Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada
Fernando e Blanca estavam tomando chá à mesa, quando a filha deles
entrou chutando paredes e maldizendo o trânsito, o tempo e a péssima
programação de TV que com certeza estava deixando todo mundo burro.
Falou rapidamente com eles, reclamando de tudo, e subiu as escadas
batendo os pés.
– Acho que o encontro não foi bom... – comentou Blanca.
– Ótimo.
Blanca lançou um olhar acusador para Fernando, por cima da xícara.
Mas ele se defendeu com um inocente “O que foi”?
Fernando acreditou ingenuamente que essa aparente noite ruim faria
tudo voltar ao que era antes, mas Blanca sabia que aquele era só o começo
de uma longa história de idas e vindas. Mal sabia ela o quanto estava certa.
Dulce precisava extravasar sua ira e, ao mesmo tempo, calar sua
mente, antes de ficar completamente louca. Pegou o vídeo game e resolveu
matar zumbis. Matou quantos pôde, até finalmente ser atingida pelo sono e
ir pra cama. Olhou para o teto, iluminado por todas as cores da luminária
de fadas que tinha no criado mudo.
De repente, se deu conta de que tinha
terminado. Christopher não voltara e, com certeza, o tal de Christopher nunca mais ligaria para ela. Enfim, sua vida estava vazia de Chris... Achou que isso, de alguma maneira, lhe daria a tranquilidade da certeza e a faria se sentir melhor. Mas não fez nem uma coisa, nem outra.
O dia seguinte foi enfadonho. Ficou feliz quando ele terminou, mas
seu humor não foi ignorado por Blanca e Fernando na mesa do jantar.
– Como foi o seu dia? – perguntou Blanca.
– Uma droga...
– E a escola? – tentou Fernando.
– Uma droga também...
Eles se entreolharam e deram de ombros. Não havia nada a fazer
além de esperar a tormenta passar. Só esperavam que ela não mergulhasse
na estranha melancolia em que estava antes.
– Seu aniversário é em três semanas – disse Fernando, tentando animála.
– Já pensou no que você gostaria de fazer?
– Ainda não...
A campainha tocou e Blanca se levantou para atender.
– Podemos fazer um voo de asa delta na Pedra Bonita, o que você
acha?
– Pode ser...
– Muito bem, a sobremesa é pudim de tapioca e, se você recusar, vou
chamar um padre para exorcizá-la, porque a Dulce que eu conheço estaria
pulando de alegria em voar de asa delta!
Dulce ia responder alguma coisa, quando seu queixo caiu ao ver
Blanca entrando com um convidado.
– Olha quem veio falar com você, Dulce! – disse a bela morena
sorridente. – Aproveitei para convidá-lo para jantar conosco!
Chris entrou na sala de jantar com um sorriso tímido.
– Eu não quero atrapalhar... – disse.
– O que é isso? Não atrapalha em nada! Não é, Fernando?
Fernando ainda o encarava como um policial.
– Não, claro que não – respondeu, fazendo um leve cumprimento
com a cabeça.
Chris se sentou à mesa, de frente para Dulce, e Blanca o serviu.
– Dulce não falou que você viria, senão teria preparado algo mais
interessante.
– Meu irmão e eu estamos acostumados com congelados, então,
acredite, qualquer comida caseira ou que não venha em blocos já é muito
bem vinda! – respondeu ele.
– Dulce não nos falou um monte de coisas – disse Fernando, servindolhe
um copo de refrigerante. – Por exemplo, não disse como vocês se
conheceram. Foi na escola?
– Não, senhor – respondeu Chris, comendo sua primeira garfada. – Eu
não estou mais na escola. Nos conhecemos na praça.
– Ah... Na praça... Onde ladrões, mendigos e maníacos de toda sorte
perambulam livremente... Que bom... Qual a sua idade, meu jovem?
– Dezenove... – Chris começava a temer um pouco o pai de Dulce.
– Dulce tem 16... mas você sabia disso, não?
– Já vou fazer 17! – interrompeu Dulce. – Daqui a alguns dias!
– Três semanas! – corrigiu Fernando.
– Deixe de drama, Fernando... São praticamente da mesma idade –
interveio Blanca.
– E o que você faz, rapazinho?
– Eu trabalho, senhor. Nos Correios. Fico no departamento de
reclamações.
E de repente Fernando e Blanca se olharam, percebendo o porque de
Dulce falar tantas coisas malucas sobre correios nos últimos dias.
– Aliás, eu peço desculpas por vir aqui tão tarde! Eu queria ter vindo
mais cedo, mas fiquei preso no trabalho. Aconteceu uma coisa esquisita!
Um dos funcionários desconfiou de um pacote e resolveu abrir. Encontrou
um artefato que parecia uma bomba e a polícia foi chamada. Quando
chegaram lá, acharam melhor chamar o esquadrão anti-bombas! A
Imprensa também foi chamada e quando achei que aquele lugar ia pelos
ares, os policiais saíram rindo com o artefato nas mãos! Era um vibrador!
– Blanca e Dulce riram, mas Fernando continuou encarando-o.
– Há damas presentes, rapaz.
Imediatamente Chris parou de rir e pediu desculpas. Achou que era
uma boa história.
– Fernando, deixe de ser chato! – disse Blanca. – Nós sabemos o que é
um vibrador!
– Desculpe o meu pai, Chris – completou Dulce. – Às vezes eu acho
que ele veio do século XVII em alguma máquina do tempo!
Blanca e Fernando largaram os talheres no prato para olharem para a
filha, espantados. Chris riu, esperando quebrar o clima estranho que se
formara. Então todos voltaram aos seus pratos e Dulce perguntou se eles
já conheciam a piada de Jesus, Moisés e do velhinho jogando golf. Como
ninguém conhecesse, ela contou.
– Estavam Jesus, Moisés e um velhinho jogando golf num dia
ensolarado. Moisés foi o primeiro. Deu uma tacada e sua bola foi parar no
meio do lago. Então ele foi até lá e, com um movimento de mãos, o lago se
abriu e ele pôde ir até a bola e dar sua tacada. Então foi a vez de Jesus.
Com
sua tacada, sua bola foi parar em cima de uma vitória régia. Jesus andou
sobre as águas e conseguiu bater em sua bola. Aí foi a vez do velhinho. Ele
andou meio trôpego até a bolinha, apertou os olhos pra enxergar melhor,
ajeitou os óculos e se preparou. Ergueu, com muita dificuldade, o taco de
golf e bateu na bolinha, que saiu voando. Assim que ela caiu no chão, um
sapo apareceu e a engoliu.
Então veio uma cobra e comeu o sapo. Aí veio
uma águia e pegou a cobra. Lá no céu, a cobra se remexeu tanto que a águia
a soltou. Quando caiu no chão, ela acabou cuspindo o sapo, que quicou três
vezes e cuspiu a bola, que percorreu uns 15 centímetros até o buraco.
Então Moisés se virou para Jesus e disse: “É muito chato jogar com seu pai”.
Eles riram e o jantar virou uma espécie de bufê de piadas, deixando
o clima finalmente leve e descontraído. Veio a sobremesa, o bom pudim de
tapioca com calda dourada que Blanca sempre fazia, a sobremesa favorita
de Dulce e Fernando e que sempre fazia sucesso também com as visitas.
Quando terminaram, Fernando apertou a mão de Chris, dizendo com
sinceridade que fora um prazer conhecê-lo. Mas apertou um pouco mais
sua mão ao completar a frase.
– Mas é bom ter cuidado com minha filha...
Blanca puxou o marido para ajudá-la com a louça, salvando assim a
mão do menino e dando aos dois um pouco de privacidade.
Dulce acompanhou Chris até a varanda. Cacau latiu pra ele, como se
reclamasse de sua partida. O rapaz se abaixou e fez carinho na simpática
vira-latas (embora todos os vira-latas sejam simpáticos). Quando se
levantou, o silêncio foi um tanto constrangedor.
– Por que veio aqui? – perguntou Dulce, arrancando o band-aid.
Ele tirou uma coisa da mochila e entregou para ela. Era o livro sobre
o mundo das fadas.
– Achei que ia querer de volta.
Dulce pegou o livro, sentindo uma súbita saudade do rapaz que
estava mandando embora de sua vida por não ser quem ela esperava que
ele fosse.
– Eu também queria pedir desculpas pelo meu comportamento
naquele dia. Eu fui um babaca. Eu sei. Ouvi dizer que Mercúrio e Marte
estavam retrógrados e acho que pode ter sido isso.
– Você acredita em astrologia? – perguntou incrédula Dulce.
– Não, mas achei que podia te convencer!
Eles riram e ele apontou para o livro.
– A propósito, é um livro muito interessante. E embora eu não
acredite que um lugar assim exista, acredito que seria fantástico se
existisse.
Ele a olhou com olhos tristes, percebendo os acordes finais da
música.– Eu gostei de te conhecer, Dulce...
E então ele se virou e foi embora. Ela pensou em chamá-lo, mas
nenhuma palavra saiu de sua boca. Entrou em casa com o livro na mão e a
cabeça pesada.
– Ele é um rapaz adorável! – disse sua mãe, já sentada no sofá da
sala com Fernando. Quando vamos vê-lo de novo?
– Nunca... – respondeu Dulce em voz baixa. – Ele foi embora. Só
voltou pra me entregar o livro que eu emprestei pra ele.
– O quê? – reclamou Fernando. – Então fui simpático à toa?!
– Aquilo era ser simpático?! – retrucou Blanca.
Dulce deixou os dois discutindo no sofá e subiu as escadas, dando
um “boa noite” desmotivado. Depois que sua porta se fechou, Blanca riu.
Fernando a olhou curioso.
– Por mais que ela esteja sofrendo, ao menos os namoros dela não
são complicados como o nosso foi...
– Nem me fale...
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Autor(a): vondynatica
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O restante da semana pareceu durar 17 dias. Dulce se sentia culpada, mas não sabia exatamente por que, já que achava que tomara a melhor decisão possível. Estava começando a mergulhar em sua estranha melancolia, pois a perda de Chris começava a doer de novo. Era uma tarde de sexta-feira silenciosa com car ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 8
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vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26
Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada
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vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31
Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada
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kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13
Continua!!!!
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kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44
CONTINUA
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candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47
CONTINUA
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candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14
CONTINUA