Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada
Os tempos mudaram! Hoje, a mulher é independente desde cedo!
Meninas saem por aí namorando e beijando desconhecidos em boates aos
13 anos! Adolescentes têm permissão para levar seus namorados ou
namoradas para passar a noite em suas casas! Vivemos numa época
dourada de liberdade e tolerância!!!
Não na casa de Dulce. Lá, as coisas ainda eram como antigamente.
Dulce nunca ligou muito pra isso... até aquele momento.
– É bom que tenha uma explicação para estar chegando a essa hora...
– disse seu pai com um tom de voz que ela raramente ouvira e que preferia
nunca mais ouvir de novo: rouco, baixo, grave e assustador, o tom de voz
que a fazia achar que ele ia matá-la e enterrar seu corpo no quintal. Seu
sotaque francês, mais suave quando estava calmo, ficava muito mais
acentuado quando ele perdia a calma.
– Mas não são nem onze horas! – tentou se explicar ela.
Fernando deu um passo a frente, os olhos negros muito duros
encarando a filha, os braços cruzados.
– E é bom explicar também o rapaz que acabou de beijá-la no
portão...Dulce engoliu em seco. Olhou para a mãe num pedido de socorro.
Seu pai sempre fora muito rígido e muitas vezes parecia alguém de algum
século distante. Blanca interferiu.
– Nós confiamos em você, querida – disse Blanca, mantendo a calma.
– Mas você ao menos podia ter ligado para dizer onde estava! Saiu para
tomar um sorvete às cinco da tarde e só está voltando agora! O que houve
com seu celular?
Foi quando Dulce se lembrou do erro fatal. Meteu a mão na bolsa e
retirou o celular, confirmando suas suspeitas.
– Desculpe! – pediu ela, reconhecendo o erro. – Eu o desliguei
quando entramos no cinema e esqueci de religar.
– Cinema??? – quase gritou seu pai. – Você foi ao cinema com aquele
rapaz?! Sem nos avisar?
E, de repente, Dulce se encheu de uma revolta explosiva.
– Fui! E eu não preciso avisar cada passo que eu dou! As garotas da
minha escola vão aonde quiserem, fazem o que quiserem e já andam com
rapazes há muito tempo!
Fernando Espinoza descruzou os braços e seus olhos faiscaram. Ele deu
um passo na direção dela e Dulce teve certeza de que ele tinha crescido em
algum passe de mágica, pois ele parecia subitamente ter mais de dois
metros.– As garotas da sua escola não são minhas filhas! E nenhuma delas
vive debaixo do meu teto! Então, é bom não usar esse tom de voz com seus
pais de novo, ou vai ter que esperar até o inferno congelar pra sair de casa
de novo! Se continuar se comportando desse jeito, eu a meto num
convento!
Os olhos de Dulce se encheram d’água, não pela ameaça absurda de
mandá-la para um convento como se estivessem no século XVII, mas pelo
tom de voz que o pai usou e pelo olhar que ele lançou a ela. Os dois sempre
foram amigos e foi a primeira vez que essa amizade parecia ter sido
momentaneamente rompida. Porém, ela também estava zangada e não
queria que ele a visse chorando ou magoada. Virou-se e subiu as escadas
correndo, ouvindo-o chamar seu nome algumas vezes. Entrou em seu
quarto e trancou a porta.
Na sala, Blanca permanecia de braços cruzados, olhando
calmamente o marido ter um chilique. O temperamento de Fernando nunca
fora lá essas coisas e ela já estava acostumada às suas explosões de ira. Ele
se virou para ela perplexo.
– Você viu isso?! – disse ele.
– Vi – respondeu ela, sem se alterar. – Eu disse que o motivo das
mudanças de humor dela era um garoto. Você não quis me ouvir. Vamos lá,
Fernando, é melhor do que sua teoria dela estar envolvida com drogas.
Fernando passou a mão nos cabelos negros que lhe caíam pelos
ombros. Há algum tempo as mechas das têmporas já tinham ficado
prateadas, mas sua vaidade e orgulho não permitiriam que o tempo
imprimisse nele sua marca. Decidiu que morreria com os cabelos da cor das
asas do corvo e ficou grato aos milhares de produtos disponíveis para que
isso fosse possível.
– Não é? – insistiu Blanca, esperando uma resposta.
– Espere, ainda estou pensando!
Ela foi até ele e o abraçou carinhosamente, puxando-o para o sofá,
onde sentaram-se juntos.
– Fernando, nossa menina está crescendo... – disse ela. – Acontece com
todos.
– Ainda ontem eu lhe trouxe doces do trabalho!... – dizia ele,
incrédulo.
– E você ainda lhe trará muitos doces, porque ela continuará
gostando de doces e continuará amando o pai dela. Ela vai namorar, se
magoar, namorar de novo, noivar, casar, ter filhos e, mesmo quando tiver
cabelos prateados, ainda será sua menininha. É assim com filhos.
– Como você sabe? – perguntou ele.
– Sabedoria de mãe. Agora, vá falar com ela. Não deixe que ela vá
dormir achando que você a odeia ou coisa assim.
Ele suspirou. E então beijou a esposa e se levantou.
– E é bom que ela não fique com cabelos prateados! – disse por fim. –
Ela que aprenda a enganar a idade como nós!
Em seu quarto, Dulce limpava as lágrimas, imaginando que se
tivesse avisado onde estava, tudo isso teria sido evitado. Sentiu uma imensa
falta de Analice, pois esta seria a hora em que ligaria para ela para chorar
pitangas. Leves batidas na porta a fizeram se recompor mais rápido. Ouviu
a voz de seu pai pedindo para vê-la. Já não parecia zangado. A menina abriu
a porta e o viu pelo vão.
– Podemos conversar? – perguntou ele.
– Você vai conversar ou gritar comigo? – respondeu ela.
– Só conversar, eu prometo.
Ela terminou de abrir a porta e ele entrou. Ela se sentou na cama e
abraçou uma ovelha amarela de pelúcia que, não sabia porque, sempre lhe
dava um conforto imediato. Ele se sentou ao lado dela.
– Me desculpe pela minha explosão lá embaixo – disse ele. Fernando
sempre fora muito orgulhoso e Dulce não tinha ideia de como tinha sido
difícil para ele dizer aquelas palavras.
– Me desculpe por não ter avisado onde estava – respondeu ela.
– E com quem.
– E com quem – concordou ela.
– Sua mãe me falou que você estava crescendo e que eu vou ter que
aprender a lidar com isso. Então, deixe-me perguntar, existe alguma chance
de você continuar essa garotinha linda até, mais ou menos, os quarenta
anos, e esperar eu morrer até procurar um namorado?
Dulce riu, aliviando a tensão.
– É, eu achei que não... – disse ele, sorrindo também. – Então, sua
mãe tem razão. Terei que aprender a lidar com isso. E pra isso, preciso da
sua ajuda. Preciso que siga algumas regras para que aquele cara nervoso
que você viu lá embaixo não apareça de novo.
Dulce apertou a ovelha.
– Que regras?
– Pra começar, eu quero conhecê-lo. Não quero você andando por aí
com um rapaz que eu não conheço e que não me conhece. Preciso que ele
saiba que eu posso matá-lo se fizer alguma coisa errada.
Dulce pensou um pouco e concordou lentamente com a cabeça.
– Em segundo lugar, eu quero saber onde vocês estão. Não quero
que suma, como fez hoje. Quero que avise a mim ou a sua mãe se forem
esticar um cinema ou coisa assim. E quero o celular dele também!
– E a identidade, CPF e comprovante de residência também,
suponho.
– É uma boa ideia!
Eles riram de novo.
– Tudo bem, eu farei essas coisas todas – concordou ela. – Não são
regras malucas. E de qualquer forma, é melhor que o convento!
– Ou um encontro com o Mr. Hyde!
Eles se abraçaram e Dulce ficou feliz em ter feito as pazes.
No jantar, Dulce contou um pouco sobre seu acompanhante, o pivô
de toda a discórdia. Não teve muito tempo para pensar, até estar sozinha
em seu quarto de novo. Uma luminária de fibra ótica enchia o quarto de
cores, fazendo-a se lembrar do mundo das fadas. Seu coração se
entristeceu. O anjo que a acompanhara em sua aventura atrás de Analice
não voltara para ela, como pensara. As semelhanças, no entanto, eram
tantas que ela não sabia como ele não podia ser o anjo. Buscou explicações.
Talvez, a foto fosse falsa. Talvez, ele se lembrasse de tudo, mas estivesse
mentindo para ela. Mas por que ele faria isso?
Deu um longo e profundo suspiro. E se não fosse ele? Sentia-se
traindo sua memória ao sair com outro. Se não fosse ele, pensou,
terminaria tudo...
Tentava entender as aplicações práticas da álgebra em seu livro com
o lápis na boca quando alguém parou ao seu lado. Virou e deu de cara com
Cláudia.– Oi, Beatriz!
– É Dulce!
– Que seja! O seu... amigo, o Chris, quando vai vê-lo de novo?
– Hoje, por quê? Quer saber o endereço pra atrapalhar tudo de
novo?
A loirinha riu sonoramente, dando-lhe um tapinha no braço.
– Você é hilária, Bia! Não, eu só queria entregar pra ele um convite
para uma festa que vou dar neste fim de semana! Você pode ir também se
quiser, é claro! Então... – ela estendeu um envelope preto com letras
prateadas e perfume de rosas para Dulce, – Você entrega pra mim?
Dulce não pegou o envelope de imediato, mas com um suspiro,
pegou-o da mão da loira, que abriu seu sorriso perfeito. Cláudia agradeceu
e se juntou às amigas. Dulce tentou não pensar em porque elas riam tanto
e voltou sua atenção para o livro.
– Você recebeu um convite para a festa da Cláudia?
Ela ergueu de novo a cabeça e deu de cara com Lucile, uma garota de
cabelos lisos e castanhos que também nunca falara com ela. Subitamente,
Dulce ficara popular.
– Mais ou menos.
– Mas ela lhe entregou o convite, não foi?
– Foi, mas ela não está interessada que eu vá. Ela quer que... um
amigo meu vá.
– Aah... E ele vai?
– Sei lá, Lucile! Vai ver se eu tô na esquina, vai! Tô ocupada aqui!
– Ai, que garota grossa!...
O professor entrou na sala e todos voltaram aos seus lugares. Dulce
ainda ouviu um burburinho e esperou que não envolvesse o nome dela,
mas sabia que era um desperdício de pedido.
Assim que saiu da escola, foi para casa, tomou um banho e trocou de
roupa. Blanca e Fernando estavam em seus trabalhos. A mãe trabalhava com
restauração de livros antigos. Fernando era professor de História Francesa e
Europa Medieval na universidade da cidade. Dulce os avisara que ia
lanchar com Chris, e que, dessa vez, ela voltaria cedo. Passou um pouco de
maquiagem, coisa que não costumava fazer e colocou um enfeite no cabelo.
Passou um perfume que a deixou com cheiro de baunilha e foi embora.
Em alguns minutos, estava na pracinha e, dessa vez, ele já estava lá.
Dulce estava decidida a não se deixar encantar por ele, a não se apaixonar
ou se apegar, pois se confirmasse suas suspeitas de que ele não era quem
ela achava que era, terminaria tudo. Ela não pensou que, independente do
quanto se preparasse, ele não sabia disso, e poderia terminar com o
coração irremediavelmente partido.
Mesmo com toda sua resolução, Dulce não conseguiu evitar que seu
coração derretesse num sorriso quando o viu e ele abriu o maior sorriso
para ela. Foram até uma pizzaria e Dulce olhou em volta pra ver se Cláudia
e suas asseclas não estavam escondidas atrás de alguma moita ou debaixo
de alguma mesa esperando para interromper de novo a conversa deles.
Conversaram sobre amenidades enquanto olhavam o menu.
– O que é a portuguesa mesmo? – perguntou Dulce.
– É aquela pizza que vem com tudo o que você não gosta em cima
pra você ter o trabalho de ficar tirando – respondeu prontamente ele.
– Como o Big Mac! – completou Dulce. – Eu passo anos sem pedir
um Big Mac, até que um dia eu vejo a foto e penso: “Parece tão bom! Por
que eu nunca peço?” Aí eu peço e lembro que eu detesto cebola e picles, e
tenho que ficar tirando!
Decidiram-se por uma pizza de frango ao catupiry, e pediram seus
refrigerantes. Enquanto ele falava dos pequenos acontecimentos do seu dia,
Dulce procurava uma brecha para saber mais sobre ele, para ter certeza se
ele era mesmo o anjo por quem seu coração batia.
– Eu esqueci de perguntar uma coisa! – disse Dulce, assim que a
pizza chegou – Por que não traz na carteira uma foto mais recente de você e
seu irmão? Ali, vocês ainda eram crianças!
O sorriso de Chris desvaneceu e ele pareceu triste.
– É que aquele dia foi especial. Pra nós dois.
Dulce poderia ter parado por ali, mas se parasse, não seria Dulce,
que, muitas vezes, tinha a sutileza de um trator. Puxara isso de seu pai.
– Por quê? Foi a primeira vez que vocês ganharam um brinquedinho
no MacLanche Feliz?
Chris a olhou nos olhos, a pizza ainda intocada.
– Foi a última vez que nossa família esteve toda junta – respondeu
ele. – Nossos pais morreram num acidente de carro alguns dias depois.
Dulce sentiu todo o sangue parar de correr em suas veias. Naquele
momento, desejou que terroristas armados ou psicóticos com
metralhadoras invadissem aquela lanchonete e a matassem imediatamente.
Mas nada disso aconteceu e ela continuou ali, olhando para ele.
– Eu sinto muito – foi o que conseguiu dizer.
– Tudo bem – disse ele, tentando disfarçar a voz que falhava. – Já faz
muito tempo. Já superamos.
Dulce sabia o que era perder alguém que se ama de maneira tão
súbita e sabia muito bem que não se supera esse tipo de coisa. A gente se
acostuma com a dor. Mas ela sempre está lá.
– Nossa... Me sinto uma imbecil... Tem algum feitiço para que o chão
se abra e me engula? Porque eu ficaria feliz de fazê-lo agora!
Chris riu, tentando descontrair um pouco a conversa.
– Não fique assim. É sempre um momento constrangedor quando o
assunto vem à baila. E achei melhor que falássemos logo, assim pelo menos
eu não fico esperando quando terei que falar disso. É como tirar um bandaid.
Começaram a comer a pizza e ele mesmo puxou outro assunto,
percebendo que a moça continuava envergonhada e culpada.
– Sabia que somos quase vizinhos?
Ela ergueu os olhos para ele, um tanto surpresa.
– Moro a apenas duas ruas de você. Podemos ir lá um dia desses!
Ronald tem um Wii que quase nunca usa, podemos jogar se você gostar.
– OK... Eu percebi que você gosta de ler – disse ela, pegando algo em
sua bolsa. – E achei que você poderia gostar desse livro.
Ele pegou o livro curioso.
– O que é isso? – perguntou ele, enquanto folheava um velho livro de
páginas amareladas repleto de ilustrações de seres encantados e textos
escritos à mão sobre eles.
– Um livro sobre seres encantados.
Ele riu.
– Que interessante!
– Você gostou?
– Claro! Sempre fico surpreso com a imaginação dos artistas!
– Como assim?
Ele fechou o livro, voltando a olhar pra ela.
– Eu acho muito criativa a pessoa que faz um livro desses! Afinal,
tirar tudo isso da cabeça não deve ser fácil!
– Isso não foi “tirado da cabeça”! – disse Dulce. – São descrições de
um mundo que existe além do nosso!
Ele pareceu surpreso.
– Sério que você acredita nessas bobagens?
– Não são bobagens! – irritou-se Dulce.
– Desculpe, não quis ofendê-la! – disse ele, rindo.
Um telefone tocou Blue Moon na bolsa de Dulce.
– Melhor atender... – disse Chris. – Pode ser o Papai Noel com uma
crise de logística...
– Vai se catar! Alô!
Dulce arregalou os olhos de surpresa. Não era o Papai Noel. Estava
mais pra Grinch.
Quando desligou, retirou um envelope preto da bolsa e entregou pra
ele.
– Aquela maluca da Cláudia me ligou agora pedindo pra eu não
esquecer de te entregar.
Chris parou de rir e olhou em volta, procurando ver se Cláudia e suas
amigas risonhas estavam por ali.
– Como ela sabia que você estava comigo?
– Sei lá! Ela deve ter um celular de última geração que capta imagens
de câmeras de segurança. E eu nem sei como ela tinha o meu número!
Chris abriu o envelope e passou os olhos rapidamente.
– É um convite para uma festa... E aí? Vamos? – perguntou ele.
– Er... Não sei...
Dulce precisava de tempo para pensar. Cada vez mais acreditava
que o rapaz na sua frente não era Chrisariel, mas sim um rapaz como outro
qualquer. Talvez devesse terminar tudo por ali mesmo...
– Preciso consultar meus pais.
Ele baixou os olhos, concordando com a cabeça. Dulce sentiu-se
imediatamente mal. Primeiro, porque ele poderia achá-la uma criança que
precisava de permissão até para ir ao banheiro. E segundo, porque ela tinha
pais. Ele, não.
– Olha, eu não quis aborrecê-la com esse negócio de fadinhas... –
disse ele.
– Tudo bem. Deixa pra lá. Vamos falar de outra coisa. Você acredita
em anjos?
Quinze minutos depois de uma discussão acalorada, Dulce se
levantou e saiu, mandando Chris ir catar coquinhos na estrada, e deixando-o
rindo sozinho na pizzaria.
Compartilhe este capítulo:
Autor(a): vondynatica
Este autor(a) escreve mais 5 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo
Fernando e Blanca estavam tomando chá à mesa, quando a filha deles entrou chutando paredes e maldizendo o trânsito, o tempo e a péssima programação de TV que com certeza estava deixando todo mundo burro. Falou rapidamente com eles, reclamando de tudo, e subiu as escadas batendo os pés. &nd ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 8
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26
Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada
-
vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31
Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada
-
kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13
Continua!!!!
-
kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44
CONTINUA
-
candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47
CONTINUA
-
candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14
CONTINUA