que fizera, também seria o último.

 

– Somos amigos – respondeu Dulce.

 

– E seu amigo tem nome? – insistiu a loira.

 

– Chris, muito prazer – o rapaz se levantou um pouco estendendo a

mão para um comprimento formal, mas Cláudia o puxou para si, forçando

dois beijos na bochecha.

 

– Por que vocês não se juntam a nós na nossa mesa?

 

Dulce não pôde evitar um ranger de dentes. Cláudia parecia não ter

limites. E não tinha mesmo. Sabia que na escola ela sempre conseguia o que

queria. Era uma dessas pessoas que passaria pelo mundo pegando o que

quisesse, fazendo o que quisesse, e provavelmente sairia impune, porque

era rica e bonita. E Dulce a odiava!...

 

– Err... Já estamos acomodados aqui... – respondeu Chris, percebendo o

olhar fulminante de Dulce para a outra.

 

– É? Não tem problema! Nós podemos vir pra cá, então!

 

Ela fez um sinal para as amigas e todas pegaram seus refrigerantes

lights e bolsas de grifes, indo até eles. Cláudia apresentou Chris para elas

como se ele fosse um amigo de longa data e elas o cumprimentaram com

beijinhos estalados nas bochechas coradas com blush. 

 

Elas puxaram

cadeiras, apertando-se em volta da pequena mesa redonda cor de salmão e

começaram a lhe fazer perguntas, ingressando num papo fútil.

Cinco minutos depois, Dulce se levantou, pegando sua bolsa

pendurada na cadeira.

 

– Bem, é melhor eu ir indo.

 

– Eu te levo em casa! – disse o rapaz, levantando-se também,

parecendo mais desesperado para sair dali do que ela. – Foi um prazer!

 

Pagaram e deixaram o troco de caixinha para saírem ainda mais

rápido.

 

– Eu sinto muito por isso... – disse ele, depois que já tinham dado

alguns passos na rua arborizada. – Eu não sei lidar com pessoas muito

bem... Espero que suas amigas não tenham ficado ofendidas.

 

– Elas não são minhas amigas! – riu ela. – Elas nem falam comigo na

escola. E nem falaram comigo lá na mesa. Só estavam interessadas em você.

 

Ele ruborizou e pareceu desconfortável.

 

– Tudo bem, Chris. Não é culpa sua.

 

– Mas você ficou chateada... Eu não queria que ficasse chateada...

 

Dulce estava de fato chateada, mas por um motivo que ele nem

sonharia. Quando viu a foto, teve certeza de que tudo não passara de um

mal entendido. No entanto, ao olhar para o rosto dele de novo, sentiu o

coração se aquecer.

 

– Não fiquei, acredite... – disse ela por fim, dando-lhe um sorriso.

 

– Não?

 

– Não.

 

Ele respirou aliviado.

 

– Que bom!... Bem, que tal fazermos outra coisa, já que nosso sorvete

foi brutalmente interrompido? Que tal um cinema?

 

– Cinema? Parece ótimo!

 

Então ele pegou na mão dela e sorriu e ela sentiu o corpo

estremecer, enquanto sorria sem sentir. Caminharam até o cinema do

shopping e assistiram a um filme do qual nunca ouviram falar.

 

Conversaram e riram sobre muitas coisas no caminho de volta, até que ele a

deixou em casa quando a lua já surgia no céu.

 

– Eu adorei! – disse ela. – Obrigada!

 

– Eu também! Precisamos repetir!

 

– Que tal amanhã?

 

Ele tinha parado de sorrir e ela interpretou isso como um não.

Quando ia dizer algo, ele se inclinou e a beijou docemente na bochecha,

fazendo-a corar imediatamente. Quando ele se afastou, ela mergulhou no

castanho dos olhos dele, sentindo-se flutuar, exatamente como da outra vez...

 

– Amanhã está ótimo... – sussurrou ele.

 

E então se despediram. A brisa trouxe um perfume doce de lilases e

Dulce entrou, ainda sem sentir os pés no chão. Assim que chegou na sala,

se deparou com seus pais à espera.

 

– Muito bem, mocinha! – disse seu pai, com voz de trovão. – Explique-se!


 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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